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História Between Coffees and Roses - A Execução dos Planos


Escrita por: Ashmedhai

Notas do Autor


Olha... Ter o que falar eu até tenho viu... Mas vou deixar para as notas finais.
Boa leitura a vcs o/
KissKiss
~~Ashmedhai

Capítulo 34 - A Execução dos Planos


Fanfic / Fanfiction Between Coffees and Roses - A Execução dos Planos

A Execução dos Planos

 

- Isso foi um pedido de namoro? – Questionou o moreno desgrudando a bochecha do tórax do legista e erguendo o olhar em direção ao rosto do Min, apreciando o sorriso doce e sincero que o mais velho trazia na face.

YoonGi ainda se sentia entorpecido pelo recente orgasmo, seu corpo ainda estava suado, assim como o de Taehyung, e por uma fração de segundos, fechou os olhos apreciando a memória recente daquela transa depois de ter conseguido tirar seu ultimo peso dos ombros. Estava feliz como não se lembrava de ter se sentido antes e também surpreso, afinal não imaginava que o maior fosse aceitar tão bem a sua historia de ter ficado com outra pessoa depois dele. Percebeu ali o peso das palavras que havia proferido, o significado daquelas confissões todas e apesar de sempre ter sentido medo daquele titulo, se precisasse sustentá-lo para ter o Kim perto de si, o faria.

- Ok, eu sei que não foi o mais convencional possível, mas se ficarmos juntos significa namorarmos, sim, quero que seja meu namorado. – Falou baixinho, quase que com um sussurro enquanto acariciava sutilmente os cabelos castanhos, aproveitou com regozijo a imagem daquele sorriso quadrado imenso que o garoto estampou na face e quando percebeu-o sem palavras, resolveu afasta-lo um pouco do seu corpo, sentou-se na cama e puxou-o para se sentar também, segurou a mão do moreno e lhe olhou no fundo dos olhos vendo-o sorrir. – E você, Tae? Você quer namorar comigo?. – Um suspiro forte escapou dos olhos do mais novo, o sorriso dele se ampliou ainda mais e com o beijo que se seguiu, YoonGi descartou a necessidade de verbalização daquela resposta.

Eles se amaram mais uma vez naquele sábado. A cada novo toque e movimento entre eles, mais certeza o Min tinha de que havia agido certo em procura-lo e conversar com o moreno. Os dois sabiam que tudo o que tinham era muito recente, era fugaz demais, quase prematura e impensada a aceitação do que tinham como um relacionamento serio, mas se alguém questionasse, seria respondido prontamente, sem hesitação nenhuma, de que não estavam arrependidos e que sim, sabiam que não conheciam quase nada dos sentimentos que envolviam um namoro serio, mas também ouviria de ambos a afirmativa de que queriam aprender um com o outro, queriam fazer aquele “gostar” virar “amar” e pra isso só precisariam de mais tempo juntos, mais noites de amor no sofá da sala e de manhãs de prazer no chuveiro do Kim. Precisavam um do outro ali e isso bastava para aprenderem o que precisavam para não mais se separarem.

Quando a tarde veio, YoonGi conseguiu por fim se desvencilhar do casulo sentimental e físico que ele e o dono da cafeteria haviam criado. Partiu em direção ao próprio apartamento, mas dessa vez com uma despedida apaixonada e cheia de beijos e promessas de retorno que se alguém ouvisse, acharia que eles ficariam meses sem se ver, quando na verdade o reencontro já tinha até hora marcada. Antes do por do Sol o acobreado o viria buscar para jantarem fora e “oficializar” o relacionamento deles. Ainda havia a promessa de levar o mais novo para conhecer seu próprio ninho e incluso a isso, via-se a promessa de começar por ali a mostrar-lhe sua vida.

Como havia imaginado, YoonGi não teve nada para fazer na delegacia naquela tarde de sábado. Cada minuto passado na sala de Hoseok fora ocupado completamente pela memória do rapaz que agora andava de um lado para o outro atrás do balcão da cafeteria do outro lado da rua e o Min se pegou por varias vezes observando-o através da vidraça.

“No que você se transformou, Min YoonGi?” – Questionava rindo de si mesmo, e imediatamente sua cabeça lhe respondia. “Num idiota apaixonado, nisso que você se transformou”

No fim da tarde, após achar que já havia “feito moral” o suficiente com NamJoon – que sequer havia dado o ar da graça na delegacia – Pegou suas coisas e saiu em direção ao próprio apartamento com o  intuito de tomar um banho decente e se arrumar apropriadamente para o Jantar.

Quando chegou em casa, ainda antes de ir para o quarto, olhou a sua volta e quase entrou em desespero por conta da bagunça que sua moradia tinha. Rápido como um furacão, se pôs a guardas as coisas que estavam fora do lugar, organizar as revistas na mesa de centro, colocar o monte de roupas sujas que estavam espalhadas pela casa, na lavanderia. Lavou a pilha imensa de louças que jaziam há dias em sua pia, organizou as almofadas do sofá e já estava quase subindo para o quarto quando olhou para o canto da sala e la, notou um detalhe do apartamento que fora o que lhe motivara de fato a escolhe-lo, mas que nunca havia usado. A Lareira.

Jamais saberia dizer o que foi que o fez reparar naquilo bem naquele momento, mas lembrou-se de todos os clichês românticos que já havia lido em livros de romance ou assistido em filmes. A lareira tinha como propósito aquecer o ambiente, mas seu apartamento contava com sistema de calefação e talvez por ter sido sempre sozinho, nunca viu necessidade de usa-la mesmo que tivesse comprado aquele duplex só porque achou-a linda e a ideia de ler um livro sob sua luz branda lhe agradava. Viu ali, a oportunidade perfeita para estreá-la. Pela primeira vez levaria alguém importante para si até sua morada e nada mais justo que inaugurar aquela parte da casa com alguém especial.

Pensando em tudo aquilo, o Legista abandonou sua residência e dirigiu por um bom tempo até achar uma loja de conveniência que vendesse lenha. Assim que retornou, amaldiçoou-se em demasia pela demora em começar a se arrumar e um lado seu já pensava em como o Kim ficaria chateado caso se atrasasse e novamente se questionou no que estava se tornando por se preocupar tanto quanto os pensamentos de outra pessoa sobre si.

Mesmo que apressadamente, YoonGi se arrumou com perfeição e sorriu satisfeito da própria imagem refletida no espelho antes de deixar sua casa rumo a cafeteria para encontrar o mais novo. Assim que chegou em frente ao estabelecimento, viu-o fechado e notou as luzes do andar superior acesas e deduziu que o mais novo já se arrumava e assim, sacou o celular do bolso, procurou pelo numero na agenda, e mais uma vez sorriu como um idiota vendo o “TaeTae♥” Escrito na tela, e daquela vez achou ainda mais graça do apelido e do símbolo salvos no aparelho pelas mãos do próprio Kim e em como as coisas haviam caminhado até chegarem onde chegaram, agradecendo mentalmente a Jimin por ter lhe despertado a curiosidade quanto ao maior.

Assim que foi atendido, Taehyung lhe disse que estava quase pronto e pediu para esperar ele no carro. YoonGi assentiu e se pôs a observar a porta metálica da garagem da casa ansiosamente, e quando por fim, viu o moreno caminhando em sua direção, um suspiro automático escapou de si.

YoonGi era acostumado a ver Taehyung sempre trajando o uniforme da cafeteria ou roupas casuais. Nunca nada alem do básico “jeans e camiseta” e vê-lo trajando uma camisa social em um azul forte e bonito, o casaco escuro que ornava perfeitamente com a peça inferior e a calça preta de corte reto e tecido fino, bem ajustada ao corpo, foi realmente uma imagem que o surpreendera. Por alguns instantes teve a impressão que o mais novo teria até se maquiado, mas como já havia anoitecido e a luz interna do carro não exercia perfeitamente sua função, acabou por não dar importância para aquilo.

Ao chegarem em um restaurante que o próprio Kim achou chique demais para si, logo foram guiados a uma mesa afastada pelo Maître** e no caminho, YoonGi comentou sobre ter feito a reserva no começo da tarde. A refeição se seguiu tranquila. Conversavam sobre suas vidas pretéritas, infância, faculdade, interesses  e sonhos do futuro. Esse ultimo assunto, ambos tentaram fugir do clichê de incluir um ao outro nos planos, focando mais no lado profissional ou em passeios que gostariam de fazer e a cada concordância, percebiam intrinsecamente o interesse do outro sobre realizar juntamente a si tais ambições. Os olhares não se separavam e nem tampouco as mãos que mantinham os dedos juntos durante todo jantar enquanto sorriam mutuamente e apreciavam com deleite o titulo novo que carregavam um para o outro. Não havia felicidade maior para Taehyung do que ser "namorado YoonGi" naquele momento e nem para YoonGi contento maior que ser "namorado de Taehyung".

Quando terminaram de comer, pagaram e logo se viram a caminho do apartamento do mais velho. Taehyung quis se fazer de desentendido dizendo que não havia levado a serio quando o Min disse que passariam aquela noite na casa dele e protestou alegando que não estava levando nada do que precisaria para pousar fora, mas tudo foi prontamente ignorado pelo legista que insistia em lhe dizer para não se preocupar com futilidades bobas como aquelas.

Não era mentira dizer que o moreno se sentiu extremamente intimidado ainda antes de entrarem no estacionamento do prédio. Ele sabia perfeitamente que era um condomínio de luxo e mesmo que não soubesse, a extravagância da fachada deixava claro o alto poder aquisitivo daqueles moradores, mas tudo aquilo contrastou enormemente as suas vistas quando passou pela porta do apartamento do legista e ali, encontrou uma simplicidade imensa na decoração. Não haviam muitos adornos, a mobília continha uma coloração neutra e de luxuoso mesmo, só havia o tamanho amplo do espaço.

Mas o que francamente lhe chamou a atenção foi um saco escuro totalmente destoante com toda a beleza do local, jogado de qualquer jeito no canto da sala. Ainda observava tal embrulho com estranheza quando sentiu as mãos no menor pousando sobre a gola do casaco e puxando-o para baixo, lhe despindo de tal peça. Observou o Min caminhando até uma arara posta atrás da porta de entrada, vendo-o tirar o próprio casaco também para em seguida pendura-lo junto ao seu e vindo imediatamente até si para lhe beijar. Quando o osculo se findou, YoonGi lhe perguntou em meio a um sorriso tímido se o Kim gostava de lareiras e por fim, seus questionamentos mentais sobre o que era tal embrulho foram respondidos. O anfitrião, percebendo que o sistema de calefação iria demorar um pouco para surtir seu efeito devido as longas horas que ficara desligado, subiu ao próprio quarto e pegou um cobertor, voltou a sala e abriu o sofá-cama, indicou ao moreno que se acomodasse ali e se pôs a atividade de acender a lareira e quando o fogo se fez, juntou-se ao Kim para se aquecer em meio aos cobertores.

Taehyung não saberia dizer o que havia mudado exatamente entre ele e o legista, mas com certeza a atmosfera ao redor deles era totalmente diferente naquela noite. Os beijos que trocavam eram calmos e profundos, seu peito se acelerava constantemente e as caricias eram as coisas mais cálidas, sinceras e inocentes que seu corpo já havia provado. Excluindo a noite em que conversaram no porto – e que fora somente uma conversa entre amigos mesmo – aquela foi a primeira vez que se via perto do policial, fora do seu trabalho, e que o desejo sexual não cobria o ambiente por completo e isso era algo que encantava o Kim, o fazia suspirar e esquecer completamente a confusão que havia sentido achando que estava se apaixonando pelo melhor amigo. Deitado no sofá-cama do Min, o moreno percebeu que realmente havia confundido as coisas e que “se apaixonar” era algo que estava acontecendo consigo ali, aquilo era um sentimento real alem da amizade mesmo e não o que sentira pelo Park.

Naquela noite, assim como em todas as outras que passaram preteritamente, ficaram acordados durante toda a madrugada. YoonGi, depois de um bom tempo nos braços do mais novo, foi a sua adega e escolheu um dos seus vinhos preferidos, pegou um pote com as nozes que mais gostava e duas taças, ligou a vitrola antiga que, assim como sua lareira, nunca havia sido usada, e colocou um disco de Blues que adorava, até tinha a copia digital do álbum no celular, mas o vinil em si ainda estava no plástico, e fez questão de abrir a relíquia e coloca-la para tocar antes de ir novamente de encontro a Taehyung e assim ficar com ele apreciando a boa musica, o bom vinho e os petiscos enquanto conversavam mais e mais, revivendo e compartilhando as memórias das suas vidas, trocando opiniões sobre os mais variados assuntos, fortificando o laço que se criava entre eles até que ambos sentissem o sono lhes preenchendo e ignorando completamente a pequena claridade que já invadia a sala devido ao sol nascente de frente para a janela, se aconchegaram mais ainda um no corpo do outro e por fim adormeceram.

Quando despertaram, perceberam que o Sol já não estava de frente para a janela, o que fez ambos deduzirem que já passava do meio dia. Ainda antes de se levantar, selares tímidos foram trocados e sorrisos tranquilos adornavam as faces dos dois e assim que deixaram os cobertores, YoonGi levou o mais novo até o andar superior do seu apartamento. La, lhe mostrou cada um dos cômodos e por ultimo, o próprio quarto. O Kim comentou que precisava de um banho para despertar de vez e o acobreado lhe levou até o banheiro do recinto, lhe entregou uma toalha e saiu, rumando até a sala para arrumar a pequena bagunça que fizeram com a guerrinha de nozes que havia acontecido em meio as conversas bobas da madrugada, jogar a garrafa vazia do vinho - que justificou ali a pequena dor de cabeça que sentia - no lixo e depois foi a cozinha pensando sobre o que faria para comerem.

O Anfitrião ponderava sobre preparar um desjejum ou um almoço de fato já que era bem tarde e realmente estava tendo dificuldades em decidir sobre Waffles com café ou algum prato mais pesado quando ouviu o mais novo lhe chamando e ao contrario de todo o clima ameno que a noite que passaram juntos tivera, naquele momento, sentiu seu corpo esquentando só com a imagem a sua frente.

Taehyung estava parado na porta do cômodo. O Peito desnudo, todo molhado, a toalha enrolada na cintura e os cabelos gotejando sobre os ombros fizeram o legista simplesmente não assimilar uma única palavra do que o garoto dizia. Seu único pensamento era de avançar sobre o rapaz e ressaltar cada uma das marcas que ainda estavam presentes na sua derme. No entanto, quando caminhou instintivamente, felinamente, cheio de desejo pela visão com a qual era agraciado, percebeu o Kim lhe travando com a mão espalmada em seu peito.

- Você não ouviu nada do que eu disse, não é? – Falou o mais novo com um ar serio e o olhar inquisidor, fazendo só aí o Min se tocar de que de fato havia ignorado por completo o que o moreno dizia enquanto se perdia na vontade de toma-lo. Sentiu vergonha de si mesmo, afinal, ele poderia estar lhe questionando algo importante e sua cabeça só conseguia pensar no corpo sutilmente bronzeado exposto a sua frente e isso o fez se sentir o pior dos pervertidos.

- Me desculpa, TaeTae... O que você dizia? – Questionou com um ar choroso e percebeu o mais alto rindo de si, quase que lhe zombando.

- Na verdade eu só perguntei onde você guarda suas roupas, afinal, não posso passar o dia todo enrolado em uma toalha, não é mesmo? Você pode me mostrar onde elas estão? – Concluiu e desferiu um selinho rápido nos lábios rosados do policial.

O Mais velho puxou-o escada acima novamente, mas ao entrar no quarto, já caminhando em direção ao seu closet, fora completamente surpreendido pela atitude do maior de empurrar a porta com o pé, fechando-a em um baque alto e logo avançando sobre si, fazendo-o perceber ali, que havia caído em uma armadilha do moreno. Se YoonGi dissesse que não havia gostado daquilo, seria a maior mentira que já teria dito em toda a sua existência e não demorou para sentir as mãos do moreno em sua cintura, apertando-lhe fortemente e lhe guiando até sua cama, arremessando-o ali com tanta força que seu corpo chegou a quicar sobre o colchão.

Nem tempo para respirar o Min teve. Logo que se viu deitado, percebeu o olhar matreiro do maior sobre si, engatinhando sobre o leito como um lobo a espreita de sua presa e não demorou para ter a boca atacada novamente, com fome, com desejo, e àquela altura, o acobreado não conseguia pensar em mais nada alem de apreciar toda a luxuria expressa pelo dono da cafeteria, luxuria essa que o Min não fazia ideia de onde havia vindo, mas tratou de apreciar ao máximo.

Não demorou para o quarto ser preenchido pelos sons eróticos dos gemidos e dos corpos de ambos se chocando. Dessa vez, o prazer de dominar foi completamente do mais novo que sentia suas costas sendo arranhadas com força enquanto investia firmemente contra a entrada do menor. Era algo novo para ambos, mas o prazer da troca de papeis foi algo indescritível e ao fim de tudo, notar a versatilidade com a qual um se adaptava as vontades do outro só os faziam se sentir mais interligados, mais próximos ainda, mais certos de que sim, deveriam continuar juntos, não importasse o que acontecesse.

Por pura e completa preguiça, após a transa os dois decidiram que iriam comer fora. Com os estômagos roncando, deixaram o apartamento e comeram em um restaurante simples próximo ao centro da cidade e após se alimentarem, resolveram que passariam o restante do domingo na casa do moreno e assim, voltaram ao apartamento do legista apenas para ele pegar as coisas que precisaria para trabalhar na segunda-feira.

Foi com um muxoxo frustrado que ambos acordaram ao som do despertador do celular do Min que indicava o inicio de mais uma semana. Dessa vez, nada de caricias quentes ou provocações acerca deles. Era apenas o clima familiar que sentiram na madrugada anterior, o carinho e felicidade de acordarem juntos e pela primeira vez, começarem suas rotinas diárias na companhia do namorado. YoonGi levantou-se primeiro, tomou um bom banho enquanto Taehyung preparava o café da manhã e quando terminou de se arrumar para trabalhar, desceu as escadarias para encontrar o mais novo e ao chegar a cozinha, encontrou-o ao telefone, berrando com quem quer que fosse do outro lado da linha e com a intenção de ver até onde iria o autocontrole do moreno, imediatamente o abraçou e passou a mordiscar e beijar seu pescoço e a linha do seu maxilar até ser barrado pelo mesmo ganhando um olhar reprovador pelo seus atos e ouviu a afirmativa de que a pessoa com quem o maior falava era Jimin.

Imediatamente se viu curioso sobre o assunto da conversa e imaginou que tal ligação talvez tivesse algo a ver com seu colega de trabalho e tramando ter algo a mais para zoar com a cara dele, pediu sussurradamente para o Kim colocar a ligação no viva-voz e assim que o pedido foi atendido, viu o celular pousado na pia enquanto Taehyung voltava a cozinhar.

Como havia suspeitado, a ligação realmente tinha algo a ver com Hoseok e foi com o queixo caído que o mais velho percebeu só ali que o casal de amigos ainda não havia tido nenhum contato mais intimo mesmo estando naquele “relacionamento” há mais tempo que ele e o Kim. Achou uma graça imensa na timidez do ruivo e na forma como ele aparentava desconfiar de tudo e de todos e a gargalhada escapou sozinha de si quando ouviu-o cogitando a possibilidade de ser abandonado pelo Jung pois para YoonGi, estava mais do que na cara que o colega de trabalho “carregava um bonde” pelo barista.

Após o termino da chamada, ambos comeram e logo o legista atravessou a rua para trabalhar enquanto o mais novo se enrolava dentro de casa tentando achar motivos para faltar ao curso, mas dando-se por vencido minutos depois, logo dirigindo em direção a instituição de ensino.

Assim que se viu na sala de Hoseok, YoonGi notou o olhar preocupado de SeokJin e percebeu a ausência de HunBee no espaço. Questionou o paradeiro da mulher e após ser repreendido pelo atraso, ouviu o mais velho lhe contando que ela estava passando mal havia alguns minutos e estava no banheiro. Passou-se mais de meia hora desde o pequeno dialogo quando novamente a atenção do acobreado abandonou os papeis que analisava, e quando já estava quase se levantando para ir de encontro a senhora, preocupadíssimo sobre sua demora, viu-a entrando na sala, totalmente pálida e com a postura curvada para frente. Seu andar era incerto e o antebraço apoiado sobre o estomago denunciavam o local da dor dela e assim que viu-a se sentando, correu ao bebedouro do corredor e lhe trouxe um copo com água que foi prontamente aceito.

Hunbee não sabia dizer o que estava acontecendo consigo. Depois de quase uma hora trabalhando, ainda antes do Min chegar, sentiu uma fisgada em sua barriga e achando que era apenas um “chamado da natureza” foi ao banheiro, mas com certeza nada estava ao seu normal. Cogitou que talvez pudesse ter comido algo estragado e tentou lembrar-se se havia feito alguma refeição fora de casa no fim de semana, mas nada lhe ocorreu para justificar tais sensações, então ignorou o mal estar e voltou trabalhar, no entanto menos de uma hora depois do primeiro desconforto, uma onda de náuseas fortíssimas lhe atingiu e quase não teve tempo antes de chegar no banheiro e vomitar em jatos, quantias de um liquido esverdeado que julgava não ser capaz de guardar em seu estomago. Após algum tempo ali, os jatos foram perdendo o tom verde, se amarelando, posteriormente tomando tom alaranjado e quando menos notou, vomitava sangue puro. Sua garganta estava imensamente machucada, já não conseguia falar e quando voltou a sala, encontrando o Min e o Kim lhe observando preocupadamente, preferiu tranquiliza-los e se esforçar para parecer bem.

No entanto, os garotos não eram cegos. Era nítido o desconforto da mulher. Sua pele estava assumindo um tom amarelado, pálido, verdadeiramente doente. Era perceptível de longe seus dedos trêmulos em sinal de fraqueza enquanto segurava as laudas dos processos e o suor lhe escorrendo pelas têmporas. A imagem da psicóloga era preocupante e fazia os dois pensarem que ela não deveria estar ali, que ela deveria procurar um medico e repousar até ficar bem, mas como sabiam o quão irredutivelmente focada no trabalho a senhora era, preferiram não intervir em nada e deixa-la como estava.

Já estava perto da hora do almoço quando o telefone tocou. SeokJin já pegava suas coisas para sair e fazer seu horário de intervalo, convidando HunBee para ir junto consigo quando o Min fez sinal para que esperassem enquanto ouvia orientações ao telefone e bufava a cada segundo. A mulher, que já havia se levantado e pego a bolsa para acompanhar o colega, sentia as pernas a cada segundo mais fracas e tudo parecia girar a sua volta. Por fim, quando a ligação se encerrou, YoonGi disse que quem ligava era o Juiz afirmando que o Professor Mark teria alta na quarta-feira então o depoimento dele fora agendado para a quinta-feira de manhã e o depoimento de Jimin para o mesmo dia a tarde e ainda antes de terminar de falar, foi interrompido pelo baque surdo provocado pelo corpo da psicóloga se chocando contra o chão, totalmente desacordada.

Sem saber exatamente o que fazer, ambos se apressaram em pedir uma ambulância que demorou apenas alguns minutos para chegar a delegacia. Quando os paramédicos colocaram-na dentro do veiculo oficial, ambos os colegas se embrenharam por entre os equipamentos para acompanha-la e puderam presenciar as diversas vezes que a senhora voltava minimamente a consciência e vomitava quantias exacerbadas de um liquido viscoso em uma coloração que ia de vermelho a bordô.

Assim que chegaram ao hospital, viram-na sendo guiada para dentro do pronto socorro e tiveram as passagens barradas, mesmo apresentando os distintivos, sob a justificativa de que não havia um diagnostico para o problema da Psicóloga, portanto havia a possibilidade de se tratar de alguma patologia infectocontagiosa e assim ambos se deram por vencidos, caminhando até a sala de espera, ansiosos e preocupados quanto ao que poderia ter acontecido com a colega.

Aquela tarde se passou de forma tão lenta e tortuosa que pareceu-lhes uma eternidade. A cada funcionário que caminhava até o espaço em que estavam, mais ansiosos e temerosos ficavam, afoitos por noticias de HunBee, que parecia ter evaporado dentro das acomodações da casa de saúde, já que ninguém sabia informar o que estava acontecendo. Quando finalmente um médico caminhou diretamente até eles, foram bombardeados com a noticia de que a senhora estava viva, mas ninguém sabia precisar se melhoraria. O Doutor contou que havia sido necessário fazer uma lavagem estomacal e intestinal nela e que fora coletado material de diversos órgãos internos para tentar saber o que havia causado as lesões gigantescas que a mulher tinha no seu trato digestório, mas que apesar dos recursos fartos do hospital, os resultados de tais exames poderia demorar dias e quando questionado sobre o que o medico pensava pessoalmente quanto ao caso, os dois se viram ainda mais receosos do que já estavam.

- Olha... Em todos os meus anos de medicina, eu nunca vi lesões como aquelas surgirem do nada por motivos naturais. Já tratei de um ou dois casos de envenenamento que ficaram semelhantes, mas nada que possa ser comparado ao tamanho das feridas internas da senhora. Sugiro que vocês aguardem as respostas dos laudos do laboratório antes de qualquer providencia porque, apesar de parecerem feridas recentes, pode ser que ela já sofresse de ulceras antes ou que estivesse exposta a produtos químicos nocivos há um bom tempo e não soubesse ou ainda que ela seja extremamente alérgica a algum alimento... Enfim, as possibilidades são imensas então vamos aguardar, ok? – Falou o medico de uma vez só se retirando em seguida, e ao olhar para SeokJin, YoonGi percebeu que o colega havia pensado o mesmo que si.

- Envenenamento?! Mas quem poderia querer ver HunBee morta? – questionou mais para si mesmo do que para o colega e ao encara-lo, sentiu como se seu sangue congelasse nas veias. - Não... Jungkook não faria isso com a própria mãe... – Falou o mais velho fitando o vazio. – Faria?

- Jin, quando se trata de Jeon Jungkook, não duvido de absolutamente nada.

- Mas porque ele faria isso?

- Não tem como ter certeza, mas eu chuto que HunBee sabe demais. – Respondeu também com o olhar perdido antes de suspirar. – De qualquer forma, o doutor tem razão. Temos que esperar os resultados dos exames antes de qualquer coisa. Vamos! O trabalho na delegacia nos espera. – falou dando um tapa amigável no ombro do Kim que ainda estava perplexo com aquela possibilidade, mas mesmo assim seguiu o mais novo em silencio até pegarem um taxi rumo a delegacia.

Naquele fim de tarde, receberam por email as orientações do Juiz quanto aos procedimentos, perguntas e sondagens que deveriam fazer sobre o professor e o barista. Prepararam os relatórios, os documentos que lhes mostrariam e separaram as coisas sobre as quais tinham duvidas para esclarecer. Na verdade tudo o que faziam era apenas para cumprir protocolo e tentar achar ali, uma forma de por as mãos no garçom de uma vez e trancafia-lo na cadeia e quando já havia escurecido, ambos deixaram o escritório rumando cada um para seu refugio de paz e descanso: O Kim para o apartamento do delegado e o Min para a cafeteria do outro lado da rua.

Assim que o acobreado se viu próximo a Taehyung, notou-o já limpando as coisas para fechar o estabelecimento. Olhou assustado para o relógio preso na parede e foi só nesse momento que se tocou como o tempo havia passado. Já era além das 21:30h e só ao ver as horas percebeu quão tarde era e o quanto havia demorado no trabalho naquele dia e tais pensamentos o fizeram se lembrar de que suas tarefas ainda não havia se encerrado como um todo já que precisaria conversar com Hoseok sobre o depoimento de Jimin.

A verdade era que o Min não concordava com a data do depoimento. Sabia que o ruivo corria risco de vida e pensar na possibilidade do garçom ter envenenado a própria mãe o fez perceber certo desespero nas ações do Jeon. Talvez o garoto suspeitasse que sua madrasta estava diretamente ligada as investigações, talvez HunBee tenha descoberto algo a mais sobre a relação do filho com os homicídios e se estivesse certo em suas suspeitas, era bem obvio que Jungkook a essa hora estivesse tramando um crime novo ou quem sabe até um ataque deliberado contra o Park e tal ideia o fez temer pela segurança do barista.

YoonGi percebeu o moreno rumando para dentro de casa e seguiu-o ainda imerso nos pensamentos sobre o melhor amigo do seu namorado e sobre seu “ex-caso” e ao fitar Taehyung lhe observando como se questionasse o que havia de errado consigo, foi impossível conter o aperto forte em seu peito enquanto imaginava como o Kim reagiria caso realmente algo ruim acontecesse a Jimin. Também lembrou de Hoseok e tentou recriar o mesmo tipo de visão e tais imaginações o fizeram se sentir extremamente mal. Se algo acontecesse com o barista, mais do que a possível perca dele, o Min sabia que sofreria pela dor do amigo e do namorado também e todas essas perspectivas e ideias o faziam relutar quanto aceitar que o outro casal precisava retornar em breve para cidade. Sentia-se como se estivesse jogando o ruivo em uma jaula com leões famintos e não tivesse como tira-lo de la.

No entanto, deu-se por vencido. Não era como se ele pudesse fazer algo para impedir o depoimento de Jimin. Sabia que era necessário e que se o Juiz sequer imaginasse que o mais novo havia viajado em meio a uma investigação que lhe envolvia, tanto Hoseok como seu parceiro estariam em maus lençóis então tratou de amputar sua agonia e ligar de uma vez para o investigador a fim de lhe comunicar as novidades.

A forma rude com a qual foi atendido, ouvindo em meio as maldições de  Hoseok, sua respiração ofegante, YoonGi deduziu que estava atrapalhando algo e isso o fez se lembrar da ligação que ouvira pela manhã entre o seu namorado e Jimin e logo ligando “A” com “B”, viu a oportunidade perfeita para não fazer aquela ligação ter o clima pesado que achou estar fadada. O Legista zombou do colega e logo depois lhe contou o motivo do contato, e exatamente como imaginava, ouviu-o irritado protestando contra o seu pedido.

O policial o compreendia, mas não tinha como voltar atrás então vestiu sua mascara insensível de sempre e se manteve firme quanto ao que falava e quando já estava próximo a desligar a chamada, resolveu lhe contar, pelo menos por alto, sobre HunBee. Até cogitou a possibilidade de dividir suas suspeitas com o Jung, mas por achar que já havia “empatado demais a foda alheia”, resolveu poupa-lo pelo menos até ele chegar e quando finalmente pode desligar o telefone, viu Taehyung lhe questionando com o olhar sobre o que estava acontecendo e optou por despista-lo, pelo menos por enquanto.

- Vem amor, vamos deitar. Amanhã eu te conto o que houve. Hoje eu só quero ficar aqui pertinho de você.    

 

~~

 

- MERDA!!

Foi a única palavra, carregada de raiva e frustração, que deixou a garganta do Jeon assim que desligou o celular, esmurrando o volante enquanto observava o Sol se pondo.

Aquela segunda-feira tinha tudo para ter sido uma das mais tranquilas da sua vida. Assim que HunBee foi trabalhar, Jungkook resolveu dar inicio as preparações para a sua fuga. Pegou seus documentos e foi ao banco, sacou todos os resquícios de suas economias e encerrou sua conta. Já não existia mais Jeon Jungkook em sistema bancário algum. Depois passou em uma oficina mecânica e pediu uma revisão completa na van. Como não tinha nenhum destino concreto, achou melhor ter certeza que seu veiculo estava em perfeitas condições para enfrentar estradas, mesmo que longas ou intempéries e tal atividade lhe rendeu uma tarde de tédio completa, sentado no sofá da sala de espera da oficina e assim que o veiculo ficou pronto, pagou o montante referente a divida – um valor alto já que a van tinha varias avarias no seu motor devido ao mau uso do primeiro dono – em espécie, e já estava voltando para casa quando recebeu uma ligação do hospital central alegando que sua amada madrasta havia dado entrada.

“Como assim Hospital e não necrotério?” – Se questionou confuso e irritado.

Nem chegou estacionar em frente ao bar. Dirigiu rapidamente a casa de saúde e ao chegar la, fora informado que a senhora havia passado mal durante a tarde no trabalho e que seus colegas haviam acompanhado-a dentro da ambulância e todo o falatório da recepcionista fora encerrado com a afirmação de que, ao que tudo indicava àquela hora, ela sobreviveria e que os exames que responderiam os motivos do quadro de saúde da psicóloga sairiam no fim de semana.

Foi extremamente difícil para o Jeon não deixar toda a sua raiva transparecer perante a funcionaria. A única coisa que sua cabeça conseguia pensar era que HunBee deveria ter morrido, que ela não poderia sobreviver e que aqueles exames não poderiam ter seu resultado divulgado logo. Estava perdido caso os laudos laboratoriais indicassem envenenamento pois sabia que ele era a única pessoa que tivera contato com a senhora durante o fim de semana. Também pensava que ela o acusaria imediatamente e junto a isso havia o fato dela ter entrado no seu porão, provavelmente visto suas coisas e se ela saísse com vida de onde estava, sua própria vida estava acabada.

Apesar de ter dito que iria até a UTI para vê-la, Jungkook apenas vagou pela clinica por um bom tempo, tentando pensar sobre o que faria. Nas suas andanças, percebeu todos os corredores munidos de câmeras de segurança e isso afastou a ideia de mata-la ali mesmo. Não poderia ser idiota a ponto de ignorar o fato de que, se a senhora morresse ali e houvesse indícios de que fora de forma intencional, seria acionado a quebra de sigilo das imagens e ele seria flagrado no ato. Aceitou frustrado então, que teria que aguardar ela melhorar e mata-la quando tivesse alta ou partir antes da liberação do resultado dos seus exames e novamente se viu correndo contra o tempo.

Naquela segunda-feira optou por não abrir o bar. Foi até sua morada, deixou a van no estacionamento da rua e tomou um taxi até a delegacia para pegar o carro da senhora e trazer consigo, já que não havia estimativa de quando ela fosse sair do hospital. Chegou em casa, tomou um bom banho e recolheu-se cedo. Tentou dormir também antes do horário costumeiro, mas sua cabeça não lhe dava trégua. Uma pequena ponta de remorso lhe perturbava acerca do que havia feito para a mulher que havia dedicado boa parte da sua vida em lhe cuidar, mas mesmo assim não conseguia se arrepender. Sua mente era tomada pelo pensamento de que tudo tinha um preço e se o preço a pagar para ter Jimin de volta fosse esse, não hesitaria em desembolsa-lo. Por fim, já vendo o dia começar a nascer, foi até o sótão do prédio e la, encontrou uma caixa com algumas coisas que faziam parte do seu quarto na antiga casa onde crescera. Em meio as quinquilharias e relíquias, achou um cobertor infantil adornado com ursinhos azuis. Imediatamente lhe veio a memória dos dias chuvosos em que a senhora lhe enrolava em tal peça e lhe ninava mesmo quase não cabendo mais em seu colo. Com isso em mente, voltou a sala, ainda segurando o cobertor infantil e deitou-se no seu sofá podendo finalmente dormir com uma pequena sensação de paz.

Quando despertou novamente, o Sol – apesar de fraco – Já estava alto no céu. Viu pelo relógio do celular que passava das 16 horas e perceber que havia dormido em demasia, fez com que o garçom se levantasse de sobressalto, pensando nas outras coisas que precisava arrumar antes de ir visitar a psicóloga no hospital.

Colocou o telefone no bolso da calça, vestiu um casaco grosso e deixou o apartamento, rumando a van. Manobrou o veiculo de forma que sua porta lateral ficasse de frente para a porta metálica do porão e logo entrou no espaço tentando organizar em sua mente, tudo o que precisaria levar e o que poderia ser deixado para traz. Andou até o fundo do cômodo e ali, viu os restos de mobília oriundos da reforma do bar e não viu nada que quisesse levar consigo. Voltou para o outro lado do espaço e ali sim viu muita coisa para carregar. Recolheu a sua corda, seu taco de beisebol e suas facas, colocou-as num saco de estopa que jazia num canto, amarrou e jogou dentro do veiculo. Caminhou até o armário, pegou sua câmera, colocou-a no bolso do casaco e quando esticou a mão para pegar as fotografias, seu celular começou a tocar. Num primeiro segundo, achou que tivesse acionado algum comando com o contato da câmera com o touchscreen do telefone, mas quando segurou-o em mão, viu o nome do falsário, coisa que lhe deixou bem contente.

“- Tudo pronto pra viagem?” – Questionou de imediato o amigo e logo uma gargalhada se seguiu.

- Quase! – Respondeu o garçom com animação semelhante ao do criminoso. – Na verdade só falta a sua parte do trato... – Rebateu em tom de cobrança e logo um suspiro foi ouvido.

“- Eu sei! Eu sei! Mas olha: Não precisa ficar bravinho comigo não! Já tenho os documentos e cartões de credito em mãos. Alias, consegui um passaporte também, viu?” – Respondeu em meio a risadas e com o gracejo final, tentou não deixar o Jeon bravo consigo e percebeu que havia surtido o efeito desejado quando risada semelhante veio do dono do bar.

-  Perfeito! Você é o melhor, Bambam! Sabia disso?! – Uma outra dupla de “Eu sei” deixaram a boca do falsário, mas antes que ele começasse a se gabar novamente, Jungkook resolveu cortar o assunto. – E então? Como faço para pegá-los? Vai mesmo rolar o tal jantar de despedida? – Questionou e ouviu a resposta com animação.

“- Mas é claro! Venha ao meu apartamento hoje, você e seu namorado. Farei um jantar digno dos Deuses, te apresentarei ao Jackson e entregarei seus documentos, você me paga e vaza! Pode ser assim?” – Ouviu uma concordância por parte do Jeon e continuou. “-Ok então, te envio o endereço por mensagem e te aguardo la pelas 20 horas. Até mais, Jungkook.”

- Tudo bem. Até! – Concluiu a chamada e se encaminhou para fora do porão, pensativo sobre o que faria.

O problema novo de Jungkook era aquela maldita promessa de apresentar o namorado para o amigo. Como faria para dizer a Bambam que Jimin ainda não sabia do namoro deles e que para tanto, necessitava de alguns “esclarecimentos” por parte de Jackson? Naquele momento, uma ideia que poderia até soar meio absurda lhe surgiu, mas como não via outra saída, resolveu seguir seus instintos, então pegou o carro da madrasta e dirigiu até ficar meia quadra antes da delegacia e da cafeteria para observar a movimentação. Sua intenção era esperar o movimento diminuir, ir até Jimin e tentar conversar com ele de forma civilizada, convida-lo para o tal jantar apenas como amigo e, se tivesse oportunidade, pedir para o capitão do time de basquete esclarecer as coisas que haviam afastado-os cinco anos atrás.

No entanto, tudo o que conseguia ver de onde estava era a porta de entrada e o balcão do caixa. Vez ou outra notava clientes entrando e saindo e ao dar uma volta no quarteirão apenas para passar na frente da cafeteria, percebeu que Jimin não estava la e quem cuidava do estabelecimento era Taehyung. Voltou a vaga que ocupava antes e ficou no aguardo de algum sinal da cabeleira ruiva que procurava, mas o que lhe surpreendeu foi outra cabeleira colorida.

Ver YoonGi atravessando a rua e entrando na cafeteria, com certeza não era algo que lhe chamasse atenção. Sabia perfeitamente que o Min amava café e frequentava o local, mas o que passou a lhe perturbar foi notar que havia se passado algum tempo e não via nem sinal do policial deixando o recinto. Outra vez deu a partida com a intenção de dar a volta no quarteirão e visualizar o que acontecia dentro do comercio e ao passar de frente para a vitrine, entendeu porque o acobreado estava la dentro há quase duas horas. YoonGi e Taehyung estava se beijando escorados no balcão.

Jungkook quis dizer para si mesmo que aquilo não significava nada, que não o havia abalado, mas o fato era que realmente se sentia incomodado de saber que o legista já não o procurava mais por estar em outra companhia. Sentiu raiva mesmo sabendo que não devia e em meio aos pensamentos sobre o mais novo casal, percebeu outro grande problema.

O Min estava investigando seu caso. Taehyung era amigo de Jimin, e consequentemente, sabia de todo o passado deles. Taehyung nunca fora com a sua cara e se mostrou bem descontente em lhe ver nas duas vezes em que se reencontraram depois do colégio. YoonGi era inteligente e tinha raciocínio rápido então se caso o Kim desse com a língua nos dentes sobre sua historia com Jimin, não demoraria para o policial lhe ligar as mortes.

“- Como se HunBee já não fosse problema o suficiente na minha vida!” – Bufou irritado.

Por fim, o Jeon sentiu-se temeroso quanto aos dois lhe perceberem. O carro que usava era conhecido do pessoal da delegacia por ser usado sempre por HunBee, então achando que já corria riscos demais, desistiu da ideia de levar Jimin consigo. Iria dar a desculpa de que ele estava ocupado com os preparativos da viagem e não quis acompanha-lo e esperava mesmo que Bambam engolisse tal ideia.

Foi para casa, tomou um banho caprichado e separou a maioria das roupas em uma mala pensando em adiantar as coisas e quando já estava quase ligando para o falsário lhe cobrando o endereço, recebeu a mensagem com tal informação. Desceu as escadarias carregando a bagagem e logo jogando tudo no compartimento de carga da van, trancou-a e assumiu o volante do carro da psicóloga, seguindo o GPS até chegar no local informado como morada do casal criminoso.

Ao contrario do que imaginou, não houve tensão alguma entre si e o viciado em pornografia. Por diversas vezes Jungkook chegou a achar que o loiro não o havia reconhecido e um lado seu até agradeceu por isso. Agora que tinha o endereço do rapaz, era só captura-lo em algum momento que saísse sozinho de casa e leva-lo até o Park. Mais algumas horas e finalmente poderia realizar seu sonho de “viver feliz para sempre” ao lado do amado. Já era quase meia noite quando o Jeon efetuou o pagamento dos documentos em dinheiro vivo e notou os olhos dos amigos brilhando pelo montante alto a frente, e tal imagem o fez perceber que fora ignorado completamente durante todo o evento a ausência do seu "namorado" e quando já estava saindo, ouviu o capitão lhe zombando sorrateiramente.

- Eu podia jurar que ele nunca mais olharia na sua cara... – Aquilo que era pra ser só um abraço de despedida veio junto a um sussurro ao pé da orelha do garçom que travou-se imediatamente no lugar. – Fico feliz que tenha consertado toda a merda que você fez e espero que a policia não te pegue na sua fuga. – O Abraço se desfez e Jungkook pode perceber a maldade pura cintilando no olhar debochado do Wang.

O moreno realmente queria ter revidado, devolvido o deboche, feito qualquer coisa para intimida-lo também, mas notou Bambam observando-os e isso lhe tirou completamente a coragem para dar uma retórica a altura, então limitou-se a sorrir amarelo e deixar o apartamento de ambos, Já munido de novas identificações e pensamentos acerca do estuprador que acabara de lhe zombar.

Outra vez Jungkook optou por dormir mas dessa vez o fez a noite toda. Acordou na manhã da quarta-feira se sentindo plenamente disposto, afinal, aquele era o grande dia. Logo que deixou os cobertores, tomou um banho gostoso, se vestiu sem pressa e guardou os últimos pertences pessoais na mala que havia reservado para as coisas que usaria com mais frequência. Tomou um café da manhã delicioso preparado por si mesmo, desceu ao porão e la, teve certeza que havia pegado tudo que precisava. Quando estava quase trancando para sempre o tal cômodo, viu a sua Glock reluzente sobre a bancada e se amaldiçoou por quase tê-la esquecido. Pegou-a e colocou-a na parte de traz do seu cinto enquanto caminhava em direção ao carro da madrasta onde abandonou as chaves da casa, do bar e do próprio veiculo em seu interior.

Ao assumir a boleia da Van, Jungkook sentiu uma onda de autoconsciência forte lhe atingir. Tirou a van do beco e estacionou do outro lado da rua e se permitiu observar o bar por algum tempo. Nesse período, repuxou dentro da cabeça as memórias do local, lembrou-se de quando se mudara para o apartamento, de como ainda era difícil subir e descer as escadas laterais por conta dos ossos quebrados pelo pai que ainda não haviam sarado por completo, se recordou da primeira noite que trabalhara como garçom ali, da primeira vez que disse a um cliente que o bar estava sob nova direção e era seu. Lembrou das amizades frívolas com cada um dos bêbados que iam diariamente até ele apagarem das suas próprias memórias os seus próprios traumas e por fim, lembrou-se de um baixinho branquelo de cabelos roseados que sempre fora irônico e insistente demais, metido a galanteador demais, mas em alguns momentos fora amigo seu também, amante, confidente e colocando tudo aquilo numa balança, talvez o Min fosse a única coisa que não julgava com completamente inútil e ruim que lhe acontecera dentro daquele local. Lembrar de tudo aquilo, logo lembrando o motivo de ter ido parar la, fez com que seu momento de autoconsciência fosse embora com a mesma força que veio, e o sentimento nostálgico que sentia, não demorou para se tornar uma motivação raivosa para o que faria naquele dia, e assim, deu partida no veiculo novamente, dirigindo para o hospital para dar seu ultimo adeus pra HunBee, ela sobrevivendo ou não ao que havia feito.  

Ao contrario do que imaginou, Jungkook não encontrou a senhora acordada. Sorriu feliz por vê-la entubada, não por ela estar sofrendo ou por achar que aquilo indicava um óbito eminente. Estava feliz porque, pelo menos por aquela quarta-feira, HunBee se manteria de boca fechada e era só isso que precisava. Que ela ficasse quieta até que ele conseguisse sumir do mundo com Jimin ao seu lado e já pensando ansiosamente em seu ruivo, deixou um beijo na testa da madrasta, um afago em sua mão e se despediu, levando consigo a memória da boa mulher que ela havia sido e a promessa de nunca mais voltar a sua vida ou lhe dar desgosto, juntamente ao pedido de desculpas por tudo que havia feito.

Já passava do meio dia quando deixou a casa de saúde, parou num restaurante qualquer para almoçar e depois dirigiu até as proximidades do apartamento em que havia jantado na noite anterior. O Jeon estacionou exatamente em frente ao prédio pois sabia que ninguém tinha conhecimento sobre aquela van ser sua e passou a observar atentamente o “Entra-e-Sai” da construção, procurando avidamente com o olhar qualquer sinal do loiro e realmente se irritava quando até via-o andando pelo pátio do condomínio, mas sempre em companhia do namorado, impossibilitando qualquer ação sua.

As horas foram passando, logo o céu escureceu e o assassino se sentia ainda mais ansioso a cada minuto trancado dentro do carro, mas foi quando o relógio marcou 22horas que sentiu a sorte sorrindo para si. Jungkook viu o portão de entrada do estacionamento abrindo e um homem de cabelos loiros trajando um pijama escuro saindo para fora do prédio munido de um saco preto grande e caminhando até a caçamba de lixo. Mais que depressa, o Jeon pegou seu taco de beisebol, desceu cuidadosamente da van enquanto via o rapaz separando as sacolas e depositando dentro de diferentes compartimentos do latão, totalmente distraído e alheio a sua volta, e antes que Jackson percebesse ou sequer pudesse imaginar o que ocorria, foi acertado na nuca pelo pedaço de madeira.

Com ainda mais pressa que antes, o sequestrador agilizou a tarefa de colocar o ex-capitão desacordado dentro do compartimento de cargas do seu veiculo, ajeitou ele no banco e travou seu corpo com o cinto de segurança, logo apoiando a cabeça dele em uma das malas que estavam ali. Pegou sua mochila e de la, retirou três capsulas do seu calmante, abriu uma por uma, depositando o pó branco contra os lábios entreabertos do Wang e assim que viu todo o conteúdo do remédio em sua cavidade, pegou uma seringa com água e jogou um pouco dentro da boca dele, com a mão estimulou a garganta a engolir, e assim que não viu nenhum resquício externo do químico, reassumiu o volante da van, pisando no acelerador logo em seguida.

“Parte um do plano concluída!” - Pensou esfregando uma palma da mão a outra.

Quando estacionou um pouco antes da entrada da cafeteria, sentiu-se mais ansioso do que nunca em sua vida. Jungkook olhou toda a fachada do prédio, e não viu nem sinal de luz alguma. Ao olhar o relógio e perceber que já era quase meia noite, deduziu que àquela hora, Jimin e Taehyung já deveriam estar no décimo sono e alem da ansiedade, sentia frustração também. A rua estava completamente deserta, as únicas luzes presentes eram as dos postes e as da delegacia, não havia som algum na rua e aquela paz toda só era quebrada vez ou outra por algum veiculo que passava na via. Ainda ali observando o nada, sentiu um tremor lhe ocorrer e sem saber discernir se era de nervosismo ou de frio, retirou um dos cobertores que havia trazido consigo e cobriu o corpo do loiro que já tinha os dedos roxos por trajar apenas um pijama e logo pegou o seu cobertor infantil e enrolou nos ombros, aguardando inquietamente que o portão metálico da garagem se abrisse logo e revelasse Jimin ali, ou qualquer sinal de alguém acordado na residência para que pudesse começar agir.

No entanto, o cansaço começou a pesar sobre os ombros do Jeon durante a madrugada. O tédio lhe cobria e o sono começou a bater. Por diversas vezes Jungkook tentou se despertar jogando um pouco de água no rosto, batendo na própria face, até tentou lembrar de coisas ruins, mas nada fora efetivo de fato, e quando o relógio marcou 2horas da madrugada, o garçom já havia adormecido com a cabeça apoiada no volante.

O Sol ainda não havia aparecido no horizonte, não eram nem 5 horas da manhã, mas ainda assim, aquele parecia ser o dia de sorte o moreno. Ele não sabia dizer o que exatamente o havia despertado, mas o fato foi que, ao levantar a cabeça, percebeu que o tal portão metálico que tanto ansiava por ver aberto, estava lentamente se levantando. A vontade de Jungkook foi de gritar um “OBRIGADO DEUS” Por finalmente ver a segunda parte de seu plano começando acontecer e apressadamente, desembarcou com cautela para não ser visto e se escondeu no poste de luz que havia ao lado da entrada e qual foi sua surpresa quando notou que não estava saindo carro algum da casa. Aquilo lhe pareceu até assustador por um momento, afinal, as luzes da residência ainda estavam apagadas, o portão se abriu – provavelmente acionado por controle remoto – mas nenhum veiculo abandonou o local e quando estava quase entrando para ver que fenômeno era aquele, percebeu as luzes de um farol de carro mirando na direção em que estava, vindo ao seu encontro. Levou a mão em frente aos olhos para diminuir a claridade e ali percebeu que aquele era o carro escuro que Jimin estava dirigindo quando fora até seu bar. Quase caiu de joelhos agradecendo tamanha sorte mas antes que o fizesse, espreitou-se no poste novamente, aguardou o automóvel passar pela entrada metálica e assim que o fez, correu para dentro da garagem, esgueirou-se por trás do veiculo mantendo-se agachado, com o taco em punho  e quando a porta do motorista se abriu e o mesmo desembarcou, não titubeou em acerta-lo, exatamente como havia feito com o capitão do time de basquete e quando viu o corpo caído na calçada, não se deu ao trabalho de olhar absolutamente nada, apenas jogou-o contra o ombro e caminhou até a van novamente.

“Vamos meu amor, acho que finalmente depois de tanto tempo, é hora de termos uma conversinha” 


Notas Finais


** Maître = Em português é o nome dado ao responsável por agendar os clientes em restaurantes, coordenar quem vai servir qual mesa - garantindo máxima eficiência no atendimento - e lidar com as reclamações dos clientes.

Olha gente, eu realmente não sei o que dizer hoje.
Mais do que em qualquer outro capitulo, senti uma dificuldade imensa em escrever esse e atribuo isso ao meu cerebro pq pra mim, ele ta tão triste por saber que esse é o penultimo capitulo que acaba se travando para atrasar a postagem e assim ter "mais tempo de BCR" com vcs.
Horrivel isso, não?
Quero pedir perdão pelo capitulo meio pombo e pedir para se prepararem pq sim, o proximo capitulo é o ultimo.
Eu ja chorei horrores pensando nisso e enfim... Seguiremos firmes, não?
PS: TALVEZ (isso mesmo, talvez) Role um epilogo, mas vai ser curtinho e sem previsão alguma de postagem mesmo (isso se ocorrer) Mas
Mass
MAASS
Não fiquem tristes. Dó saber que ta no fim, mas pensem pelo lado bom: Vocês vão finalmente saber o desfecho da treta toda <3
Enfim, mais do que nunca quero agradecer a vocês por todo o amor e carinho que recebo através de BCR. Quero que vocês saibam que marcaram a vida de alguém da melhor forma possível e que pode até ser que eu nunca mais escreva nada (o que não vai acontecer pq até ja tenho o próximo plot pronto) mas independente do que for da tia Ash daqui pra frente, ela com certeza é uma pessoa melhor do que a Tia Ash do dia 06 de fevereiro de 2016.
Muito obrigada mesmo por estarem ao meu lado e por tudo que vcs fizeram por mim e por BCR E até o proximo (E ultimo) Capitulo o/
PS: Responderei os comentarios todos que faltam amanhã gente, eu prometo! <3
KissKiss
~~Ashmedhai


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