História Beta - Por que eu sinto inveja de você?

(Narrativa na terceira pessoa)

Todos se encaminharam para o auditório. Dia de palestra na escola reunia todas as turmas no auditório para ouvirem um mentor ensinar sobre algo importante que levariam para a vida inteira. Claramente nenhum aluno gostava daquilo, mas ficavam animados de ao menos não terem aulas nesses dias.

Jimin e Jungkook ainda não se falavam naturalmente. Yoongi, Hoseok e Taehyung sequer procuraram um ao outro e os alfas se olhavam de canto sorrateiramente, pensativos. Duas semanas haviam se passado e todos usavam como desculpa a semana de provas. Mas, elas já haviam acabado, o que fariam agora?

Todos os alunos se acomodavam nos acentos, as luzes do “palco” estavam apagadas e um telão gigantesco estava ligado com uma frase intrigante:

“Você sabe tudo mesmo?”

Alguns faziam piadas com seus amigos, conversavam e interagiam uns com os outros.

Taehyung estava sentado ao lado de Jimin, que olhavam para três fileiras abaixo. O  grupo de Jungkook, Wonho, Yoongi, JB e Mark conversando animadamente.

— Nos trocaram. — Jimin bufou.

— Não fui trocado por ninguém. — Tae franziu o cenho.

— Não foi? — o Park apontou para uma dupla que descia o corredor, se juntando ao grupo abaixo.

Hoseok e Jooheon conversavam animados, até o alfa se sentar com JB e o ômega se despedir do grupo, indo para outra fileira. Agora foi a vez de Taehyung bufar.

As luzes se apagaram e algumas ilustrações começaram a passar no telão. Imagens da época feudal; camponeses, feudos, guerras, servos e terminava com os senhores. Assim que as imagens acabaram um homem subiu ao palco e encarou os alunos sentados. Suas vestes eram formais, o fazendo parecer ainda mais bonito. Balançou a cabeça jogando os fios escuros para o lado e sorriu. Tinha um microfone de lapela e um pequeno controle em mãos.

— Bom dia! Para quem não me conhece, meu nome é Kim Heechul e vim falar sobre a nossa antiga sociedade e o porquê de as coisas não funcionarem mais daquela forma. — houve uma pequena comoção. — Vocês sabem que alguns alfas tinham a capacidade de se transformarem em lobos, certo? — o homem começou a andar pelo palco e uma imagem apareceu no telão: lobos ameaçadores em posição de ataque. — O que não sabem é que ômegas também tinham esse poder.

Obviamente que muitos dos alunos se exaltaram com a informação.

— Isso mesmo. Muitos anos atrás tínhamos uma sociedade mais perigosa, e vocês sabem por que isso não existe mais? — a imagem trocou novamente e agora podia-se ver lobos brigando e muito sangue. — As guerras eram muito sangrentas e qualquer motivo faziam os alfas brigarem com os demais, e um dos motivos mais comuns eram os ômegas.

— Sabemos que os alfas são esquentados por natureza, tripliquem essa parte da personalidade e no final terão o que é conhecido hoje em dia como Alfa Lúpus. Imaginem uma sociedade repleta deles e entenderão porquê o governo não funcionava naquela época. Por mais que os reis tentassem julgar os crimes, quando um príncipe ou o próprio rei cometia as mesmas barbáries que um servo, jamais eram punidos. Foi nesse momento em que os servos e camponeses começaram a formar matilhas e sair dos feudos, vivendo independentes nas florestas e matas, obrigando os reis a tomar alguma atitude. — as imagens trocavam conforme Heechul explicava a história. — A ciência não era muito avançada na época, mas experimentos foram feitos. — ele se apoiou em um pub e a imagem horrível de pessoas destroçadas apareceu. — Forçaram muitos betas a procriarem com alfas para ver se, de alguma forma, conseguiam diminuir a quantidade de pessoas que pudessem se transformar, e em parte eles conseguiram, mas ainda sim muitas crianças possuíam genes Alfa. Então leis rigorosas foram criadas, onde basicamente ninguém poderia se transformar se não estivessem em um campo de batalha, ou seria morto. — Heechul riu de uma maneira divertida e macabra. A imagem que surgiu não foi de uma guerra e sim de guerreiros meio lobos meio humanos se encarando. — Foi aí que surgiram os festivais de lutas patrocinados pelos governos.

Heechul, um ômega que sempre foi curioso e que estudou todas as histórias antigas, lendas e suposições possíveis que existissem sobre eles e odiava que zombassem de seu conhecimento, estava realmente feliz por algumas escolas aceitarem sua palestra. Todos deviam conhecer sobre o que aconteceu, todos deviam saber o quão foram transformados em experimentos por puro interesse em poder.

— Supostamente esse governo funcionou por um bom tempo e conforme os anos foram passando, as transformações perderam a mágica e encanto que tinham. Mas os governantes ainda não haviam esquecido que isso os ameaçava, então as famílias poderosa como os Kim, Min, Jung e Park se reuniram. Os quatro reis mais ricos e poderosos desenvolveram mais experimentos e aplicaram diversas vacinas, chás, poções e cirurgias. Como podem ver nós não nos transformamos mais. Nem alfa, nem ômega tem seus instintos aguçados e fortes de lobos como antes.

Tae e Jimin se olharam rindo um para o outro. Fileiras abaixo Yoongi tinha o sorriso zombeteiro e Hoseok mordeu os lábios nervoso. Sim, eles tinham segredos escondidos. Mas eram segredos que escondiam do mundo inteiro, principalmente os Jung.

— O pior de tudo isso é que os experimentos extinguiram as matilhas e muitos outros dons especiais. Alguns mal temos documentos suficientes para entender o que é.

— Que dons são esses? — um aluno gritou.

Olhos coloridos apareceram nas imagens e Heechul apontou animado para o telão.

— Alguns ômegas, principalmente os da realeza, tinham os olhos coloridos. — alguns alunos riram, mas Heechul não se abalou. — Não é como pensam. As emoções comandavam as cores e elas trocavam lentamente. Eu tive o fascinante prazer de conhecer um ômega que carregava uma pequena porcentagem desse dom ainda, mas o próprio já faleceu e sua gerações seguintes não conseguem o mesmo feito. Cada cor entregava como o ômega se sentia. Azul: tranquilidade, paz. Vermelho: raiva. Violeta: inveja. Amarelo: desejo.

— Isso é mentira! — uma aluna gritou se sentindo enganada.

— Eu imaginei que diriam isso... — Heechul apontou o controle para o telão e um vídeo se iniciou.

“— Como o senhor se sente? — era a voz de Heechul.

A câmera filmava um velhinho sentado em uma poltrona, que se encontrava em uma sala vinda de séculos passados.

— Um pouco incomodado de gravar isto. — riu o senhor.

— Mas foi o senhor quem pediu, hyung. — Heechul riu de forma descontraída.

— Aproxime, ou eles não acreditarão em você. — a câmera tremeu e logo se aproximou do rosto do senhor demorando a focar nas íris dos olhos.

Aos poucos foi se tornando azul e passando para um alaranjado, era fraco só que perceptível. A câmera se afastou focando no senhor novamente.

— Obrigado por isso, hyung.”

O vídeo se encerrou e os alunos estavam surpresos, cochichando e admirados.

— O mais curioso sobre esses ômegas não são seus olhos. — Heechul acrescentou. — Há muitos relatos que somente eles podiam receber mordidas de mais de dois alfas diferentes.

Todos acreditaram em cada palavra que ouviram extremamente chocados. Mas Hoseok estava um pouco nervoso por dentro pela inquietude dos colegas.

— Existem outros dons? — um dos alunos perguntou.

— Sim. Mas pouco documentados. Os que mais encontramos em literaturas e pesquisas são os olhos dos ômegas e os imprintings. — a  palavra deixou todos realmente inquietos. Heechul levantou a voz para voltar a falar. — Sim, eles existiam e eram muito respeitados por todos, fazendo com que aqueles atingidos por tal não sofressem para ficar juntos.

A palestra durou animadamente mais duas horas, com muitos alunos fazendo perguntas e ganhando os esclarecimentos necessários. Todos mostraram-se empolgados em descobrir tais coisas sobre seus antepassados. Mas Jimin, Tae, Yoongi e Hoseok estavam apenas indiferentes a tais assuntos e apenas agradeceram pelos nomes das famílias não serem muito mencionados. Heechul falou a todos que seria difícil achar uma linhagem sanguínea pura das famílias reais, e que com a realeza daquela época muitas informações se perderam porque os castelos foram atacados e pegaram fogo. Claro que só os próprios sabiam que os documentos já haviam sido mandados para um esconderijo e estavam mantidos lá até hoje.

Todos estavam se retirando do auditório e indo para o refeitório. Jeon e Yoongi acompanhavam os novos amigos. Wonho trocava mensagens freneticamente com alguém resmungando irritado, Mark ria do amigo estressado, JB e Jooheon apenas observavam ambos, intrigados.

— O que estão aprontando? — Jaebum estava sério e preocupado, os amigos já haviam feito demais em poucos dias.

— Por favor, nos deem paz por uns dias. — Yoongi revirou os olhos. — Estou cansado de tirar vocês de cima do pobre Jungkook.

— Estou aqui, sabia? — Jeon emburrou-se com o amigo.

— Achei que fosse invisível. — Min levantou uma sobrancelha.

— Ei, ei! Calminha aí. — Wonho separou os dois. — Yoongi é um grande estraga prazer declarado já. E não estamos aprontando. — suspirou em derrota. — Meu irmão chega hoje, mas não me diz onde está por nada e eu só quero saber se esse maldito tá vivo e na escola! — começou a gritar para o telefone.

— Que drama desnecessário... — ouviram uma voz ao longe e logo a frente tinha um loiro escorado na parede, olhando para eles. — O quê? Tô sujo em algum lugar? — riu da cara dos amigos.

Wonho correu até o loiro e passou seu braço no pescoço do mesmo, fechou a outra mão e esfregou na cabeça do menino. Mark e JB riam da cena.

— Nunca mais faça isso, maldito! — Wonho falava alto irritado.

— TÁ! TÁ! — foi solto pelo ômega e olhou para os outros. — AH! Os novatos...  Sou Minhyuk. — sorriu arrumando os cabelos.

— Você que é novato aqui, seu folgado. — Mark riu se aproximando e empurrando o ombro do mesmo.

— Eles que são novos no nosso grupo, oras.  — deu de ombros. — E eu não respondi vocês porque estava ocupado. — cruzou os braços. — Conheci alguém no avião, ele também estava vindo pra cá e a conversa estava interessante.

— QUEM?! — Wonho e Mark perguntaram juntos.

— Fogo no cu… — Jooheon revirou os olhos. — Vou pro refeitório. — declarou, se retirando.

Minhyuk olhou em volta e viu o novo amigo que tinha feito, um pouco perdido, correu até ele e o puxou — se lê arrastou — até seus amigos.

— Esse é o Youngjae. — o moreno sorriu tímido e deu um pequeno aceno, constrangido.

Todos puderam ver um menino moreno com um sorriso simpático, com os cabelos pretos caindo sobre os olhos. O mesmo coçou a nuca de forma nervosa, enquanto olhava todos que franziam seus narizes

— Olá! Desculpem ser apresentado assim. — soltou uma risada fraca. — Ah! o cheiro, realmente desculpe por isso! Eu saí de meu cio ontem e sei que tem muitas pessoas que odeiam lavanda.

— É um pouco enjoativo. — Mark deu de ombros e olhou pro irmão. — Mas tem pessoas que admiram essa planta.

JB piscava consecutivas vezes. Algo em si estava estranho. Tudo bem que ele particularmente gostava de lavanda, mas era mais que o cheiro do ômega. Sentia que havia sido atingido por algo, um vendaval que o revirou por dentro. Por alguns segundo se sentiu sem órbita e colocou a mão em seu peito pra checar seu coração, acelerado pelo susto. Olhou para seu irmão claramente em desespero, dando um passo para trás, mas não foram seus amigos que o ajudaram. Sentiu uma mão segurar seu braço, o puxando porque parecia realmente que ia cair.

— Você está bem? — Youngjae engoliu em seco, estava mesmo preocupado.

Ambos se olharam, criando uma conexão invisível e estranha. O ômega passou pelo mesmo que o alfa, mas achou ser culpa de seu cio recente. Porém, aquela preocupação não era natural sua com desconhecidos.

— E-estou. — Jaebum conseguiu responder apenas isso.

— Vamos comer antes que acabe tudo no refeitório? — Wonho sorriu soprado, notando os olhares estranhos. Deu alguns passos colocando o braço no pescoço de Jeon. — Kook deve estar com fome também, vamos alimentar essa criança.

— Não me chame de criança. — Jeon revirou os olhos.

— Vamos começar a preparar os caixões de vocês. — Yoongi riu para Wonho e Mark.

— Que coisinha doce você, hum?! — Mark fez careta sendo irônico. — Marca outro território, Min.

— Só estou avisando, lobinho. — riu novamente.

{β}

Quando Hoseok passou apressadamente corredor acima, assim que a palestra acabou, Taehyung se levantou desajeitado, abandonando Jimin e indo atrás do ômega que parecia correr de algo. Teve que andar mais rápido do que queria ou ia acabar perdendo o outro de vista.

— HOSEOK! — gritou notando que o ômega olhou para trás, mas isso só o fez andar mais rápido. Tae rosnou. — HOSEOK!

Antes que o alfa percebesse, seus olhos tornaram-se ferozes e ele correu de forma ágil entre as pessoas, alcançando o ômega e o segurando pelo braço, carregando em sentido contrário, indo para os dormitórios dos alfas.

— Tae, está machucando. — Hoseok resmungou.

— Você tem feito o mesmo comigo. — respondeu ríspido.

Pouco tempo depois, Tae empurrou o ômega para dentro de seu quarto, encostando a porta.

— Sente-se. — foi uma ordem atendida de imediato.

O alfa começou a andar de um lado para o outro, respirando fundo e olhando para o teto tentando se acalmar. Hoseok estava sentado na cama de Yoongi, um pouco encolhido esperando a bronca que tomaria.

— Eu te contei o segredo da minha família. Aliás, muitos segredos da minha família. — olhou o ômega que se encolheu um pouco mais. — Me explica por que eu descubro coisas sobre você através de uma palestra?

— O segredo não é só meu... — tentou se defender e pôde ouvir a respiração pesada do alfa. — Fomos caçados por muitos alfas por causa disso, muitos antepassados meus sofreram com as diversas mordidas que davam em seus corpos para brincarem e testarem o “famoso dom”. — falava olhando para baixo. — Eu pedi para te contar, mas quando souberam que era um Kim, eu quase fui punido, Tae. E meus pais não são disso... Por favor, entenda.

— Juro que estou tentando. — massageou a testa, respirando fundo.

— Tente melhor. — os dois no quarto pularam com a voz de Yoongi. — Se isso se espalhar, estará dando passagem direta para um laboratório preparado com pesquisa e testes para Hoseok.

— Co-como? — o ômega ficou surpreso com o jeito tranquilo do alfa.

— Eu vi as lentes no dia da piscina na casa de Jimin, vi os soros e compartimentos no seu banheiro no mesmo dia e você tem pares extras na mochila. — Min sentou-se em sua mesa de estudos, olhando para os dois. — Minha família foi uma das que mais caçou ômegas como você, Hoseok. Já conhecia a história… — o ômega colocou as mãos no rosto, entrando em um pequeno desespero. — Mas eu só liguei os pontos na escola.

— Por que não estava de lentes aquele dia? — Tae indagou preocupado.

— Não tinha notado que estava sem elas. Só quando falou dos olhos que deduzi o que tinha visto. — suspirou encarando o chão. — Por favor, não contem a ninguém. Nem Jimin ou Jin.

Não olhou para os alfas, mas ambos olhavam para o ômega. Claro que não iriam contar e arriscar a vida daquele que valia muito para eles. Só que esta descoberta trazia dúvidas, mas não havia coragem suficiente para perguntar algo sobre.

— Vai me deixar ver outras vezes? — Taehyung perguntou travesso com um pequeno sorriso, fazendo o ômega rir e balançar a cabeça.

— Vai se comportar? — levantou o olhar para o alfa, com um pequeno sorriso.

— Aish! Você sempre pede coisas difíceis. — mostrou algum sentimento indignado e enfim Hoseok ria abertamente, ganhando um olhar admirado da ambos os alfas. — Vamos cuidar de você Hoseok, não se preocupe.

O ômega olhou Taehyung em pé a sua frente com as mãos nos bolsos e o sorriso travesso e maligno que sempre teve e seu peito aqueceu, aquela visão o confortava. Desviou o olhar para Yoongi que estava sentado com os cotovelos apoiados em seus joelhos e o olhava como se pudesse ler seus pensamentos e o loiro assentiu em confirmação ao que o outro alfa falara. Os dois, sim, os dois cuidariam dele. E Hoseok esperava verdadeiramente que sim, porque sentia-se ligado a ambos e não conseguia se desfazer de nenhum, mas tinha certeza que o que precisavam era apenas conhecerem-se. Yoongi veria o quão frágil Taehyung é, e teria o mesmo fim que ele próprio teve, afogando-se em uma paixão. E Tae quando conhecesse a mente caótica e confusa que Min possuia, entenderia um pouco do gênio frio que o alfa emana.

Naqueles poucos segundos, Jung pôde se sentir completo e por isso ele rezou internamente que tudo desse certo, e acendeu a esperança de que, talvez, pudessem dar certo juntos.

— Confiarei em vocês. — sorriu terno e se levantou deixando o quarto.

Os alfas observaram os passos do ômega e seus olhares se cruzaram, fazendo com que se encarassem em silêncio. Mas diferente das outras vezes, eles reconheciam a preocupação, carinho e admiração que tinham na mesma pessoa.

— Por um momento achei que fosse gritar pela escola o segredo dele. — Min sorriu de canto, recostando-se na cadeira.

Taehyung quis revoltar-se e fechar a cara para o alfa. Yoongi não o conhecia e o julgava sempre mal, desde o primeiro dia. Estava na hora dessa implicância toda parar, sua paciência para mantê-la já havia acabado.

— Yoongi... — sentou-se em sua calma olhando para o outro. — Eu nunca faria isso com Hoseok. Gostaria de saber porquê você não gosta de mim ao ponto de achar que eu magoaria pessoas que são importantes. — olhou para suas mãos. — Eu não sou um monstro. — riu soprado com aquela frase. Era sempre o ômega que dizia aquilo para si. — Se estiver disposto a parar de chatear Hoseok cessando com essas brigas, eu prometo te dar espaço para me conhecer. Mas terá que me dar a mesma oportunidade.

Yoongi ficou surpreso com a atitude calma e centrada do alfa, que sempre fora explosivo em todas as situações. Ele havia o provocado intencionalmente, sabia que poderia render uma boa discussão e qualquer coisa era melhor que aquele silêncio entre eles.

— Por que acha que eu faria algo do tipo? — manteve sua indiferença fria.

— Porque gostamos da mesma pessoa e nós não estamos fazendo bem a ela. — foi direto, acabando com os rodeios intermináveis que as entrelinhas deixavam.

— Você não sabe o que está falando. — Min se levantou da cadeira, se jogando em sua cama.

— Bem... — Tae se levantou. Não havia comido ainda e não adiantava prolongar a conversa, Yoongi iria decidir só depois de pensar muito. — Espero então que aquele show com Mingyu não tenha sido por mim então. — sorriu e piscou para o outro alfa, fechando a porta.

Yoongi estava de boca aberta e por segundos permaneceu assim. Balançou a cabeça, retornando a realidade e bufando para a suposição do colega de quarto. Claro que foi por Hoseok, que estava preocupado com o que Taehyung poderia fazer. Mas se parar pra pensar, não era da sua conta se meter em tal assunto e o problema de Mingyu era diretamente com Tae... Então por que diabos teve todo aquele trabalho?  

Remexeu-se no colchão, enfiando sua cabeça no travesseiro para calar seus pensamentos, mas não durou muito. Olhando para a parede tentou encontrar respostas e não gostava de nenhuma delas. Todas constataram que talvez, frise bem essa palavra, talvez ele se importasse um pouco com Taehyung. Porém, era uma importância tabelada, porque se Tae trazia problemas, ao fim Hoseok não ficaria bem. Então era por isso que o alfa tinha algum significando leve.

Tranquilizou seu espírito com essa afirmação e quando decidiu fechar os olhos e dormir o restante do dia, a imagem do alfa falando centrado na proposta para se conhecerem repetia insistentemente. Grunhiu se revirando mais uma vez e colocando o travesseiro sobre seu rosto, para gritar o jogando em seguida na cama ao lado.

— Eu vou matar você, Kim Taehyung! — olhou para o lado, observando a cama vazia. — Você consegue fazê-lo rir tão facilmente, ficam bem juntos e eu pude ver que se preocupa com ele quando faz aquela birra idiota. — riu soprado. — Por que eu sinto inveja de você?

Passou segundos relaxantes observando o nada, até que em fim sua mente se acalmou e pôde dormir em paz. Passou realmente o dia dormindo e quando o outro alfa retornou ao quarto e o viu de uniforme e sapatos, ainda balançou a cabeça, reprovando a imagem.

— Por que é tão teimoso? — falava baixo para não acordá-lo. Tirou os sapatos do alfa com cuidado e o cobriu. — Amanhã ele vai gritar comigo porque não o acordei. — suspirou. — Vou ter que sair mais cedo e deixar vocês acharem que passei a noite com alguém… — disse enquanto olhava a expressão calma do loiro.