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História Between Coffees and Roses - O Primeiro Crime


Escrita por: Ashmedhai

Notas do Autor


OiOiOi <3
Sentiram minha falta? eu acho que não deu nem tempo mas enfim, Cá estou eu realizando um sonho de vida que é escrever um Yaoi JiHope pq, como vcs sabem, O OTP é lindo e cheiroso.
Ok, mas tenho algumas coisas a dizer:
A narrativa é feita em terceira pessoa e em sua maioria das vezes mostrará acontecimentos com varios personagens acontecendo ao mesmo tempo.
Tbm quero dizer que qndo vcs verem um texto meio grande em italico, saibam que é a descrição de algum fato que pode ser nojento ou doloroso demais, aos de estomago fraco: Pulem! (ou não pq nessas partes contem muita coisa util pro desenrolar da historia.
Vamos deixar de mimimi e vamos ao primeiro capitulo.
Quero tambem agradecer MUITO as duas pessoas mais importantes dessa fic: CupcakeYeol que é uma fonte de ideias ambulante e que amo demais!!! E a capista com bola de cristal que conheço a pouco mas quero perto pra sempre, dona Miruka AMOOOOO VCCCCSSSS <3
PS: tentarei postar toda sexta a noite ou sabado, caso algo de muita sorte ocorra, postarei no meio da semana, mas não considerem isso promessa ta <3
Amo vcs e vejo-os la embaixo *-*

Capítulo 1 - O Primeiro Crime


Fanfic / Fanfiction Between Coffees and Roses - O Primeiro Crime

 

O Crime

Acordou com a pior dor que se lembrava de ter sentido em todos os seus 17 anos. Abriu os olhos e o terror lhe tomou por completo.

Sentia suas costas queimando, ardendo e vertendo sangue e percebeu que quatro ganchos enormes adentravam sua pele naquela região e o suspendiam há uma distancia grande do chão. Shindong não entendia nada do que estava acontecendo ali.

Olhou em volta com dificuldade já que estava sem seus óculos e percebeu estar em um barracão abandonado, mal iluminado e paralelo a si havia uma pequena mesa cheia de utensílios que fizeram seu sangue congelar. Facas dos mais variados tamanhos, alicates, pinças e até uma cerra elétrica dessas usadas pra cortar cerâmica estava ali.

Sentia o sangue escorrer pela sua barriga rechonchuda em direção ao chão e um milhão de motivos para aquilo estar acontecendo se passaram pela cabeça do adolescente, mas nenhum parecia ser o suficiente para justificar aquela atrocidade. Agradeceu pela primeira vez por ser gordo e com isso ter tecido adiposo* o suficiente para que os ganchos enroscados em sua pele sustentassem o próprio corpo. Da altura que estava, se fosse magro e sua derme se rompesse, ele provavelmente morreria com a queda.

Ainda em seus devaneios ouviu passos e uma risada estridente ecoou pelo local. Uma gargalhada assustadora que faziam as risadas mais macabras dos filmes de terror que já havia visto, parecerem uma canção de ninar. O seu algoz saiu das sombras e aquele rosto tão conhecido e adorado por si, estava irreconhecível. Seu olhar fez o menino se arrepiar ainda mais. Ele sabia que nada de bom poderia acontecer ali e o choro lhe veio instantaneamente.

Seu raptor se aproximou a passos lentos. O rapaz mais velho trazia um taco de beisebol em mãos e ergueu no ar. Sem dizer uma só palavra, apontou para o óculos do adolescente que jazia caído abaixo de si. Mexeu no objeto com os pés e logo depois deu três golpes no mesmo, transformando o óculos em farelos.

- Quem diria que depois de tantos anos meus fantasmas se personificariam todos em uma pessoa só...- Falava deixando claro o deboche no ar e fazendo Shindong se questionar ainda mais o que tudo aquilo significava.

O adolescente observou o agressor caminhar calmamente, com um sorriso diabólico nos lábios, até a parede onde as correntes que o suspendiam estavam presas e tentava a todo custo formular alguma frase que expressassem sua clemência pela própria vida, sem conseguir emitir som algum. Seu algoz segurou as correntes e balançou com força fazendo com que as extremidades cravadas em sua pele o chacoalhassem de um lado para o outro.

- Hoje você será o passarinho. Gosta de voar?

As correntes foram soltas e agora Shindong estava a pouco menos de dois metros do chão. Viu o homem caminhar até si, com o taco de beisebol em mãos e antes de entender sua intenção para aquele momento, sentiu uma pancada forte em suas costelas. Pelo barulho da pancada, tinha certeza que seus ossos se partiram. O ar começou a faltar e o gosto de sangue ficou forte na boca. Misturado a tudo isso, ainda se mantinha a dor do couro perfurado nas costas que era ainda mais forçado, já que seu corpo balançava, pendurado, de um lado para o outro dentro do galpão. Realmente era como estar voando, só que com muito mais dor e terror.

O Sequestrador parou de frente a si e aguardava a inércia deixar de agir e seu corpo parar os movimentos. Quando finalmente parou, largou o taco de madeira e se aproximou, ficando cara a cara com o garoto que sem entender nada, apenas ficava quieto tentando absorver todo o horror que aquilo tudo lhe trazia. Colocou as mãos nos ombros dele e deu um leve empurrão para traz, quando o corpo voltou, pegou mais impulso e o jogou com força fazendo-o balançar alto. Enquanto ainda via o menino voando, foi até a mesa, pegou uma das facas que estava ali e se posicionou embaixo do pendulo humano. Assim que viu Shindong vindo em sua direção se abaixou e ergueu a faca no ar. O primeiro som emitido pelo agredido foi ouvido.

O Homem cruel se afastou novamente e observou a cena com deleite. Sabia que descontar todas as raivas, frustrações e traumas do passado era maravilhoso, mas os gritos de agonia do garoto lhe soavam como a melhor musica já composta pela humanidade. Aquela sensação lhe trouxe as memórias a tona. A humilhação, os gritos estridentes gravados com tanta vivacidade na memória pareciam se repetir ali naquela sala. Mas hoje o destino seria diferente. Hoje ele não voltaria pra casa cheio de marcas e lembranças ruins. Hoje ele se vingaria de tudo o que havia sofrido naqueles anos. Ao olhar para o menino pendurado, coberto de sangue com um corte tão profundo que por pouco não expunha as vísceras, o rosto daquele Shindong desapareceu e aquele rosto que havia lhe causado tanto sofrimento se formou. Pro agressor, Shindong não era o adolescente que havia conhecido algumas semanas atrás. Shindong era aquele garoto gordinho de óculos de anos passados que sempre foi definido para si como sinônimo de Desprezo, fracasso. Nunca saberia dizer se era desprezo por si próprio por ser como era naquela época ou pelo próprio garoto das memórias dos anos atrás. Mas sabia que era desprezo, e raiva, e ódio e nojo. Nojo de tudo. E principalmente de si, do que era quando adolescente.

Já cansado de ver o corpo balançando, desceu-o e o sentou em um banco de carro abandonado que havia ali. Sentou-se sobre seu corpo e socou seu rosto tantas vezes e com tanta força que por um momento achou que teria estragado a própria brincadeira, já que o mesmo aparentava estar desmaiado.

Decidiu esperar a vitima acordar e andou tranquilamente até a bancada, pegou uma garrafa de café que havia trazido consigo, já que sabia que aquela noite seria longa. Serviu a bebida quente em um copo de plástico qualquer que havia encontrado alí e observou a obra de arte que havia feito. Podia jurar que havia mais sangue fora do que dentro do corpo do adolescente. Quando ouviu-o gemer de dor mais uma vez, largou o recipiente na bancada e pegou um alicate que estava na mesa que havia preparado. Caminhou até ele e pegou uma das suas mãos. Redondinhas e fofas. Não se lembrava em que circunstancias havia ditou ou ouvido aquilo mas a lembrança lhe trouxe ódio mais uma vez, e a necessidade de destruir toda aquela angelicalidade veio com força, e sem hesitar enfiou uma das pontas da ferramenta sob a unha do indicador, apertou e puxou em um único movimento, sendo novamente presenteado com o grito de dor do agredido. Repetiu o ato em todos os dedos e um a um pausava, se deliciava com a musica emitida por aquela garganta e recomeçava o ato.

Shindong não tinha forças para se mexer, tentar revidar ou sequer clamar pela própria vida. Apenas rezava para que acabasse rápido. Já não sabia mais distinguir qual parte do seu corpo doía mais e respirar se tornava cada vez mais difícil. Mais uma vez conseguiu abrir os olhos e viu seu algoz se distanciar novamente. Viu-o pegar uma faca grande e visivelmente afiada e antes que se aproximasse novamente, conseguiu sussurrar uma ultima frase. “Por que eu?”

- Eu já disse! Você é a personificação de tudo o que me atormenta! Assim que eu me livrar de você e de todas as coisas que você me lembra, eu poderei ser livre novamente. Agora cala a boca que eu não tenho o dia todo pra ficar aqui!

Ele sabia que tinha todo o tempo do mundo para cumprir seu plano. O que ele não tinha era paciência para continuar lidando com aquela situação toda. Precisava se livrar dos seus traumas de uma vez por todas e resolveu começar com a que mais lhe atormentou desde o começo. A gordura.

Segurou a faca com força, caminhou até o menino e riu ao vê-lo tremendo. A sensação de poder era algo indiscutivelmente maravilhoso. Ser temido lhe dava a sensação de onipotência. E sentir-se assim depois de anos se sentindo fraco, se sentindo a escoria da humanidade o fazia sentir-se vivo. Era isso: Ele se sentia Vivo dentro dos medos do menino.

Posicionou a faca encima do hematoma que se formara devido a pancada que dera com o taco de beisebol, Empurrou contra o corpo e observou a mesma sumindo dentro da carne, deixando uma boa lasca do tecido adiposo solto sobre a lamina. Segurou o pedaço de pele que havia se soltado do corpo e em um movimento único, puxou a faca para baixo, no sentido das pernas do garoto, e com a outra mão puxou o pedaço de carne para fora, arrancando uma boa fatia do corpo.

- Nem o melhor açougueiro da cidade tiraria um bife desse com tamanha perfeição! – Falou mostrando o pedaço de pele para a vitima que já nem gritava mais. Bufou frustrado pelo silencio e vendo que ele não aguentaria muito, repetiu o ato varias vezes, até deixar as entranhas dele tampadas apenas pela camada muscular. Toda aquela maldita gordura flácida havia deixado o corpo do menino.

Sentindo a frustração crescer mais a cada segundo, olhava em volta procurando uma forma de reavivar seu brinquedo. Desde criança achava mais graça nos jogos interativos, e aquele ali não estava colaborando muito para isso no momento.

Viu a serra elétrica sobre a mesa e pegou-a. Voltou para próximo do corpo e a ligou, deixando o som do pequeno motor se propagar pelo local esperando que só o barulho assustasse Shindong o suficiente para despertá-lo. Em vão. Aproximou a serra do tórax e aos poucos ia abrindo fendas no mesmo. Deixaria o melhor para quando ele estivesse acordado. Em vão novamente. Com raiva por não ouvir mais os gritos e com o silencio que fazia ali quase o sufocando, posicionou a serra no meio do peito e forçou para baixo. Sentiu o cheiro de queimado e com isso soube que já havia atingido o osso externo do tórax. Quando cogitava afastar a serra e procurar outro meio de acordá-lo, foi surpreendido pela mão do garoto sobre a sua, os olhos arregalados e neles, mais ódio do que já havia visto em qualquer outro olhar. Mais ódio do que o que havia visto naquele olhar de anos atrás. Pela primeira vez na noite, o agressor foi surpreendido e o pior veio depois. Ao invés de tentar afastar a ferramenta, o menino a forçou para dentro de si. Um baque e Um ultimo grito e por fim o corpo jazia sem vida com a lamina giratória da serra elétrica cravada dentro do coração.

Se levantou e com a manga da blusa de lã que usava sob a jaqueta de couro, tentou limpar os respingos de sangue que a ultima ferramenta havia jogado em seu rosto. Se afastou mais um pouco e observou o cenário a sua frente.

Sua vontade era de pegar o celular e filmar tudo em alta resolução para nunca se esquecer do dia que havia libertado a sua alma, mas não queria correr o risco de, em algum golpe de azar perder o aparelho, ou alguém ver o que havia feito. Tirou do bolso da jaqueta uma maquina fotográfica daquelas descartáveis, comuns em festas, e fotografou toda cena. Reclamou da baixa qualidade das imagens reveladas instantaneamente, e guardou-as no  mesmo bolso que a maquina estava antes. Pegou as facas que havia usado, a serra e observou bem se havia qualquer sinal seu ali. Sabia que não, já que estava de luvas desde que encontrara o menino na praça onde haviam marcado de se ver horas antes, mas todo cuidado era pouco. Havia passado semanas planejando aquela noite de libertação e não deixaria um deslize bobo o condenar a prisão.

Após conferir tudo, foi até a mesa onde sua garrafa de café estava. Bebericou mais um pouco e pegou a rosa branca que havia trazido consigo. Aquela flor tinha uma simbologia tão grande para si que se um dia lhe perguntassem tudo o que ela significava, passaria dias contando cada detalhe. Mas ali, naquele momento, era um pedido inconsciente de perdão a Shindong que sequer sabia da sua historia, que morrera sem fazer ideia dos demônios que habitavam a sua mente, mas que já poderia ser considerado um santo por ter salvado o restante da sanidade de um louco.

Beijou a rosa calidamente e a depositou sobre o cadáver totalmente disforme, desfigurado e destruído a sua frente. Aquele corpo rechonchudo e fofo agora era só um amontoado de carne maltratado.

Olhar aquela cena mais uma vez fez o estomago revirar e, sentindo que sua consciência voltaria ao normal e seu estado de loucura o deixava, resolveu sair correndo dali. Havia acabado.

Ou pelo menos era o que esperava.

~~~~~~~

A rotina se repetia.

Naquela manhã, depois de tanto tempo, havia acordado da mesma forma que acordou por anos. Sendo chacoalhado de leve pelo amigo. Suspirou fundo percebendo que não havia passado de mais um dos pesadelos terríveis causados pelas memórias ruins. Abraçou Taehyung com força mostrando silenciosamente sua gratidão por tê-lo tirado do mundo de Morfeu**.

- Vamos Jimin, lembra que hoje você que abre a cafeteria?

Assentiu silenciosamente e deu um beijinho leve na bochecha do amigo de cabelos castanhos. Levantou-se e foi diretamente para o banheiro em seu quarto para tomar um banho rápido e fazer sua higiene antes de abrir seu estabelecimento.

Fazia semanas que não tinha os pesadelos, fazia um ano e seis meses que não chorava ao acordar deles e fazia 5 anos que as suas memórias os haviam criado. Os traumas que sofreu, a humilhação e a dor que sentiu, todas aquelas ultimas semanas na escola que, com certeza, haviam sido as piores da sua vida e nada tiraria aquele titulo. Meia década havia passado e ainda assim não esquecera de nenhum segundo do terror que havia vivido.

Mas depois dos dias de paz e sono tranquilo, aquele pesadelo veio de novo. E ele sabia muito bem porque seus demônios internos haviam voltado a tortura-lo.

Jimin fechou os olhos e deixou a sensação da água quente escorrendo pelo corpo, permitindo-se relaxar e logo o sonho ruim veio suavemente, em fragmentos a sua mente.

A voz grave que lhe magoou tanto sussurrava aquelas palavras novamente:

“Jimin, você realmente achou que eu era gay?”

A gargalhada ouvida, o sentimento de confusão.

“E se eu fosse, o que te leva a crer que eu olharia pra você?”

O Deboche dolorido e o som de mais risadas contra si.

“Nem o viado mais desesperado do mundo olharia para um gordinho de óculos ridículo como você, Park Jimin!”

E pensar que havia amado aquele garoto. Havia confiado cegamente nele e o que fez foi o magoar, ridicularizar perante centenas de pessoas.

Suspirou mais uma vez. Pelo menos havia sonhado com a parte mais “leve” de toda aquela semana no inferno que havia passado.

Desligou o registro, caminhou calmamente até fora do Box, esfregando a toalha pelo corpo e parou em frente ao espelho enorme que havia no cômodo. Observou-se orgulhoso da imagem que via e imediatamente se sentiu melhor. A gordura e os óculos eram seu passado. Com ainda mais orgulho passou a toalha pelo abdômen perfeitamente bem desenhado e se permitiu por alguns segundos imaginar o que o garoto que o havia agredido pensaria se o visse agora. Tinha absoluta certeza que ninguém que acompanhou seus traumas cinco anos atrás o reconheceriam.

Exceto aquele garoto de cabelos castanhos que agora batia em sua porta insistentemente lembrando-o que não havia tempo para seu surto narcisista.

Jimin e Taehyung se conheciam desde criança. Suas casas eram de frente uma para a outra e a amizade das famílias existia desde a época em que os pais deles ainda eram apenas dois casais de namorados. Nasceram no mesmo ano sendo Jimin apenas três meses mais velho que Taehyung e desde então nunca se separaram. Estudaram sempre na mesma escola e dividiram todas as descobertas que a adolescência trazia.

Perceberam um com o outro que talvez até pudessem se sentir atraídos por mulheres vez ou outra, mas que o corpo masculino lhes chamava muito mais a atenção e aprenderam a tirar prazer disso juntos. Por inúmeras vezes se trancavam no quarto de um ou do outro para sanar a curiosidade que tinham e a vontade de entender melhor como cada parte do corpo reagiria ao próprio toque ou ao toque de outra pessoa. Dividiam risinhos envergonhados e por vezes a adrenalina que o medo de serem pegos fazendo algo que julgavam errado, trazia. Era uma amizade pura por fim, mesmo quando se tocavam de forma tão libidinosa porque, mesmo envoltos no obsceno, havia cumplicidade, amor, mesmo sendo um amor fraternal.

Também descobriram juntos o que era ciúme. Isso quando tinham 16 anos e Taehyung descobriu que na classe deles também havia outro garoto que se interessava em meninos. Jimin se sentiu estranho ao ver seu amigo conversando perto demais do outro colega e com medo de se magoar ou de se sentir um empecilho na vida de Taehyung, se afastou dele.

Jimin sabia que não amava Taehyung como um namorado ou coisa no sentido. O amava acima disso, o amava como irmão e daria a vida pelo menino de sorriso quadrado, e por isso preferiu manter distancia para evitar que o relacionamento do mais novo fosse atrapalhado de alguma forma por algum tipo de sentimento de posse, seja do parceiro do moreno ou seja pelo próprio ciúme.

Mas Taehyung também tinha por Jimin o mesmo amor incondicionalmente fraternal e por mais que estivesse apaixonado pelo colega de sala, não queria perder a amizade que carregava desde o nascimento. Procurou-o e conversaram por longas horas até ambos entenderem o que sentiam e pensavam sobre, pela primeira vez, precisarem dividir a atenção com mais alguém que não fossem um ao outro.

Naquele ano, por mais que ainda se falassem todo dia, uma pequena distancia havia se criado. Jimin e Taehyung passavam bastante tempo juntos, mas não tanto como antes e por mais que demonstrasse ser compreensivo, Jimin sentia falta do amigo, mas não reclamava. O sorriso quadrado, cada vez mais iluminado do vizinho, fazia com que ele tivesse aquela sensação de que valia a pena. Valia pena ficar distante de Taehyung para que ele tivesse tempo de ficar com o menino que jurava amar e que Jimin acabava por gostar também, já que naquele principio de namoro cuidava tão bem do seu irmão de coração.

No ano seguinte, ultimo ano do colégio, Jimin começou a entender uma serie de coisas que via no amigo. Logo nas primeiras semanas um garoto novo entrou na escola e desde que o vira pela primeira vez seu coração se acelerou com força e o fez tremer. Era como ver um ser divino em carne e osso a sua frente.

Tinha os cabelos negros, a pele clara e olhos cor de café. Seu sorriso expunha uma arcada perfeitamente bem alinhada e seu nariz franzia próximo aos olhos toda vez que sorria e aquilo tudo só deixava a imagem ainda mais bonita. Para Jimin aquele sorriso tinha um ar tão puro que chegava a ser infantil e perdia a conta das horas que passava observando tamanha perfeição. Jimin entendeu tudo o que o amigo havia lhe descrito como “Estar apaixonado”.

E mal sabia ele que justo seu primeiro sentimento bom com relação a outra pessoa que não fosse sua família ou Taehyung, iria guiá-lo a tudo de ruim que poderia lhe acontecer e fazê-lo ter os piores pensamentos que uma mente poderia criar.

Mais uma pancada na porta e Jimin se tocara que estava demorando demais ali. Jogou a toalha no cesto de roupas sujas e saiu em direção ao quarto. Assim que passou pela porta pode ouvir seu amigo ralhando contra si por não ter pudor em andar nu pela casa.

- Para de frescura, Tae! Não tem nada aqui que você nunca tenha visto! – Falou rindo e fazendo o mais novo avermelhar-se. Vinte e dois anos que o conhecia e não cansava nunca da imagem fofa que era o amigo envergonhado.

- Fica brincando, fica! Um dia desses eu perco as estribeiras e te ataco, aí quero ver como você vai fugir de mim! – Falou se aproximando, com um sorriso fingidamente ladino no rosto e quando fez menção ao tocar Jimin, o ruivo lhe deu um tapa na mão.

- Sai daqui e deixa eu me vestir! Você vai se atrasar justo no primeiro dia de aula, seu peste!

Gargalhando alto, o moreno saiu do cômodo e Jimin suspirou se sentindo bem. Não importava como estivesse, Taehyung sempre conseguia fazê-lo se sentir melhor.

Foi até o armário e pegou seu uniforme. Por mais que fosse o dono da cafeteria, prezava por sempre ter uma imagem formal em frente aos clientes e por isso não abria mão daquelas vestes. A camisa social branca, calça preta e sapatos pretos lhe davam um ar serio e gostava como parecia até mais velho vestido assim.

Desceu as escadas que levavam a sala da residencia e encontrou o amigo calçando os sapatos  sentadono sofá. Pulou sobre ele e bagunçou os cabelos do mais novo que ralhou consigo e empurrou-o dizendo que já passava da hora de abrir a cafeteria e que àquela hora já deveriam ter clientes esperando.

Ao se encaminhar para a porta que separava a moradia do trabalho, observou a própria imagem no espelho fixado na madeira. Arrumou os próprios cabelos e abriu-a. Foi diretamente ao caixa, ligou o computador e as maquinas que aqueciam a água e enquanto preparava o balcão para mais um dia de vendas, Taehyung parou em frente a ele lhe lembrando uma serie de detalhes da rotina de abertura da casa. Jimin ouviu tudo com atenção e por fim escutou o amigo, já se retirando, falar que ele se acostumaria rápido com o novo horário já que pela manhã os únicos clientes mais frequentes eram os policiais da delegacia vizinha.

“O primeiro, inclusive, já ta vindo.” Completou Taehyung apontando pra fora e Jimin viu um rapaz alto de cabelos negros, fardado, atravessando a rua.

Jimin acenou feliz para o amigo se despedindo e desejando boa sorte.

Sabia que aquela manhã seria longa. Só esperava que fosse agradável como as suas manhãs na própria estufa, onde passava a manhã cultivando suas rosas, também eram.

~~~~~~

Depois de quatro dias de descanso devido ao feriado, voltar a delegacia na segunda-feira para mais uma manhã de trabalho, era realmente entediante demais. Por mais que fosse uma capital, cidade grande, com muitos habitantes e crimes acontecendo o tempo todo, nada era muito complicado ou emocionante. Era frustrante, para falar a verdade.

Quando Hoseok resolveu se juntar a Academia de policia, seis anos atrás, sonhando ser um grande investigador, conhecido no país todo como uma mente brilhante, não imaginava que naqueles dias, o trabalho mais difícil que ele teria era o de ficar acordado durante todo o expediente, já que os crimes mais bárbaros que aconteciam por ali não passavam de assaltos cometidos por jovens afim de conseguir alguns trocados e comprar drogas ou assassinatos por discórdia ou acerto de contas, coisas simples e de rápida solução. Se sentia desperdiçado.

Odiava todos os dias quem havia criado a “Divisão de Narcóticos e Assuntos Relacionados”. O DNAR – Como o departamento era conhecido - eram os únicos com alguma atividade mais empolgante e por mais que tivesse tentado ingressar na divisão, sua rivalidade com o investigador de lá nunca o permitia. Sempre era barrado ainda na primeira fase do processo seletivo.

Hoseok estava quase amaldiçoando a escolha da carreira. “Deveria ter estudado medicina” Era o que sempre pensava quando se via trancado na sua sala, olhando a lousa branca que havia posto ali com a ideia de utiliza-la para ajudar a solucionar crimes grandiosos. Crimes esses que nunca aconteciam.

Mas logo afastava a ideia da cabeça. Não podia mentir pra si mesmo. Sabia que amava a profissão e tinha orgulho de ser um policial correto, um investigador bom, mesmo sem ter ainda a oportunidade de resolver um caso realmente difícil e sabia que isso só não acontecia porque realmente não aconteciam crimes grandiosos naquela jurisdição.

Como todos os dias, O Investigador estacionou seu carro em frente a delegacia, desceu e trancou o mesmo e antes de entrar no prédio, caminhou até o outro lado da rua. Seu café matinal era sagrado e a cafeteria bem em frente ao trabalho só deixava tudo ainda mais fácil e agradável a ele, além de servir o melhor café que havia por perto. Faziam dois anos que a cafeteria havia inaugurado e desde essa data, todas as manhãs, tomava seu café no mesmo lugar. Inclusive nos dias de folga.

Mas aquele dia parecia ter começado diferente desde ali.

Quase como um roteiro ensaiado e apresentado num palco de teatro, as coisas sempre aconteciam iguais. Ele estacionava o carro, entrava na cafeteria, sentava na mesa próximo a janela e então um rapaz de cabelos castanhos, aparentemente da mesma idade, vinha trajando um uniforme social e, segurando um bloco de papel, perguntava seu pedido. A resposta era sempre a mesma: “Um americano duplo sem açúcar, por favor”. O menino se retirava e o policial aproveitava para olhar as ultimas noticias na internet através celular. Quando seu pedido chegava, aproveitava para pedir o mesmo produto novamente, mas agora para viagem. Vez ou outra pedia dois. Um para si próprio consumir mais tarde e um para o colega de trabalho. Enquanto o pedido para viagem era providenciado, Hoseok tomava calmamente o que tinha em mãos e após terminar, pagava, pegava o outro copo e rumava finalmente para mais um dia sem emoção alguma.

Pode parece monótono e chato demais para um começo de dia mas no fundo, era isso que Hoseok gostava. Do previsível, do mecânico. Ele tinha um apresso enorme por coisas que ele sabia como funcionaria e apreciava manter a rotina de forma tão meticulosa que da hora que levantava da cama até a hora em que registrava sua entrada no expediente, ele tinha a contagem mental exata dos minutos que demoraria em cada ato seu.

E foi justamente esse apresso por rotina que o fez se sentir estranho quando naquela segunda-feira, entrou na cafeteria e não viu o menino de cabelos castanhos.

Como sempre fazia, andou até a mesma mesa e assim que um rapaz de cabelos vermelhos, um pouco mais baixo que si e com um sorriso enorme se aproximou, fez o pedido de sempre, que foi anotado com muita atenção e simpatia.

Quando o ruivo foi ao balcão preparar a bebida, olhou em volta para ver se achava o garoto dos cabelos castanhos mas não o encontrou.

“Vamos a rotina das noticias, já tem coisa demais fora do normal pra uma manhã só” - pensou.

No entanto sempre fora curioso e naquela situação não seria diferente. Faziam dois anos que vinha ali diariamente e, além de sempre ter sido atendido pelo menino de cabelos castanhos – que só agora havia notado não saber sequer o nome -, nunca havia visto o rapaz de cabelos vermelhos e já se perguntava se a cafeteria havia mudado de direção e ele não havia percebido.

Quando dirigiu-se ao caixa para pagar, não se conteve e perguntou:

- Por acaso mudou a direção do estabelecimento? – O Ruivo, que estava de costas para si, pegando o troco na gaveta do caixa, virou-se novamente e aquele sorriso grandioso de antes voltou a se fazer presente.

- Não, Já sou dono dessa cafeteria há dois anos... A não ser que você frequentava aqui antes disso... – Falou o Ruivo em um tom que dava a entender que o homem fardado a sua frente estava cometendo um estranho equivoco. Hoseok percebeu a estranheza em sua voz e tratou de justificar-se.

- É que eu venho todas as manhãs aqui para tomar meu café, mas nunca havia te visto. Alias, sempre fui atendido por um menino de cabelo castanho, muito simpático, e hoje não estou vendo ele. – Explicou e fez questão de elogiar o outro rapaz, agora que sabia que o mesmo era um funcionário e seria justo deixar o patrão sabendo que era bem auxiliado na sua ausência.

- Ah Sim! – Falou como se tivesse entendido  – O Taehyung é meu sócio. Ele cuidava daqui no primeiro turno e eu no segundo, mas como ele está estudando agora, trocamos os horários. – Hoseok se tocou que só agora havia descoberto o nome do rapaz de cabelos castanhos e resolveu não cometer o mesmo erro.

- Bom, já que você estará aqui todas as manhã, Muito Prazer! Me chamo Jung Hoseok – Falou estendendo a mão por sobre a bancada em sinal de cumprimento que logo foi retribuído.

- Park Jimin. Mas pode me chamar de Jimin apenas. – Ambos sorriram e o policial não pode deixar de reparar como o sorriso do barista*** era bonito. Brilhante, ele diria. – Sinta-se a vontade para voltar quantas vezes quiser! Prometo me esforçar para atender tão bem quanto Taehyung. – E agora quem sorria lisonjeado com o cuidado fora o policial.   

Como era segunda-feira e podia jurar que encontraria o parceiro de equipe mais sonolento que o costumeiro, levou o café extra consigo e antes mesmo de terminar de atravessar a rua, avistou o delegado na porta da delegacia com o celular na orelha falando exasperadamente com alguém. Abaixou a cabeça e passou direto. Se tinha algo que ele não queria, era tomar bronca de NamJoon ainda na primeira hora do dia de trabalho.

Rumou diretamente a sua sala, entrou e já foi abrindo as persianas e escancarando a janela. O Cheiro de mofo que os documentos antigos que ficavam guardados ali tinham, o deixava enjoado. Colocou ambos os copos da bebida quente no meio da mesa. Tirou o casaco e o colete, pendurando-os na arara que havia atrás da porta e depois voltou até sua mesa, abriu a gaveta e ali depositou suas armas e o celular.

Jogou-se na cadeira, se espreguiçando e levando as mãos a nuca relaxadamente, e ao ver as horas no relógio da parede contou mentalmente “5...4...3...2...” Antes de pensar no Um, a porta se abriu de supetão e um SeokJin com olheiras enormes, um belo hematoma no pescoço e um sorriso de orelha a orelha entrou. Hoseok não pode deixar de rir da imagem que o outro apresentava e a piada saiu quase que automaticamente.

- Pelo visto o feriado foi bom, heim! – Falou as gargalhadas – Toma, trouxe café pra você.

SeokJin pensou em reclamar pelo desrespeito do colega, mas estava de muito bom humor. Apesar de ter passado a noite em claro, foi por um ótimo motivo.

Faziam cinco anos que Jin – Como SeokJin gostava de ser chamado – havia sido transferido para aquela jurisdição e desde que chegou tinha Hoseok como parceiro. Sempre se deram bem e muito raramente discordavam de algo ou discutiam. Mais que parceiros, SeokJin e Hoseok eram amigos. Tão amigos que quem aproximou Jin de NamJoon foi o próprio colega, que já estava cansado das trocas de olhares e flertadas silenciosas entre o parceiro de equipe e o chefe e acabou armando um encontro fora do trabalho onde o relacionamento surgiu, isso há três anos e desde então, toda segunda-feira SeokJin aparecia cheio de marcas, sonolento e cada vez mais sorridente.

Após estapear divertidamente o mais novo, Jin perguntou se eles tinham algo para trabalhar naquela manhã e o mesmo respondeu que não sabia já que não havia falado com NamJoon ainda. Seokjin comentou que a ultima vez que o havia visto fora em casa, horas antes e que NamJoon havia saído mais cedo devido a uma ligação da delegacia o chamando com urgência. Completou dizendo que não fazia ideia do que se tratava.

Mais alguns minutos de conversa e o Ramal de Hoseok ecoou pela sala e ao atender era o Delegado os convocando.

Ao entrar, viram NamJoon com o olhar relativamente perdido, mas ao vê-los ali seus olhos brilharam em um misto de excitação e até um pouco de alegria.

- Tenho um caso que parece ser dos grandes pra vocês dois – falou direto apontando para ambos com a caneta.

- Assalto? Homicídio? – Perguntou Hoseok alternando o olhar entre Jin e NamJoon.

- Homicídio. Mas segundo a pericia não é qualquer coisa. O Endereço do local do crime está aqui, vão rápido antes que os abutres da policia cientifica limpem todo o local. – Falou entregando um papel ao namorado.

- Vou pegar a viatura e te encontro La embaixo. – Falou Jin guardando o papel no bolso da farda e deixando a sala.

- Boa sorte pra vocês e se cuidem! – Falou NamJoon antes de Hoseok sair.

Hoseok foi a sua sala, pegou suas armas e colocou nos coldres, celular no bolso, vestiu o colete a prova de balas e o casaco. Antes de sair do recinto olhou sua lousa branca e um pensamento lhe veio.

“Será que finalmente terei um caso bom o suficiente pra te usar?”


Notas Finais


* Tecido adiposo = Camada de gordura que fica entre e pele e a musculatura do corpo.
**Morfeu = Deus da mitologia grega responsável pelo sono e pelos sonhos
***Barista = Profissional especializado em café.

Primeiro capitulo postado e ja tenho mais alguns prontos <3
Como é feriadão e aqui no InterioR do PaRaná não tem carnaval, provável que eu poste outro entre segunda e terça, a partir daí, cumprirei o cronograma de 1 cap por semana.
Espero que vcs gostem dessa fic que sonho em escrever ha tempos ja que é do tipo que eu mais leio (yaoi BTS) e tenham um pouco de paciência com relação aos Ships. Eles aparecerão aos poucos com o andar da história <3
Qualquer duvida ou sujestão podem ficar a vontade em comentar e podem me adicionar aqui e no twitter tbm @Ashmedhai é meu contato la e aguardo todos vcs <3
E A PARTE MAIS IMPORTANTE DESSAS NOTAS: Leiam Don't Play With Me, a KaiSoo mais amorzinho que ja li na vida e amo MUITO! Autoria da amada CupcakeYeol, deem muito amor a ela pq ela merece!
https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-exo-dont-play-with-me-5063645
KissKiss
~~Ashmedhai


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