História Between Coffees and Roses - De Quem é Essa Garrafa?

De Quem é Essa Garrafa?

Quando o despertador tocou, próximo as 6:30h da manhã, Jimin que já estava acordado há um bom tempo, ouviu um pequeno muxoxo sob si e logo sentiu os braços que circundavam sua cintura lhe apertando mais, fazendo um pequeno calafrio percorrer o corpo, mas mesmo assim se manteve imóvel e em seguida foi surpreendido pelo som de um suspiro e segundos depois sentiu um beijo na sua cabeça.

- Eu vou curar você. Eu juro fazer você esquecer tudo o que te faz mal, um dia.

O Ruivo não pode evitar de estranhar tal fala. Era notável que Hoseok achava que ele ainda dormia e provavelmente por isso soltou aquelas frases e no mesmo instante Jimin se pôs a pensar sobre o que ele estava falando mas lembrou-se novamente do desmaio e assim se questionou internamente sobre o que, possivelmente, o policial teria descoberto de si enquanto esteve desacordado, sabendo que ele poderia ter explorado sua casa e achado as coisas que escondia  e assim, outro arrepio lhe percorreu o corpo todo. Nem um pouco agradável, se comparado ao anterior.

Ainda dentro dos seus pensamentos, sentiu os dedos finos do Investigador lhe acariciando gentilmente as costas, uma mão subiu até os seus cabelos e alisavam-nos com delicadeza e logo sentiu mais um selar sendo plantado no topo da cabeça. Sentiu um suspiro, os lábios dele ainda grudados em seu couro cabeludo e pela pequena lufada de ar, soube que Hoseok sorria e sua vontade foi de ver aquele sorriso já sabendo que iluminaria seu dia, assim como sua beleza havia iluminado seu fim de madrugada e com isso levantou a cabeça para logo em seguida perceber o olhar relativamente surpreso do mais velho.

- Oh! Você já acordou!?- Questionou Hoseok vendo aquele sorriso que estava escondendo os olhos mais que o normal pelo inchaço pós-sono. – Dormiu bem?

Realmente como esperava, A face de Hoseok lhe trouxe uma serie de coisas boas a cabeça e Jimin teve vontade de responder com “Muito bem!” Completamente animado. No entanto se lembrou da decisão que havia feito de não se deixar envolver demais e com tal memória apenas respondeu um rápido “sim” já se levantando da cama e dizendo ao moreno que ele poderia usar o banheiro do quarto mesmo e dirigiu-se ao seu armário, pegou seu uniforme, uma toalha de banho e deixou o quarto.

O policial estranhou completamente o comportamento do barista, mas optou por não julga-lo. Como Taehyung havia falado, talvez fosse só Jimin o afastando e tentando se proteger, e tal constatação o fez relativamente feliz por tê-lo levado a outra: Se estava tentando se afastar e evitar-lhe tão deliberadamente era porque realmente o ruivo estava se sentido “mexido” por si. O Sorriso escandaloso de Hoseok se formou nos lábios e imediatamente seu humor melhorou. Poderia até ser que Jimin quisesse distancia por não confiar o suficiente, mas o moreno estava bem disposto a fazê-lo mudar de opinião e mais uma vez se colocou a pensar sobre como faria isso.

Sentindo uma animação que não se lembrava de sentir há um bom tempo, o investigador caiu na realidade de novo se lembrando - com um belo chiado – de que teria que trabalhar naquela terça-feira e com essa ideia em mente se levantou de vez da cama e rumou ao banheiro do quarto de Jimin, tomou um banho rápido, mas revigorante. Fez sua higiene e vestiu sua farda, arrumou os coldres e armas no cinto e quando foi até a mesa de cabeceira pegar seu celular que estava carregando desde o dia anterior, se viu preocupado por ter duas ligações perdidas de NamJoon. Tentando parecer mais responsável do que sabia ser, mandou uma mensagem de texto questionando o que havia acontecido e em menos de um minuto recebeu como resposta uma serie de xingamentos por não ter atendido o telefone e, posteriormente, um chamado urgente até a delegacia e uma segunda mensagem perguntou se ele sabia do paradeiro de YoonGi. Bufando irritado, Hoseok não respondeu nada. Estava do outro lado da rua mesmo, era só se apressar até la e saber o que havia acontecido de tão urgente que não poderia esperar até seu horário normal de expediente.

Saiu do quarto e ainda no corredor que dava acesso a escada, ouviu vozes vindas de uma das portas fechadas. Reconheceu o timbre rouco do seu colega legista e riu anasalado, lembrando que viu ele e Taehyung estavam trocando amassos na cafeteria no dia anterior e não pode deixar de pensar sobre o quão “safado filho de uma mãe” era YoonGi por estar se relacionando com o sócio de Jimin ainda estando envolvido com o dono do bar e já se imaginava rindo como um louco só com a possibilidade de JungKook descobrir aquilo.

Quando chegou no andar de baixo da casa, não avistou ninguém ali. Andou até a cozinha e estava vazia também e ao retornar para a sala da casa, viu a porta que a separava da cafeteria sendo aberta com uma certa dificuldade pelo ruivo que carregava uma pequena bandeja contendo duas xícaras e alguns doces, se aproximou para ajuda-lo e teve que segurar o risinho que lhe subia pela garganta ao perceber que Jimin evitava olhá-lo mas preferiu ignorar já sabendo do porque daquilo e focou na refeição que teria. Pelo cheiro que vinha dali soube imediatamente do que se tratava.

- Vem,  seu americano vai esfriar se ficar aqui se enrolando. – Ouviu a voz suavemente aguda do mais novo lhe chamando, com um tom ríspido, que lhe soava bem falso e forçado, enquanto rumava para a cozinha.

Não era segredo pra ninguém o quanto Hoseok era falante, principalmente quando estava feliz ou empolgado – o que eram um fato naquele inicio de manhã – Mas ao perceber Jimin concentrado em sua refeição, o olhar baixo e uma nítida vontade de se manter quieto, parte do contento do policial se esvaiu e com isso, um silencio constrangedor se manteve durante todo aquele café da manhã. O moreno queria conversar com Jimin, queria segurar-lhe a mão enquanto tomava o café feito por ele, aquele americano que tanto amava. Queria olhar nos seus olhos e pedir que confiasse em si, que lhe desse uma chance de mostrar que nem todo mundo queria lhe fazer mal, ou só falar de bobagens. Falar sobre a chuva que finalmente havia parado ou sobre o frio que faria naquele dia. Qualquer coisa que não fosse aquele silencio tão pesado que o fazia sentir como se não fosse desejado naquele espaço, mesmo sabendo que la no fundo Jimin o queria por perto sim e isso era visível no seu olhar que o evitava. Sabia que estava sendo afastado porque la no fundo, o Barista estava travando uma batalha interna tão pesada que não tinha forças para olhar para si e acabar por optar pelo que ambos queriam mesmo.

O policial decidiu por respeitar a vontade de Jimin e terminou de comer calado. Após se ver satisfeito, se levantou da mesa, percebendo o ruivo fazer o mesmo, recolhendo parte da louça e se encaminhando a pia. Hoseok pegou as peças de porcelana que ainda estavam ali e ao depositar sob a água da torneira, acabou não se contendo e enlaçou a cintura do mais baixo que estava de costas para si lavando o que haviam sujado. Deu um suspiro profundo com o nariz encostado nos cabelos dele e ao contrario do que imaginou, o barista não se afastou de si e até teve a impressão de que ele havia ido mais pra trás, procurado mais o seu contato e assim, desceu com os lábios até a curva do pescoço dele e deu um selar demorado na pele bronzeada de Jimin.

- Eu tenho que ir pra delegacia mais cedo. – Falou suspirando novamente e ouviu um assentir sussurrado. – Mais tarde eu passo aqui pra ver como você, ta? – E com tal fala percebeu o outro se afrouxar um pouco do enlace e virar de frente para si.

Hoseok se deixou observar o rosto de Jimin. Era incrível como os traços daquela face lhe pareciam tão perfeitos e harmônicos. Os olhos rasgadinhos, as bochechas fofas, os lábios fartos. Tudo parecia combinar perfeitamente fazendo com que achasse aquele um dos rostos mais bonitos que se lembrava de ter visto e ainda perdido naquela imensidão que era o olhar profundo do mais novo, foi se aproximando devagar, com cautela, tentando medir até onde sua investida seria permitida para que, se caso o outro se afastasse minimamente, ele se freasse e respeitasse a vontade de Jimin de não ser tocado. Mas para sua felicidade, ele não se afastou e o mais alto se sentiu até surpreso quando os dedos pequenos do garoto foram parar na sua nuca e com isso soube que deveria beija-lo.

Assim como na noite em que o Barista cuidou de si, o beijo foi calmo, lento e cheio de coisas que faziam seu peito solavancar, seu coração falhar batidas. Todos os toques, por mais calmos e singelos que fossem, todos os suspiros, tudo, absolutamente tudo no beijo de Park Jimin o faziam querer mais, desejar mais, desvendar, entender, apreciar mais e mais do ser que julgava quase sobre-humano de tão perfeito que o ruivo era e quando achava que já tinha conhecido tudo do outro, que já adorava tudo que Jimin havia lhe mostrado, foi surpreendido com uma mordida deliciosa em seu lábio inferior ao findar o osculo.

Apesar da vontade de empurrar o baixinho contra a pia e lhe prensar, da vontade de desabotoar aquela camisa social certinha demais e joga-la em qualquer canto da cozinha, apesar de querer explorar aquele corpo todo como um louco sedento e desesperado, Hoseok se conteve e se limitou a soltar uma risada soprada ao sentir os dentes de Jimin em si. Foi bem difícil, mas conseguiu dizer que iria se atrasar e ouviu-o sussurrando, ainda com os lábios roçando nos seus, para sair pelos fundos porque a cafeteria estava fechada e mais uma vez se beijaram e depois se despediram.

Hoseok deixou a cozinha e rumou novamente a sala indo em direção a porta dos fundos. Ao sair de dentro da casa, foi brindado pelo sol brilhando manso e respirou fundo, enchendo os pulmões com o ar puro e fresco do jardim e pela primeira vez deixou os olhos correrem pelo espaço. Era um quintal todo gramado, havia algumas arvores pequenas e uma maior com um banco de madeira encostado ao tronco e um caminho de pedrinhas que levava mais ao fundo. Sua curiosidade guiou seus passos e quando menos percebeu estava de frente a uma espécie de casa de plástico, uma estufa, e mais uma vez se viu impressionado sobre o quão surpreendente Jimin pudesse ser. Nunca iria imaginar que o barista também tivesse carinho por plantas e sentindo-se curioso novamente, adentrou ao espaço, ficando boquiaberto com a quantidade de flores que havia ali e não demorou para reparar que eram todas a mesma espécie. Rosas.

Caminhou por entre as prateleiras e estantes com varias mudas de vários tamanhos. Uma variedade imensa de cores e cheiros invadiam os seus sentidos e quando menos percebeu, já estava no fim da construção. Se pôs a observar cada planta, a notar o cuidado com que cada uma era cultivada até que seu olhar parou em uma bancada em especifico, bem maior que todas as outras, com muito mais unidades daquela espécie do que das demais e um calafrio lhe subiu a espinha sem nem entender muito bem o porque. Eram rosas brancas e algo lhe dizia que não era a toa que aquela variedade em especifico ganhava ainda mais cuidado que as demais.

~~

YoonGi ainda tentava controlar a respiração e sentia a dormência pós orgasmo lhe percorrer o corpo todo quando seu celular tocou alto, no bolso da sua calça que estava perdida em algum canto do quarto de Taehyung.

Seu instinto lhe dizia para, mais uma vez, ignorar a ligação. Já era a terceira – ou quarta, não sabia ao certo pois nas outras vezes estava ocupado tentando saciar o desejo infinito do moreno – e pensar que tal insistência era oriunda de algum assunto serio, o fez se levantar a contragosto e atender o aparelho.

"- POR QUE CARALHOS VOCÊ NÃO ATENDE ESSA MERDA DE TELEFONE, MIN YOONGI?" – Reconheceu o berro de tom grave, parecendo um trovão, como sendo NamJoon e sem a mínima vontade de estragar o dia, que já começava maravilhoso para si, resolveu fazer piada.

- Exatamente! Foi por causa de um pau que eu não atendi. – respondeu com um tom monótono e logo sentiu os braços de Taehyung lhe envolvendo a cintura.

"- VOCÊ TEM MENOS DE MEIA HORA PRA ESTAR NA MINHA SALA! EU NÃO ESTOU BRINCANDO YOONGI, É COISA SERIA!" – Gritou de novo e a paciência do legista se esvaiu.

- Meu expediente se inicia as oito e não espere que vou abanar o rabo pra você como as suas cadelas fazem, NamJoon. Você não é meu chefe! Eu sou o meu chefe e se continuar atrapalhando a foda alheia vai ter que procurar outra equipe cientifica pra te auxiliar! – Respondeu já prevendo as bochechas com covinhas do delegado de enrubescendo e teve certeza disso quando ouviu-o se engasgando.

"- É serio que você parou uma transa pra me atender?" – ouviu a gargalhada do outro lado. – "Você sim deveria ser o delegado! Eu nunca largo Jin pra atender o telefone!" – Outra risada divertida – "Ok, esteja aqui as oito e por favor, esconda os hematomas!" – a chamada foi encerrada e logo em seguida o legista depositou o aparelho sobre a mesa de cabeceira.

Taehyung, que havia ouvido todos os gritos do delegado, se aproximou com um bico nos lábios, abraçou YoonGi novamente e soltou uma pequena bufada deixando claro o descontentamento por ter que deixar o acobreado ir.

- Você vai passar aqui depois? – Perguntou enquanto traçava linhas imaginarias no torço desnudo do policial que imediatamente o puxou pela cintura, colando seus corpos e observou a feição inocente e infantil que o rosto do moreno tinha e não pode deixar de rir, se pondo a pensar sobre quantas caras Taehyung escondia já que aquela doçura toda estava bem longe do olhar felino e malicioso que estava estampado naquela mesma face menos de meia hora atrás e antes que seu baixo ventre reagisse novamente, lhe deu um selinho nos lábios e lhe soltou, indo a caça de suas roupas espalhadas pelo quarto.

- Acho que sim, não sei ao certo o que o delegado quer comigo a essa hora então não posso prometer voltar hoje. – Falou observando um certo desgosto naquele olhar. – Eu falei pra você ontem, não falei? Que precisava te ver logo porque ficaria muito ocupado nos próximos dias? – Concluiu já fechando a calça e pegando a camisa da mão do mais alto, ainda observando o olhar quase triste que o garoto tinha. – Ei! – disse se aproximando novamente e lhe abraçando. – Não fica assim. Se eu não voltar hoje, nos falamos por mensagem e assim que eu tiver um tempinho, eu venho te ver. – Viu um sorriso enorme e retangular se abrir na face de Taehyung e sua vontade foi de apertar as bochechas fofas dele.

A verdade era que o dono da cafeteria não tinha muita expectativa com relação ao legista. O fato de YoonGi ter deixado seu numero de telefone para um desconhecido que havia visto de longe uma única vez, a forma como se aproximou de si no bar e o fato de ter lhe ligado e pressionado –mesmo que de forma falhadamente disfarçada - a se encontrarem o mais cedo possível pra depois fazer questão de transar consigo no primeiro dia juntos, deixou bem claro para o moreno que o acobreado não era o tipo de cara que namorava serio. Algo dizia para si que o legista era o tipo de cara “todo mundo é meu e eu não sou de ninguém”.

Não que se incomodasse com isso. Não era o primeiro cara que se envolvia apenas pensando em sexo casual, mas havia algo no policial que o instigava curiosidade. As suas diversas faces já mostradas faziam Taehyung querer conhecer todas as outras, inclusive as que poderiam lhe machucar caso se deixasse levar demais e com tal constatação, imediatamente achou solução para aquilo: Era só não se envolver, e assim acompanhou o outro até fora da sua residência.

Quando voltou pra dentro de casa, ainda na sala, foi surpreendido por Jimin, sentado no sofá segurando uma caneca grande de café e lhe observando com um olhar ladino e um sorriso malicioso nos lábios.

- Não passo nem dois dias desacordado e você já arrasta alguém pra dentro de casa! Onde está o seu respeito por mim, Tae? – Falou se levantando e caminhando em direção ao moreno que imediatamente abaixou o olhar, tomando ciência de que realmente havia desrespeitado Jimin com seu ato, mas antes que pudesse se justificar, ouviu a gargalhada do ruivo lhe dando a percepção de que ele brincava. – Foi bom, pelo menos? – Outra gargalhada e com isso Taehyung soltou o ar que nem tinha percebido prender nos pulmões.

- Muito! Fazia tempos que não tinha uma noite como essa! – Respondeu replicando o olhar malicioso e viu Jimin se aproximar de si, puxando levemente a gola da camiseta para baixo.

- Acredito que tenha sido mesmo! Olha o tamanho desse chupão! – Mais uma gargalhada e o mais novo se encolheu todo tentando esconder as marcas.

Jimin o soltou e rumou a cozinha sendo seguido por um Taehyung envergonhado e assim que se sentou a mesa, o mais velho serviu o café para o outro e se colocou na outra extremidade  do móvel, segurando a xícara com as duas mãos. O mais novo percebeu seu olhar ficando serio e a face tomando uma expressão pensativa que o deixou preocupado e tal situação o fez questionar.

- Jiminnie, o que foi? Aconteceu alguma coisa?

- Não. – Ponderou – Na verdade não sei. – O ruivo levantou o olhar encarando o outro e continuou – Tae, enquanto eu fiquei desmaiado Hoseok andou muito pela casa? Digo, foi ao escritório ou saiu por aí? – O mais alto ponderou por algum tempo e puxou na memória o dia anterior e resolveu começar pelo começo, já entendendo que havia acontecido algo que tinha deixado Jimin desconfortável sobre não saber o fatos que ocorreram enquanto esteve desacordado.

- Olha, quando eu cheguei em casa ontem, Hoseok ainda estava na cozinha, ele disse que você tinha subido para o quarto e quando cheguei la, tu já tinha apagado. A gente te deitou na cama e depois disso ele ficou contigo no quarto o tempo todo, só saiu a noite pra ir em casa buscar o uniforme e as coisas dele e depois voltou pra dormir aqui de novo. – Mais uma vez Taehyung levantou o olhar procurando as orbes do mais velho e quando as fixou, continuou – Ele disse que queria estar aqui quando você acordasse e que queria mostrar pra você que se importava contigo.

- Tae, ele disse uma coisa que eu não entendi hoje de manhã... – Falou apreensivo e observando o outro, atento em si. – Ele falou algo sobre me curar e me fazer esquecer o que me faz mal. – Suspirou profundamente e lhe encarou novamente. – Você comentou alguma coisa sobre meu passado com o Hoseok? Digo, contou algo do que aconteceu comigo pra ele?

O olhar inquisidor do mais velho fez com que o estomago de Taehyung se revirasse. Estava bem claro que se contasse a verdade, Jimin iria brigar consigo e não conseguia imaginar a proporção que aquilo tomaria e com tal pensamento chegou cogitar mentir e dizer que não havia dito nada, que nem sequer havia conversado com Hoseok, mas também sabia o nojo que o ruivo tinha de mentiras e se caso fosse descoberto no ato em outra circunstância futura, seria ainda pior então respirou fundo antes de continuar.

- Jimin, primeiro de tudo quero te lembrar que você se entupiu de remédio e desmaiou na frente de uma pessoa que nem sabia que você toma aquilo... – Antes do fim da frase percebeu o mais velho ficando tenso e o ar ficando preso nos pulmões dele assim como os olhos arregalados. – Não tinha como só falar pra ele que você toma remédios e mentir que você tinha errado na dose. Jimin, você tomou três de cada! TRÊS! – Falou erguendo o tom de voz e percebeu o olhar dele baixando. – Seria obvio até pra uma ameba em coma que havia algo errado e quando ele perguntou não tive como mentir. – Concluiu respirando fundo e antes de continuar ouviu a voz rouca de quem segurava choro.

- Até que ponto você contou pra ele sobre o que me aconteceu? – Os olhos avermelhando indicavam que ele choraria a qualquer momento e antes que o fizesse, Taehyung se levantou e o abraçou.

- Desculpa Jimin, mas não teve como esconder muita coisa. Eu falei que o JungKook magoou você, que os amigos dele te bateram... Não contei detalhes de nada porque não acho que ele precise saber, mas ele sabe que você não confia em ninguém por causa do Jeon. – Ouvir aquele nome fez o ruivo sentir a dita dor das memórias novamente e com isso apertou os dedos sobre o tecido da camisa do mais novo deixando o choro escapar.

- NÃO ERA PRA VOCÊ CONTAR PRA NINGUÉM, TAE! NÃO ERA! ISSO É O MEU PASSADO! VOCÊ NÃO TEM DIREITO DE EXPOR ELE ASSIM! – Gritou lhe empurrando e se afastando e tal visão fez o mais novo chorar também.

- Para com isso Jimin! Não tem porque você ficar desse jeito! – O moreno deu dois passos largos em direção ao mais baixo e percebendo que o outro fugiria, lhe segurou pelo rosto com ambas as mãos postas uma em cada lado da face e usou o próprio corpo para prende-lo na parede e assim fixou seu olhar no do mais baixo deixando a respiração de ambos bem próximas antes de continuar. – Jimin, Você não tem culpa nenhuma de tudo que aconteceu! Você é a vitima de tudo, cara! Para de agir como se fosse algo que VOCÊ  tivesse feito de errado porque NÃO FOI! Não há vergonha nenhuma em outra pessoa saber que você foi enganado. Jimin, nós éramos praticamente crianças... – Taehyung soltou uma breve arfada e sorriu pequenininho, afrouxando levemente a pressão que fazia com as palmas contra o rosto dele e logo acariciou as bochechas do barista com o polegar percebendo-o relaxando aos poucos. – Eu sei que eu não tinha esse direito, que eu deveria ter ficado quieto, mas agora já fiz merda mesmo e eu só quero que você entenda que mesmo que não seja a melhor historia pra se contar a alguém, era algo que ele precisava entender e que não há mal algum em contar. – Percebeu o olhar do ruivo em si novamente e as mãos dele lhe segurando a cintura e com isso sentiu no peito a mesma coisa que sempre sentia quando ficava perto demais de Jimin. Aquela sensação que conhecia desde a adolescência e sabia bem onde resultaria se não se afastasse.

Mas assim que fez menção de soltar o mais baixo, percebeu-o puxando mais para si novamente e sentiu uma das mãos que antes seguravam sua camisa, subindo e pousando em sua nuca. Aquela troca de olhares já haviam acontecido outras milhares de vezes entre ambos, mas era incrível como mexia com a cabeça de cada um toda vez que se repetia e ali naquele instante, com as orbes fixadas um no outro, as respirações mescladas e as bochechas ganhando um tom róseo oriundo de um calor que estava se instaurando ali, os lábios deles se chocaram com fome e volúpia e a forma como as mãos passaram a passear indiscreta e ilimitadamente pelos corpos fizeram ambos terem ciência de onde acabariam naquela manhã.

~~

SeokJin não sabia se estava mais irritado por seu namorado ter lhe tirado da cama antes do sol nascer por conta do trabalho e, duas horas depois de estar na delegacia, ter sumido completamente, ou se sua vontade de matar alguém se devia aos seus dois colegas. Um totalmente distraído, olhando para o nada com um sorriso de “idiota apaixonado” no rosto e o outro cochilando a cada 10 segundos. Não precisava de muito pra saber que teria um longo e difícil dia pela frente.

Havia estranhado muito ter visto Hoseok saindo pela garagem da cafeteria, mas pela cara embasbacada, soube de imediato o que aquilo significava. Ele havia finalmente conseguido avançar em seu “rolo” com o barista e tinha certeza disso por saber que ele havia dormido lá, afinal, com a cafeteria fechada como estava, era obvio para si que o investigador não tinha ido até o local para se servir do seu amado Americano Duplo Sem açúcar. Ficava feliz pelo amigo, mas mesmo assim a distração e ar aéreo o davam nos nervos.

Quanto a YoonGi, estava mais irritado ainda. Era obvio pela quantidade de hematomas que marcavam seu pescoço alvo, que havia transado e não havia sido pouco, mas não poderia ter pelo menos dormido algumas horas? Sua vontade era de pular no pescoço do legista e mantê-lo acordado a força, estapear ele até parar de soltar aqueles quase roncos que saiam das vias nasais hora ou outra e lhe lembrar que já era um adulto e tinha responsabilidades a cumprir, um caso serio a resolver e não ficar desperdiçando seu sagrado sono com diversões por aí.

Já os outros dois pouco ligavam para a cara de poucos amigos que o mais velho tinha. YoonGi até se pegava arrepiado ao lembrar de Taehyung, mas seu atual interesse era única e exclusivamente em sua cama, seu travesseiro e suas cobertas quentinhas. Depois que saiu da casa do moreno, foi até seu apartamento para tomar um bom banho e trocar as roupas e teve que fazer um esforço imenso pra sair de casa novamente. Não se lembrava quando havia sido a ultima vez que havia visto seu leito tão convidativo e por muito pouco não mandou NamJoon a merda e ficou ali dormindo. Já Hoseok não tinha qualquer indicio de cansaço mas sua distração tinha um motivo realmente obvio, com nome, sobrenome e cabelos vermelhos: Park Jimin, O barista que cultivava rosas.

Desde que o viu pela ultima vez, ainda na cozinha da casa do mais novo, mais de uma hora atrás, sua mente rodava em torno de como conseguir conquista-lo, como provar para ele que realmente queria-o bem, queria protegê-lo e tinha vontade de se esganar por ter percebido que realmente ainda tinha o coração de um adolescente que se apaixonava muito rápido, que se entregava muito fácil e já começava a ponderar sobre como se sentiria se não obtivesse êxito em sua nova empreitada. Se pegava imaginando como seria passar horas e quem sabe até dias inteiros com o ruivo, sobre o que poderiam fazer juntos ou sobre o que possivelmente ele gostasse ou não gostasse e dentro disso tudo, sorria “idiotamente” por imaginar que toda a atmosfera que os beijos dos dois tinham, a forma como se olhavam era sim sinal de que não era só o seu peito que estava em um turbilhão.

Quando finalmente o ramal da sala de Hoseok, onde os três estavam tocou, quase que aconteceram três infartos. SeokJin pela ansiedade de saber onde seu amado havia se metido, YoonGi por ter sido acordado em um susto e o dono da sala por estar perdido demais em seus devaneios para aguardar tal som. Foram chamados a sala do delegado e sem mais demoras, se dirigiram para la mas encontraram o loiro ainda antes de chegar em seu espaço, com um envelope nas mãos e um ar irritado, passou direto pela dupla de investigadores e parou a poucos centímetros da cara do legista que arregalou os olhos se sentindo intimidado pela altura de Kim NamJoon e pelo olhar flamejantemente bravo que o mesmo sustentava enquanto amassava a borda de um envelope grande de papel.

- Posso saber porque raios você não havia pedido analise de impressão digital e material genético dos objetos encontrados no local do crime de Jaesang?

O tom de ódio e as palavras do delegado fizeram os dois investigadores encararem o legista imediatamente, vendo-o colocar as mãos no bolso do jaleco e encolher os ombros enquanto tentava responder e ambos bufaram também irritados ao saber pela expressão corporal do acobreado que foi mera negligencia.

- Sua sorte que eu reparei nos relatórios que não havia pedido os exames e pedi eu mesmo! -Namjoon bateu com a pasta no peito do legista e bufou forte, já saindo. – Que isso não se repita, Min YoonGi! Esse é o tipo de erro que acaba com uma investigação e se eu ver você falhando assim novamente, não pense que pouparei a sua cabeça! - Assim que o delegado se afastou, os três soltaram o ar dos pulmões e os investigadores encararam o legista com um ar de reprovação.  

- AH Qual é!? Eu esqueci, ta legal? – Falou empurrando-os e passando por eles, rumando novamente até a sala de Hoseok.

Assim que adentraram ao recinto, os três se sentaram nas cadeiras dispostas em torno da mesa do dono do escritório e imediatamente, SeokJin tomou o envelope das mãos do legista, retirou as folhas de dentro e, fuzilando o mais velho com o olhar, YoonGi tomou os resultados para si novamente.

- São exames médicos e de pericia, não haja como se você fosse entender o que esta escrito aqui! – Cuspiu as palavras na cara do investigador que teve que se conter pra não voar no pescoço do acobreado. – Esse furdúncio e encheção de saco a toa? Só por conta do exame da maldita garrafa térmica? – Riu debochado e sem nem ler nada alem do titulo, jogando os papeis sobre a mesa e Hoseok os apanhou imediatamente.

- Para de ser otário, YoonGi! Se os exames não tivessem dado nada, não teriam impresso essa segunda versão da bíblia e entregue pro NamJoon! Larga mão de ser mimado e interpreta essa droga pra gente porque realmente, sou formado em direito, não em medicina, então faça seu trabalho!

Era visível que todos estavam de muito mal humor, irritados com tudo o que estavam acontecendo e qualquer palavra mais torta, resultaria na terceira guerra mundial dentro da sala então com a tentativa de acalmar os ânimos e fazer os outros dois policias não se ressentirem pelo seu desleixo no pedido das analises, YoonGi se ajeitou na cadeira, pegou uma caneta e os papeis e se pôs a ler e já na segunda folha havia impressa uma imagem que o fez congelar.

Era a copia dos decalques que haviam feito a retirada da impressão digital do recipiente. Conseguia ver com clareza cada um dos micro-pontinhos de grafite grudados no adesivo, juntando-se cada um a outro e criando nítida e claramente o desenho de uma mão direita. Desceu até a nota de rodapé e leu em voz alta.

-“Datilograma:

Membro: Palmo superior direito – completo

Envergadura: 20,8cm do Osso Lunato até Falange distal do dedo médio e 9,6cm da cabeça do metacarpo do dedo mínimo até cabeça do metacarpo do indicador.

Dinamometria: FPM impassível de calculo. Superfície sólida não mutável.

Timing de hidratação: Oleosidade característica com pigmentação passível há tempo inferior há 8 horas da coleta.”

O Legista teve que se segurar para não cair na gargalhada com a expressão completamente confusa que os outros dois tinhas sobre si.

- Entendi MERDA NENHUMA do que você falou! – Falou SeokJin se levantando e indo até a janela para abri-la e logo YoonGi se pôs a explicar.

- Ali diz “Palmo superior direito completo” que significa que é a analise de uma mão direita sem nenhum dedo faltando essa mão mede 20,8cm desde o punho até a ponta desse dedo aqui ó – Falou mostrando o dedo do meio como um sinal de provação e viu os dois revirarem os olhos sem achar graça nenhuma na sua brincadeira e com isso pigarreou para afastar o constrangimento de rir sozinho e continuo. – E 9,6cm de largura da mão. FPM significa “Força de pressão manual”. Seria como o quão forte ele teria segurado a garrafa, mas como é uma superfície dura, não tem muito como eles precisarem esse calculo só por analise das digitais. Timing de hidratação é o tempo que faz que as marcas foram deixadas na superfície analisada. Isso significa que a ultima vez que a garrafa foi segurada pelo assassino foi mais ou menos oito horas antes do dióxido de manganês e do carbonato de chumbo serem aplicados pra retirar o desenho das palmas.

- 20,8 por 9,6? Esse é o tamanho da mão do cara? – Perguntou Hoseok olhando a própria mão e ouviu um assentimento baixo. – Puta que o pariu, que mãozona, heim?

Os três riram e novamente YoonGi se pôs a folhar os exames e acabou bufando frustrado quando percebeu que aquela não era a única marca. Haviam varias outras de pontas de dedos apenas e sentiu a irritação lhe queimar o âmago por pensar ali que o objeto não havia sido usado por uma única pessoa. No entanto, chegando próximo as ultimas paginas, sentiu mais uma vez o coração falhar algumas batidas.

O Legista se escorou no encosto da cadeira e olhou os outros dois que já estavam em uma discussão sobre o que considerar uma mão grande ou uma mão pequena e agradeceu infinitamente por não terem percebido seu silencio. Voltou a olhar aquela palma esquerda estampada ali, e viu a larga cicatriz no meio dela. Instintivamente olhou a própria palma esquerda vendo a reprodução da imagem viva e se movendo e tentando entender exatamente o que significava aquilo, já presumiu que se mais alguém visse isso, teria problemas.

A garrafa encontrada no crime, era uma garrafa que ele mesmo já havia segurado. Agora faltava ele saber quem era o dono original.