História Best of You - The Lesson pt. I

— Mas o que é isso, Jeon?

— Isso é para a sua primeira lição, Kim. – Respondeu já recomposto do momento de antes. – Pensou que eu não fosse levar a sério? – Jeongguk disse dando um pequeno sorriso para o mais velho. Estava totalmente confiante agora.

Taehyung olhava para a sala, com a sua boca aberta, e depois olhava para Jeongguk. Não sabia o que dizer sobre o que via. Fora pego totalmente de surpresa.

— Fecha essa boca para não escorrer baba, Kim Taehyung, e vamos começar com a sua primeira lição.

Taehyung saiu de seu torpor enquanto olhava para a mesa a sua frente e voltou sua atenção para o mais novo. Jeongguk lhe direcionava um sorriso de canto e, apesar do Kim admitir para si mesmo que aquele sorriso era algo realmente bonito, o loiro não gostou inteiramente de receber aquele sorriso naquele momento. Conhecia o Jeon suficientemente bem para distinguir até mesmo os seus sorrisos e aquele ali era algo que Taehyung apenas poderia definir como um sorriso de escarnio. Um dos que o mais novo lhe mostrava sempre que conseguia virar o jogo a seu favor e saía ganhando a briga, ou discussão, que tiveram.

Era o mesmo sorriso que Jeongguk lhe dera quando lhe acusou de ter uma paixão recolhida por si, no meio de todos seus amigos. Ou quando zombara de si quando Taehyung fora pego encarando para o corpo despido do mais novo. Contudo, dessa vez seria diferente, dessa vez Taehyung não deixaria que Jeongguk virasse o jogo a seu favor e saísse por cima.

O Kim começou a pôr em seu rosto um sorriso ladino. Iria usar aquela situação a seu favor e tratar de executar o seu plano.

Passou a encarar a situação como um grande jogo de xadrez, pensando em cada jogada com antecedência e perspicácia. Jeon fizera o primeiro movimento, sendo assim agora seria a sua vez.

“Muito bem Jeon, se você quer jogar então vamos jogar. “

Como de praxe mandaria o peão na frente em sua primeira jogada. Analisando que Jeon jogara primeiro o cavalo, deixando seu campo vulnerável desde o começo com uma jogada avançada e espalhafatosa. Usaria aquilo a seu favor.

— Para que toda essa produção, Jeon? – Taehyung perguntou, deixando de lado a expressão surpresa de antes e mostrando agora indiferença.

— Eu já disse; isso é para a sua primeira lição. Hoje você vai aprender a se portar à mesa, e não ser como um porco no chiqueiro quando come.

— Sabe… – Taehyung falou se aproximando de Jeongguk que estava perto da mesa. – Isso para mim está parecendo mais um… – entortou os lábios, fazendo um falso ar de quem estava procurando a palavra certa para usar. – Um encontro – Soltou a última parte perto do ouvido de Jeongguk.

— O QUE? – O mais novo perguntou exaltado, dando um pulo para ficar longe de Taehyung. Ele sentiu um arrepio percorrer todo o seu corpo ao sentir o loiro perto de si e falar próximo ao seu ouvido.

— Isso… isso não é um encontro. – Gaguejou ao responder.

Taehyung não pode deixar de sorrir diante da reação do mais novo. Seu primeiro movimento fora correto. Aos poucos ele iria ganhar o território daquele campo e quando Jeon esperar será xeque-mate.

— Mas para mim parece um encontro, ou melhor, parece mais um jantar romântico, só faltou as velas em cima da mesa. – O loiro dizia enquanto rodeava a mesa posta com copos, talheres e pratos a sua frente. – Mas eu tenho certeza que você tem elas guardadas em algum lugar por aqui. Quer que eu apague a luz para entrarmos no clima de romance? – Taehyung perguntou sorrindo

— Cala a boca, Kim Taehyung! Eu já falei que isso não é um encontro, e muito menos um jantar romântico. – Jeongguk falou já perdendo a paciência com o outro. Sem entender direito por que aquela provocação estava mexendo tanto consigo.

Jeongguk andou até o mais velho e o guiou para frente de uma das cadeiras, puxando-a para o mesmo.

— Sente-se. – Ordenou.

— Eu não sei pra que tudo isso, mas tudo bem. – Taehyung falou e sentou-se. Jeongguk foi para o outro lado da mesa e sentou-se de frente para o outro.

— Olha Jeongguk, eu gostei disso aqui. Pra falar a verdade eu gostei da ideia de ter um encontro com o Jeon “o pop star”. – Taehyung falou ironicamente a última parte enquanto girava uma das taças, que encontrou sobre a mesa, em sua mão.

— Isso não é um encontro Kim, quantas vezes vou ter que falar. Para com essa babaquice.

— Que seja. – Colocou novamente a taça sobre a mesa. – Finja que será um e eu faço as baboseiras que você vai me pedir para fazer.

— Mas você tem que fazer, faz parte do castigo você melhorar os seus modos.

— Eu não me importo. Posso passar uma hora aqui te ignorando se você não fizer o que eu disse. E você sabe que se eu não aprender nada o diretor Lee provavelmente vai aumentar a duração desse castigo. – Taehyung falou olhando para o lado, indiferente.

— Eu não te entendo Kim, ontem você veio fazer as pazes comigo e agora está encrencando de novo?

— Não é encrencar Jeon, eu só estou pedindo para você fingir, isso não te custa nada.

— Certo! Seu idiota, você venceu. – O mais novo suspirou fundo. – Vou fingir que estamos num encontro. Não sei por qual motivo você insiste tanto nisso.

— Só finja que é uma porra de encontro tá legal? Não seja infantil e pare de ficar reclamando, você vai ter um encontro comigo. É uma honra para você ter um encontro com o V.

— Cara, você é a pessoa mais convencida que eu já vi. E não vamos falar sobre quem está sendo infantil aqui, não é? Você que começou com infantilidades. Mas tudo bem, vamos começar logo com isso. – Jeongguk suspirou fundo mais uma vez ao terminar de falar. Taehyung já estava acabando com a sua paciência em menos de 5 minutos.

— Ótimo, então qual vai ser a minha primeira lição? Pra que essa frescura toda? – Taehyung perguntou se debruçando sobre a mesa e olhando profundamente nos olhos negros do mais novo. Sua intenção era começar a seduzi-lo o quanto antes, usaria todo o seu chame para isso.

Jeongguk dera um pequeno sorriso repuxado no canto. Taehyung focava nos olhos do moreno, porém, assim que viu Jeongguk dar aquele sorriso não se conteve em baixar a vista e olhar para os lábios dele. Jeon tinha um lindo sorriso, não poderia negar. E aquela boca bem desenhada e de lábios rosas era um convite para ser beijada.

Jeongguk, aproveitando da aparente distração do mais velho, levou a mão para baixo da mesa, ainda sorrindo para o outro, distraindo-o. Ao encontrar o que havia escondido debaixo da mesa não pode conter em aumentar o seu sorriso. Como consequência Taehyung também sorrira, como se estivesse hipnotizado pelo mais novo.

Seu sorriso morreu na mesma hora que fora golpeado no braço pela grande régua de metal de exatos sessenta centímetros que Jeongguk puxara debaixo da mesa.

— Ai! Mas que porra é essa Jeon. – Taehyung perguntou exasperado para o moreno, que neste ponto não conseguia conterá gargalhada diante do olhar assassino do outro. O Kim massageava o local onde fora atingido, que já estava com a marca vermelha no formato da régua.

— Isso é a sua primeira lição, Kim. Não coloque os cotovelos sobre a mesa.

— Caralho, era só falar, não precisava me bater com isso. Eu não vou fazer nada se for para você ficar me acertando com isso.

— Pra começo de conversa você vai fazer sim. Eu aceitei a sua proposta sobre fingir que isso seria um encontro e agora você vai ter que aceitar isso também. – Apontou com a régua para o outro, que por instinto se encolheu na cadeira. – E outra coisa, suponha que isso seja necessário para o seu… Adestramento.

— Eu não sou um animal para ser adestrado, seu filho da puta. – Gritou, indignado.

—Tem certeza? Pois, você se comporta como um. E por falar nisso… – Jeongguk acertou outra vez a régua em Taehyung, desta vez no outro braço.

— Falar palavrões não é educado, e mais respeito a minha mãe. – Jeongguk falou ainda sorrindo.

— Oras seu… – Taehyung levantou-se abruptamente da cadeira, fazendo com que ela caísse no chão. Não iria aceitar ficar recebendo golpes de régua daquele maldito coelho. Faria ele engolir aquela régua agora mesmo

— O que? – Jeongguk perguntou ainda sentado, sem se abalar com o movimento agressivo do outro. – Foi você quem começou impondo regras, eu só estou seguindo o seu exemplo. Então, vamos continuar?

O Kim parou, encarando furiosamente o mais novo ainda sentado, inabalável, em sua cadeira. Havia pensado que Jeongguk não tinha um plano para aquele jogo, mas fora pego de surpresa por essa tática do mais novo. Se caso quisesse executar o seu plano teria que continuar, mesmo que não quisesse, visto que, mais uma vez, o maldito Jeon havia conseguido uma vantagem.

— Tudo bem, vamos continuar. – Taehyung falou se dando por vencido. Ajeitou a cadeira e sentou-se novamente.

Iria jogar de acordo com as novas regras de Jeon, porém, aquele jogo ainda estava em andamento e ele sabia que iria sair vitorioso. Afinal ele era Kim Taehyung, o grande V. Ele sempre entrar num jogo para ganhar.

— Ótimo, então como você acabou de aprender não se deve colocar os cotovelos sobre a mesa. Você entendeu mesmo essa parte ou quer que eu te ensine de novo?

— Obrigado, não precisa. Eu já entendi muito bem. – Taehyung respondeu fuzilando o outro com os olhos enquanto alisava ambos os braços com marcas vermelhas.

— Certo, vamos continuar. Eu quero que você use esses talheres.

— Só tem um garfo, uma faca e uma colher. Não era para ter vários tipos de cada um deles aqui? Tipo garfo pra peixe, garfo pra salada e o resto da porra toda. Ai! – Jeongguk havia lhe acertado mais uma vez com a régua.

— Eu disse sem palavrões. Cara você é muito desbocado, você tem que melhorar isso também. Do que adianta você ser bonito se você é desbocado e se porta mal?

— Então você me acha bonito. – Taehyung perguntou sorrindo de lado e estreitando os olhos para Jeongguk. Debruçou-se sobre a mesa e molhou os lábios enquanto encarava o outro.

— Eu nunca disse que era feio... – Acertou outra vez a régua no braço do mais velho, que dera um pulo para trás, voltando a se sentar corretamente. – Mas má educação transforma a pessoa mais linda do mundo em um belo amontado de estrume.

— Você falou igual à minha mãe. – Taehyung rolou os olhos. – Agora você também vai querer falar igual aos meus pais, já não basta o Namjoon hyung? – Escorou-se no encosto da cadeira e cruzou os braços, entortando a boca.

— Talvez se você fizesse o que os seus pais dizem você não precisasse ficar escutando isso dos outros.

— Deixa o sermão de lado e continua com essa sua frescura toda sobre o talher. – Taehyung falou aborrecido com Jeongguk. Não suportava ouvir sermões, aceitava-os quando eles eram ditos por seus pais ou seu irmão, mesmo que não desse tanta importância, contudo não gostava de ter que ouvi-los de outras pessoas. Mesmo que essa pessoa fosse Jeongguk, o garoto – primeiro e único – que estava tentado pegar atualmente.

— Bom, respondendo a sua pergunta anterior; eu não quis trazer os outros talheres porque você vai aprender apenas o básico. Não pense que vai aprender tudo de uma vez em apenas uma hora.

— Que seja, vamos me diga o que eu tenho que fazer. – Taehyung falou com um ar entediado.

— Eu já disse, eu quero que use esses talheres.

— E como você quer que eu os use se não tem comida pra isso?

Jeongguk levantou-se e andou até a mesa encostada a parede, trouxe uma travessa que estava coberta com um pano e pôs no centro da mesa, ao retirar o pano revelou seu conteúdo: macarronada. Serviu uma porção para Taehyung e outra para si.

— Agora sim você está falando a minha língua. Se for para continuar nesse lance de mulherzinha que você inventou ao menos eu vou encher a barriga.

— Você está me chamando de mulher?

— Sem ofensa, mas no momento estou desconfiando um pouco sim da sua masculinidade com toda essa frescura.

— Você não pode desconfiar da minha masculinidade, Kim. Você a viu outro dia no vestiário, lembra? Aliás, você parecia muito interessado na minha masculinidade. – Provocou.

— Ca.… cala a boca, Jeon.

Jeongguk sorriu enquanto via o outro enfiar o garfo cheio de macarrão na boca, várias vezes. Deveria repreendê-lo, mas ver Kim Taehyung desconcertado estava mais interessante do que o ver com raiva.

Os dois comeram em silêncio, Jeongguk não recriminou mais Taehyung e o mais velho estava apenas perdido em pensamentos, o que o impedia de fazer alguma provocação para o outro. Não entendia o motivo de Jeongguk armar todo aquele circo de boas maneiras à mesa, visto que aquilo não iria parecer útil de fato para impressionar o diretor Lee. A única coisa que lhe passava pela cabeça era de que o mais novo fizera aquilo de caso pensado para lhe provocar.

— Até que a comida não estava ruim. – Taehyung disse ao terminar de comer. – Quem quer que seja que tenha feito mandou muito bem. Se foi um dos seus empregados acho que você deveria elogiá-lo.

— Por que fala com tanta certeza de que não foi eu mesmo quem preparou esse prato?

— Você? Preparando algo por si mesmo? – O loiro deu um sorriso debochado.

— Você sempre faz um mal juízo de mim somente por causa da grana da minha família. Mas sabe, eu não ligo, você é só um garoto egocêntrico que ainda age e pensa como uma criança. Não importa quão popular ou bom em algo você seja, se não mudar esse seu jeito você nunca irá ser um homem de verdade.

— Se for ver por esse lado você nunca vai ser homem não é mesmo? Afinal, você vai herdar toda a grana do seu papaizinho rico, não vai precisar de nenhum esforço para se manter. Vai ser sempre o filhinho do papai. Enquanto eu, mesmo sendo egocêntrico, não vou precisar da ajuda de ninguém para ser o que quero ser, para alcançar meus objetivos porque nada vai cair de presente no meu colo como vai cair no seu.

Jeongguk ouviu tudo o que o mais velho disse calado, de boa aberta. Lambeu os lábios, respirou fundo e se levantou, tendo seu movimento copiado pelo loiro a sua frente.

Taehyung sabia que havia falado demais, sabia que tudo o que acabara de dizer poderia levar por água abaixo todo o seu plano de conquistar Jeongguk, porém ele não pode se conter, ouvir tudo o que o mais novo disse, mesmo que no fundo ele soubesse que poderia ser verdade lhe tirou do sério. Ele sempre fora do tipo de pessoa que agia primeiro e pensava depois, deixava seu corpo agir no automático e agora havia deixado sua boca falar mais do que devia.

Jeongguk curvou o corpo em direção a mesa e no mesmo momento, por puro instinto, Taehyung se pôs em alerta, esperando ser atacado pelo mais novo. Mas não fora isso que aconteceu, o Jeon apenas puxou para si a travessa com comida que havia posto sobre a mesa e a retirou, calmamente, sem nem ao menos lhe dirigir o olhar.

— O que está fazendo? – Taehyung indagou com o cenho franzido.

— Guardando tudo. – O mais novo respondeu, ainda sem olhar em direção ao loiro.

— Por que?

Jeongguk não respondeu, voltou a mesa e pegou os pratos que foram usados por eles dois, empilhou os dois e os retirou. Antes que pudesse se afastar teve seu braço segurado pelo Kim.

— Eu perguntei por que está guardando tudo, Jeon.

— Estou guardando tudo para ir embora.

Taehyung engoliu em seco, sua intenção desde o começo era de provocar o mais novo. Seduzi-lo, mas não de chateá-lo, ao menos não ao ponto de o fazer querer ir embora. E o simples fato de que Jeongguk queria ir embora chateava o Kim mais do que ele poderia imaginar ser possível.

Não. Definitivamente ele não quer que Jeongguk vá embora, ele não quer e não vai deixar que as coisas acabem assim.