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História Between Coffees and Roses - As Inseguranças e o Almoço.


Escrita por: Ashmedhai

Notas do Autor


Oi Oi Oi!!
Olha só quem veio aqui dar o ar da graça nesse sabadão??
IssaÊ! Tia Ash!
Pq Baladinha de FDS não sobe tag no twt e não escreve fanfic AOSKAOSKAOSKOASKOAK
Ok, nem vou encher vcs de idiotices aqui pq o importante vou soltar la embaixo, então boa sorte com o maior capitulo da fic até agora e até as notas finais \voa o/
KissKiss
~~Ashmedhai

Capítulo 27 - As Inseguranças e o Almoço.


Fanfic / Fanfiction Between Coffees and Roses - As Inseguranças e o Almoço.

As Inseguranças e o Almoço.

 

Quando a luz fraca do Sol de inverno infiltrou-se pela janela e despertou Hoseok, o Investigador sentia o corpo frio, estranhava não perceber uma cabeleira ruiva espalhada pelo seu peito e ainda antes de abrir os olhos cogitou que talvez Jimin tivesse acordado antes que si e se levantado. Mas foi com o peito dolorido que notou-o ainda na cama, deitado em posição fetal de costas para si, do outro lado do móvel e quando pensou em se aproximar e lhe abraçar, ouviu uma pequena fungada seguida de um soluço e isso o fez perceber que o Park estava acordado, e pior ainda, chorando.

Uma confusão imensa tomou conta da cabeça do policial que realmente não via motivos para aquilo. Até a hora em que haviam adormecido e durante todo o dia anterior tudo parecia maravilhosamente bem com Jimin e já tentava repassar toda a viagem na cabeça com a intenção de se recordar se havia acontecido algo que pudesse ter deixado o ruivo naquele estado, mas nada lhe ocorria e então, com os pensamentos focados em tentar saber o que poderia puxar o choro para fora do mais novo, se relembrou dos pesadelos.

No intuito de acalma-lo, Hoseok se aproximou lentamente do barista, e com um cuidado imenso para não soar invasivo demais ou para não assusta-lo, passou seu braço direito sobre a cintura de Jimin e o puxou para perto de si. O Jung esperava que com seu ato, o garoto se virasse de frente para seu corpo, lhe abraçasse, demonstrasse se sentir acolhido ou simplesmente se aninhasse em seu peito, mas não. O Park não só não se aproximou, como lhe tirou o braço da cintura, se afastou de si e antes de sequer questionar o que estava acontecendo, o policial viu-o entrando no banheiro. Quando fez menção a se levantar e o seguir, ouviu o barulho da chave girando do outro lado do cômodo e seu peito sangrou por dentro com aquilo.

O Park sentia raiva de si mesmo. Poderia dizer que estava magoado por não estar sendo levado a serio ou pela forma como Hoseok reagira ao comentário da avó, mas sabia que acima daquilo o que queimava em seu amago era raiva, ódio de si mesmo. Ódio por ter se deixado levar. Ódio por ter confiado em Taehyung e no Jung ate quando seu peito lhe dizia para não ceder, para sempre manter-se vigilante e não se entregar e a entrega que havia feito ao policial era acima da corpórea. Havia se deixado apaixonar, se permitido sonhar com paz e tranquilidade e a custo de que? De ser levado como um eterno “rolo”. Como alguém que não era bom o suficiente para ser de fato namorado do moreno e ter se deixado tanto o doía, o irritava, o fazia querer voltar pra casa imediatamente. Foda-se se teria que enfrentar Jungkook, dane-se se sua vida estava em risco. Só não queria mais estar perto de Hoseok sentindo seu peito acelerar e a sensação de amar lhe preenchendo enquanto sabia que o outro não queria nada alem de lhe manter fisicamente seguro. Pro inferno com a possibilidade de ser morto! Que o matasse de uma vez então! Àquela altura do campeonato já nem via prejuízo na morte, muito pelo contrario. Via ali a solução já que há mais de cinco anos não sabia o que era acordar e ir dormir sem ter uma dor, uma decepção, uma memória ruim para lhe assombrar. Já estava cansado daquele inferno e as batidas na porta só lhe davam ainda mais a sensação de exaustão, agravada pela noite passada em claro.

- Jiminie, ta tudo bem? – ouviu-o questionar e bufou irritado, segurando o instinto de abrir a porta e dar de dedo na cara do investigador, falando que não era um brinquedo dele, que se ele tinha a intenção de lhe tirar da capital apenas para “Lhe comer” estava bem enganado sobre aquilo acontecer. –Jiminie, assim você me deixa preocupado! Abre a porta! -  “Preocupado sobre o que?”  se questionava. Primeiro lhe trata como se fosse o ser mais precioso do mundo, lhe olha nos olhos como se dependesse disso pra viver pra depois agir como se não fosse nada demais? Isso não soava preocupação suficiente para o Park. – Amor... Por Favor! Eu não sei o que eu fiz de errado, mas por favor me perdoa! Abre a porta e fala comigo, Por favor!  – E foi só ali, ouvindo os soluços do outro, que Jimin se tocou de que talvez nem Hoseok soubesse o que se passava e com isso decidiu que “colocaria os pingos nos ‘ís”.

Abriu a porta de supetão, ainda sentindo a raiva lhe mordendo e a cena a sua frente partiu seu peito. Hoseok estava de joelhos escorado no batente. Seus olhos estavam vermelhos e seu rosto banhado em lagrimas exatamente como o próprio rosto estava. A confusão perfeitamente expressa nos olhos castanhos do policial fez seu coração falhar algumas batidas, dolorido e, pelo menos momentaneamente, preferiu deixar toda a sua angustia de lado, não sem antes amaldiçoar-se por sempre se desmanchar tão fácil perante o Jung, por sempre engolir seus medos e frustrações apenas por olhá-lo e assim, se ajoelhou a sua frente e tomou seu rosto em mãos, secando as lagrimas com os polegares e se preparando psicologicamente para a mentira que contaria.

- Desculpa se eu te preocupei, Hoseok. Eu só tive um sonho ruim e acordei assustado. Só isso. – Falou encarando o chão e ao levantar o olhar até as orbes do anfitrião, não viu crença alguma neles e já esperava algum questionamento quando foi surpreendido por ele se levantando brevemente e lhe abraçando com tanta força que achou que suas costelas quebrariam.

E, pelos céus, como aquilo lhe acalmava, como lhe fazia sentir bem o enlace dos braços de Hoseok contra seu corpo. A respiração sôfrega e os pequenos soluços e arfadas que fugiam do nariz e da boca dele contra sua pele o fazia se arrepiar por completo e por mais que achasse que não devesse, a força daquele amplexo o fazia se sentir amado. A forma como o policial lhe apertava e lhe tocava o fazia sentir como se dependesse de si para continuar vivendo e isso o deixava com ainda mais medo porque era tudo confuso demais. Os atos de Hoseok o demonstravam um amor tão palpável que quase o fazia fazia ficar sem ar mas suas palavras e ações fora da bolha que sempre criavam quando se abraçavam, o fazia duvidar de tudo e nisso, não sabia como agir, não sabia o que pensar ou o que se permitir sentir.

Já Hoseok, achou que fosse morrer quando a porta do banheiro se abriu violentamente e viu um Jimin com rosto vermelho e o pior: Seu olhar. Não era nem de longe o olhar doce de sempre ou o apaixonado ou qualquer um dos olhares que já havia visto no rosto dele. Era um olhar mordaz, dolorido, raivoso até. Tal visão fez seu estomago revirar e quando ouviu-o dizendo que havia tido um pesadelo sem sequer lhe olhar no rosto, soube que mentia, mas pelos Deuses, se não era isso, se era algum erro seu que havia provocado aquela ira muito bem trancafiada no peito do ruivo, Que raios de erro havia sido esse?

- Nós temos o almoço na sua avó para ir. Será muito desagradável nos atrasarmos. – Ouviu o barista dizendo já se soltando e suspirou confuso.

Hoseok se levantou, secou o rosto com o dorso das mãos e olhou ao relógio preso a parede e notando já passar das nove horas, concordou com o mais novo e entrou no banheiro para fazer sua higiene enquanto Jimin ia até o armário escolher uma roupa, logo optando por um jeans, uma camisa social e um casaco grosso. O Park penteou seus cabelos rapidamente, colocou os óculos no rosto – coisa que não fazia há um bom tempo, mas como havia chorado a noite toda, as lentes se faziam incomodas. Desceu rapidamente até a cozinha da casa e colocou água esquentar para fazer um café rápido já que fome não tinha, mas sem sua amada bebida não ficava e nisso, se deixou perder em pensamentos a cerca de toda a situação que havia se metido. Pensava em como achar um jeito de voltar para casa logo, em como se manter seguramente distante de Hoseok, em como recobrar sua vida prévia a conhecer o policial. Até pensar sobre propor ao amigo que mudasse o horário do seu curso para poder trabalhar a noite novamente e assim não esbarrar com o moreno na cafeteria, pensava.

Ainda de frente para o fogão, com uma mão pousada sobre o cabo da chaleira, Jimin foi desperto dos seus devaneios ao sentir uma mão envolvendo sua cintura enquanto a outra passava por si e desligava o fogo, fazendo o apito que indicava a água fervente cessar, e só ali se tocou do quão perdido estava dentro da sua mente que sequer havia ouvido aquele som ensurdecedor.

- Você me parece tão aéreo... Tem certeza que quer ir a esse almoço? Vamos ficar vários dias aqui, haverão outras oportunidades de você conhecer a minha família... – Hoseok falava calmo, pausado, perto demais do ouvido do ruivo que se contraiu todo e se arrepiou de cima a baixo.

- Você já prometeu que iríamos. Seria desagradável demais faltar. – Respondeu seco, ignorando todo o frisson em que seu corpo se encontrava graças a proximidade do policial e ali, Jimin viu a chance de alfinetar o moreno, já que ele havia tocado no assunto. – Inclusive você tem um mal entendido a resolver com a sua avó, lembra? – Questionou como se não fosse nada e percebeu o Jung se afastando um pouco de si, afrouxando o abraço em sua cintura e com isso se virou para lhe encarar enquanto aguardava a resposta dele.

- Mal entendido? Que mal entendido? – Questionou com as sobrancelhas juntas, se recordando sobre o que a matriarca da família havia dito mas não via erro nas palavras dela, e percebeu um olhar afiado do ruivo sobre si.

- Ora, Hoseok! Ela acha que somos namorados, não acha? Não é certo fazer uma senhora da idade dela de boba. Temos que desmentir isso. – Jimin falou já se virando de frente para o fogão novamente, pegando a chaleira com as mãos relativamente tremulas e se afastando completamente do investigador, rumando a bancada onde havia deixado o bule e o coador e as palavras dele, que poderiam ser só uma constatação dolorida para o Jung, por fim fizeram um click ocorrer em sua cabeça.

Como em um mini-video se passando diante de seus olhos, Hoseok se lembrou da expressão nada feliz do Park quando lhe contara o que a avó havia dito. Quando riu ao lhe dizer que a senhora pensava que já namoravam, não era um riso de deboche quanto ao pensamento dela e sim um riso a cerca de como a mulher o conhecia tão bem chegando a prever suas intenções. Um dos planos que tinha para a viagem era de fato um pedido formal, uma espécie de oficialização daquele relacionamento e ver a avó adiantando tal acontecimento o fez achar graça, mas pela forma como Jimin estava agindo, percebeu que ele interpretou tudo completamente errado e isso explicou para o policial o porque daquelas lagrimas e daquela raiva no olhar. Notou que o barista estava achando que não era levado a serio e isso deu uma bela ideia a Hoseok que sorria grande observando o jeitinho irritadiço do mais novo andando de um lado para o outro e lhe evitando o olhar.

Durante aquela pequena refeição, o policial percebeu o quão birrento Jimin podia ser. Haviam se alimentado muito precariamente no dia anterior devido a viagem, acordaram relativamente tarde e mesmo assim o ruivo teimava em não querer comer nada. Insistia que queria apenas tomar seu café e Hoseok quase teve que obriga-lo a comer algo pois já sabia que em reuniões de família como a em que iriam almoçar, a refeição sempre se atrasava e isso fazia o moreno temer que o Park passasse mal por não ter se alimentado apropriadamente. Por fim, após muita insistência, o barista se rendeu e comeu algumas torradas e após terminarem, assim como havia feito no restaurante, o mais velho se levantou e foi até atrás da cadeira dele, puxou-a para que ele se levantasse e quando o fez, não hesitou em lhe beijar o pescoço com certa força e lhe abraçou apoiando o queixo na região que havia selado e viu-o tentando se afastar, lhe obrigando a apertar o enlace.

- Para de tentar fugir de mim assim, Jimin. – Soltou quase que automaticamente, juntamente a um suspiro cansado e percebeu-o lhe encarando de soslaio. – Eu sei que seus pesadelos te deixam mal, mas poxa! Que culpa eu tenho? Eu só quero ficar um pouco mais perto do meu amor. – Choramingou com um bico nos lábios e viu a expressão dura que o ruivo sustentava se suavizando.

- A gente ta atrasado. Vamos logo antes que cheguemos na casa da sua avó para o jantar. – Respondeu soltando um riso anasalado e mais uma vez tentando tirar aquele ar rígido do mais novo, Hoseok o virou de frente para seu corpo, puxou-o para si e lhe plantou um selinho forte nos lábios.

- Eu não vou a lugar algum sem ganhar um beijo de bom dia decente. – Quando viu o sorriso tímido e as bochechas de Jimin rosando, percebeu ali uma brecha, e com isso subiu ambas as mãos até as laterais do pescoço do menor, guiou seu queixo usando os polegares e juntou as bocas.

Num primeiro momento, Jimin teve vontade de se soltar, empurrar Hoseok com força e gritar para que não fizesse aquilo novamente, mas ao sentir a ponta da língua do moreno encostando em seu lábio inferior em um pedido mudo para que aprofundassem o osculo, mais uma vez o barista sentiu suas barreiras desmoronarem. Amaldiçoou-se internamente por não conseguir resistir aos toques do mais velho, a sempre ceder as suas investidas e por fim correspondeu-lhe. Levou uma mão a sua nuca puxando-o mais para si, percebeu-o andando um pouco para trás e sentiu quando o Jung se escorou na bancada da cozinha e suas mãos foram parar em sua cintura. Com isso, imediatamente levou a outra mão até o pescoço do policial e deixou seus dedos brincarem entre os cabelos da nuca dele enquanto sentia o beijo se intensificando e as mãos do moreno apertando sua pele sobre a camisa e o vigor de tal ato do mais velho, lhe arrancou uma arfada que fez o Jung sorrir em meio ao beijo.

Quando as bocas por fim se separaram e as testas deles se juntaram, Hoseok percebeu um sorriso contido nos lábios do mais novo. Teve a impressão de que ele havia gostado, havia se sentido bem, mas se recriminava internamente por ter se deixado levar e isso o fez achar Jimin ainda mais gracioso, mesmo dentro da sua birra. Optou por não insistir mais e assim entrelaçou seus dedos aos dele e o puxou escada acima para pegarem os pertences de ambos e finalmente rumar até a casa dos avós.

O Park se manteve em silencio durante todo o percurso. Os braços cruzados em frente ao peito e o bico fofo projetado na boca faziam Hoseok ter vontade de lhe morder por ser uma imagem extremamente adorável de se ver, lhe lembrava uma criança contrariada e achava uma graça imensa disso. Já Jimin via-o sorrindo escancaradamente, vez ou outra soltando risadinhas e sempre que questionava o porque daquilo, o Jung respondia que não era nada, que só não acreditava que estavam mesmo fazendo aquela viagem e mais uma vez o ruivo se irritava consigo mesmo por se sentir tão impotente diante do mais velho.

Quando finalmente estacionaram em frente ao seu destino, puderam ver mais quatro carros parados na calçada da residência. O barista se viu tímido ao notar que Hoseok tinha uma família aparentemente grande e já pensava em como seria almoçar em meio a tantos estranhos e sobre a quantia imensa de perguntas que poderia se ver obrigado a responder, haja vista que o próprio policial já o havia alertado sobre a mania que eles tinham de “falar demais” e ainda estava pensativo quanto a isso quando sentiu os dedos finos do Jung se entrelaçando aos seus enquanto tocava a campainha e foi instintivo tentar soltar as mãos, mas viu-o apertando o enlace e lhe encarando como se dissesse para parar com aquilo.

Depois de alguns minutos, que dentro do nervosismo e temor do ruivo pareceram eras, a porta se abriu e pode ver uma senhora baixinha, relativamente rechonchuda e de olhos brilhantes se jogando contra o pescoço do moreno. Novamente Jimin tentou soltar sua mão da de Hoseok e mais uma vez sentiu sua mão sendo apertada e logo que o abraço se desfez, viu-a vindo em sua direção, lhe abraçando também para logo em seguida segurar seus ombros e lhe observar minuciosamente.

- Esse é meu namorado, vovó. Park Jimin é o nome dele. – Ouviu Hoseok dizendo e ficou sem saber como reagir com aquelas palavras ditas com tamanha naturalidade. – Amor, essa é Jung Hinshee, minha avó e dona dessa zona toda que é a minha família. -  E aquele vocativo novamente fez Jimin ter noção de como aquilo tudo soava e engolindo seco, sem entender absolutamente nada do que aquela apresentação significava, arregalou os olhos para o policial que mantinha seu sorriso escandalosamente mais aberto que o normal, como se estivesse se divertindo com seu embaraço e respirou fundo antes de responder.

- Muito prazer em conhecê-la, senhora Jung! – Outro abraço forte da velhinha se fez contra seu pescoço e logo que ela o soltou, abriu caminho para que entrassem.

- O prazer é todo meu, querido! – Disse já trancando a porta novamente e seguindo pelo hall de entrada da casa. - Venham, meninos! Hoseok, mostre a casa para nosso adorável Jimin e depois vá cumprimentar seus tios e seus primos que estão na edícula. Estávamos todos ansiosos pela chegada de vocês! – Concluiu já se embrenhando pelos corredores e assim que ela estava fora de suas vistas, Jimin soltou todo o ar que tinha preso em seus pulmões e que nem havia percebido ter prendido tanto.

- Vem! Quero te mostrar uma coisa! – Disse o Policial já puxando o ruivo que imediatamente travou no lugar, juntou as sobrancelhas e novamente sustentou o olhar irritadiço sobre o mais alto.

- A gente não veio aqui justamente pra desmentir isso tudo? – Sussurrou entre dentes e mais uma vez Hoseok achou graça do jeitinho bravo de Jimin. – Hoseok, você não tem vergonha de enganar ela assim, não? A gente não é namorado! Para de ficar falando isso pra sua avó! – Concluiu bufando e com isso o policial se viu relativamente frustrado por ver seus planos sendo obrigatoriamente antecipados.

- Só me segue! – Ditou por fim, içando-o com força pela escadaria.

A cada porta que se abria, o Jung nomeava o cômodo, esperava o barista observar brevemente e depois fechava a porta e ia para o próximo. Os dois estavam bem entediados, nenhum deles achava aquilo necessário, mas Hoseok queria fazer um pequeno suspense antes de finalmente chegar a varanda do casarão para pode mostrar a bela vista das montanhas que havia ali. Já que o mal humor do ruivo não dava trégua, fazia todo o caminho com alguma pressa, talvez uma pitada de ansiedade também e realmente sentia seu coração solavancando a cada segundo que passava imaginando como Jimin reagiria tanto a vista da sacada quanto a conversa que queria ter com ele ali.

No entanto, a felicidade de Hoseok não durou muito. Ainda faltava dois quartos e a sala que dava a tal vista externa quando viu sua prima de segundo grau, Yubin, saindo de uma das portas do corredor e assim que o olhar da moça cruzou o seu, quase voltou pelo caminho que vinha junto ao Park para fugir dela.

- Hoseok! Que saudade de você! – Disse enquanto literalmente corria ao seu encontro e se jogava em seus braços. – Nossa! A capital e o treinamento da policia estão te fazendo muito bem, hein! Que ... Forte você está! – Falou apertando os braços do rapaz, mordendo o lábio inferior logo em seguida enquanto mantinha-se com o corpo colado ao do Jung. Tal ato da garota o deixou extremamente desconfortável e ao ouvir um pigarreio atrás de si, soube imediatamente que não foi o único desgostoso com aquilo.

- É... Digamos que o treinamento me fez crescer um pouco. – Falou enrubescido e quando fez menção de puxar o Park para lhe apresentar, a moça simplesmente lhe ignorou.

- Bom, eu to descendo na edícula, a gente se vê la. Vê se não demora! – Concluiu deixando um selinho mais longo que o necessário na bochecha do policial e uma piscadela em seguida, já saindo em direção a escada e assim que a garota sumiu de vista, o moreno sentiu Jimin soltando da sua mão e caminhando sozinho em direção ao fim do corredor.

Hoseok nunca se sentira um cara de sorte, também não se julgava de um todo azarado, mas eram dias como aquele que o faziam pensar que havia alguma espécie de mal agouro sobre si. Jimin já estava mal humorado, já pensava mil e uma coisas erradas a seu respeito e o aparecimento daquela prima, da sua idade, que havia sido um namorico de adolescente seu, agindo daquela forma atirada, o fez ter certeza de que a missão de acalmar o Park seria mais difícil do que dizer meia dúzia de palavras bonitas. O policial sabia bem o que toda aquela cena parecia. Qualquer um que visse a forma como a garota o olhou, a expressão desejosa que tinha ao morder os lábios, tudo aquilo deixava bem claro a qualquer pessoa que visse que as intenções de Yubin iam muito alem da simples amizade entre parentes e se não bastasse isso, ela ignorou completamente a existência do ruivo no espaço, como se Jimin não estivesse ali assistindo tudo, e isso por si só já era uma grande falta de educação mesmo se o investigador e o barista não tivessem envolvimento algum.

Já o Park sentiu o sangue ferver desde o momento que vira a garota correndo em direção ao moreno. A forma como se atirou em seus braços, a forma como o olhava, era invasivo demais pra si, era desrespeitoso mesmo que não tivesse nada com Hoseok, e tal cena lhe doeu observar. Percebeu, obviamente, o descontento do mais velho para com os atos da garota, mas não podia ser idiota de negar que não havia visto uma intimidade muito maior do que a de meros primos ali e quando colocou-se a observa-la, tudo lhe doeu ainda mais. O fato era que Yubin era verdadeiramente deslumbrante. Era alta, esguia, seios fartos e cintura fina, tinha cabelos longos e escuros e os olhos puxadinhos ornavam completamente bem com a boca carnuda e vermelha dela, o sorriso igualmente escandaloso, aberto, com dentes branquinhos e perfeitamente alinhados, tudo era lindo demais nela, como se realmente fosse um ser desenhado por alguém divino e tais constatações fizeram despertar no Park um lado que há muito havia adormecido. O lado que lhe dizia que não era bonito o suficiente.

Quando a garota os deixou, Jimin queria mais do que nunca correr dali. Queria se esconder e nunca mais ser visto. Quem era ele pra competir com aquela moça pela atenção de Hoseok? Não bastava ela ser uma mulher, era indubitavelmente mais bela que si, claramente conhecia melhor o Jung e pela forma em que ela o encarou, provavelmente já o havia tocado como ele mesmo ainda não tivera coragem.

Sentou-se no sofá da ampla sala e apoiou os cotovelos nos joelhos, a cabeça nas palmas e suspirou pesadamente tentando achar forças para continuar naquela casa e sentia o ciúme corroendo seu peito, a insegurança lhe tomando. Insegurança essa que já era imensa por conta do mais velho não lhe levar a serio e teve que fazer um esforço absurdo para não chorar ali, sentindo-se um verdadeiro lixo.

Hoseok, ao chegar no cômodo e ver Jimin com o ar abatido, o cenho franzido e os olhos tristes, sentiu o peito queimar de dor por observa-lo naquele estado. Xingou a prima mentalmente de uma serie de vocábulos que jamais ousaria verbalizar e pensava em como fazer para acalmar o Park e ao ver a grande porta de vidro aberta com as cortinas brancas balançando por conta do vento, resolveu de uma vez levar o ruivo até a sacada que se dava através dela.

Caminhou a passos lentos, sentou-se do lado do barista e acariciou suas costas percebendo-o suspirar cansadamente enquanto se punha a imaginar o que havia se passado naquela cabecinha rubra. Seria apenas ciúme? Obviamente era mais que aquilo mas ainda não tinha certeza sobre o real motivo daqueles olhos estarem querendo marejar, então sem hesitar, levou a mão até o braço do mais novo e forçou-o para cima. Quando Jimin lhe encarou, desceu os dedos até a sua mão e entrelaçou-os , apertou-os e acariciou o dorso dela com o polegar, levantou-se e puxou para que o fizesse também, caminhando rumo ao lado de fora da sala.

Quando passaram pela cortina fechada, o menor perdeu o ar com a visão que havia a sua frente. A casa ficava em uma região alta da cidade. Podia ver um pequeno vale a frente e logo do outro lado do vale uma cadeia de pequenos morros e atrás de tudo, a montanha alta e rochosa. Era lindo. O verde que tingia tudo mesclado ao acinzentado das rochas de calcário, as pequenas vias serpenteando pelas colinas e até conseguia ver uma pequena cascata riscando verticalmente um dos morros e por alguns instantes se permitiu esquecer todo o desconforto em seu peito.

Mas isso não durou muito. Logo Jimin sentiu outra vez os braços do moreno lhe envolvendo a cintura e apertando forte. Sentiu o queixo dele apoiado contra seu ombro e se embrenhando na gola fofa do seu casaco para lhe selar a clavícula e aqueles contatos lhe foram tão estranhos que foi instintivo se remexer e soltar-se do abraço.

- Ta fugindo de mim de novo... – Sussurrou o investigador quase choramingando, um quê triste evidente na voz do Jung o fizeram quase rir soprado, mas preferiu ignorar completamente o que ouvira e caminhou até a grade de segurança, se apoiando ali e assim Hoseok prosseguiu. – Jimin, por favor, me fala o que ta se passando nessa cabeça! Eu não aguento mais você me evitando desse jeito. – E ao escutar aquilo, o Park preferiu ser honesto ali. Talvez se expusesse tudo o que sentia, o mais velho lhe compreendesse e lhe levasse para casa de uma vez então resolveu começar pelo acontecimento mais recente.

- A garota... – Disse receoso e ouviu um “hum” vindo do mais alto. – O que ela é sua? – Perguntou e sem titubear Hoseok respondeu.

- Prima de segundo grau. Ela é filha de um primo do meu pai. – Disse seco encarando o ruivo e já percebendo pelo nariz torcido que realmente o garoto havia ficado com ciúme de YuBin.

- Muito bonita ela, não? – proferiu em um tom que beirava o deboche, voltando a observar a paisagem apenas para não encarar o Jung quando ele provavelmente fosse concordar consigo.

- É... Ela até que é bonitinha... – Ao ouvir aquilo, em um tom totalmente desinteressado, o barista engasgou-se com o próprio ar e já pensava que tipo de demência Hoseok poderia ter por acha-la só “Bonitinha” e já imaginava que o outro lhe achava categoricamente feio visto que uma mulher como aquela ficava classificada tão baixo dentro do “Ranking de beleza” do moreno. – Ela tem um corpo e um rosto bonito mesmo, mas não faz meu tipo nem de longe! – Hoseok percebeu o olhar incrédulo do rapaz e um sorriso lhe fugiu. Percebeu que sim, era ciúme com uma dose de baixa estima o que havia atacado o Park e assim preferiu ser sincero com o ele. – Sabe o que eu acho a coisa mais linda do mundo? – Proferiu se aproximando até que Jimin virasse de frente para si, já encurralado contra a grade da sacada. – Eu AMO cabelos vermelhos. – Disse levando a mão até as madeixas tingidas e percebeu-o se encolhendo contra seu toque. - E amo mais ainda olhares tímidos e bochechas coradas. – Falou tirando seus óculos com uma mão passando o polegar da outra pelos cílios e pelo rosto e viu com suas palavras as tais bochechas ganhando cor. - Amo maxilar bem marcado e lábios cheinhos e rosados. – Viu-o mordendo o inferior e como se jogasse tudo pro alto, lhe selou forte e demoradamente.

Logo Hoseok sentiu as mãos de Jimin contra a sua nuca e a sensação de ter vencido uma maratona lhe cobriu. Procurando mais contato, o moreno prensou o menor contra a cerca, deixando os óculos irem de encontro ao chão e desceu suas mãos do pescoço para a cintura dele e puxou-o para que colassem completamente os corpos e depois subiu uma delas para o tórax do rapaz, apalpando a musculatura com vontade.

- Eu amo um peitoral bem trabalhado e firme assim. – Mais um aperto e Jimin arfou. Hoseok ocupou-se em beijar a pouca pele exposta do pescoço do ruivo e mais arfadas e gemidinhos tímidos fugiam da garganta do mais novo, fazendo o Jung sorrir durante os beijos e mordiscadas. – Eu amo uma barriga assim desenhada, eu amo coxas grossas... – Sussurrou apertando cada região citada e em com uma coragem que Hoseok não sabia de onde havia brotado, levou a mão que apertava o corpo de Jimin até o zíper da sua calça e apalpou o volume presente ali. – Eu amo coisas que garota alguma jamais terá. – E quando achou que seria afastado por ter sido atirado demais, ouviu gemido mais longo e ao olhá-lo, viu-o com a cabeça deitada para trás e o pescoço todo exposto, os olhos fechados e os lábios entreabertos e aquela imagem de Jimin entregue daquele jeito combinada com a luz clara do Sol de inverno arrancou um suspiro fundo do policial. – Minha prima pode até ser bem bonita, mas nada nesse mundo se compara a você, Park Jimin. – Levou ambas as mãos até o rosto do barista e retomou seus lábios em um beijo ardente, forte, faminto como nenhum beijo que já haviam trocado antes.

Logo o roçar de lábios já não era contato o suficiente. Quase que de instinto, os corpos se colavam, as mãos de ambos passeavam pela carne alheia e Hoseok se sentia impressionado sobre a fome com que sua pele era molestada entre os dedos e unhas do mais baixo. Os quadris se roçavam e Jimin que havia chegado ate a sacada completamente magoado, mais uma vez tinha raiva de si mesmo, mas agora era uma certa raiva boa. Se tocou enfim que Hoseok poderia até ter se relacionado com mulheres, talvez namorado seriamente com alguma delas – supunha, já que não sabia nada da vida pretérita dele quanto aquele assunto – Mas por mais que não fossem namorados de fato, havia sido apresentado assim para a matriarca. Percebeu ali que em momento algum o Jung fez menção em desmentir tal fato para a avó e inclusive refrisou aquilo ao apresentar-lhe, ignorando o que a senhora pudesse pensar ao ver o neto em um relacionamento com outro homem e nisso percebeu que de fato o moreno se expusera daquela forma por realmente não ligar para o gênero de quem estivesse ao seu lado e toda essa serie de pensamentos finalmente levou pra longe todo o turbilhão de insegurança que lhe arremetia desde a noite anterior. Poderiam ate não ser namorados, não ter um nome ou titulo certo para o caso deles, mas com certeza era algo importante para o mais velho, já que confessara tal coisa a senhora HinShee mesmo sabendo que ela poderia comentar sobre com o restante da família.

Já Hoseok, apesar de estar sentindo as calças mais apertadas que o normal, em um momento de lucidez, se tocou que não estavam no lugar mais apropriado para aquele tipo de caricias e com isso se afastou brevemente do ruivo, a tempo de ouvi-lo arfar mais uma vez e suspirar pesadamente com as maçãs do rosto completamente vermelhas e um sorriso tímido estampado nos lábios úmidos. Deu mais um selinho nele e pensou que aquele era o momento certo, aquela era a hora mais propicia para lhe fazer o pedido de namoro que havia pensado em fazer totalmente diferente daquilo, mas no fim, poderia lembrar de qualquer forma como algo único já que aconteceria logo depois de ter explorado um pouquinho mais do que a boca de Jimin pela primeira vez. Hoseok pigarreou chamando a atenção do barista para si, segurou sua mão direita e lhe selou tentando engolir o pequeno nervosismo que sua intenção trazia e quando abriu a boca para se pronunciar, novamente ouviu a voz aguda da garota que quase lhe havia causado o maior problema daquele dia.

- HORSEEEE! CADÊ VOCÊ? – Ouviu-a berrando dentro da casa e foi automático bufar irritado enquanto ouvia os passos de Yubin contra o assoalho. – Hoseok! – Chamou novamente, mais perto que antes e com a proximidade dela, o policial viu Jimin se afastando de si e se escorando na grade novamente, fingindo uma casualidade que o Jung chegou achar engraçada. – Achei você! Vem, o almoço ta pronto! – Disse aparecendo entre as cortinas, já o pegando pelo braço e dessa vez o policial se viu cansado das atitudes da moça, sempre ignorando a presença do ruivo ali.

- Já vamos! – Disse se soltando com certa brutalidade das mãos dela que passou a lhe encarar com um ar confuso. – Não seja mal educada assim, Yubin! Segunda vez que nos vemos hoje e você nem cumprimentou meu namorado! Assim ele fará uma má imagem da nossa família. – Proferiu e dessa vez não viu timidez alguma no rosto do mais novo que já se voltava de frente para a garota. Muito pelo contrario, o que viu foi um ar vitorioso em sua face enquanto encarava a prima, um sorriso de lado presente no rosto e logo Jimin estendeu a mão a ela, forçando um cumprimento.

- Park Jimin. Prazer em conhecer-lhe, Yubin. – E o cinismo quase tocável presente na voz do pequeno por pouco não arrancou uma risada do investigador que também não deixou de notar o ar de nojo que sua prima lançava ao garoto enquanto segurava a mão do Park.

- Namorados? Boa piada, Horse! Boa piada! Vamos logo antes que a comida esfrie. – Concluiu ela já deixando-os a sós e assim ambos se sentiram livres para rir da cara dela.

Satisfação era o que Jimin sentia. Mais uma vez a ausência de titulo para seu relacionamento deixou de lhe incomodar porque mais do que uma avó amorosa sabendo deles, agora havia o que sua mente tinha denominado como uma “Inimiga” sabendo da proximidade que tinha para com o moreno e isso o fazia querer dançar de contente.

Hoseok ao perceber a grande mudança de humor no ruivo, tratou de aproveitar para lhe beijar mais uma vez antes de recolher os óculos ja recolocando ele mesmo em seu lugar e descer até a edícula da casa. Já tinha em mente manter aquele titulo para o Park, de lhe apresentar a família toda como namorado de fato, mesmo sem ter feito seu pedido, afinal, tais palavras eram só questão de tempo mesmo e assim o puxou escada abaixo.

Quando passaram pela porta da casa para o jardim, o vento frio gelou os ossos de ambos. Jimin se encolheu fechando o casaco em frente ao corpo e sentiu o braço de Hoseok lhe rodeando os ombros em um abraço lateral e assim não segurou o sorriso para o mais alto, prontamente correspondido enquanto caminhavam pelo gramado até o fundo do quintal onde todos os aguardavam.

Quando chegaram ao tal anexo da residência, o barista se viu feliz por não ser um lugar aberto. Podia ver ao fundo do cômodo um grande forno a lenha, uma pequena pia e uma bela bancada com um bar repleto de bebidas artesanais ao fundo. A decoração tão pitoresca lhe parecia extremamente confortável e quando finalmente entrou no espaço percebeu porque todos ali estava sem os casacos pesados que era obrigado a usar fora do local. As portas de vidro vedavam muito bem a passagem do vento e o calor emitido pelo forno aquecia o local todo e em poucos minutos viu a necessidade de se livrar da sua peça de roupa mais pesada, ficando apenas com a camisa social clara que havia escolhido.

Hoseok o imitou. Retirou o casaco que também trajava e entrou por uma porta disposta a esquerda da entrada e assim que voltou, já com as mãos vazias, foi diretamente até o – ainda - desconhecido da sua família, juntou suas mãos e pigarreou alto, fazendo todo o burburinho oriundo das conversas dos seus tios e primos cessar.

- Bom dia, família! Quero apresentar a vocês o meu namorado, Park Jimin. – Disse rápido, seco, curto e grosso. Sorridente como o barista não se lembrava de ter visto ainda naquele dia e logo Hoseok passou a falar o nome de cada familiar presente no espaço enquanto o ruivo se segurava para não chorar de vergonha.

A cada nome novo ouvido, uma pessoa se aproximava e lhe estendia a mão. Alguns tão sorridentes quando o investigador, outros um pouco mais ressabiados, mas ainda assim simpáticos e ao ver aquele conglomerado de expressões alegres, percebeu que era daquele lado da família que Hoseok havia herdado seu sorriso, que parecia marca registrada dos Jung. Eram realmente varias pessoas. Haviam três ou quatro casais na casa dos quarenta ou cinquenta anos e mais uns oito ou nove jovens que aparentavam ter a mesma idade que eles dois, talvez um pouco mais ou um pouco menos, mas todos entre os vinte e trinta anos e ao contrario do que achou, Jimin se sentiu bem ali, se sentiu acolhido quando um dos tios o puxou em direção ao bar perguntando o que fazia da vida e pode, orgulhosamente, lhe falar sobre a cafeteria e a faculdade de gastronomia. Logo uma senhora se aproximou lhe oferecendo petiscos e dizendo que não era bom beber de estomago vazio e imediatamente viu um copinho pequeno estilo “martelinho”* sendo posto a sua frente com um liquido em um tom amarelado claro ouvindo o ofertante dizendo que aquele ano havia sido ótimo para o cultivo da cana-de-açúcar e por isso era uma das melhores cachaças que já tinha produzido na vida e tudo foi consumido de prontidão pelo ruivo que a cada pequeno dialogo com aquelas pessoas, mais em casa se sentia.

No entanto, não demorou muito para o moreno requisitar novamente sua companhia junto a si. Os primos estavam entorno da grande mesa presente no meio do espaço, jogavam cartas e assim, Hoseok convidou Jimin para ser seu parceiro no jogo, já lhe explicando as regras e como tudo funcionava. Minutos depois todos os sentados se encolheram em seus lugares abrindo espaço para as visitas se acomodarem e junto ao carteado, as conversas fluíam soltas e divertidas.

- Horse, é a sua vez. Pesca! – Disse um rapaz alto, de ombros largos e braços fortes que Jimin soube chamar-se Park Jaebeom, sobrenome herdado do pai, já que seu vinculo com os Jung era materno. Jimin viu o acompanhante obedecer mas ouvir tal vocativo o deixou curioso, já que era a segunda vez que chamavam Hoseok por aquele apelido.

- Horse? Por que Horse? – Questionou rindo fraquinho e logo outro primo se pronunciou.

- É um trocadilho por conta do nome dele e por causa dos dentes gigantes que ele tinha quando era mais novo. Serio mesmo Jimin, ele parecia um cavalo! – Uma onda imensa de gargalhadas irrompeu o espaço e foi imediato a retórica do ruivo questionando se aquilo era serio enquanto via o moreno ao seu lado se curvando de tanto rir, mas não foi Hoseok que lhe respondeu.

- É serio sim! E acredite em mim, Park. Mas não foi só os dentes enormes que lhe deram esse apelido. Existem “outras coisas enormes” também que fazem nosso Hoseok merecer o apelido de cavalo! – Proferiu Yubin fazendo aspas com as mãos e tais palavras fizeram um silencio tenso se instalar na mesa até que o rapaz ao lado dela lhe deu um tapa na nuca e a mandou calar a boca. Com o ato do rapaz novamente as risadas voltaram entre todos, menos entre o barista e a moça que se encaravam como se pudessem se matar apenas com os olhos.

Já o Jung, ao ouvir a declaração tão descabida da prima, teve vontade de levantar-se e lhe sentar a mão na cara e só não o fez em respeito aos demais presentes. Todos ali sabiam que tinha um namorado em sua companhia no evento, assim como todos sabia que no passado, antes de se mudar para a capital, ele havia tido um romance com Yubin. Não havia necessidade de ataque por parte da garota contra o Park que até então estava sendo completamente amistoso e simpático com a sua família. Jimin estava se dando bem com seus primos, seus tios haviam lhe elogiado quanto a educação e maturidade do rapaz, um empresário bem sucedido mesmo com pouca idade e se sentia francamente impressionado sobre até então ninguém ter feito nenhum comentário maldoso a respeito de seu parceiro ser outro homem – coisa que jurava que fosse acontecer pelo que conhecia da família - e foi só ao pensar nos possíveis julgamentos que poderiam ocorrer que se deu falta de alguém no recinto.

Hoseok levantou-se da mesa e deixou um beijo estalado na bochecha de Jimin, já vendo sua pele avermelhar e o olhar reprovador do mais novo. Disse-lhe que iria a cozinha ver se a avó precisava de ajuda, mas que logo voltaria e com isso o menor assentiu sorrindo e assim rumou para dentro da casa.

Ao se ver sozinho à mesa, um pequeno desconforto lhe apertou o peito e Jimin ficou meio sem saber como agir sem a presença de Hoseok ao seu lado e já se arrependia de não ter se oferecido para ir junto com ele encontrar a matriarca. No entanto as conversas animadas continuaram, as cartas eram batidas com mais força que o necessário contra a mesa em meio a piadinhas sujas trocadas entre os jovens que lhe arrancava o riso junto. Passou a se concentrar no jogo, tentava traçar alguma estratégia com base no pouco que havia aprendido ali quando Jaebeom novamente lhe dirigiu a palavra.

- Então você é formado em gastronomia? – Questionou olhando-o por um tempo que o Park julgou ser relativamente maior que o necessário e logo voltou o olhar a mesa antes de continuar. – Trabalha em algum restaurante? – Falou curiosamente e tal equivoco obrigou Jimin a de fato falar ao invés de responder monossilabicamente como havia feito desde que chegara.

- Eu tenho uma cafeteria em sociedade com um amigo. – Lembrou-se brevemente de Taehyung e do seu local de trabalho, fazendo um sorriso orgulhoso nascer sozinho em sua face. – Sou barista. – Notou o olhar confuso do rapaz e já tratou de se explicar. – Um especialista em cafés. Estudo e aprimoro todo tipo de alimento ou bebida que possa envolver a planta. – E ao concluir a fala percebeu o outro Park arregalando os olhos e um ar surpreso e contente no rosto se fez presente.

- Olha que feliz coincidência! Eu trabalho com plantio de café na minha fazenda. Fica a poucos quilômetros daqui. – Ouviu o primo de Hoseok dizendo e o olhar relativamente sugestivo presente naquela face fez o sangue de Jimin gelar. – Acho que seria bem interessante você visitar sabe... Estamos próximos a época de colheita então é uma boa hora para você ir ver como as plantas se desenvolveram e tudo o mais. – Falou fingindo uma casualidade que o ruivo percebeu bem não existir e logo uma terceira voz se pronunciou.

- Exatamente, Jimin! Acho até que seria bom pra você passar um dia em função da colheita para entender melhor isso tudo. Com esse corpo forte que você tem, obviamente não terá problemas. – Ouviu Yubin falando e podia jurar que havia veneno escorrendo do canto da boca da garota de tão cínicas que soaram em suas palavras.

- Conversarei com Hoseok sobre esse passeio. Aposto que ele aceitará. – Disse abaixando o olhar constrangido para a mesa ao notar que realmente Jaebeom o observava e isso o fez amaldiçoar o Jung por estar demorando tanto.

- Se ele não quiser, pode ir sozinho. Você é da família agora, então nossas porteiras sempre estarão abertas para você. – Outra vez a vergonha cobriu o barista que se limitou a sorrir amarelo para o outro. – Bom, Hoseok e vovó estão demorando. Vou la dentro ver o que se passa porque já estou morrendo de fome. – E assim Jimin viu o rapaz musculoso se levantando e deixando o recinto.

Já no interior da residência, o policial suspirou aliviado quando ouviu a matriarca lhe dizendo que o avô teve que ir ajudar um dos tios na colheita do trigo. O Jung sabia perfeitamente que o senhor não tinha idade e nem forças suficientes para tal tarefa e que provavelmente só havia inventado isso para evitar a tal reunião de família e acima de tudo, evitar vê-lo “amigo demais” de outro homem, mas mesmo assim se sentia feliz. Pensava na quantia de transtornos que mesmo sem querer havia proporcionado a Jimin naquele dia e os óbvios comentários homofóbicos que seriam ditos pelo velho não era o tipo de coisas que queria adicionar a lista de “coisas ruins que Jimin passou por minha causa”.

Já se preparava para voltar para a companhia do mais novo quando esbarrou com o primo no corredor. Hoseok e Jaebeom nunca foram de fato próximos, mal se falavam quando se encontravam, mas tinha um lado seu que era grato ao rapaz pelo simples fato de que ele fora o primeiro membro da família Jung a se assumir homossexual ainda na adolescência, então quando se interessou por um rapaz pela primeira vez, logo que se mudou para a capital, o choque da noticia não fora tanto nos familiares por não ser exatamente uma novidade um Jung se relacionando com outro homem.

No entanto, o olhar malicioso que o Park trazia no rosto, fez uma pequena irritação nascer no peito do investigador. Jaebeom lhe fitava com um meio sorriso de lado, um ar sabido no rosto e Hoseok havia percebido nitidamente a forma como primo havia observado Jimin quando o apresentou, por isso resolveu que não seria uma boa ideia conversar com ele e antes que pudesse fugir, ouviu-o chamando.

- Se você me disser onde achou um pedaço de mal caminho daquele, juro que largo tudo aqui agora e me mudo pra capital também! Hoseok, onde você me arrumou um homem daquele? – A paciência do moreno estava se esvaindo só de olhar o ar desejoso na face do primo. Tinha um quê de ciúmes também, mas o que lhe irritava era a menção ao seu precioso Jiminie como um mero "pedaço de mal caminho", no entanto preferiu engolir a crescente raiva e responder-lhe de forma educada.

- Se quer saber como eu e Jimin nos conhecemos, a cafeteria dele é em frente a delegacia em que trabalho e nos conhecemos la. Quanto a você se mudar para a capital por conta de um “Pedaço de mal caminho” realmente não julgo uma ideia madura o suficiente, mas quem sabe você possa se divertir. Fica a seu critério. – Já estava se virando para sair quando novamente a voz grave do primo reverberou, fazendo-o notar que havia praticamente sido ignorado no que disse.

- Fico aqui só pensando em como deve ser ter aquela bunda farta rebolando no seu colo. Você é um filho da mãe cheio de sorte por ter aquela delicia toda só pra você. – Hoseok se voltou totalmente incrédulo quanto ao desrespeito de Jaebeom e antes de perguntar se havia ouvido direito, ouviu-o continuando. – A voz dele, Huum! – Disse como se estivesse degustando o doce mais saboroso do mundo. – Só de imaginar aquela vozinha melodiosa dele gemendo o meu nome já sinto minha calça ficando ap...

A paciência de Hoseok foi para o espaço. Antes de ouvir o fim daquela frase o punho do investigador foi diretamente de encontro ao queixo do rapaz fazendo-o cambalear, mas ainda não se sentia satisfeito. O policial o pegou pela gola da camisa, arremessou-o contra a parede e desferiu mais dois pares de socos vendo a pintura branca se manchar de sangue. Era raiva que sentia, ódio do rapaz. Como Jaebeom ousava falar de Jimin daquela forma? Como podia tratar um ser tão doce, frágil e inocente como o Park de maneira tão desrespeitosa? Como tinha coragem de se referir ao Seu Jiminie como se não passasse de um pedaço de carne? Não importava se ele não sabia da historia do barista, se nem sonhasse com o passado terrível que o mais novo carregava, aquelas palavras não deveriam ser dirigidas nem a uma prostituta, imagina a alguém tão único como Jimin era?

Àquela hora já não tinha estomago para mais nada. Assim que deu-se por satisfeito com relação a surra que empregou contra o primo, o policial rumou rapidamente a cozinha dizendo a avó que teria que partir pois havia se lembrado de outro compromisso e mesmo vendo a velhinha protestar, ignorou-a. A passos pesados e rápidos voltou a edícula, pegou Jimin pelo pulso e já se arrastava para fora da casa sem sequer explicar nada a nenhum dos parentes que lhes encaravam com um ar confuso e quando encontrou Yubin em seu caminho, tentando lhe barrar e questionando o que aquilo tudo significava, apenas empurrou-a para o lado, tirando-a da sua frente enquanto mandava-a perguntar o que havia acontecido para Jaebeom.

Assim que entraram no carro, Hoseok deu a partida e arrancou pisando fundo, fazendo os pneus cantarem contra o asfalto e só após algumas quadras parou por alguns segundos e olhou para o lado encontrando um Jimin amedrontadíssimo, tremendo, com os olhos arregalados e encolhido no banco e só então se tocou do quão assustadora foi sua reação quanto ao que ouvira do primo e assim, estacionou na calçada imediatamente e se jogou nos braços do ruivo, chorando de ódio enquanto lembrava todas as coisas nojentas que havia ouvido a respeito do mais novo e só depois de um bom tempo ali foi que sentiu seu amplexo sendo correspondido.

- Amor, por favor, me promete não ficar sozinho com os meus primos. – Disse soluçando e as sobrancelhas do Park se juntaram estranhando completamente aquelas palavras.

- Por que você ta dizendo isso, Hoseok? – Questionou e viu-o se levantando e segurando sua face com ambas as palmas.

- Só me promete que você não vai se aproximar do Jaebeom, só isso. Só me promete isso!

E assim Jimin o fez. Mesmo sem saber ao certo o que havia acontecido dentro do casarão, Jimin prometeu que não se aproximaria. Mas com certeza iria tirar aquela historia a limpo.

“O Que será que esse cara falou pra deixar Hoseok assim?”


Notas Finais


Martelinho (pra quem não sabe, é um copo proprio para cachaça/pinga) : http://www.locanorte.com.br/site/thumb/thumb.php?src=../gfx/produtos/__bkguigu.jpg&w=400
Ok Ok
Vamos todos dar na cara do Jimin?
VAMOOOSSSSS
Idiota, o Hoseok mozão só quer amar vc e vc nessa desconfiança toda!
Segundo tapa vai para???
YUBIN VADIA PIRANHA!
Serio gente, ela vai incomodar ainda viu, se preparem XD
E terceiro ja iniciado pelo nosso mozão vai para PARK JAEBEOM!!!!!
Outro que ainda vai dar dor de cabeça!
Então gente, ja quero adiantar que eu tentei muito fazer esse capitulo menor, pensei em separar ele em dois, mas ia ficar uma coisa bem desconexa e sem noção então vai assim imenso mesmo! OAKSOAKSOAKAOSKAKS
Tbm quero adiantar que o próximo capitulo talvez não tenha JiHope e ferias tour pq né... Tem o outro lado da historia pra contar
Tao achando o que? quem tirou ferias foi o Hoseok, YoonGi e SeokJin ainda tem que trabalhar pq como diz o ditado, Rapadura é doce mas não é mole não!
E tem nosso TaeTae solitário sozinho e abandonado as traças na cafeteria, tadinho!
Enfim gente, Hoje foi essa quase treta louca ae e nem vamos comentar os dois saidinhos se agarrando na sacada da casa.
SE SEGURA AE JIHOPE!!
OK, Momento surto: PQP 11k!!!!
1k por semana!
Vcs me dão medo, mas serio eu amo tanto cada um de vcs aqui que nossa! Nâo tem como explicar a gratidão e a felicidade que vocês me causam! É quase tão grande quanto meu amor pelo Bangtan (e vcs não imaginam o quanto amo esses boy SOS!) Nunca conseguirei explicar o quão feliz e grata eu sou, serio, de vdd!
Enfim monamuses, tenham uma ótima semana e vou tentar ao máximo postar até quarta, mas novamente não garanto, então beijo no kokoro e se cuidem <3 o/
KissKiss
~~Ashmedhai


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