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História Between Coffees and Roses - O Filho Ingrato


Escrita por: Ashmedhai

Notas do Autor


Olha quem ta aqui de novo!!!!
Gente, to meio ansiosa por esse cap e pra continuar escrevendo a continuação dele, então vamos agilizar tudo por aqui e nos falaremos la embaixo, OK!?
KissKiss
~~Ashmedhai

Capítulo 32 - O Filho Ingrato


Fanfic / Fanfiction Between Coffees and Roses - O Filho Ingrato

O Filho Ingrato

 

Azar.

Aquela era a palavra que Hunbee achava que melhor lhe definia naquela maldita sexta-feira, que mesmo não sendo uma “sexta-feira 13”, Não poderia ser pior.

Tudo começara demasiado ruim para si quando se viu totalmente isenta de sono, muito antes do Sol nascer. As questões que envolviam o caso e as semelhanças e coincidências que giravam entre os homicídios e a conduta do seu enteado lhe rendeu uma bela quantia de pesadelos e por mais que quisesse pensar que era só coisa da sua mente toda a ligação do garoto com as mortes, já estava no ramo a tempo o suficiente para saber que francamente não existiam coincidências. Levantou-se, arrumou o quarto e realmente não conseguia pensar em nada que tirasse a culpa do garoto dos seus pensamentos, assim como também não conseguia ver nada que provasse de forma cabal seu envolvimento, e tudo isso estava enlouquecendo-a porque, afinal de contas, ela ainda tinha aquele caso pra resolver e de fato temia seu desfecho.

Por fim, decidiu que iria dar uma volta na cidade para espairecer. Apesar de já ser inverno, aquela noite não estava de um todo fria e já pensava em como seria bom dirigir pelas ruas sentindo o vento no rosto, respirando o ar não tão puro do meio urbano e vendo os letreiros de neon brilhando nos arranha-céus.

“Quem sabe essas luzes coloridas todas não me ajudam a clarear a mente?” – Pensava.

Com isso, tomando o maior cuidado possível, pegou sua bolsa, suas chaves e documentos, deixou o apartamento e praticamente escorregou pelo corrimão da escada externa com a intenção de evitar que seus passos fizessem barulho contra o metal e ao se ver no beco, olhando em direção a calçada do outro lado da rua onde seu veiculo estava estacionado, uma pequena frustração lhe atingiu. Seu carro estava com a passagem bloqueada pelo furgão de Jungkook. Dessa vez a Psicóloga não teria como evitar os passos, então guardou os pertences dentro do próprio automóvel, descalçou os sapatos, e subiu novamente até dentro da moradia onde pé ante pé, invadiu o quarto do filho com a intenção de pegar as chaves do veiculo dele.

Parou alguns segundos para observar o mais novo dormindo, e nisso se pegou pensando em quantas vezes vigiara  o sono dele com o mesmo zelo que uma mãe biológica cuida do rebento e isso fez os olhos dela marejarem. Ela sabia que mais que alguém cruel, o assassino – assim como Jungkook – era alguém doente, perturbado, que provavelmente carregava consigo uma bagagem imensa de dores e traumas. Sabia que nada justificava tais atrocidades, mas não pode deixar de se compadecer ao imaginar o verdadeiro inferno que era desenhado nas paredes daquele cérebro do criminoso – e também do próprio Jeon – e pensar tais coisas novamente resgatou o amor maternal que sempre tivera pelo rapaz, desde quando ele ainda era só um garotinho órfão que acompanhava um boxeador aposentado e galanteador para consultas consigo. Olhar o enteado dormindo tão tranquilo, tão sereno, por um momento, fez HunBee sentir dó dele, mesmo considerando a possibilidade de ele ser um dos seres mais desumanos que já passou pela vida dela.

No entanto, percebeu que o sono dele não era tão pesado e com isso resolveu se apressar. Olhou em volta, sobre a mesa de cabeceira, estantes, prateleiras e cômoda e não viu nem sinal do molho de chaves do rapaz. Já estava quase desistindo do passeio noturno, quando viu a arara próximo a porta do banheiro e a jaqueta que o rapaz sempre usava, pendurada nela. Novamente, cuidando ao Maximo para não emitir qualquer ruído, foi até a peça de roupa, embrenhou a mão nos bolsos e logo encontrou um punhado de chaves, pegou-as e saiu na ponta dos pés do cômodo, dirigindo-se rapidamente para fora do apartamento.

Ao se ver segura quanto a não despertar o sono de Jungkook, passou a revirar o molho de chaves nos dedos, em busca daquela que precisava para tirar o furgão de onde estava, achou-a e imediatamente entrou no veiculo maior, deu partida e deu ré, logo manobrando e estacionando na calçada do outro lado da rua. Enquanto atravessava a via, ainda revirando as chaves de Jeon na mão, uma menor, com uma aparência um pouquinho mais velha que as outras, lhe chamou a atenção.

Praticamente correndo, HunBee entrou no próprio carro, pegou as suas chaves e passou a compara-las, uma por uma, com as do chaveiro do filho e, como já imaginava, aquela chavinha velha não tinha uma copia semelhante no seu molho. Parou para pensar sobre de onde ela seria. Ambos os molhos tinham a chave dos respectivos veículos, sabia que a porta traseira do furgão era inutilizada e a lateral era aberta por dentro, logo não teriam chaves só pra elas, os dois punhados metálicos tinham chaves da porta do bar, do deposito do estabelecimento, da porta frontal do apartamento, dos três banheiros, dos cadeados das quatro janelas mas ainda sobrava aquela chavinha velha. A psicóloga passou a observar o prédio em busca de mais alguma tranca até que seu olhar pousou no beco. Ela não tinha chave do porão.

Novamente se pôs a correr, entrou no breu do espaço entre os prédios rumando diretamente àquela porta. Sua mente – trabalhando com uma velocidade quase insana – criava milhões de motivos para o filho não ter lhe dado acesso àquele espaço. Seu lado materno, obviamente, clamava pela afirmativa de que fora unicamente pelo rapaz não julgar que fosse algo necessário, mas havia algo alem do seu sentimentalismo protetor que lhe dizia que o motivo de tal omissão tivesse raiz na vontade do garoto de lhe esconder algo e foi ainda nessa linha de raciocínio que a mulher encaixou a pequena chave velha no cadeado, forçou-o e viu-o abrir.

Seu coração palpitava no peito, sentia as mãos tremulas e algo lhe dizia para se apressar ali. Tomando todo o cuidado para não fazer barulho, tirou a corrente do orifício feito no concreto e já estava abrindo a porta quando um estrondo se fez na rua e HunBee achou que estivesse em meio a um infarto, tamanho foi o aceleramento das suas batidas cardíacas.

Presumindo aquilo como um sinal divino e temendo que o sono leve do rapaz fosse interrompido, a psicóloga recolocou a corrente no lugar o mais rápido que seus dedos inquietos permitiam, travou novamente o cadeado e foi até a calçada onde seu carro estava estacionado. Viu no quarteirão seguinte um acidente automobilístico explicando o barulho alto que havia escutado e mesmo um pouco mais aliviada acerca de não ter sido descoberta em sua intromissão, ainda tinha em mente que Jungkook pudesse acordar a qualquer momento. A adrenalina alta correndo em seu sangue fez com que imaginasse a pior das reações possíveis caso o Jeon descobrisse que havia lhe roubado as suas chaves e tentando entrar em um local onde ele não havia lhe liberado acesso por vontade própria e tal ideia a fez ter pressa em devolver o objeto metalico no local de origem, então com ainda mais pressa que antes, tirou seu carro da vaga que ocupava, voltou ao furgão, estacionou-o corretamente na vaga ao lado e quando já pensava em subir novamente para o apartamento, sua curiosidade falou mais alto.

“Se Jungkook não me deu a chave do porão, pode realmente ser por esconder algo la. Não custa dar uma olhada mais tarde.”

Com tal pensamento, voltou a boleia do próprio automóvel e se pôs a dirigir apressadamente pelas vias à procura de um chaveiro 24 horas e suspirou feliz por achar um velhinho sonolento escorado em um balcão, mas que lhe atendeu prontamente e em menos de vinte minutos, já dirigia de volta a sua morada, ansiosa para devolver as chaves no lugar que havia pego, rezando para o enteado não dar falta delas antes disso.

Assim que entrou no quarto do garçom, um suspiro aliviado quase lhe fugiu. Jungkook ainda dormia tranquilamente mas quando deu alguns passos dentro do cômodo, viu-o se mexer, então ao invés de atravessar o espaço todo e deixar a chave dentro da jaqueta onde elas estavam, decidiu por deixa-la na mesa de cabeceira, já que era mais perto e novamente saiu do quarto, indo ao seu próprio dormitório para se arrumar, já com a decisão de ir para a delegacia o quanto antes.

Tomou um banho rápido, vestiu-se como de costume e novamente deixou o apartamento em direção ao seu carro e foi quando deu a partida que teve certeza de que deveria ter ficado na cama naquela sexta-feira. Havia se esquecido completamente de abastecê-lo naquela semana e sua busca por um chaveiro a fez ficar sem combustível.

Bufou irritada, desceu do carro esfregando as mãos na face tentando se acalmar e agradeceu por ter estacionado o veiculo na mesma vaga em que estava no começo daquela sua pequena odisseia. Olhou a sua volta, pensou em retirar um pouco do combustível da van do filho, mas ao lembrar que seu carro era movido a gasolina e o do rapaz, à diesel, desistiu da ideia. Passou a cogitar a ideia de aproveitar para ir ate o tal porão, talvez realmente não houvesse nada demais la e quem sabe achasse algum recipiente para ir até um posto de combustível mas quando viu a luz do quarto do Jeon sendo acesa, o medo do filho perceber que havia mexido em suas coisas motivaram HunBee a pegar o primeiro taxi que passou ali, optando por deixar o próprio carro como estava mesmo e pensar o que faria sobre ele mais tarde.

Ainda estava dentro do veiculo, estacionado no sinal há algumas quadras antes de chegar ao seu destino, pensando sobre o que poderia fazer na delegacia tão cedo, quando olhou pela vidraça e se deparou com a fachada do Instituto Cientifico.

Foi bem fácil pra ela decidir fazer uma visita até o local e examinar pessoalmente as provas guardadas ali, então ainda antes do semáforo ficar verde, pagou o taxista, desembarcou e já pegava seu distintivo enquanto subia as escadarias de piso escuro, encontrando uma recepcionista com um ar mal humorado.

Evitando rodeios ou explicações desnecessárias, HunBee apresentou seu documento e pediu para visitar o arquivo de provas dos casos. Mesmo a contragosto por parte da outra funcionaria, sua passagem foi liberada e sem mais delongas, a psicóloga rumou a sala indicada, imediatamente procurando pelos nomes que já havia visto na delegacia e pelo numero que sabia ser o designado para aqueles casos em especifico, por entre aquela infinidade de armários, prateleiras, gavetas e pastas todas dispostas numa sala que com certeza era maior que todo o prédio onde ela e o filho moravam.

Retirou sua agenda da bolsa, espalhou as pastas que encontrou como sendo dos casos por toda a mesa e passou a ler atentamente, analisar friamente e tentar traçar um perfil o mais perto do exato possível para aquele assassino. Percebeu que as copias que tinham no escritório de Hoseok não eram nem cinquenta por cento de tudo que os legistas haviam angariado e justificou mentalmente aquilo com o fato de os três colegas terem visitado as cenas dos crimes, por isso não precisariam de tantos papeis la, já que suas memórias eram boas o suficiente para não precisar visualizar tais notas frequentemente, mas ela havia pego o caso em curso, então precisava sim anotar tudo o que via de novo no instituto.

Já estava escrevendo no fim da nona folha do seu caderno quando sentiu o estomago roncar e olhou para o relógio, vendo que já passava das 10 horas da manhã. Levantou-se de sobressalto, agilizou a tarefa de reorganizar os documentos para guarda-los novamente tentando pensar que desculpa daria para NamJoon caso questionada sobre o atraso. Não teria como mentir, afinal sua entrada no arquivo havia ficado registrada no livro de controle de acesso, então teria que falar a verdade e rezar para o delegado não questionar o motivo para tal visita, principalmente sem a companhia dos demais investigadores do caso.

Tentava guardar as pastas nas gavetas com o maior cuidado possível para que nada saísse do lugar pretérito e toda a ordem documental fosse mantida e sorriu satisfeita com o fim da atividade, rumando para a saída do espaço, já pensando em voltar num outro momento quando, na porta da sala, esbarrou com o estagiário do local.

O rapaz carregava consigo uma caixa de acrílico transparente com um adesivo contendo o numero dos seus casos na frente e uma serie de objetos depositados em sacos plásticos lacrados. Por um pequeno descuido do menino, os ombros deles se chocaram e isso fez o foco da visão da mulher parar justamente no conteúdo do tal recipiente. Ele sorriu apologeticamente, se curvou e se apressou embrenhando-se pelos corredores para o fundo do arquivo, mas dentro da caixa que ele carregava, havia algo que lhe chamou muito a atenção.

Uma garrafa térmica familiar demais para continuar mantendo tudo na sua cabeça como uma simples coincidência.

Hunbee tentou reencontrar o rapaz de forma discreta. Não queria que ninguém ali soubesse o que estava fazendo exatamente, por isso não quis perguntar do estagiário para ninguém. Andou por um bom tempo pelos corredores do espaço do arquivo, correu ali em alguns momentos, mas o menino parecia ter se desfeito em meio ao ar como fumaça e sentindo o cansaço lhe vencer, decidiu que aquela caixa também estaria inclusa na lista de coisas que iria analisar melhor quando voltasse ao instituto em outro momento, e assim, resolveu ir de uma vez para a delegacia, antes que alguém questionasse sua demora em iniciar o expediente.

Resolveu andar à pé as quatro quadras que a separava do seu destino e ao chegar, foi diretamente à sala de Hoseok, encontrando tanto YoonGi como SeokJin com um ar serio e expressões sisudas nos rostos. Questionou se estava tudo bem e como já esperava, a resposta veio seca da parte do Min dizendo que Jung estava abandonando o caso momentaneamente por motivos pessoais. Uma parte de si ficou chateada com o mais novo de todos pelo que pensou ser falta de profissionalismo dele, afinal, ao seu ver, não se devia colocar assuntos particulares acima do trabalho, mas imediatamente se viu pensando sobre o quanto ele não deveria estar certo e até cogitou em fazer o mesmo, Já que não seria nada saudável para sua saúde mental, descobrir que o próprio filho era um assassino e que teria que coloca-lo atrás das grades.

Tentando afastar tais pensamentos, foi ao arquivo da sala, pegou as pastas com os relatórios e depoimentos, pegou sua agenda e sentou-se em uma mesa posicionada no canto do local. Se forçava ao Maximo em se focar nos papeis a sua frente e tinha vontade de chorar a cada linha lida ou escrita por perceber cada vez mais a personalidade do próprio filho escrita ali.

Foi com uma felicidade quase exultante que ouviu o convite de SeokJin, algum tempo depois, lhe chamando para almoçar. Aceitou o convite de bom grado e durante a refeição feita no restaurante que havia no quarteirão seguinte, tentou se focar na conversa com o rapaz que lhe contava sobre sua vida antes de chegar a delegacia e depois sobre como fora o inicio do seu relacionamento com o delegado e Hunbee retribuía o dialogo lhe contando o que podia sobre sua vida no Japão e sobre como havia se envolvido com um boxeador aposentado. Logo eles voltaram ao trabalho, ainda conversando de forma animada e em meio a risadas oriundas das falas de Jin, tomaram um cafezinho na recepção onde encontraram NamJoon já de saída a caminho do Fórum onde teria que levar alguns papeis.

Mas foi quando chegaram a sala, que a psicóloga notou que algo não estava de um todo certo com os parceiros de equipe. Assim que entraram no recinto, YoonGi estava sorridente, - com o humor totalmente oposto ao que carregava antes da pausa para almoçarem - brincando na cadeira de Hoseok, e logo que o acobreado pôs os olhos no investigador, chamou-o para o café e a surpresa da mulher foi o fato de SeokJin aceitar o convite mesmo tendo recém tomado uma dose de tal bebida.

Hunbee sentou-se na cadeira que estava antes, debruçou-se sobre as anotações e aguardou até que ambos  saíssem para só depois segui-los. O Min e o Kim já estavam adiantados no corredor e falavam aos sussurros quando conseguiu se esgueirar por uma das portas do espaço e ouviu a confirmação de todas as suas suspeitas.

“- Eu ainda quero saber como ele fará para instalar câmeras na casa e no bar do Jungkook sem ele perceber.

- Isso é problema dele. Parece que ele tem uma vã com decalques de uma operadora de TV a cabo e provavelmente usará isso como desculpa para adentrar a casa do Jeon. O que me preocupa é HunBee e a possibilidade de sermos descobertos...”

As falas, primeiro de Jin e depois de YoonGi, deram a Hunbee uma certeza: Ela não era a única que via o filho como um assassino e agora, mais do que uma suspeita, os colegas estava agindo de fato para pegar o rapaz e ela realmente não sabia como agir ou o que fazer.

Correu de volta para a sala, voltou a fingir trabalhar mas de fato não conseguia, então quando o expediente se findou, apressou-se em voltar para casa. Sorriu aliviada por ver o bar aberto e saber que o filho ficaria trabalhando até tarde e assim, limitou-se a um bom banho quente, uma refeição rápida e deitar-se para dormir, afinal estava exausta e sonolenta por ter levantado-se demasiado cedo.

No sábado, novamente foi desperta antes do normal por conta das preocupações que envolviam Jungkook. Não hesitou em sair da cama, começar o dia e tentava se preparar psicologicamente para enfrentar o garçom sem que ele percebesse todo o tormento que sua mente e seu coração de mãe guardavam.

Decidiu que o agradaria, mediria o comportamento dele e tentaria se aproximar ainda mais para sondar-lhe acerca do que pensava e optou por começar com um “café da manhã em família”, já se pondo a cozinhar.

Estava entretida com as panelas quando seu despertador tocou. Foi ao quarto desliga-lo, voltou a cozinha e logo depois o Jeon apareceu. As olheiras demonstravam que ele havia dormido pouco e o olhar do rapaz sobre si parecia o de quem estudava algo, procurava alguma coisa, e tendo em mente que não havia deixado suas chaves no lugar em que estavam, pensou que talvez ele estivesse desconfiado de algo, então tentou ser o mais carinhosa possível e atenciosa com ele tendo a intenção de fazê-lo esquecer tal fato e pelo ar leve que o rapaz assumiu minutos depois, percebeu ter surtido o efeito desejado.

A refeição se seguiu tranquila por fim. HunBee fez questão de manter um certo dialogo enquanto comiam e logo que acabaram de se alimentar, Jungkook disse ter coisas a resolver no bar e ela aproveitou o ensejo para dizer que iria descansar ou ler algum livro e logo caminhou até seu quarto, pegou um exemplar qualquer da prateleira e se deitou em sua cama, atenta a todos os sons da casa.

Quando escutou a porta frontal se fechando percebeu e toda a morada quieta aguardou mais alguns minutos, levantou-se, pegou sua bolsa e de dentro dela, retirou a copia que havia feito da chave do porão. Saiu do quarto a passos silenciosos, observando a sua volta para saber se o enteado havia mesmo saído e após ter confirmação disso, foi ate a porta da frente, abriu-a com cuidado e ao colocar a cabeça para fora, viu-se sozinha no beco. Desceu as escadarias como havia feito na madrugada do dia anterior, apoiando-se no corrimão para que seu caminhar não a denunciasse e logo se viu diante do porão. A copia destravou o cadeado e assim a porta se abriu. HunBee entrou, fechou a porta mais ou menos como estava antes de chegar e imediatamente amaldiçoou-se por não ter pego uma lanterna. Era quase impossível enxergar algo no local tamanha era a escuridão, então pé ante pé foi caminhando, tateando a bancada até que ouviu alguém mexendo na porta. O medo lhe cobriu de cima a baixo. A possibilidade de ser descoberta por Jungkook fez com que a senhora corresse para traz do que pareciam mesas velhas e logo percebeu que não era o filho que entrava no recinto.

A psicóloga estreitou os olhos tentando ao Maximo ver quem era o tal desconhecido, até conseguiu ver bem através da réstia de luz que entrava pela fresta da porta aberta, a fisionomia do homem de cabelos claros que lhe pareceu familiar, mas não lembrava de onde e observou enquanto ele andava pelo espaço. Viu quando ele se assustou com algo e derrubou no chão, fazendo um barulho alto ecoar pelo lugar e depois pode percebê-lo estranhando outro objeto que não conseguira identificar, vindo em sua direção para chegar no filete de luz que entrava pela porta e pelo vidro quebrado acima dela e ao nota-lo se aproximando de si, automaticamente deu um passo para traz e isso fez uma pilha de algo que não sabia o que era, despencar no chão, causando um som ainda mais alto do que o provocado pelo outro invasor.

Novamente o medo cobriu a senhora quando o rapaz começou a caminhar dessa vez diretamente para si, seus olhos estavam mais estreitos e isso lhe dava certeza de que o homem procurava enxergá-la e já se preparava para ser descoberta quando ouviu uma voz do lado de fora gritando um nome e suspirou aliviada quando aquele cara pareceu desistir da própria curiosidade e saiu finalmente do espaço.

“Jackson”

De onde conhecia aquele nome? Naquela hora HunBee não saberia responder tal questão e julgando que já havia tido sorte demais em não ter sido pega naquele porão, resolveu que era hora de deixar sua própria curiosidade de lado também e sair dali, trancando novamente a porta e subindo a escadaria apressadamente para se trancar no seu quarto exatamente como havia dito que faria durante todo aquele dia.

No entanto, aquele nome ecoava em sua cabeça constantemente. Abandonou a ideia do repouso e da leitura e cuidadosamente foi ao quarto de Jungkook pensando sobre de onde conhecia o rapaz, já tendo em mente a ideia de que haviaa alguma ligação com filho, presumindo tal laço pela liberdade do rapaz em invadir o porão, cogitando que, mesmo que o loiro não fosse realmente amigo do Jeon ou tivesse autorização para ir ao cômodo, sabia dele de alguma forma.

Abriu os armários do quarto, com todo o cuidado possível para não tirar nada da ordem enquanto procurava alguma agenda de contatos, algum álbum de fotografias, qualquer coisa que pudesse colocar alguma luz sobre a identidade do outro invasor e foi na ultima gaveta da cômoda que achou todas as respostas.

O quadro de formatura do ultimo ano do colégio de Jungkook.

Pode ver todas as fotografias diminutas dos colegas, organizadas por ordem alfabética. Reconheceu o enteado de imediato, olhando um pouco mais viu o rosto redondo de Jimin e seu peito apertou ao recordar do menino gordinho e até parou alguns minutos para se questionar sobre seu possível paradeiro. No canto da moldura haviam as honras ao time de basquete da classe e foi a primeira foto que lhe fez lembrar de onde conhecia o rosto que havia visto no subterrâneo. A inscrição embaixo da imagem dizia “Jackson Wang – Capitão do time de basquete da escola” e a data da formatura e ali teve certeza que sim, conhecia mesmo o rapaz que na época não agradava-lhe em nada ser tão amigo de seu rebento.

Depositou novamente o quadro no lugar que estava, e agora com a consciência mais tranquila acerca de saber que de fato aquele invasor não era uma pessoa randômica qualquer, se pôs a descansar novamente, afinal a semana que se seguiria não seria em nada tranquila.

 

~~

 

Após achar que havia se divertido o suficiente com a arma, Jungkook devolveu-a ao envelope e rumou para fora do bar, com o intuito de guarda-la juntamente aos seus outros “brinquedos” no porão.

Caminhou pelo beco sentindo-se um pouco receoso, com medo de ser visto. Mesmo sabendo que ninguém reconheceria a arma dentro do pacote pardo, sentia como se estivesse sendo vigiado então apressou-se em sacar a chave do bolso e abrir o subterrâneo, enfiou a mão por debaixo da bancada onde ficava um interruptor improvisado e escondido, apertou-o e a luz espalhou-se pelo local.

Bingo!

Ele estava sim certo em suas suspeitas. O taco de beisebol que havia posicionado em frente a porta, agora estava bem distante do local de origem e virado no sentido contrario. Impossível ter rolado sozinho até onde estava e virado em seu próprio eixo, ou seja, realmente alguém estava invadindo seu santuário. Depositou o embrulho sobre a bancada, caminhou lentamente, com as mãos na cintura e uma certa irritação lhe franzindo as sobrancelhas, observando milimetricamente todo o cômodo. Se alguém havia entrado ali, poderia ter mexido em suas coisas e sua suspeita se confirmou ao ver a corda que havia usado no seu ultimo crime, desenrolada.

“Quem foi o intrometido que mexeu nas minhas relíquias” – Se perguntava.

Olhou para o fim do porão, onde guardava os restos da mobília do bar e viu toda a sua coleção de tacos de sinuca, caídos no chão, teve certeza que a pessoa havia explorado todo o espaço e foi quando voltou a atenção para o armário que estava exatamente do seu lado que seu sangue gelou.

As fotos das suas obras de arte estavam espalhadas e fora de ordem.

“O que a foto do Shindong ta fazendo no topo da pilha?”

Mais que a raiva por ter sido violado em sua privacidade, Jungkook sentiu medo. Se alguém havia mexido nas fotografias, esse alguém obviamente teria ciência do que elas estampavam e o que significavam e isso poderia lhe levar para a cadeia. Pegou todas as fotos de dentro do armário e contou-as diversas vezes até suspirar aliviado. Nenhuma havia sumido.

E notar que todas estavam ali, lhe levou ao pensamento de que se alguém havia entrado em seu espaço pessoal, mexido em suas coisas, descoberto o que fazia, e não levado prova alguma consigo, então essa pessoa voltaria. Mas quem se sentiria em tamanha liberdade sobre entrar e sair do porão de um prédio que alem de ter um comercio funcionando nele, ainda era habitado?

Do mesmo modo quase que automático que as perguntas se fizeram, sua mente as respondeu:

“Alguém que também mora nesse prédio!” E foi instintivo seu ato de olhar para cima, seus olhos encararam o teto, mas sua cabeça visualizou uma senhora de sorriso doce e calmo que naquele momento estava deitada lendo um belo romance em seu quarto.

Pé ante pé, Jungkook subiu para o apartamento, Cuidou ao Maximo para não fazer barulho e ao se ver totalmente dentro do local, ouviu sons vindos do seu quarto. Esgueirou-se pela sala e viu sua porta aberta com a madrasta andando de um lado para o outro, aparentemente procurando algo que àquela altura, nem queria saber exatamente o que era. Viu ela mexer na sua cômoda, gaveta por gaveta e um suspiro audível escapou dela. O garçom estava quase entrando para surpreende-la em seu ato, quando percebeu que ela andava pelo quarto segurando alguma coisa e ao notar que estava de frente para si, rapidamente se escondeu na sala. Mesmo sem entender porque, o Jeon achou que talvez não fosse bom para ele que a madrasta soubesse da sua ciência quanto a todas as invasões que ela fazia. Por um segundo ponderou que se de fato era HunBee que estava entrando no seu santuário, ela saberia demais de si para coloca-la em uma situação desconfortável. Teria que fazer ela achar que estava segura, e invadir o quarto “pegando-a em flagrante” mexendo em suas coisas, obviamente a assustaria então imediatamente foi ao banheiro, trancou-se ali e ficou prestando atenção aos sons externos até ouvir a porta do quarto dela – de frente para o cômodo onde estava no momento  – se fechando.

Após se sentir seguro quanto a deixar o lavabo, Jungkook voltou ao próprio dormitório. Olhou dentro de cada armário e não deu falta de nada. Foi até a cômoda e na ultima gaveta, viu seu quadro de formatura desalinhado e entendeu exatamente o que a psicóloga havia visto, só não entendia o porque dos suspiros. Se pôs a pensar se ela talvez tivesse descoberto algo quanto a Jimin ou qual seria a motivação dela para procurar tal objeto, mas nada lhe ocorria e por fim achou que francamente, aquilo não tinha importância alguma, afinal, era só seu quadro de formatura.

Mas sua mente ainda estava incomodada quanto ao porão. Sabia que ninguém mais tinha a chave para aquele cadeado e foi com essa lembrança que se recordou do seu molho fora do lugar. Pensou que Hunbee talvez tivesse pego, mas como ela estaria mexendo no porão em um horário em que sua chave estava consigo? Refez a sequencia dos fatos na cabeça. Havia visto a corrente desarrumada, depois viu a chave fora do lugar, foi ao porão e arrumou o taco em frente a porta e depois foi ao bar e no bar, ficou com a chave as suas vistas o tempo todo, então ficou bem obvio que, se sua madrasta havia entrado no subterrâneo nesse meio tempo, ela realmente tinha uma copia também. Estava tudo resolvido, era só achar tal chave para ter certeza se era ela mesma que estava visitando-o ou não. Se ela tivesse uma, era culpada, se não tivesse, inocente. Simples como dois e dois são quatro.

Foi ao banheiro do próprio quarto, pegou um frasco de remédios para dormir que não usava ha muito, mas sempre tinha consigo caso seus pesadelos voltassem a lhe atormentar, pegou uma capsula e as ingeriu. Era fim da manhã ainda e teria bastante tempo antes de acordar e abrir o bar para o expediente noturno, e foi exatamente o que fez.

Jungkook dormiu durante a tarde toda. Acordou por volta das 20 horas e encontrou a madrasta sentada no sofá assistindo televisão. Cumprimentou-a brevemente e desceu para o bar e a cada minuto que passava, mais ansioso se sentia para a madrugada se fazer logo e ele poder executar o plano que tinha em mente e que na verdade era bem simples.

Iria invadir o quarto da mulher e procurar a chave enquanto ela dormia.

No entanto, seus planos foram prontamente frustrados quando fechou o bar já perto das quarto horas da madrugada, subiu ao apartamento, e a senhora ainda estava acordada assistindo televisão, do exato mesmo jeito em que estava quando saiu.

Tentando não bufar, o Jeon foi ao seu quarto tomar um banho para relaxar. Tinha que achar um jeito de invadir o dormitório dela sem ela perceber mas HunBee acordada tornava isso impossível e foi então que teve a ideia que julgou ser a melhor do dia novamente. Olhou as capsulas do seu remédio para dormir que ainda estavam sobre a sua bancada. Sabia que seu efeito não era muito rápido, mas era realmente eficaz quanto não deixar a pessoa que o tomasse acordar no meio do efeito. Imediatamente pegou um pedaço de papel higiênico e esticou sobre a bancada, pegou três capsulas, passou a lamina do seu barbeador no meio de cada uma delas e depois despejou o pó sobre o papel e enrolou-o, de forma que se parecesse um pequeno pacotinho.

Jungkook estava realmente fazendo força para não sorrir. Voltou ao próprio quarto, se vestiu despreocupadamente e colocou a trouxinha no bolso da sua calça de moletom. Saiu do cômodo secando os cabelos, rumou a área de serviço da casa fazendo questão de passar pela mulher com o ar mais tranquilo que conseguia expressar no rosto e la estendeu sua toalha, logo voltando para a direção da cozinha.

- Vou fazer alguma coisa pra comer, to com fome. – Anunciou e logo viu a mulher lhe olhando sobre os ombros, ainda sentada no sofá que ficava entre a bancada da cozinha e a estante da televisão.

- Tem um pouco do que eu fiz de almoço num pote, dentro da geladeira. – Respondeu já voltando a atenção para a tela e Jungkook se viu sutilmente irritado pois no roteiro em sua cabeça, ela deveria querer comer consigo, assim colocaria o medicamento em sua comida.

- Quer comer alguma coisa? Quer que eu faça algo pra você? – Perguntou tentando soar prestativo e sorriu feliz com a resposta.

- Me alcança um copo de suco, eu já comi mais cedo.

Com uma alegria gostosa lhe tomando o peito, o rapaz tirou a jarra da geladeira depositando-a na pia, completou um copo com uma quantia significativa do liquido e aproveitando para esconder suas ações com o próprio corpo, desfez o envelopinho improvisado derramando todo o pó que havia angariado dos seus medicamentos, pegou uma colher dentro da gaveta e mexeu até ver todo o pó dissolvido e prontamente entregou para Hunbee que ainda se mantinha totalmente alheia a sua existência no recinto. Outro sorriso imenso estampou-se no rosto do garçom, ao vê-la ingerindo todo o suco e logo em seguida devolvendo-lhe o copo, agradecendo gentilmente e fazendo algum comentário sobre como o filho era gentil, tudo isso sem nem tirar o olhar da tela.

Sentindo-se ansioso para ver o efeito da medicação, o moreno voltou para a geladeira, pegou seu alimento, aqueceu-o no micro-ondas e comeu-o com calma, observando as janelas estamparem de forma fraca o sol que começava a querer nascer. Olhou para o relógio e viu já ser quase seis horas da manhã e ainda olhando o marcador de tempo, sentiu um beijo no topo da cabeça.

- Mamãe ta indo dormir, filho. Fecha a porta quando for também.

“Ponto para mim!” – Pensou.

Aguardou mais um tempo na cozinha, limpou sua bagunça, organizou as coisas sobre a mobília da copa e da sala e quando ouviu o ronco alto da psicóloga, caminhou até o quarto dela. Não havia objeto algum sobre nenhum móvel, não havia nada nos bolsos dos casacos pendurados atrás da porta e já estava bem irritado quando não viu qualquer sinal de chave alguma em sua bolsa e já estava quase “inocentando-a” dentro de sua cabeça quando embrenhou a mão mais um pouco em um dos compartimentos externos do acessório e de la, tirou o que identificou ser o cartão de credito da mulher e dobrados envolta dele, duas notinhas. Curioso quanto ao que poderia ser, viu a primeira sendo emitida pela companhia de Taxi do bairro. Olhou atentamente tentando achar mais informações e viu que havia sido efetuado tal pagamento no inicio da manhã da sexta-feira. Não deu importância, afinal havia visto o carro dela abandonado na calçada nesse dia, enfim, nada de novo. Mas foi a segunda nota que fez seu peito queimar em ódio.

A razão social do estabelecimento emissor constava como “Chaveiros Frank e Cia LDTA”. Colocou uma nota ao lado da outra e viu a segunda sendo do mesmo dia com pouco mais de uma hora de antecedência para a primeira nota e tudo fez sentido para ele.

Imediatamente Jungkook percebeu que suas chaves haviam sido usurpadas naquela madrugada, a madrasta foi ao chaveiro, presumiu pelo valor baixo que a mesma fez uma copia – que tinha quase certeza de qual chave era – e depois pegou um taxi e foi trabalhar. Provavelmente nesse meio tempo ela havia mexido nas correntes, talvez nem tivesse entrado, ou se tivesse, não havia conseguido ver muita coisa já que pelo horário da nota do taxista ela tomou tal condução ainda na madrugada e o interruptor de luz do porão ficava oculto, mas o mais importante era: HunBee tinha sim um acesso ao seu recinto e foi se questionando sobre onde tal copia estaria que percebeu a mulher deitada ainda com seu roupão e com a mão em um dos bolsos.

O Rapaz agradeceu aos céus pelo sono pesado oriundo dos químicos que ela tomara sem saber e imediatamente foi até a cama, pegou o pulso dela e viu que a senhora segurava algo. Abriu os dedos dela com uma certa dificuldade e viu um pedaço de metal brilhante caindo da sua palma sobre o colchão. Sem titubear, pegou a chave, correu para fora do apartamento e desceu os degraus de dois em dois, indo diretamente para a porta do porão, encaixou a chave no cadeado e girou, fazendo a corrente cair solta contra a parede, e saber com certeza absoluta que a madrasta tinha as chaves da porta do seu santuário o fez cair em si.

Hunbee trabalhava para a policia. Havia visto ela conversando com SeokJin e posteriormente com YoonGi e a mulher parecia realmente ter contato com eles já que não havia muita formalidade em seus tratos e isso lhe deu a certeza de que a madrasta mentira quanto a sua real função na delegacia. Alguém havia entrado no porão e obviamente visto as fotos dos crimes e tudo isso o fez sentir um temor imenso.

Jungkook se arrepiou só de se imaginar preso. Tudo se encaixou em sua cabeça com perfeição e quase conseguia ouvir a voz da madrasta lhe dizendo que havia descoberto que ele matava as vitimas dos casos dos “três patetas” – isso se ela não estivesse inclusa e o nome real do grupo não devesse ser “quatro patetas” – e sabendo quão profissional a mulher era, foi inevitável uma única ideia lhe ocorrer.

“Preciso tirar HunBee do meu caminho.”

Mais do que o medo de ser preso, mais do que o temor de ir parar atrás das grades até o fim da vida. Jungkook pensou que se isso acontecesse, se a madrasta o entregasse, ele não conseguiria fugir com Jimin e a fuga não era algo que poderia adiantar ainda mais. Teria que esperar pelo menos até na segunda-feira para sair da cidade e talvez não tivesse tanto tempo hábil para isso, fora que, mesmo ele sumindo, ela ainda teria aquela informação e a acusação das mortes só seriam ainda mais afirmadas com a fuga, então outra ideia lhe ocorreu.

“Esse segredo tem que ser enterrado” – E mais uma vez sem nem titubear, tomou uma decisão. Mataria HunBee.

No entanto, não era algo tão simples. Atirar na mulher – como havia sido sua primeira ideia, motivado pela vontade de “estrear” seu brinquedo novo – obviamente puxaria todas as suspeitas para si, já que ela dormia tranquilamente dentro de casa, onde somente eles dois tinham acesso. Respirou fundo tentando se acalmar e clarear as ideias. O Jeon sabia que não poderia ser precipitado, não poderia por tudo a perder naquele momento, e em meio a todas aquelas ideias borbulhantes na sua cabeça, a que julgou ser a melhor de todas lhe ocorreu.

Se ela morresse dormindo, ninguém perceberia, mas depois fariam exames e notariam envenenamento, logo o incriminando novamente, mas isso poderia levar dias ou até semanas e até la, ele estaria longe há tempos, isso se descobrissem que havia sido de fato uma intoxicação e não uma morte natural qualquer, comum em senhoras da idade dela. Sim, a envenenaria, mas com o que? Pensou no medicamento que havia usado para que dormisse, mas sabia que ele era fraco demais para matar alguém e foi então que se lembrou de uma matéria que havia visto naquela mesma semana sobre combustíveis alternativos para veículos de grande porte.

“Quem diria que um componente do Biodiesel iria me salvar?”

Subiu ao apartamento, devolveu a copia de HunBee exatamente como estava, foi ao próprio quarto e pegou um casaco qualquer e as chaves do furgão e dirigiu com tranquilidade pela capital. Já era próximo às sete horas quando saiu de casa, então estacionou num posto de gasolina, pediu para completarem o tanque, entrou na conveniência e tomou um café da manhã reforçado. A única coisa que conseguia pensar era em como sua mente agia de forma genial e o orgulho lhe tomava por completo.

Quando percebeu que já eram oito horas, entrou novamente no veiculo. Dirigiu-o até parar em frente a um estabelecimento que Havia ido apenas algumas vezes, mas devido a diversos contatos telefônicos, uma certa simpatia havia surgido entre Jungkook e o dono.

A primeira vez que o garçom fora até a floricultura - a maior da cidade, próximo ao parque central -, fora quase dois meses atrás. Tinha um encontro marcado com Shindong naquela tarde e ao passar pela vitrine e ver aquela espécie de rosa branca exposta, fez questão de compra-la para presentear o garoto. Mais tarde comprou mais algumas e deixou-as dentro do freezer do bar para não estragarem e nessa ultima vez que visitara a floricultura, viu o furgão do seu dono, a venda. Conversou com o proprietário, demonstrou interesse no veiculo – que julgou perfeito para o que desejava fazer – e mais alguns contatos depois, o utilitário passou a ser seu e sempre que tinha alguma duvida, procurava o antigo dono, sendo prontamente atendido.

Naquele dia não foi diferente. Apesar de ser um domingo de manhã, o velho lhe recebeu sorrindo enquanto conversavam sobre as maravilhas dos veículos maiores até o mais novo dizer que procurava alguma planta ornamental que desse um ar tropical ao bar. O Floricultor lhe mostrou diversas espécies de folhagens, mas Jungkook procurava uma em especifico e seus olhos brilharam quando viu um exemplar ao lado do caixa, com suas pequenas e espinhentas frutinhas penduradas.

- Tem certeza que vai querer uma Mamona*, Jungkook? Temos tantas outras folhagens mais bonitas... – Questionou o velho com o cenho franzido, mas ainda sorridente.

- Na verdade ela é perfeita! Sabia que no Canadá essa planta tem sido tendência quanto a decoração? Vai combinar muito bem com o bar num todo! – Respondeu retribuindo o sorriso, já efetuando o pagamento e sendo ajudado pelo velho a carregar a planta grande para dentro do furgão.

O Garçom se despediu, assumiu a boleia do veiculo e dirigiu mais alguns quarteirões até parar em frente a um terreno baldio. Passou para a parte de trás do utilitário e com uma sacolinha plástica nas mãos, colheu todos os frutos da planta, amarrou em um pacote cuidando ao Maximo para não encostar nelas e logo abriu a porta lateral e chutou o vaso para fora, dispensando-o exatamente onde estava.

Quando chegou em casa, cogitou a possibilidade de guardar aquelas sementes no porão, mas já não o via como um lugar seguro, então subiu ao quarto e embrenhou o saco toxico em meio as roupas velhas que estavam separadas para doação, confiante de que ninguém mexeria ali. Sentou-se na cama, pegou seu notebook no colo e passou a pesquisar sobre como extrair Ricina do fruto da mamona e sorriu feliz ao notar que o processo era ainda mais simples do que imaginava e o melhor de tudo: Seu efeito não era imediato, então poderia adicionar o composto a alimentação da senhora, ela comeria, sairia trabalhar normalmente na segunda-feira, e só passaria mal após o almoço e provavelmente morreria antes do sol se por.

Já era metade para o fim da tarde quando desligou o computador, levantou esticando as costas e deixou o apartamento com destino a panificadora mais próxima. La, comprou um rocambole grande, com uma aparência ótima e voltou para casa. Foi ao quarto da madrasta e ao vê-la dormindo tão pesadamente, chegou a pensar que talvez tivesse exagerado na dose do remédio, mas a verdade era que estava bem feliz, pois assim poderia preparar tudo o que precisava para solucionar aquele se probleminha em definitivo.

Jungkook fez conforme os artigos virtuais falavam. Pegou quatro das frutinhas e colocou em um pacote plástico, levou ao micro ondas e deixou la por um bom tempo. Após vê-las no ponto que as imagens indicavam, despejou-as no processador e triturou-as até elas virarem uma espécie de pasta e novamente devolveu ao micro-ondas. Depois de estarem bem sequinhas, processou-as de novo, dessa vez até virarem pó.

Já com aquele pó em mãos, pegou o rocambole, colocou-o sobre a mesa da cozinha, desenrolou o doce e jogou todo o pó onde ficaria mais ou menos a primeira fatia. Enrolou novamente a sobremesa e depois cortou o pedaço envenenado, colocou num prato e jogou todo o resto no lixo. Colocou o rocambole da madrasta na geladeira e limpou toda a bagunça que havia feito e depois desceu as escadas levando o lixo na caçamba que ficava ao lado do prédio.

Decidiu por fim, que dormiria. Talvez HunBee acordasse de madrugada e saísse de novo, talvez ela até fosse ao porão, talvez levasse suas fotos para a policial, mas não era como se tivesse importância, afinal logo ela estaria morta de qualquer forma caso comesse aquele adorável bolo enrolado.

E foi com uma felicidade imensa que Jungkook acordou naquela segunda-feira, ouvindo HunBee cantarolando pela cozinha e ao chegar até ela, quase saiu dando cambalhotas de feliz ao vê-la sorridente segurando o prato em mãos e rapidamente devorando tudo com o auxilio de uma colher.

- Eu não acredito que o filhotinho da mamãe lembrou do doce favorito dessa velha aqui e comprou só pra mim! – Ela levantou-se e lhe beijou a testa, logo sorrindo fraco.

- Que bom que gostou do Rocambole! Eu lembrei que você gostava mesmo e comprei ontem pra você comer comigo, mas você dormiu o dia todo... – Disse fingindo um tom magoado na voz e logo foi abraçado pela mulher

- Nem eu sei o que deu em mim para ter dormido tanto! Acho que meu trabalho ta me matando! – Falou suspirando e logo depois de comer, depositou o prato na pia, se despediu do filho e foi para o trabalho.

“Muito obrigado por ter entrado na minha vida e tentado me ajudar, viu?!  Sou muito grato a você sim, mamãe, mas prioridades são prioridades, e você está longe de ser a minha atualmente.”


Notas Finais


Mamona = http://plantas-medicinais.me/wp-content/uploads/2010/12/42.jpg

Ok, ja vou começar me desculpando pq, ao contrario do que eu pensei que fosse acontecer, esse capitulo não mostra todo o "lado B" dessa fase da Fic, ficou realmente algo inteiramente HunBeeXJungkook mas ainda sim fiquei feliz com ele porque explica varias lacunas que estavam ficando.
Quero parabenizar todos vocês que acertaram quanto a quem era o invasor e vamos nos preparar para saber se o FDM JK conseguiu o que queria com o seu plano.
LEMBRAM QUANDO EU FALEI DO EGOISMO DO MENINO JEON E QUE ISSO FICARIA BEM CLARO QUANDO A MÃE DELE APARECESSE????
POIS
É...
Triste isso, mas enfim, estamos falando de um louco né?
Ja quero adiantar que não sei quando o proximo capitulo vai sair. Eu estou escrevendo ele nesse exato momento e postarei assim que ficar pronto e ja vou pedindo desculpas pelos comentarios que não foram respondidos e prometo-lhes responder todos (inclusive os desse capitulo aqui) Até domingo a noite.
Enfim, gente do céu... EU nem sei mais como agradecer e frisar pra vocês sobre o quão feliz eu estou com a repercussão de BCR.
440 favoritos, 15364 views, 345 coments... São numeros tão grandes que me deixam em choque, mas ainda assim nem se compara ao amor que eu sinto por cada um de vcs (inclusive os fantasminhas que me ignoram oaskoaskoaska) E principalmente, ao amor que vcs me dedicam com cada palavra de carinho e cada demonstração de afeto que chega a mim, seja por aqui ou pelo twitter.
Alias, quem ainda não me segue, fica aqui pela trigésima segunda vez, o link para vcs me acompanharem e nós fazermos aquele make love delicia fora do SS.
Como disse nas notas oficiais, hoje tenho um pouco de pressa e o motivo disso é:
TIA ASH ESTA EM MEIO A UM SURTO DE INSPIRAÇÃO
Então vamos aproveitar pq esses momentos são raros e precisam ser apreciados ao maximo por mim para que vcs tenham um final tão bom quanto dizem que foi a fic toda.
Tenham uma semana linda maravilhosa e cheirosa e nunca se esqueçam do quanto a tia Ash ama cada um de vcs ae o/
Até o proximo capitulo
KissKiss
~~Ashmedhai


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