1. Spirit Fanfics >
  2. Between Coffees and Roses >
  3. O Final - Parte II

História Between Coffees and Roses - O Final - Parte II


Escrita por: Ashmedhai

Notas do Autor


BOM DIA PRA QUEM ACABOU DE ACORDAR!
Enfim monamuzes, Agora que eu ja dei uma boa dormida, tomei um banho e finalmente almocei, vamos à segunda fase desse finzin ç.ç
Boa leitura e até mais o/
KissKiss
~~Ashmedhai

Capítulo 36 - O Final - Parte II


Fanfic / Fanfiction Between Coffees and Roses - O Final - Parte II

O Final - Parte II

 

A raiva que o Jeon sentiu dentro daquela van fora algo sem precedentes.

Assim que conseguiu subir o pequeno degrau, com o corpo que havia apagado ainda sobre o ombro, podendo se desfazer do peso que carregava contra o banco, a frustração lhe correu as veias enquanto encarava aquela face. Não era Jimin que havia acertado e sim aquele amigo imbecil que andava com ele o tempo todo na época do colégio. O mesmo idiota que havia acompanhado seu ruivo até o bar e proporcionado o reencontro entre ele e o amado. Kim Taehyung estava desacordado jogado no banco da sua van, ocupando o lugar que era para ser do Park.

Jungkook bufava irritado, esfregava as mãos nos cabelos e rosto, tentando achar uma saída para tal situação. Se pôs a pensar no que faria, e ao se tocar de que a casa ainda permanecia excessivamente quieta, deduziu que o Park talvez estivesse dormindo em seu quarto. Olhou para Taehyung e uma ideia o fez acalmar a mente. Poderia usar o Kim como isca e também pensou que caso o barista cometesse a loucura de negar a sua proposta inicial, ter o moreno consigo poderia ser um bom trunfo e tal possibilidade o fez sorrir novamente, então afivelou o cinto de segurança contra o tórax do rapaz e dopou-o do seu calmante, exatamente como havia feito com Jackson.

Desembarcou do utilitário e entrou novamente pelo portão. Foi até a porta de acesso a residência e forçou-a. Ao percebê-la trancada, voltou até o carro do Kim e achou as chaves caídas ao lado da porta do motorista. Capturou-as, voltou à porta e abriu-a, logo tendo a visão tomada pela escuridão do cômodo a frente, tateou a parede até achar o interruptor e acendeu a luz. O Garçom perdeu alguns bons minutos observando a sala, o sofá em frente a televisão e a estante cheia de livros e porta-retratos e tais objetos chamaram sua atenção, fazendo-o se aproximar mais. O moreno pegou uma por uma das fotografias em mãos olhando cada detalhe dos rostos estampados ali e ao encontrar atrás de todas aquelas imagens, uma mais antiga, seu peito solavancou doloridamente. Era uma foto não tão velha quanto o amarelado demonstrava, lembrava-se perfeitamente daquele dia que apesar de parecer ser praticamente da infância deles, era do ultimo ano do ensino médio. Por mais que parecessem ter catorze ou quinze anos, ambos os rapazes tinham dezessete, e o Jeon se lembrou com riqueza de detalhes que aquela era uma manhã de junho, que ouviu um burburinho sobre o Kim ter ganhado uma maquina fotográfica de presente e pode observar quando, no intervalo entre as aulas, os dois amigos perderam um bom tempo fotografando a si mesmos e outros arredores da escola. Tais memórias fizeram Jungkook sentir o peito sangrando por dentro. No dia daquela fotografia, mal havia conversado com Jimin porque tinha treino de basquete e o amigo gordinho havia preferido ficar em companhia do Kim, ele ainda escondia a amizade com o menino de óculos ao Maximo e sequer imaginava o inferno que se faria em sua vida nos meses seguintes. No dia que aquela foto que continha um Jimin tão sorridente como não o veria mais, foi tirada, nem Jeon e nem o Park sonhavam que logo o brilho daquele olhar se apagaria e o garçom se amaldiçoou enormemente por ter permitido isso e por dentro, apenas desejou que pudesse voltar aquele data da foto e mudar toda a historia, mas sabia que não podia.

No entanto o invasor tinha ciência que remoer o passado não o levaria a lugar algum, então abandonou o quadro onde estava e rumou à escadaria, subiu degrau por degrau tentando não fazer barulho algum, e ao chegar no segundo pavimento, viu quatro portas. Caminhou até a primeira da direita e ao abri-la viu um quarto com varias caixas entulhadas e uma cama sem lençóis, que o fez deduzir tal cômodo como quarto de hospedes. A segunda porta era um banheiro e a terceira um outro quarto, cheio de bonequinhos de super-heróis, pôsteres de grupos musicais nas paredes e o que denunciou a identidade o dono do espaço fora um porta-retratos contendo uma foto de Taehyung com um casal mais velho que julgou como sendo, provavelmente, do rapaz com seus pais.

Saiu do local, já com a certeza de que era na ultima porta que se encontrava o que procurava. Levou a mão à maçaneta sentindo um nervosismo incomum e crescente em si, girou-a silenciosamente e abriu-a, revelando por entre as luzes do poste que invadia pela cortina aberta, a cama perfeitamente arrumada, a decoração simples e as demais mobílias perfeitamente harmônicas e organizadas, exatamente como imaginava ser o gosto do dono do cômodo, que não estava às suas vistas. Entrou por completo no espaço, sentindo-se completamente confuso sobre o paradeiro de Jimin, acendeu a luz para ter certeza de enxergar tudo com perfeição e caminhou até uma outra porta presente dentro do quarto e ao abri-la viu o banheiro, tão vazio quanto o restante da casa aparentava estar. Sentindo-se curioso sobre o que o ruivo poderia guardar em seu espaço pessoal, foi à escrivaninha, olhou gaveta por gaveta, mas só encontrou rascunhos de recados telefônicos, algumas anotações sem importância e canetas então optou por abandonar tal local e procura-lo no andar de baixo.

Foi a cozinha e não achou nada de anormal la e isso estava aumentando gradativamente sua frustração, voltou a sala e se surpreendeu ao ver o quadro de formatura deles no exato oposto da estante e o ato de olhar as pequenas fotografias lhe revirou o estomago. Lembrou-se de HunBee por ela ter achado a sua copia daquele quadro e por fim, observou uma outra porta fechada, praticamente embaixo da escada, depositou o quadro no local de origem e caminhou até ela e ao abri-la, viu o que parecia ser um escritório a sua frente.

Mais uma vez a curiosidade lhe tomou, fazendo-o entrar no cômodo olhando atentamente cada parte dele. Bem no meio daquela sala estava uma mesa de madeira escura, grande e pomposa. Atrás de mesa havia uma estante imensa com muitos livros e passando os olhos por alto, viu um misto de romances e guias culinários e chegou a rir sobre como algumas coisas não mudavam. Sempre achou o Park um romântico incorrigível e misto a isso ver sua paixão por gastronomia, fez o Jeon ter certeza que aquele escritório era mais do ruivo que do moreno. Observou com regozijo a beleza de cada um dos quadros pendurados nas paredes e pousou o olhar sobre um armário metálico de escritório e achou engraçado o contraste daquele móvel com o restante do cômodo. Enquanto aquele armário era relativamente moderno, num cinza morto e sem graça, toda a mobília restante ali, era perfeitamente entalhada, tinha um ar rústico, como se tivesse sido escolhida mais para enfeitar o local do que pela funcionalidade.

Sentindo-se tentado sobre saber do que se tratava os pertences guardados ali, forçou a porta de alumínio e notou-a trancada. Olhou a sua volta e notou um pequeno molho de chaves numa gaveta da mesa central. Capturou-o e testou as chavinhas pequenas no móvel metálico e sorriu satisfeito quando uma delas funcionou. Ao abrir as portas, quase se sentiu um imbecil por ter perdido tempo ali, vendo varias pastas com inúmeros documentos, todos oriundos da cafeteria. Haviam notas fiscais de fornecedores, boletos, talões de cheques usados, planilhas de gastos e planejamento de investimento e já estava quase fechando-o novamente quando seu pé acabou acertando uma caixa de madeira escondida entre papelada.

A forma como os papeis pareciam ter sido arrumados de propósito para esconder tal artefato, despertaram ainda mais a vontade de saber do que se tratava tal objeto, e cedendo a isso, agachou-se, pegou a caixa de madeira e levou-a a mesa, viu um pequeno cadeado travando-a e novamente capturando o pequeno molho de chaves que ficara abandonado na fechadura do armário cinza, testou uma a uma até ver o acessório se abrindo. Ergueu a tampa sentindo um pequeno nervosismo lhe tomando e ao notar o conteúdo da caixa, teve vontade de gritar.

Aquelas fotos eram tão perturbadoras - não só pelas imagens em si, mas pelo significado delas -  que Jungkook achou que não poderia esquecer nunca daquelas fotografias. Elas mostravam um corpo, aquele corpo que conhecera tão bem, machucado, sangrando, ferido de varias formas em todas as partes. As roupas, peças daquele uniforme que usara por um ano inteiro, rasgadas, sujas, destruídas de uma forma que sua própria memória havia se esforçado muito para apagar e ao fundo, havia um copo de isopor e uma flor seca.

Retirou os dois objetos dali, levou a flor ao nariz na tentativa vã de sentir o aroma que ela tivera outrora e com os olhos fechados, sentiu como se um filme se passasse em sua cabeça. Naqueles segundos que pareceram horas, recordou-se de cada um dos sorrisos do Park enquanto apenas conversavam na escola, lembrou-se da voz doce e da feição inocente do rapaz, lembrou-se das bochechas vermelhas quando recebeu aquela flor e das mãozinhas quase infantis de tão fofas que eram, segurando aquele copo. Foi difícil barrar as lagrimas e foi ao devolver os objetos no lugar em que estavam, que notou um ultimo objeto ali.

Era um pendrive preto, simples, mas como tudo dentro daquela pequena urna, parecia ser cheio de significados. Deixou sua vontade lhe guiar novamente e voltou a sala de estar da casa, ligou a televisão e inseriu o dispositivo na entrada USB do aparelho e quando a mesma reconheceu o periférico, se viu afoito sobre o que se tratava. Deu play no primeiro arquivo de vídeo e logo pode escutar o som de uma porta se abrindo e de risinhos em meio a escuridão completa na tela. Logo o preto foi substituído por um clarão quase cegante, fazendo o Jeon notar que aquele fora o momento em que as luzes se acenderam no local onde a câmera que filmava aquilo tudo, estava, e ao olhar para imagem na televisão percebendo-a se estabilizando, compreendeu perfeitamente que vídeos eram aqueles.

Eram os vídeos que haviam destruído tanto a sua vida como a do seu amado. Os vídeos que Jackson gravou apenas por diversão e prazer de maltratar alguém. Tais imagens inundaram Jungkook com uma mistura terrível de sentimentos bons e ruins. Os bons devido as memórias daquele sábado gelado que o marcou para sempre, e os ruins, por conta de tudo o que aconteceu graças aquele filme. Se permitiu chorar pela dor que aquilo tudo fazia emergir, ajoelhou-se no chão da sala, de frente para a televisão com o controle remoto em mãos e pediu audivelmente para que Jimin o perdoasse, para que ficasse consigo mas não ouviu resposta alguma. Tentou se acalmar e quando sentiu seu peito solavancando menos, se recordou que tinha mais o que fazer naquele dia e que teria que partir logo. Não demoraria para o Sol nascer por completo e o movimento na delegacia em frente começar, e realmente não queria correr o risco de alguém estranhar seu veiculo estacionado em frente a cafeteria.

Já com a ideia fixa de voltar àquele lugar das imagens que ainda eram exibidas na televisão, pegou o caderno de recados que jazia ao lado do telefone, em uma mesinha próxima a porta, escreveu um bilhete que deixasse claro para o Park sobre o paradeiro do amigo, de forma que evidenciasse o risco que o moreno corria caso não o procurasse, prendeu a folha de papel na televisão, desligando-a em seguida. Guardou o pendrive na caixa e a caixa no armário, deixando tudo exatamente como estava quando chegara.

A passos apressados, saiu de dentro de casa, acionou o botão do controle para fechar o portão e bufou irritado por não vê-lo funcionando. Supôs que o eletrônico tivesse avariado quando caiu das mãos do Kim, então caminhou até a porta metálica e fechou-a manualmente, logo em seguida assumindo a boleia da sua van e arrancando rápido, dirigindo em direção ao parque. Aquele mesmo parque que fora palco da melhor tarde que já havia vivido em todos os seus anos de existência.

Assim que chegou em seu destino, dirigiu sobre os canteiros até estacionar com a porta lateral do compartimento de carga da van paralela a porta de entrada da casa de maquinas. Desceu do carro carregando sua mochila, sentindo o vento frio lhe atingindo, fazendo-o se encolher, e ao entrar na tal sala, logo sentiu o corpo voltando a temperatura normal. Caminhou pelo espaço empoeirado, observou a caldeira ligada à todo vapor, gotejando água e óleo fervilhante e notou que o calor do cômodo se devia ao funcionamento daquele equipamento. Girou 360 graus no próprio eixo pensando em como prepararia o cenário. Notou uma única cadeira velha ao fundo e pensou que aquele seria o “trono real de Jimin” assim que ele chegasse. Mais uma volta e viu os tubos metálicos grossos que contornavam toda a sala, tocou-os e percebeu que a temperatura deles estava normal, e assim decidiu que seria ali que amarraria os dois “ajudantes” da sua empreitada.

Logo voltou a van, e como Taehyung estava mais próximo a porta, pegou-o primeiro, jogou-o sobre o ombro e caminhou com certa dificuldade até o interior da câmara maquinaria, depositando-o no chão em um dos lados do espaço. Retirou de dentro da mochila, as cordas que havia trazido consigo, cortou um pedaço grande com uma das facas que sempre carregava e utilizou-a para amarrar o Kim à tubulação, deixando-o com as costas apoiadas na parede e os braços sobre a cabeça. Repetiu o exato mesmo processo com o loiro, do lado oposto do local, pegou a cadeira e sentou-se de frente para a porta, aguardando ansiosamente que seu ruivo viesse ao seu encontro, enquanto observava alternadamente os dois rapazes desmaiados pelo efeito dos medicamentos.

 

~~

Após alguns minutos de choro copioso, Jimin sentiu o medo e a dor pela possível perca de Taehyung, dando lugar ao ódio, à raiva que borbulhava em si por Jungkook realmente ter cumprido a ameaça que havia lhe feito no hospital da pior forma possível: atacando alguém que amava. Amassou a carta e atirou-a no chão enquanto tentava tirar a angustia do seu peito através de um grito forte e entrecortado pelos soluços do seu choro, pensando sobre o quão baixo o garçom poderia ser e levantou-se por fim, saindo apressado com rumo ao seu carro. Quando já estava dentro do veiculo, sua vontade de chorar só se intensificou ainda mais por olhar no seu interior e não ver as chaves do automóvel. Desceu dele e já estava rumando à casa para procura-las quando se tocou de que, se o Kim havia sido sequestrado e o carro havia sido abandonado do jeito que estava, provavelmente as chaves ainda estariam com o moreno. Sentindo o desespero exalando de si por ter a ciência de que estava correndo contra o tempo, levou as mãos ao próprio corpo, abraçando-se na tentativa de talvez se acalmar um pouco e, quem sabe, conseguir pensar com mais clareza, e ainda em meio ao auto-enlace, percebeu um volume no bolso interno do seu casaco e finalmente sentiu-se menos mal.

Ignorando completamente o portão aberto, Jimin saiu à rua, correu em direção ao carro de Hoseok, assumiu o volante e arrancou cantando pneus. Nunca em sua vida toda havia sentido tanto medo e ódio em uma única situação. Só a ideia do que o Jeon poderia fazer para seu melhor amigo, gelava seu sangue por completo, o fazia tremer como se estivesse em meio a uma crise de hipotermia e a cada segundo passado, rezava aos céus para que nada de ruim acontecesse àquele que havia dedicado maioria dos seus dias em lhe cuidar e zelar por si. Naquele tempo que passou dirigindo até o parque que sabia ser o local onde Jungkook o aguardava, toda a sua vida se passou pelos seus olhos, cada um dos momentos lindos que tivera ao lado de Taehyung e todas as vezes que acordava destruído pelas suas memórias e via o sorriso quadrado do moreno sobre si, sempre lhe cuidando e lhe ajudando e sendo todo o referencial de estabilidade e segurança que nunca tivera em ninguém mais, antes de Hoseok aparecer.

Lembrou-se das brincadeiras de criança, das brigas bobas por motivos mais tolos ainda, das reconciliações e promessas de nunca mais brigarem novamente, lembrou-se das descobertas que fizeram juntos, dos medos que dividiram, das decepções que superaram e de cada sonho que realizaram, um ao lado do outro, e de tantos outros mais que ainda almejavam. Uma vida inteira dedicada a uma amizade que Jimin pensava não existir semelhante em outro lugar do mundo, e todas essas memórias só o desesperava ainda mais por saber que uma das pessoas que mais havia amado na sua existência, estava em perigo nas mãos de um crápula que só entrou na vida deles graças ao seu coração irremediavelmente carente de adolescente da época de escola.

Quando finalmente chegou ao parque, Jimin abandonou o carro na calçada da rua sem nem prestar atenção a nada que acontecia a sua volta. Apesar do Sol já brilhar alto, o vento frio penetrava pelos tecidos das roupas e àquela altura, o barista já não sabia se seu tremor era apenas pelo medo ou se era pela baixa temperatura também. O parque estava vazio, não havia uma pessoa sequer passeando por ali, a lanchonete do local ainda estava fechada e ao olhar para o outro extremo do parque, tentando localizar visualmente a casa de maquinas que tinha certeza ser o seu destino, viu uma van escura com a logomarca de uma floricultura estacionada em frente a porta. Atravessando os canteiros sem nem parar para olhar as rosas que tanto amava e que estava esmagando com suas botas, o ruivo correu ate onde o veiculo estava, deu a volta nele, parando de frente a entrada e sem nem titubear, abriu a porta de supetão, fazendo um forte estrondo ecoar pela area e mais uma vez, sentiu o panico lhe nublando a visão.

A sua frente, viu finalmente seu objeto de busca. Taehyung estava com o rosto ferido, os cabelos úmidos e os pulsos amarrados à tubulação que circundava todo o local. Assim que pousou os olhos nele, viu-o levantando a cabeça com grande dificuldade e pode ler seus lábios trêmulos dizendo “Jiminie, você não deveria ter vindo.”

Já para Jungkook, ter visto o Kim acordar antes de Jimin chegar, pareceu-lhe um problema bem grande. Sabia que não demoraria para a vida da capital se iniciar naquela manhã, trazendo pessoas para passear no parque e assim, prejudicando a segurança dos seus planos, já que obviamente, Taehyung não ficaria calado ao despertar e se ver amarrado, e estava certíssimo quanto as suas suspeitas. Assim que despertou, o moreno começou a berrar por socorro a plenos pulmões enquanto questionava o que aquilo significava, e em meio a gargalhadas, o garçom lhe dizia.

- Sinceramente Tae, você é a ultima pessoa com quem eu gostaria de passar mais que dez minutos, mas como Jimin não estava em casa e eu preciso convencê-lo de algumas coisinhas, achei melhor lhe trazer em meu passeio. – Concluiu sorridente.

O temor cobria o namorado do Min a cada palavra que escutava acerca dos planos do Jeon. Sua vontade era de pular no pescoço dele e estrangula-lo com as próprias mãos enquanto deixava bem claro que Jimin não iria perdoa-lo, que não iria fugir consigo. Quando criou coragem e falou que o Park não acreditaria na “ladainha fajuta” de que Jungkook havia sido obrigado a maltrata-lo, chegou a nausear quando viu o moreno caminhando até o outro lado da sala e virando uma terceira pessoa, já acordada e tão tremula quanto a si, para que pudesse ver seu rosto.

- Eu não vou convencer ninguém a nada! O verdadeiro agressor que vai fazer isso por mim. – Deu dois tapinhas falsamente amigáveis no ombro do homem loiro e completou. – Não é mesmo, Jackson? – Virou-se novamente para Taehyung, que havia reconhecido a terceira pessoa como um dos amigos do Jungkook, um daqueles que maltratava o ex gordinho e logo notou o Jeon com o olhar afiado e logo concluindo. – Meu querido amigo e capitão do time de basquete da escola que vai fazer o favor de contar ao meu Jimin-ah exatamente o que aconteceu. Assim que meu amor souber a verdade, ele vai me perdoar automaticamente! Você sabe como ele tem o coração bom! Meu Jimin-ah é um anjo! – falou zombeteiramente provocando mais uma vez a ira do rapaz aprisionado, fazendo-o voltar a gritar enquanto tentava soltar os pulsos.

Jungkook mandou-o se calar por diversas vezes, falou que se ele continuasse com a gritaria, tudo seria pior, e quando notou que suas palavras não surtiam efeito, decidiu partir para a ignorância. Primeiro, pensou em acalma-lo e ao olhar em volta e ver um balde jogado num canto, Completamente ciente da baixa temperatura daquele dia de inverno rigoroso, o Garçom capturou o recipiente, saiu da sala de maquinas, indo em direção à fonte que havia no meio do parque, encheu o recipiente com a água e voltou até o Kim, despejando todo o liquido congelante sobre ele e percebeu com deleite a expressão dolorosa que sua face assumiu por conta do frio excessivo que o havia tomado. Taehyung, que já tinha os dedos amortecidos devido a pressão da corda contra os pulsos, simplesmente deixou de sentir qualquer coisa nas mãos após ter tido a impressão que seus dedos haviam congelado. Ficava difícil respirar a cada minuto de tanto que seu corpo tremia e tinha que fazer um esforço sobre-humano para continuar gritando na esperança que alguém o ouvisse e viesse lhe ajudar.

O Garçom, vendo que sua atitude não havia surtido efeito algum, caminhou ate o rapaz e desferiu sem dó algum, uma sequencia de três socos contra cada lado de sua face, notou que a força de um deles cortou o lábio do moreno, e finalmente sorriu satisfeito pelo silencio que, finalmente, se instaurou no local.

O Dono da cafeteria, dando-se por vencido, passou a rezar em sua mente para que Jimin não viesse. Pediu aos céus para que acontecesse qualquer imprevisto na estrada, qualquer coisa mínima para atrasar a viagem dele e de Hoseok e assim, não sentir sua falta em casa. Se amaldiçoou por ter brigado com YoonGi, pois se isso não tivesse acontecido, teria dormido com ele naquela noite e assim estaria em segurança, mas como brigaram, não conseguia nem imaginar se o legista o procuraria a tempo ou não e ali, focou seus pedidos divinos na esperança do namorado sentir sua falta e lhe procurar fazendo com que o Min o encontrasse antes do ruivo e assim falhasse os planos do Jeon.

E foi em meio àqueles pedidos mudos que mais uma vez o moreno sentiu seu sangue gelar e seu coração apertar. O Kim pode ver quando Jungkook caminhou até uma cadeira para se sentar. Notou o rapaz tirando uma pistola da cinta e colocando-a no chão, com o cano apontado para si, e a possibilidade de morrer ali naquela casa de maquinas lhe pareceu quase uma certeza. Taehyung fechou seus olhos e imediatamente um sorriso gengival e infantil lhe invadiu a memória. Lembrou-se de tudo o que lhe aconteceu desde o dia em que o policial deixara seu telefone para Jimin, recordou do primeiro beijo deles no bar do agressor, aquele beijo que tinha gosto de nicotina e álcool e que mesmo não sendo os sabores que mais apreciava, soube naquele exato momento de embriagues que o gosto de cigarro passaria a ser seu favorito. Sua memória puxou o passeio no parque de diversão abandonado, a forma amedrontada com que o legista olhava a sua volta e posteriormente, a primeira madrugada em que provaram os corpos um do outro. Lembrou da noite em que apenas precisou de um amigo para desabafar, de como fora prontamente atendido e ouvido pelo mais velho e, poucos dias atrás, como havia sido diferente a transa que tiveram na sala da sua casa e em seguida, como tudo melhorou ainda mais entre eles. O peito do moreno doía ao pensar que não havia se despedido decentemente do amado, de que havia jogado fora a ultima oportunidade que tivera de demonstrar a ele o quanto o gostava, o quanto queria tê-lo por perto pra sempre e de como YoonGi havia sido importante para si, mesmo estando a tão pouco tempo naquele relacionamento. Taehyung se arrependeu por não ter lhe dito nem uma vez sequer que o amava, mesmo não tendo certeza se era amor o que sentia. Queria ter lhe dito, nem que fosse mais uma única vez, que YoonGi havia sido a melhor coisa dos seus últimos dias e que por mais que morresse logo, tudo o que viveu teria valido a pena só pelo fato de ter tido a oportunidade de conhecer o Min.

O Fato era que Taehyung já estava se conformando com o próprio fim. Independente de Jimin aparecer ou não, era nítido no olhar do ex colega de escola, que não sairia com vida daquela casa de maquinas e com tais pensamentos, apenas tentava se acalmar, recordar das coisas boas que viveu durante aqueles vinte e poucos anos e se preparar para o que poderia sentir quando o gatilho daquela arma fosse acionado, pedindo somente para que o amigo realmente não viesse porque se o Jeon demonstrava tanta raiva por si – que não havia feito nada de ruim para ele – imagina para o Park, que ao que tudo indicava, ainda tinha assuntos pendentes com o outro moreno.

O Kim ainda estava totalmente imerso em seus temores, alheio a qualquer coisa a sua volta, quando foi despertado do seu transe pelo estrondo da porta se abrindo. Quando conseguiu focalizar a visão naquela direção, a vontade de chorar e a frustração por não ter parte dos seus pedidos atendidos, retornou com uma força ainda maior ao perceber que infelizmente, o Park havia sim chegado em casa no horário previsto, havia sim sentido sua falta e o pior de tudo: Havia sim vindo lhe procurar. Tentando não emitir som algum para não chamar a atenção do sequestrador, moveu os lábios tentando expressar o quão em apuros o ruivo estava e sentindo as lagrimas rolarem grossas pela face, observou quando o Jeon recapturou a pistola que jazia ao chão e se aproximou do seu melhor amigo.

O Barista ainda tentava entender melhor os balbucios do moreno amarrado quando percebeu que Jungkook andava em sua direção. Seu primeiro impulso foi de ataca-lo. Queria soca-lo, agredi-lo, extravasar nele, todas as coisas ruins que sentia ali, assim como todos os outros sentimentos que carregou consigo ao longo daqueles cinco anos. Seu ódio era tão intenso que já nem sentia mais o frio do inverno em si. Era como se seu sangue borbulhasse em suas veias, lhe dando a combustão que precisaria para acabar com a raça do Jeon com os próprios punhos. No entanto, toda a raiva, a coragem e o calor, se reverteram no exato oposto quando, ao observar melhor o garçom, percebeu-o levantando o braço direito em sua direção enquanto empunhava uma arma de fogo, apontando-a diretamente para a sua face.

Essa foi a vez do Park temer pela própria vida enquanto via o sorriso psicótico nascendo no rosto do moreno.

- Achei que você não viria mais, meu amor! – Disse Jungkook, ainda empunhando a arma mirada contra o rosto do ruivo enquanto puxava a cadeira até onde estava. – Venha, sente-se aqui. Temos algumas coisinhas para conversar. - Sentindo-se confuso e sem saber se obedeceria ou não, Jimin olhou em direção ao amigo e viu-o balançando a cabeça freneticamente de um lado para o outro em um sinal para que não obedecesse. – EU MANDEI VOCÊ SENTAR AQUI! – O grito impaciente do sequestrador reverberou pela sala e o som de um tiro atingiu o ouvido de todos os reféns, fazendo os três pularem por conta do susto.

Jimin sentiu o pó caindo sobre si, lhe dando a ciência de que aquele disparo fora desferido contra o teto, e temendo que algo pior pudesse acontecer caso desobedecesse, caminhou a passos largos e sentou-se na cadeira. Mantinha a cabeça baixa e os dedos das mãos apertando os joelhos numa tentativa falha de descontar ali, todo o seu nervosismo, e mal percebeu quando Jungkook saiu do seu campo de visão e voltou logo depois com um pedaço de corda. Medo e repulsa era tudo o que Jimin sentia enquanto tinha os braços puxados para traz do encosto da cadeira e logo sentiu as mãos sendo forçadas a ficarem juntas enquanto eram amarradas com tanta força que já podia perceber a circulação sanguínea diminuindo em seus dedos. Era com o estomago revirando que tinha seu olfato tomado pelo perfume do Jeon, era quase vomitando que sentia seus ombros serem tocados e teve vontade de ele mesmo dar-se um tiro na cabeça ao abrir os olhos e encontrar abaixado a sua frente, aquele rapaz que outrora lhe parecia tão frágil e dócil, mas que agora era a personificação de tudo de ruim que uma pessoa poderia ser para outra. Naquela troca de olhares, Jimin leu muito mais do que maldade. Jimin leu a demência no sentido mais literal possível. Enquanto encarava o Jeon e notava seu brilho alegre, verdadeiramente feliz sobre si, teve certeza que aquele homem era doente por sentir-se bem depois de ter feito tudo o que fez e fazer tudo o que estava fazendo.

Logo Jungkook se afastou, ainda brincava com a pistola entre os dedos e andava a passos tranquilos por todo o espaço. Àquela altura, Taehyung já não assimilava quase nada a sua volta e pensava que poderia desmaiar a qualquer instante devido a temperatura extremamente baixa que seu corpo estava atingindo. O Moreno já não sentia as mãos e parte dos braços, não conseguia mover seu corpo e a única coisa que funcionava em si ainda, era a visão e a audição, totalmente atentos no que poderia acontecer ali e não demorou para novamente ouvir a voz do garçom.

- Cinco anos... Fazem cinco anos que eu sonho com esse dia... – Um suspiro escapou dos lábios do Jeon e a cada letra proferida, uma sequencia de arrepios se propagava por todo o corpo do Park.

- Jungkook, por favor... O que você quer? – Questionou o ruivo com o olhar baixo, se esforçando verdadeiramente para não chorar ou vomitar.

- Conversar, oras! Você não leu a carta que eu te deixei? – respondeu debochadamente e o barista teve certeza de que se o garçom realmente falava serio naquele escrito, havia enlouquecido de vez.

Se era sobre esse tal perdão que conversariam, pra que fazer aquela cena toda? Qual era a necessidade de capturar Taehyung, que não tinha nada a ver com aquilo tudo, se queria apenas pedir ou oferecer desculpas? E pensando nisso, olhou para o melhor amigo que se mantinha imóvel com os olhos cerrados e a respiração pesada e tal imagem preencheu por completo seu ser de dor.

- Se quer apenas conversar, deixe o Tae ir embora. Ele não tem nada a ver com a gente, Jungkook. – Falou baixinho, suplicante e em resposta, escutou uma sequencia de gargalhadas que achou dignas de trilha sonora de filme de terror.

- Jimin-ah, não é assim que as coisas funcionam, meu amor! Se eu soltar esse linguarudo agora, ele pode chamar a policia, e convenhamos, não queremos nenhum daqueles três patetas atrapalhando nossa conversa tão aguardada, não é mesmo? – Respondeu dando a volta na cadeira e a menção dos “três patetas” remeteu a mente de Jimin imediatamente ao namorado, e em um ato involuntário, o barista acariciou seu anelar, tentou forçar sua mente a recriar o rosto do policial na tentativa de se acalmar, mas logo ouviu a voz do moreno interrompendo seus pensamentos. – Eu não vou libertar ele. Pelo menos não até terminarmos de conversar o que temos para conversar e podermos resolver tudo. – Percebendo que não estava em condição de impor nada, Jimin se rendeu.

- Ok. Você venceu! Sobre o que você quer tanto conversar? O Que você tem tanto para me falar? – Disse finalmente criando coragem para encara-lo e percebeu mais uma vez o sorriso maquiavélico estampado naquela face.

- Existem alguns pequenos fatos do passado que eu tenho a impressão de não estarem bem claros pra você ainda... – Jungkook pausou a fala, endireitou a postura e girou no próprio eixo, encarando o ruivo logo em seguida. – Você se lembra, Jimin? Lembra da ultima vez que estivemos aqui? – O Tom saudoso na voz do garçom fez o Park achar que realmente ele não tinha noção do que falava. – Se você se lembra, eu não sei, mas eu lemb...

- Claro que lembro! Minha vida foi destruída por causa do que aconteceu aqui, seu babaca! – Interrompeu o ruivo, não conseguindo mais conter o ódio crescente a cada segundo. – Como eu poderia esquecer do dia que me entreguei ao único cara que havia gostado pra logo depois ele me expor como se eu não fosse nada! Como se eu fosse apenas um brinquedo criado pras pessoas rirem? – A expressão do barista retratava o nojo na sua mais pura essência e tal visão fez o coração do moreno doer, trazendo-lhe lagrimas aos olhos, fazendo-o ter a sensação de que o chão se abria sob si.

- EU NÃO TIVE CULPA! – Vociferou se aproximando perigosamente do rapaz amarrado na cadeira. – Jimin, não sou eu o mentiroso aqui. Eu errei por ter deixado tudo acontecer, mas lembra que foi você que me iludiu! Você que prometeu me perdoar! FOI BEM AQUI NESSE CHÃO SUJO QUE VOCÊ DISSE QUE IA ME AMAR E QUE NÃO IMPORTAVA O QUE ACONTECESSE, ME PERDOARIA! – O mais alto encarou o ruivo e notando incredulidade em seu olhar, resolveu deixar suas barreiras cederem, abaixando o tom de voz que havia se elevado sem que nem notasse e se aproximando lentamente. – Eu sempre te amei, Jimin-ah! Eu sempre amei você e acredita em mim quando eu digo que eu fui obrigado a fazer tudo o que eu fiz! Eu não queria! Eu não queria maltratar você. – O choro do sequestrador irrompeu audível e tal cena provocou o riso do mais velho.

- Diz que não queria, mas fez! Sinceramente Jungkook, você realmente acha que vou engolir essa historinha? Você acha que eu tenho sangue de barata? Jeon, você me humilhou na frente de uma escola toda, você mentiu pra mim e deixou seus amigos me espancarem e me estuprarem sem fazer nada...

- EU NÃO CONSEGUI! – Interrompeu gritando cada palavra pausadamente. – EU NÃO CONSEGUIA ME MOVER! EU NÃO ACREDITAVA NO QUE TAVA ACONTECENDO, TANTO QUANTO VOCÊ! – Gritou novamente e mais uma vez viu a descrença no olhar do Park. – Jimin, você tem que acreditar em mim, você tem que me perdoar. Eu não fiz nada de errado! – De joelhos, o Jeon esmurrava o chão a cada palavra, sentindo o controle se esvaindo de si por estar vendo todo o roteiro que tinha traçado em sua mente para aquela conversa, descendo pelo ralo, afinal, tinha quase certeza que seria perdoado assim que o Park se visse diante de si naquele cenário tão cheio de boas lembranças e perceber que acontecia exatamente o contrario disso, o desestruturava por completo.

- Jeon, quem vai me perdoar é você porque infelizmente, eu não acredito.

O silencio se instaurou na sala. Os sons do choro do garçom cessaram e o único som que se fazia ali era o da caldeira fervilhando atrás do barista, e esse sentiu o pior arrepio na espinha daquele dia ao notar finalmente seu algoz levantando o olhar para si. Seu rosto já não tinha mais a expressão triste de segundos atrás e no lugar das lagrimas, havia o semblante raivoso. O ruivo chegou se encolher na cadeira quando percebeu o agressor se levantando rápido e caminhando para o oposto da sala e foi só naquele momento que Jimin notou uma quarta pessoa naquele espaço. Ao ver aquele corpo desconhecido sendo chutado para o lado e o rosto dele se virando para si, foi como se o mundo parasse de girar e ruísse por completo a sua volta. Assim que seus olhos se encontraram com os daquele homem, foi como se um filme de terror passasse a ser exibido a sua frente. Um filme onde ele era o protagonista aterrorizado pelo monstro. Aquele mesmo monstro de cinco anos atrás, e foi aquela visão que repuxou da sua memória cada um dos toques nojentos e abusivos, cada uma das agressões, os socos, chutes, os puxões de cabelo e a dor que o tecido da sua roupa empregara contra sua carne ao ser forçado até rasgar. Era como se sentisse de novo a dor que sentira ao ser invadido como havia sido, era como se a vontade de vomitar provocada pelos gemidos, que ainda ecoavam audivelmente em sua cabeça, voltassem com ainda mais força do que naquela primeira situação. O Pânico, a dor física e emocional ao qual fora infligido, todo o inferno que vivera e que ecoou pelos últimos cinco anos, todo aquele trauma, estivessem vindo a tona com ainda mais força do que no passado, e sua única vontade era de gritar, de chorar, de clamar por tudo que fosse mais sagrado para que alguém lhe livrasse daquilo tudo, para que Hoseok aparecesse e lhe salvasse, para que qualquer um lhe tirasse dali ou que simplesmente acordasse em sua cama achando que tudo havia sido só mais um de seus pesadelos.

Depois de tanto tempo, Jimin sabia que seria difícil se um dia reencontrasse Jungkook, mas sabia também que seria ainda pior a possibilidade de rever Jackson. Ver aquele rosto novamente, resgatou em si todas as coisas terríveis que lutara sofregamente para superar, ver o capitão do time de basquete que tinha como passatempo favorito lhe torturar psicologicamente e lhe menosprezar, ali tão próximo, fez o Park querer que o Jeon realmente tivesse coragem de usar aquela arma contra si e acabar de vez com todos os horrores que sua memória guardava e que estavam vindo a tona só de encarar aquele rosto novamente.

Mas tudo tendia a piorar e Jimin tinha plena ciência disso. Assim que o olhar que trocava com o estuprador se cortou, percebeu o Jeon desamarrando as cordas que o prendiam na tubulação mas ainda mantendo um pulso preso ao outro. Viu quando o algoz arrastou-o até ficar de frente para si, de joelhos, e assim que o loiro levantou a cabeça, seus olhares se encontraram novamente e o barista se surpreendeu com o que viu estampado neles.

Desde que acordara naquela sala de maquinas - que se lembrava perfeitamente bem de onde a conhecia -, Jackson se viu completamente confuso quanto o que se tratava estar ali. Uma onda de pânico o tomou quando percebeu seu braços amarrados sobre a cabeça e ao olhar envolta e encontrar Jungkook sorridente demais com o presente que seu namorado havia lhe dado em mãos, soube que de fato o ex colega da escola não havia esquecido dos seus erros do passado. Seu primeiro instinto foi de tentar se soltar ou gritar por socorro, mas ao notar que alguém já havia feito isso e acabou sendo cruelmente punido, desistiu da ideia, afinal, na prisão havia convivido o suficiente com mentes doentias como a que de Jeon Jungkook aparentava ser para saber que qualquer reação impensada poderia resultar a, no mínimo, alguns ferimentos adicionais e alguns ossos quebrados.

O Loiro lembrou-se da pequena competição velada que fazia com Bambam, sem que sequer ele soubesse, e se amaldiçoou enormemente por não ter barrado-o quando o namorado tentava ajudar o criminoso que agora sorria a sua frente. Ali naquela casa de maquinas percebeu que o Jeon não pretendia ser amigável em nada com ninguém, o que ele queria era acertar as pendências do passado e ao notar que o Park não estava ali e que sua companhia de cativeiro era justamente o rapaz que lembrava ser o melhor amigo do gordinho, teve certeza que a historia de “fugir com o namorado” era pura mentira. O que o garçom planejava fazer ainda não lhe estava muito claro, mas era obvio que independente do que Jimin optasse por fazer, seria por obrigação e quando viu o rapaz, quase irreconhecível, entrando naquela sala e ouviu o dialogo dele com o ex amor do colégio, soube perfeitamente qual seria seu papel naquele joguinho sujo de Jungkook.

Ao encarar o Park, pela primeira vez em cinco anos, surpreendentemente até para si, sentiu remorso. Pela primeira vez em cinco anos, se permitiu colocar-se no lugar daquele garoto e agora, depois de ter passado por coisas inimagináveis na prisão, sabia perfeitamente como ele se sentira. O terror expresso no olhar daquele rapaz, agora de cabelos vermelhos e de um corpo visivelmente bonito, totalmente diferente do seu objeto de chacota, o fez sentir-se o pior dos monstros que já havia andado pela Terra e o pior de tudo era que sua monstruosidade seria usada justamente para justificar a maldade de outra pessoa. Ao notar todo aquele pesadelo se passando na mente do ex gordinho e depois olhar a expressão grotescamente cruel e impiedosa na face do ex colega de basquete, soube que o que era pra ser o fim de uma historia de tortura, na verdade estava fadada a ser apenas justificativa para a criação de uma nova historia de horror ainda pior, e quando percebeu Jungkook atrás de si, com a arma em punho apontada para a sua nuca, se viu em um dilema.    

Jackson ouvia em silencio enquanto o garçom contava tudo exatamente como havia acontecido. Se lembrou do dia que descobrira que o novato do colégio estava se tornando amigo do seu objeto de risadas e recordou a raiva que sentira porque, devido ao fato de dividir o time de basquete com o Jeon, considerava-o um amigo, e vê-lo próximo do Park, o fez se sentir traído. Sua vontade era de negar, era de desmentir aquelas palavras que sabia perfeitamente bem serem verdades. Já se sentia um monstro sem ouvir a visão de outra pessoa quanto aquela historia, e àquela altura já nem sabia denominar algum adjetivo repulsivo o suficiente para expressar o que realmente fora. Por fim se deu por vencido e acabou agindo exatamente como aquele demente queria. Admitiu a veracidade de cada uma das palavras dele, reconheceu que havia sim obrigado-o a transar com o ruivo e filmar tudo e depois vigiou-o para que não se reaproximassem mais.

Mas ao contrario do que Jungkook planejava, mesmo Jimin acreditando nas palavras do loiro, o Park ainda não cedia. Apesar de já não ver o ódio queimando no olhar do Barista, o Jeon também não via nenhuma menção de mudança de postura ou de aceitação para consigo.

- Agora você acredita em mim? Viu como eu não tive culpa? Foi esse filho da puta que me obrigou, amor! Agora você pode me perdoar e a gente vai pode fugir dessa merda de cidade ficarmos juntos, hum? O que acha? – Falou o garçom com os olhos marejados, rastejando de joelhos até ficar próximo demais da cadeira que prendia o mais velho.

- Não, Jungkook! Eu entender o que aconteceu de verdade não apaga tudo o que você fez. A mente principal de tudo ser o Jackson não anula os SEUS atos, não apaga o que VOCÊ disse, não faz a SUA fraqueza e egoísmo deixarem de existir. – Respondeu nauseando por conta da sensação asquerosa que era ter as mãos do sequestrador sobre suas coxas.

- Eu já pedi perdão amor! Eu sei que você me ama e eu amo você também! Eu perdoo você por não ter confiado em mim, eu até entendo você, mas por favor, para de negar o que a gente sente e vamos por uma pedra nisso, Ok? – Falou levando as mãos para tocar o rosto do ruivo e o asco cobria completamente a mente do agredido que esticava o pescoço na direção oposta a palma do Jeon na tentativa de evitar seu toque.

- Para com isso, Jungkook! Eu não amo você, eu não quero ficar perto de você! – Ao responder o garçom, ao citar aquele sentimento, o peito do ruivo automaticamente remeteu à memória de quem era de fato dono do seu coração. Lembrou-se de Hoseok, se recordou do dia que o mais velho aparecera na cafeteria completamente encharcado e daquela noite em que cuidara dele. Se recordou da viagem, do pedido de namoro e de como tudo parecia tão lindo até há poucas horas e suspirou pesado enquanto levantava o olhar e encarava Jungkook agora de pé, empunhando a arma contra sua face novamente. – Eu não vou fugir com você. Eu não vou sair da cidade porque quem eu realmente amo está aqui! Tudo o que eu amo e que me motivou a superar a merda que vocês dois fizeram comigo está, parte nessa sala e parte na delegacia em frente a minha cafeteria. As únicas três coisas que eu amo verdadeiramente não vão sair da cidade, consequentemente, eu também não vou! – Respondeu resoluto, engolindo o nó que sentia subindo sua garganta por conta do medo natural de ser morto naquele exato momento e quando achou que poderia respirar aliviado por ver a arma sendo tirada do seu campo de visão e voltando para a cinta do moreno, se viu em pânico novamente por nota-lo caminhando até uma mochila que estava jogada e retirar uma faca imensa de la.

- Perfeito! Você não quer me aceitar de volta porque ama sua cafeteria, o idiota do amigo do YoonGi e esse imbecil aqui? – Falou enquanto submergia a lamina da faca no recipiente coletor do óleo da caldeira e apontando para Taehyung, que ainda parecia alheio a tudo o que ocorria a sua volta. – Tudo bem! Vamos começar eliminando o mais próximo! – Disse um bom tempo depois, retirando o objeto cortante de dentro do óleo e ao notar que a lamina estava alaranjada, Jimin teve ciência de que aquele liquido continha uma temperatura extremamente alta.

O Desespero nublou completamente a mente do Park quando percebeu Jungkook caminhando em direção ao Kim. Observou com uma angustia sem igual quando o rapaz rasgou a camisa do amigo e empurrou para o lado a jaqueta de couro que ele usava, logo pressionando o metal fervilhante contra o tórax do sócio, fazendo com que ele acordasse e um grito de dor assustador ecoasse por todo o espaço.

- Tem certeza que vai preferir seguir pelo caminho mais difícil e deixar seu amado TaeTae Sofrer? Posso não estar certo, mas até onde eu sei, melhores amigos protegem um ao outro... – Forçou ainda mais a faca deitada contra a carne e os gemidos sôfregos do Kim lhe fizeram ter a sensação de nostalgia enquanto lembrava brevemente dos seus crimes.

- Jungkook para com isso! Ele não tem culpa! Não é a ele que você quer! – Jimin resmungava chorando copiosamente observando imóvel por conta das cordas, o amigo se contorcendo em meio a tortura. Mesmo com os olhos embaçados pelas lagrimas, era possível para o barista ver o regozijo com que o mais novo dos três se divertia, marcando cada centímetro do corpo tremulo do Kim e sua boca emitia pedidos de clemencia sem que nem notasse. 

- Jimin-ah, meu amor, Eu parar ou tortura-lo até a morte, só depende de você! É só você dizer que vai fazer o que eu quero que eu solto ele e nós poderemos sair daqui. – O Jeon disse se levantando e voltando para a caldeira. Dessa vez abriu o forno dela e com auxilio da faca, retirou um pequeno pedaço de brasa flamejante. Equilibrando-a na lamina, caminhou novamente até sua mochila de onde tirou um alicate e usando tal ferramenta, sustentou o pedaço de carvão em chamas em frente aos olhos, mais brilhantes a cada segundo.

- Você não vai ganhar nada com isso, Jeon. O Que você vai ganhar, alem do meu ódio, fazendo mal ao Tae? Você acha que eu poderei amar você, agindo assim? – Dizia o ruivo com a voz baixa tentando persuadir o sequestrador a mudar de postura e percebeu aterrorizado quais eram as intenções do garçom naquele momento, quando ele se aproximou novamente do seu melhor amigo.

- Você me amar é questão de tempo. Só preciso que você abra mão desses idiotas e fuja comigo. – Jungkook pausou sua fala enquanto levava o alicate que mantinha a brasa acesa em sua ponta até a barriga do Kim e um grito ainda mais alto que o anterior reverberou por todo o espaço. – E então Jimin, vai mesmo deixar eu matar o Tae? Vai assistir seu melhor amigo morrer? Vai deixar a pessoa que fez de tudo por você sofrer todas as dores que posso lhe proporcionar, só para manter sua vidinha egoísta e cheia das mentiras de Hoseok? – Uma gargalhada psicótica ecoou enquanto o mais velho assistia o garçom arrastando a brasa e marcando o melhor amigo que só sabia gemer de dor e chorar, e por fim, o moreno encarou profundamente o barista, mantendo um sorriso sabido no rosto. – Ou você realmente acha que ele quer alguma coisa alem de lhe foder? – Mais uma vez o alicate foi apertado e outro berro emergiu da garganta do Kim. – Será que vale a pena você sacrificar a vida do seu “fiel escudeiro” por causa de um cara que você nem sabe se vai ter ligar na manhã seguinte? Pense bem, Jimin! Eu estou te dando a chance de uma vida nova e de poupar Taehyung. Basta você aceitar minha proposta que partiremos daqui agora mesmo.

Por um segundo, Jimin se colocou a pensar nas palavras de Jungkook. Era obvio que não queria ver seu irmão de coração sequer machucado, quem dirá morto. O ódio e a convicção quanto as suas palavras, presentes no olhar do garçom, evidenciavam que ele teria sim coragem de cumprir com o que falava, e apesar do seu peito sangrar e sua cabeça fervilhar a procura de uma saída para aquilo, não conseguia achar solução alguma que não fosse ceder. Pensou naquelas afirmativas todas sobre o Jung e por mais que as memórias lhe dissessem que o policial não seria capaz de lhe fazer mal, acabou por ponderar que realmente talvez não valesse a pena deixar o Kim sofrer por conta do seu namoro. Não que duvidasse de Hoseok, longe disso. O fato era que se colocasse tudo em uma balança, obviamente a vida do amigo pesaria mais que um relacionamento. Em meio as lagrimas, Jimin se via dividido porque agora que havia finalmente descoberto e apreciado o que era o amor de verdade, se via na obrigação de abdica-lo para salvar a vida de outra pessoa que era a personificação pura de um outro tipo de amor, totalmente diferente, mas não menos forte do que o que sentia por Hoseok. Foi com o peito sangrando de dor e medo que levantou o olhar até onde o garçom estava, sorridente como uma criança que ganha um brinquedo novo, torturando aquele rapaz que conhecia desde que nascera, e por mais difícil e doloroso que fosse tomar tal decisão, não podia fazer escolha diferente.

- Tudo bem... Se é isso que você quer, eu vou com você! Mas por favor solt...

- NÃO! – O Ruivo fora interrompido pela voz grave do amigo que ainda se contorcia em meio a dor infligida pelo garçom. – JIMIN, NÃO ESCUTA ELE! – Taehyung grunhiu sentindo o pedaço de carvão lhe atacando novamente e respirou fundo, abriu os olhos com dificuldade e procurou contato visual com o Park. – Jimin você não pode largar o Hoseok agora! Olha tudo o que ele fez por você! Vocês se amam, você não pode abandonar o amor de vocês assim! Você não pode escutar esse demente! – E após aquelas palavras, outro berro ecoou quando, usando a mão livre, Jungkook passou a deslizar o fio da faca por todo o troco do Kim.

- Jungkook eu já falei que vou com você! Para de machucar ele! – Gritava Jimin angustiado. – Tae, ele vai matar você se eu não for com ele. Eu vou aprender a sobreviver, confia em mim, eu vou ficar bem! Eu não posso pôr sua vida em risco por egoísmo meu. – Respondeu ao amigo, com a voz entrecortada pelos soluços oriundos do seu choro compulsivo e por fim, viu a expressão do moreno suavizando, como se todos os atos do Jeon contra seu corpo tivessem deixado de doer. Ao observar as feições do Kim, Jimin percebeu-o se tranquilizando, seu olhar se tornando ameno, um sorriso nascendo em meio as lagrimas e um suspiro calmo, como se ele estivesse prestes a dormir e não sendo torturado com tanta crueldade.

- Jiminie, se for para você sorrir, eu morrerei contente quantas vezes forem possíveis. Eu posso ir ao inferno e voltar quantas vezes forem necessárias se, ao final de tudo, você estiver feliz... – Outro suspiro, e àquela hora, Jungkook já se levantava, irritado pelo dialogo entre os dois e pensando no que faria, já que Taehyung não fechava a boca. – Jiminie, mais uma vez eu te peço, não fuja com ele. Não abandone a sua historia com Hoseok, que está apenas começando. Pense! Se esse doente esta fazendo tudo isso agora, quem garante que ele não maltratará você de novo? Apenas seja feliz Jimin, ignore tudo, ignore suas dores, ignore o que aconteceu e o que pode acontecer. Meu anjo, Apenas ME ignore e seja feliz...

- Pode deixar que ele vai ser feliz sim!

Jimin ouviu a voz irritada de Jungkook reverberando atrás de si e antes que pudesse sequer se virar para ver o que fazia, notou-o caminhando novamente à sua frente, a pistola estava novamente em punho, percebeu-a destravada e engatilhada e antes que pudesse gritar, ouviu o ultimo som que gostaria de ouvir naquele dia.

Um tiro

Dois tiros

Três tiros.

Ainda no primeiro estampido, os olhos do Park se fecharam por puro reflexo oriundo do estrondo. Sentindo o desespero crescente a cada segundo em si, ouviu os outros dois disparos e quando o silencio se fez por completo naquela sala, abriu os olhos percebendo Jackson com uma macha vermelha crescente no meio da sua blusa, o rosto se contorcendo pela dor e Taehyung encolhido em posição fetal, totalmente imóvel. O Mundo do Park girou e ele achou que pudesse vomitar a qualquer segundo e um grito doloroso de negação abandonou sua garganta sem que sequer notasse. A ultima coisa que iria querer em sua vida era Taehyung como estava ali, imóvel, sem vida e tudo por sua culpa. Jimin chorava audível e dolorosamente por ver uma das pessoas mais importantes da sua vida partindo e a culpa por tudo aquilo lhe pesava de uma forma imensurável.

- Cansei dessa ladainha e conversa fiada. – Após um tempo que não sabia presumir quanto fora, Jimin ouviu Jungkook falando Irritadamente, colocando a pistola em sua cinta e puxando sua blusa para cobri-la, logo caminhando até as suas costas e o ruivo se sentiu completamente confuso ao perceber o garçom desamarrando as cordas, libertando o da cadeira, mas logo em seguida amarrando novamente seus braços um no outro. – Sejamos realistas, Jimin! Não é como se você tivesse mesmo a opção de se livrar de mim assim. Mas fique calmo! Você ainda vai me agradecer por EU ter te livrado desse ser insuportável!

Logo o barista se viu sendo levantado à força da cadeira. Quando já estava de pé, percebeu Jungkook lhe segurando com uma mão enquanto com a outra empunhava novamente a pistola encostando o cano dela em suas costelas. Sem nem assimilar o que estava acontecendo a sua volta, totalmente atordoado e em choque com tudo o que estava vivenciando, o Park fora guiado inerte para fora da casa de maquinas e arremessado sem cuidado algum contra o banco do passageiro da van e assistiu o Jeon dando a volta no veiculo, ainda apontando a arma para si e logo assumindo o volante, e quando achou que já havia tido todas as piores sensações que um ser humano podia suportar, foi surpreendido pela mão livre do moreno em sua nuca, forçando-se para si e logo lhe beijando com força, tentando aprofundar em vão o beijo, e quando tal ato se findou e observou-o sorridente se ajeitando na boleia e dando a partida, o único pensamento de Jimin fora novamente o pedido mental de que o agressor realmente tivesse coragem de puxar aquele gatilho e acabar com a sua existência.

- Vamos embora, meu amor! Nossa vida nova nos espera!


Notas Finais


AEAEAEEEEEEE
SIM CARAS
DAQUI ALGUMAS HORAS SAI O ULTIMO CAPITULO
RESPIREM FUNDO.
PS: vcs entenderam o porque desse final ser dividido em três né?
Pois é
o proximo capitulo é LITERALMENTE meu maior escrito, mas vai valer a pena (eu espero...)
Até daqui a pouco, monamuzes <3
KissKiss
~~Ashmedhai


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...