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História Between Coffees and Roses - Um Suspeito


Escrita por: Ashmedhai

Notas do Autor


Oioioi gente!
Olha, eu realmente quero do fundo do meu coração pedir um milhão e meio de desculpas pela demora exagerada.
Como eu expliquei no Twitter e previamente nas notas do capitulo passado, essa semana toda eu só tive uma noite de folga mesmo e eu estava tão cansada, esgotada mesmo que nem sai da cama, por isso não consegui escrever/postar nada e só fui escrever ontem.
Bom, vamos parar de enrolar e bora pro cap.
Boa leitura meus amores e até as notas finais <3

Capítulo 18 - Um Suspeito


Fanfic / Fanfiction Between Coffees and Roses - Um Suspeito

O Sitio e As Verdades.

 

Quando o GPS da viatura avisou aos dois investigadores que faltava menos de quinhentos metros para chegarem ao local marcado, ambos já puderam avistar varias outras viaturas paradas em uma estrada de terra paralela a rodovia e um bloqueio ao acesso da mesma, feito pela Policia Rodoviária Federal.

Não precisaram se identificar devido à viatura identificada e ao giroflexo e sirenes que estavam ligadas mas ouviram a orientação de não entrar na propriedade com o veiculo, e assim que o estacionaram e desceram do carro, já perceberam um grande numero de pessoas andando de forma cautelosa pelo campo de mato relativamente alto –aproximadamente na altura dos joelhos - e bem ao fundo, uma ambulância com paramédicos trabalhando.

Hoseok e SeokJin estavam mais apreensivos do que nunca. Era um local de crime bem diferente dos demais e por ser uma área visivelmente grande, uma serie de curiosidades sobre a atual ação do criminoso lhes passou pela cabeça. A propriedade parecia uma chácara. O matagal alto terminava há aproximadamente duzentos metros a frente deles e la começava algo que se assemelhava a um bosque – uma área de caça, talvez –. Mais para o lado esquerdo havia um lago e, há pouco mais de cem metros de onde estavam, uma construção maltratada pelo tempo que lhes parecia abandonada ha muito, e era lá que estava o maior numero de pessoas trabalhando e andando de um lado para o outro.

Dentre elas, viram imediatamente uma cabeleira acobreada. Min YoonGi conversava de forma perceptivelmente exasperada com seus subordinados e não aparentava tranquilidade alguma, acendendo um cigarro na bituca do outro e tremendo tanto que dava para ver de longe. Hoseok encarou SeokJin com as sobrancelhas arqueadas e viu o parceiro engolindo seco. Mal haviam se recuperado psicologicamente do homicídio na quadra do colégio e já tinham outro a solucionar e pela aflição notável em todos os que saiam daquela casa abandonada, não duvidavam de que lá estava vivificada uma cena digna de filmes de terror. Sabendo que não tinham muita escapatória, ambos rumaram para onde YoonGi estava e assim que ele os viu, começou seu característico falatório.

- Eu adoraria poupar as donzelas dos pesadelos que terão até o fim dos seus dias, mas infelizmente não tenho como. Fico feliz que chegaram logo, assim não serei o único com fama de garotinha por ter vomitado até minhas tripas. – Falou o legista e percebeu ambos os investigadores arregalando os olhos, e sabendo bem o que sentiriam assim que passassem por aquele batente, avançou sobre um dos outros peritos que passava ali, segurando sacos plásticos vazios para recolhimento de provas, tomou dois dos pacotes plásticos e entregou um para Hoseok e outro para Jin. – Levem isso com vocês. Se vomitarem na cena do crime nosso trabalho terá ido para o ralo. Divirtam-se! – Concluiu com um tapinha zombeteiro no ombro e ambos logo se afastando e assim os policiais se encararam mais uma vez engolindo em seco e respirando fundo, tentando tomar coragem para descobrir o que havia de novo na ação do criminoso.

Hoseok gostaria de dizer que havia sido “homem o suficiente” para não se abalar com o que vira ao entrar no que descobriu ser um abatedouro. Gostaria realmente de ter encontrado mais um cadáver sem a pele do abdômen ou qualquer outra coisa semelhante ao que encontrara no armazém abandonado ou na quadra da escola, mas infelizmente tudo a sua frente realmente era pior que qualquer cena de crime que havia visto antes ou alguma cena de filme de terror.

As paredes estavam cobertas de sangue, do piso ao teto. Havia pedaços de pele, músculos, ossos, tendões e órgãos espalhados por todos os lados. Era realmente muito difícil não vomitar com o aroma férreo forte que estava impregnado no local e a cada movimento que seu globo ocular fazia, encontrava algo ainda mais assustador ou nojento.

No entanto, estava ali a trabalho e não por mera curiosidade e por pior que fosse aquilo tudo, precisava se concentrar nas possíveis pistas que aquele lugar poderia guardar e respirando fundo novamente, tentou entrar no seu modo trabalho, falhando miseravelmente algumas vezes pois quando abria os olhos, seu estomago revirava, até que por fim, conseguiu acostumar a visão àquela cena.

Tentava andar pelas bordas da sala, não pisar na quantia imensa de sangue espalhada por ali mas era praticamente impossível. Ouviu uma voz feminina lhe dizendo que as pegadas do possível – ou dos possíveis – autores já haviam sido recolhidas e com isso se sentiu seguro em se aproximar do monte de carne maior que pairava no meio da sala sem que estragasse nada que pudesse lhes levar ao assassino e com a proximidade, ele entendeu o porque de YoonGi ter lhe dado aquele saco plástico. Foi realmente uma bela sessão de vomito.

Ainda enquanto tentava regular a respiração, após despejar tudo o que estava em seu estomago, a mesma garota lhe entregou uma garrafa com água e prontamente Hoseok a aceitou, tomando grandes goles e posteriormente colocando-a sobre uma bancada de concreto que havia fixa a parede daquela sala. Mais uma vez tentou olhar o que parecia ser o corpo da vitima e se sentindo um pouco mais seguro sobre não vomitar novamente, se aproximou. A crueldade do assassino daquela vez, extrapolara todos os limites. Logo de cara percebeu o tronco – completamente desmembrado – aberto desde o ventre até o peito, as entranhas jogadas ao lado do cadáver juntamente a fragmentos de ossos e pele rasgada, o que o fez crer que o assassino havia usado as mãos para extrair aqueles órgãos, o coração estava exposto e encostando no peito, pairava a mandíbula do morto.

O rosto, com certeza, era a parte mais tenebrosa de se olhar. Os olhos estavam fechados, o esquerdo inchado, e pouco abaixo do nariz iniciava o corte que desprendeu a mandíbula da cabeça e a forma com que aquela parte estava projetava para baixo deixava completamente exposta a língua, a arcada dentaria e a garganta da vitima, com uma grande quantia de sangue empossada no fundo.

Observou o rosto e por um momento ele lhe pareceu familiar, lhe lembrava alguém que não conseguia perceber de imediato quem era. Apesar de empapado de sangue, os cabelos aparentavam ter um tom de vermelho desbotado e as bochechas, apesar de estarem inchadas, pareciam ser relativamente fartas mesmo antes da agressão e foi aí que se lembrou de quem aquele rosto desfigurado parecia.

Park Jimin

Foi a primeira vez no dia que se lembrou daquele garoto, mas algo lhe dizia que não seria a ultima e ao passar o olhar pelo corpo mais uma vez, imediatamente lembrou-se de novo. Próximo ao que deveria ser a clavícula do cadáver, uma letra.

“J”

Suspirou novamente sentindo o peito doer muito. Era demais pra sua cabeça.

Havia um “J” gravado no corpo, havia uma garrafa com café e uma rosa branca na cena do crime. Jimin havia passado a noite fora. Será que era tudo coincidência? Será que sua cabeça estava entrando em desespero por não solucionar os crimes e ter percebido que gostava do garoto o fazia vê-lo em tudo?

Parou por um instante tentando pensar sobre que motivos o barista teria para tais atrocidades e como se estivesse sendo apedrejado mentalmente, se lembrou da conversa com Taehyung. Lembrou-se do moreno lhe contando sobre Jimin ter sido gordo na adolescência, sobre o problema de autoestima que o ruivo tinha, sobre ter sido traumatizado, também se lembrou da estufa e do esmero para com aquelas plantas da mesma espécie daquela encontrada ali e tudo isso junto, pareceu-lhe fechar por completo aquele caso.

Jimin matava gordinhos de óculos porque lhe lembravam do seu passado e dos seus fantasmas. Deixava o Café ali, por ser meio que um elo com seu presente e a rosa como uma lembrança do seu trauma. Isso explicava até o porquê de ter arrancado a pele da barriga das vitimas, afinal, odiava aquele excesso de tecido adiposo. Extinguiu-o de si e posteriormente sentia necessidade de extinguir o dos outros. Hoseok, por um breve momento, chegou a se sentir um gênio no meio daqueles pensamentos e se lembrou de quando disse aos outros dois policiais que o assassino tinha um padrão de vitima e não as matava por odiá-las em si, matava-as porque odiava o que elas representavam.

Sentiu o ar faltar no peito enquanto era tomado por aquela possibilidade, que ao mesmo tempo lhe parecia tão obvia e tão remota. Jimin seria mesmo capaz de matar uma pessoa? Seria capaz de cometer tais barbáries? E a pior das questões, a que mais lhe perturbara:

Havia se apaixonado por um monstro?

Apesar de tudo se encaixar perfeitamente na sua cabeça, ainda não conseguira acreditar por completo naquilo. Pelo que percebera no tempo que havia convivido – mesmo que pouco – ele lhe pareceu completamente dócil, frágil e até amedrontado demais pra ter coragem de fazer tal loucura. Nada daqueles atos, além do que havia constatado em sua mente, lhe parecia condizente a personalidade do Park e por fim, juntando a tudo isso, havia o fato de que não tinha prova alguma contra ele. Evidencias, tinha aos baldes, mas prova, nenhuma. E por fim, acabou por decidir que teria mesmo que observar o ruivo mais de perto, mas não poderia acusa-lo sem provas e uma aproximação iria lhe mostrar se estava certo ou errado quanto a culpa dele e tal decisão o deixou mais confortável consigo mesmo sobre como agir com relação aos seus sentimentos pelo barista.

Hoseok ainda estava perdido nos seus pensamentos e analises quando ouviu SeokJin lhe chamando da porta do abatedouro – onde ele nem havia entrado. – e imediatamente seguiu-o para fora. O colega havia chamado a fim de contar-lhe o que havia visto na área externa da chácara e não foi surpresa ouvi-lo contando que quem tinha encontrado o cadáver fora o dono da propriedade.

- Mark é o nome dele. Ele é professor universitário e mantém a propriedade para lazer. Comentou que havia vindo aqui ontem no fim da tarde para caçar com o filho e por fim, voltaram para casa em um único veiculo e o outro pernoitou aqui. Há menos de uma hora ele veio com a esposa para pegar o veiculo e devolver para o garoto e assim que chegaram, a mulher imediatamente deixou a propriedade para fazer a devolução para o tal filho deles e ele ficou para limpar o abatedouro da caça do dia anterior e acabou achando o cadáver. – Explicou corrido, de forma rápida mas clara o suficiente para o parceiro entender.

- E onde o tal Mark está agora? Ele já foi comunicado que terá que prestar depoimento? E a esposa dele? Já sabe? – Questionou e viu Jin pausar a curta caminhada e apontar para a ambulância que deixava o local.

- Ele está em estado de choque e foi bem difícil ouvir as poucas palavras que ele disse. Não sei se a esposa dele ou o filho foram informados do seu estado, mas como ele vai ficar hospitalizado por um tempo, provável que a equipe medica informe a família.

Eles voltaram a andar pelo mato, sentindo-o roçar em seus joelhos, e observavam atentos as marcas de pneus na relva amassada. Viram uma única trilha de duas linhas paralelas seguindo até pouco mais de cinquenta metros para trás do prédio, viram uma fogueira improvisada mais a frente e perceberam que uma trilha mais estreita seguia a diante e terminava perto de um lago e deduziram que la havia ficado estacionado o carro do tal filho do casal. Mas o que intrigou ambos os investigadores foi que aparentemente haviam rastros de apenas dois carros e logo iniciaram uma pequena discussão sobre como o assassino supostamente havia agido. Chegaram até pensar que talvez tivesse vindo a pé mas imediatamente descartaram a hipótese. Que tipo de pessoa iria para um sítio com um abatedouro abandonado andando? E ainda dentro da discussão deles, YoonGi apareceu.

- Vocês tem algum tipo de retardo? Óbvio que ele cuidou para andar sobre os rastos. Olhem como essa trilha é mais larga. Ele deve ter estacionado aqui e saído de ré depois de concluir o serviço. – disse logo desferindo um tapa na nuca de cada um dos policiais. – Algum de vocês falou com o proprietário? - Questionou estacando onde estava e levando as mãos a cintura enquanto encarava os colegas.

- Eu conversei com ele brevemente, mas ele foi encaminhado ao hospital em estado de choque. - Respondeu SeokJin.

- Então as princesas podem voltar pra Disneylandia porque não teremos muito o que fazer sem a única testemunha hábil a depor e sem a minha equipe montar o quebra-cabeça que é aquele presunto. Aqui não temos mais o que fazer também, então sugiro que liguem pro NamJoon e falem pra ele sobre o que viram e peçam orientações. Lhes vejo amanhã! -concluiu o legista sorrindo de forma debochada e já caminhando rumo ao seu carro.

Você se superou JungKook. Não imaginava que seria capaz de tanto.” – Pensou o legista enquanto assumia o volante já com a ideia de, assim que saísse da delegacia naquele fim de tarde, visitar o garçom e ver como ele reagiria quanto a descoberta da sua ultima “obra de arte”.

 

~~

 

Sem entender absolutamente nada do que havia acabado de acontecer a sua frente, Jimin caminhou até o balcão de forma calma e curiosa, aguardou o amigo se desocupar do casal de clientes que atendia no caixa e após vê-lo terminar, caminhou até si e o abraçou, ganhando um afago nos cabelos úmidos.

- Faz tempo que você chegou? – Perguntou Taehyung se afastando novamente para preparar um café para ambos. Jimin fez sinal de negação com a mão, indicando que não queria a bebida e se escorando na bancada, passou a observar o amigo.

- Não muito. Cheguei, tomei um banho e já desci. – Respondeu simplista. No entanto sua cabeça ainda estava intrigada com a cena que havia acabado de ver. Hoseok sentado ali, com toda a calma do mundo e logo em seguida, SeokJin o arrastando para fora da cafeteria, com nem tanta calma assim. Aquilo lhe parecia tão fora do normal que foi automático perguntar. – Tae, o que é que o Hoseok tava fazendo aqui? – Questionou e percebeu seu amigo corrigir a postura e pigarrear como se estivesse tomando coragem para contar algo e com tal atitude do amigo, sua curiosidade desconfortável só aumentou ainda mais.

- Ora Jimin! Ele veio tomar café, ué! Não é pra isso que as pessoas vêm até aqui? – Respondeu com um riso soprado, um sorriso amarelo e ao fitar o ruivo, Taehyung viu um revirar de olhos irritado e um semblante de quem duvidava, viu-o com as mãos na cintura e o pé direito batendo com suave ritmo no chão e com isso soube que não conseguiria escapar do amigo. No fim, não era como se quisesse esconder algo, mas realmente preferia que Hoseok e Jimin se acertassem por eles mesmos e que o mais velho não soubesse da visita que havia feito ao policial. Achava que já havia se intrometido demais naquela historia e tudo aquilo era algo que realmente  não havia se acostumado com o todo. Ainda não havia se habituado a ideia de Jimin acabar ficando com outra pessoa e colaborar mais do que já havia colaborado, não era uma coisa que lhe agradava, mas por fim acabou cedendo. O Ruivo não lhe daria sossego até ouvir uma resposta que lhe satisfizesse. – Ta bom, ta bom! Ele veio aqui falar com você. Ficou quase a tarde toda plantado naquela mesa te esperando. Não sei o que aconteceu pro SeokJin arrastar ele pra fora, mas antes disso ele parecia bem disposto a não sair daqui sem conversar contigo. – Imediatamente após ouvir aquilo, a cabeça de Jimin tentava formular inúmeras respostas sobre “O que Hoseok pode querer conversar comigo? Ele não estava chateado por ter visto eu e Taehyung juntos? O que ele poderia querer falar?” e Envolto nas possibilidades questionou.

- Tae, você imagina o motivo de ele querer conversar comigo? – Viu o moreno novamente desviar a atenção de si e isso o deixou irritadamente curioso. Sentiu como se o mais novo quisesse lhe esconder algo a mais e perguntou outra vez. – Aconteceu alguma coisa enquanto eu estava fora, Tae?

- Olha, você pode me odiar pra sempre por isso, mas eu fui na casa dele conversar sobre o que aconteceu. – O Ruivo arregalou os olhos incrédulo do que ouvia e sua boca abriu um “o” perfeito enquanto tentava digerir o que escutava. – Vou ser bem sincero com você Jimin: Eu sei que não deveria me meter e também acho que se vocês fossem conversar e se acertar um dia, teria que ser por vocês mesmos, sem minha intromissão. Mas eu realmente acho que ele gosta de você e que esse mal entendido não poderia ficar assim, da mesma forma que percebi que ele é meio orgulhoso e eu sei que você também não o procuraria. Pode até ser que vocês não se acertem por completo e fiquem juntos, mas eu não quero que ele pense que existe algo entre eu e você que não existe de verdade, então eu fui sim até o apartamento dele e contei o que aconteceu mesmo. – Viu o mais velho ficando vermelho, a mandíbula se cerrando e o punho dele se fechando, visivelmente irritado e temendo que uma briga se iniciasse ali, pediu que ele lhe esperasse dentro da casa para conversarem direito e que assim que o ultimo cliente que ainda estava ali, se fosse, ele fecharia a cafeteria para dialogarem melhor.

Jimin sentia seu sangue fervendo pelas veias. Não conseguia acreditar no nível de intromissão que Taehyung havia atingido e tudo aquilo lhe irritava de uma forma que não conseguia descrever. Por que o garoto havia feito isso? Por que estava tão empenhado em fazer ele e Hoseok ficarem juntos? Pra que se meter tanto? Todas as questões – praticamente retóricas – faziam sua cabeça borbulhar e sentia seu âmago aquecendo de raiva. Taehyung não tinha esse direito e realmente achava que o garoto estava certo quando disse que ele e o policial deveriam se acertar por si mesmos, caso isso fosse acontecer um dia. Na verdade nem achava que deveriam se acertar. Jimin queria mais era que Hoseok de fato sumisse da sua vida, não se metesse em todos os seus problemas, desaparecesse da sua rotina e ele voltasse a vida que tinha antes, voltasse aos seus dias tomados pelo trabalho e pela estufa, com filmes e pipoca no sofá a noite e posteriormente, calmantes para dormir, e no dia seguinte ser acordado dos seus pesadelos cotidianos pelo amigo, tudo exatamente como havia sido nos últimos cinco anos. E com tal pensamento veio-lhe uma constatação sobre a mais drástica das mudanças em sua rotina:

Fazia alguns dias que não tinha pesadelos.

Parou para contabilizar quando foi a ultima vez que os havia tido e sua cabeça não conseguia precisar tal data com exatidão, e isso o fez lembrar também que nas duas noites que dividiu o leito com Hoseok, não só não teve pesadelos, como teve uma serie de sonhos tranquilos e isso sim era algo que sabia muito bem quando foi a ultima vez que havia acontecido. Faziam cinco anos que não tinha um sonho bom e imediatamente associou tal fato ao investigador de sorriso escandaloso, e seu peito se aqueceu de uma forma relativamente boa com a imagem dele. Jimin lembrou da noite chuvosa em que cuidara do policial, de como ele parecia tão frágil e lembrou de todas as coisas maravilhosas que sentiu ao se beijarem e foi automático sorrir sobre o quão bem aquele rapaz estava lhe fazendo mesmo sem ambos saberem direito o porque, mesmo sem querê-lo por perto.

O ruivo não queria admitir por nada nesse mundo, mas o fato era que já havia percebido que existia sim um sentimento maior pelo policial. Um sentimento que não sabia dar nome mas que provou ser forte quando seu peito sangrou por dentro ao pensar no quão magoado o mais velho havia ficado quando soube que ele e o Kim haviam ficado juntos. Era como se sentisse que havia perdido algo que nem ao menos sabia ao certo se realmente tinha e tal pensamento aumentou ainda mais sua irritação para com o mais novo.

Quando Taehyung entrou em casa após fechar a cafeteria, Jimin estava sentado no sofá, cotovelos apoiados nos joelhos e os dedos entrelaçados enquanto sua cabeça se mantinha exageradamente abaixada e o tronco todo curvado para frente.

- Olha Jiminnie, me desculpa, me perdoa mesmo, mas eu realmente não me arrependo de ter falado com ele, ok?! – Disse o moreno em um tom baixo, quase um sussurro e o ruivo se manteve imóvel.

- Eu quero saber exatamente o que você contou pra ele dessa vez. Sem rodeios, sem mentiras. Eu quero letra por letra de tudo o que Hoseok ouviu de ti. – Falou levantando finalmente o olhar e fuzilando o mais novo que se arrepiou e sentiu o sangue gelando nas veias.

- Não falei nada demais, Jim...

- Nada demais?! Igual a outra vez que você contou pra ele a minha vida toda “sem ser nada demais”?! – Interrompeu-o exasperado, levantando-se e andando pela sala enquanto passava as mãos pelos cabelos em uma tentativa vã de se acalmar. Para o Park, Taehyung havia extrapolado o limite da intromissão já na primeira vez em que contou sobre seu passado para o policial, e agora era pior ainda porque havia exposto seu presente a ele. Hoseok saber o que havia vivido antes  não era um problema tão grande quanto saber o que ele vivia no momento.

- Se você não quer me ouvir, se quer ficar interrompendo e não me deixar explicar, fique você aí, jogado no meio das suas conclusões! – Explodiu o mais novo que se aproximou, já ofegante pelo nervosismo e coração acelerado. – Vou falar a verdade mais uma vez e você vai me ouvir: EU TO CANSADO! Eu to de saco cheio de fazer de tudo pra te ajudar nos últimos anos!- Deu um riso debochado enquanto fingia pensar em algo e continuou.- Nos últimos anos não! Na nossa vida toda! Jimin, eu vivo em função de você e de te cuidar, eu sempre penso no melhor pra você e sempre ajo tentando melhorar a sua vida e não, eu não estou jogando nada na sua cara e nem lhe cobrando! Eu faço isso porque é isso que amigos de verdade fazem! Minha vida se resume mais da metade em você, Jimin. E isso realmente não me incomoda, mas sabe o que me incomoda MUITO e faz eu duvidar piamente de que tudo isso seja recíproco? – Se aproximou do ruivo, abaixando o tom de voz que havia se elevado muito e o encarou fundo nos olhos tentando ao Maximo expressar toda a magoa que sentia. – A mania que você tem de se fazer de cego! Essa sua vontade louca e doentia de ficar remoendo o que aconteceu e não querer seguir em frente! Puta que o pariu, Jimin! Quantas vezes eu tenho que te lembrar que nem todo mundo é como o Jungkook? Quantas vezes eu tenho que te falar que você precisa seguir sua vida? Quantas outras situações a gente vai ter que passar até você perceber que acabou, que ele não vai te fazer mal e que existem pessoas que só querem o seu bem? E mais! Com quantas pessoas alem de mim você vai ser ingrato desse jeito? Já parou pra pensar que um belo dia eu posso querer seguir a minha vida? Que eu posso partir um dia ou até morrer? E o que vai ser de você depois disso? O que vai ser de mim se tiver que escolher entre um futuro distante de você e te cuidar? Olha Jimin, eu já pedi desculpas por ter sido um intrometido, por ter falado mais do que você julga que eu deveria, mas eu não vou voltar atrás e a partir de agora não falarei nem com Hoseok e nem com mais ninguém sobre você. O que eu poderia fazer pra te ajudar eu já fiz, agora quem decide como agir é você porque eu já to cansado demais de tentar ver você melhor e receber brigas e mais brigas em troca. Eu vou deitar. Apaga as luzes quando subir. – Concluiu o moreno com o ar extremamente triste e magoado no rosto, já rumando para a escadaria.

Quando se viu sozinho no cômodo, o ruivo levou as mãos aos cabelos novamente tentando descontar ali, toda a dor que as palavras de Taehyung haviam lhe causado. Nunca em toda sua vida havia visto o moreno tão alterado, mas o que mais mexia consigo eram as suas palavras. Jamais havia cogitado a possibilidade de se ver sem o mai novo na sua vida um dia, assim como também nunca havia percebido o quanto tomava dele. Se sentia um crápula, um aproveitador, quase um parasita, e percebeu que por mais que doesse admitir, o Kim estava certo. Ele vivia para o mais velho, sua rotina era baseada em Jimin, seus gostos, escolhas, seu cotidiano todo se resumia em cuidar do amigo e se esforçar para ele ficar bem e o que havia feito em troca? Não conseguia pensar sobre quando havia sido útil a Taehyung na mesma proporção que ele o era, e a péssima sensação de realmente ser um egoísta ingrato lhe cobriu e o arrependimento bateu com toda força na sua cara, fazendo-o chorar copiosamente ali naquele sofá, até adormecer.

 

~~

 

Hoseok observava SeokJin conversando ao telefone enquanto ajeitava o cinto de segurança da viatura contra o peito, sentindo uma certa curiosidade lhe tomar, e ao ver o mais velho desligando a chamada, depositando o celular sobre o painel e logo esfregando o rosto com ambas as mãos, lhe questionou.

- O que o Namjoon disse? A gente já vai poder voltar pra casa? Por favor, diz que sim! – Concluiu de forma manhosa, quase infantil, fazendo o colega rir de si.

- Não, a gente não vai poder voltar pra casa agora. Ele pediu para irmos ao hospital e averiguar a situação do tal Mark e tentar contato com esse filho que esteve aqui com ele ontem. – Disse já pegando a rodovia e pisando fundo no acelerador.

- Mas se o cara está em estado de choque é provável que não consiga falar, isso se ele já não estiver apagado por completo. Com quem a gente vai conversar la? – Questionou novamente o mais novo e SeokJin deu de ombros.

- O Nam falou pra gente ir la, então a gente vai, oras! Pode ser que já tenham conseguido entrar em contato com a família dele e se eles estiverem la, podemos até já conversar com esse filho dele de uma vez. – Respondeu com certa indiferença e logo ambos ficaram em silencio, prestando atenção nas vias até chegarem ao hospital.

Assim que estacionaram a viatura na área própria para veículos oficiais, que por azar deles, ficava aos fundos do hospital, ambos se pegaram irritados sobre o quanto teriam que andar desnecessariamente e SeokJin ainda tinha que aturar Hoseok zombando da sua cara sobre nunca sair com o próprio carro mesmo quando sabem que pode ser melhor estarem a paisana. No entanto, todo aquele clima de brincadeira que havia se instaurado entre os dois, morreu por completo com uma única pergunta do mais velho.

- Olha ali Hoseok! Aquele Sedan preto não é o carro do Jimin? – Falou apontando em direção a um veiculo que estava estacionado ao lado da entrada e os olhos do policial se arregalaram brevemente.

- Não sei, só vi o carro dele de longe. – respondeu simplista mas mantendo os olhos no sedan enquanto andavam em direção a entrada e quando já estavam paralelos ao veiculo, SeokJin se pronunciou novamente.

- É sim! Olha o adesivo com o logo da cafeteria. Será que ele passou mal? – Falou apontando para o decalque pequeno colado no canto do para-brisa traseiro e franzindo a testa enquanto Hoseok tentava entender como o carro do ruivo poderia estar no hospital sendo que havia visto Jimin ha menos de duas horas na cafeteria. Será que havia ficado doente no tempo que havia se passado?

Assim que adentraram ao hospital, SeokJin foi diretamente a recepcionista e perguntou sobre Mark, apresentou seu distintivo e logo foi encaminhado a ala em que o mesmo se encontrava. Assim que chegaram a sala de espera, acompanhados de uma enfermeira que havia ficado responsável por lhes guiar até o local, foi informado que a esposa do paciente já estava no seu quarto e que assim que o médico terminasse de orienta-la, ela iria ao encontro deles.

Fazia pouco mais de quinze minutos que ambos aguardavam a esposa quando a mesma apareceu. Era uma senhora de estatura relativamente baixa, cabelos na altura dos ombros, castanho claro e olhos grandes.

- Boa tarde! Sou Lee YunHee, Esposa do Mark. A enfermeira falou que os senhores gostariam de conversar comigo... – Disse a mulher com o olhar relativamente receoso, estendendo a mão e se curvando brevemente em sinal de cumprimento e prontamente respondida pelos investigadores.

- Me chamo Kim SeokJin e esse é meu colega, Jung Hoseok. Realmente senhora Lee, gostaríamos de fazer algumas perguntas sobre o Senhor Mark e sobre a propriedade. – Disse o mais velho já recebendo um aceno afirmativo, indicando que poderiam continuar.

- Senhora Lee, como você deve saber, ocorreu um crime brutal na chácara de vocês então primeiramente gostaríamos de saber a respeito da propriedade. Vocês dividem ela com mais alguém? Outra pessoa alem da família de vocês tem autorização para visita-la sem aviso prévio? Vocês a utilizam com frequência? – Questionou Hoseok e prontamente a mulher lhe respondeu.

- O pessoal da policia me informou brevemente sobre o assassinato quando ligaram para falar do estado do meu marido. Nós temos ela há muito tempo. Mark teve um restaurante anos atrás e usava-a para abater os animais que servia la, até sofrer um acidente de trabalho. Com isso ele decidiu desativar o abatedouro e vendeu o restaurante virando professor da universidade depois disso. Que eu saiba ninguém visita a propriedade além dele e de um aluno que sempre o acompanha para caçarem, assim como fizeram ontem. Eles caçam os bichos que vivem no bosque e depois fazem um churrasco apenas eles dois. Isso não acontece com tanta frequência. Coisa de uma vez por mês ou a cada dois meses. Eu duvido muito que o menino vá até la sozinho. De todas as vezes que vi ele, sempre me pareceu garoto bem amedrontado e assustado. Não acho que teria coragem de se embrenhar no mato sem uma companhia. – Concluiu a Senhora Lee e imediatamente ambos os policiais franziram o cenho antes de Hoseok questionar novamente.

- A senhora disse que ele visitou a propriedade com um ex aluno? – Perguntou e viu-a assentindo com a cabeça antes de prosseguir. – Não foi o filho de vocês que estava com ele?

- Não, senhor Jung. Eu e Mark temos apenas um filho que mora no Japão atualmente. - Disse em um tom confuso, como se não entendesse nada do que aquela ultima pergunta significava. - Ele até considera esse menino como um segundo filho, mas ele não o é de fato. Mark até leva pra caçar como se fosse um programa de família e o menino também o considera muito. Tanto que deixa o próprio carro sobre os cuidados de Mark quase toda vez que vai até a chácara, no entanto não ha laço sanguíneo nenhum entre eles. – Ela respirou fundo e aparentava tentar entender o porque dos policiais acharem que o garoto poderia ser filho do marido, mas tentou afastar os pensamentos e continuou. – Sempre eles fazem assim: O ex aluno dele vai até a chácara e eles se encontram la. Caçam, fazem o churrasco deles e depois Mark o leva até a casa dos seus pais e no dia seguinte nós dois vamos até a propriedade. Meu esposo fica para limpar tudo e eu vou até uma cafeteria que o menino cuida devolver o carro pra ele e vou pra casa depois. Hoje mesmo só não fui diretamente devolver o carro porque precisava passar no mercado antes e enquanto fazia as compras, o pessoal do hospital e da policia me ligou e com isso, vim pra cá direto, nem tive tempo de ir devolver o veiculo do garoto. – Hoseok e SeokJin se encararam com olhos arregalados ou ouvir ela citando a cafeteria e imediatamente o Mais velho questionou-a novamente.

- Como se chama esse aluno do seu esposo? – Ela parecia pensar e balbuciava algumas silabas como se tentasse montar um quebra-cabeças até que finalmente o nome inteiro saiu dos seus lábios.

- Park Jimin, eu acho... É! Esse é o nome do garoto.  


Notas Finais


Vou confessar: Apesar do cap fraco, eu AMEI o sermão do Tae. Verdades tour é o que ha!
gente, eu realmente não sei como agradecer/me desculpar por todo o amor e carinho de vcs. Pela paciência com essa autora idiota que não se precave deixando mais caps prontos e acabou acostumando vcs com dois caps por semana e no fim não consegue manter isso sempre. Perdão mesmo! Juro tentar postar o 19 no meio dessa semana e o 20 na proxima.
BAD NEWS TOUR:
Pessoas... como vocês podem perceber a fic não vai mais muito longe não (coisa de mais 10~15capitulos no maximo)
Ja quero adiantar aqui o meu MUITO OBRIGADA CARALHON por tudo e lhes deixar adiantados que cumprirei a promessa que fiz sobre a proxima fic minha ser uma NamJin. Ja tenho o plot na cabeça e ela vai ser mais leve que BCR mas mesmo que essa fic aqui acabe logo, essa NamJin eu só postarei la por Julho/agosto. Ja fiquem pré-preparados pq ela vai ter umas comediazinhas e uns psicopatas tbm.
Me perdoem tbm por ainda não ter respondido os comentarios. Ja estou indo fazer isso exatamente agora e plz, não me enforquem. Eu amo vocês <3
Tia Ash esta contabilizando exatamente 32horas sem dormir pq eu PRECISAVA postar esse cap hoje e não conseguiria descansar sem fazer isso, o que resultou em eu varando a madrugada tentando escrever e corrigir ele pra ficar da melhor forma possível isso depois de ter passado o dia rodeada por 20 anjos de 4 anos ligados no 220v.
Peço perdão pelas mancadas mais uma vez e novamente quero efatizar o quão grata eu sou por cada um dos quase 5k de views (PUTAQUEPARIUMANO!!!! NUNCA ACHEI QUE CHEGARIA A UM NUMERO DESSE SOS) E pelos mais de 200 favs.
Gente, serio. Serio mesmo!
AMO VCS DEMAIS, SÉLOCO!
aoskaoskaokoakoako
Enfim, lembre-se de me amar no twitter tbm <3 (https://twitter.com/Ashmedhai)
Tenham uma ótima semana e nos vemos assim que der *-*
KissKiss
~~Ashmedhai


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