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História Between Coffees and Roses - Epílogo


Escrita por: Ashmedhai

Notas do Autor


Vou começar com um pedido descarado de perdão pelo atraso e quero lhes dizer que não foi por culpa minha.
Ontem a vivo/GVT resolveu me trolar e eu fiquei sem internet até a madrugada, me obrigando a passar a melhor parte do FDS pelo cel via 3g e gente... Ninguem merece a lentidão da 3g da tim ç.ç
De qualquer forma, aqui continuamos sobre o que aconteceu depois do sequestro/morte de Jeon Jungkook.
Espero que apreciem e quero lhes agradecer enormemente por todo o amor e carinho que vocês tiveram comigo nesses cinco meses.
A tia Ash ama vcs e nunca cansará de dizer isso!
Boa ultima leitura <3
KissKiss
~~Ashmedhai

Capítulo 38 - Epílogo


Fanfic / Fanfiction Between Coffees and Roses - Epílogo

Epílogo

Realmente como Hoseok imaginava, a pior parte de toda historia do sequestro, foi o dia seguinte.

Na sexta-feira pela manhã, o Jung acordou devido ao som dos murmúrios e palavras desconexas oriundos de um Jimin que se mexia afoitamente na cama, chorava e se contorcia e tal visão deixou claro ao moreno que seu amado estava tendo pesadelos.

Ele já havia sido orientado por Taehyung a não despertar o Park quando isso acontecesse e que deveria deixa-lo acordar sozinho para que quando de fato se visse desperto, tivesse certeza de que tudo não passava de memórias passadas, de que nada do que sonhava era real naquele momento, mas vê-lo aflito enquanto dormia, era uma imagem terrível para o moreno, sempre tão acostumado com a visão do sono tranquilo do ruivo.

Imediatamente sacudiu-o de forma delicada, com a força suficiente apenas para tira-lo do mundo de Morpheus e quando finalmente o viu desperto, seu coração se acalmou por vê-lo olhar em volta e logo lhe sorrir.

- Pesadelos? – Questionou aninhando-o ao peito.

- Um bem mais louco do que os de costume... Surreal, sabe? Mas nada demais. – Falou sorrindo, enxugando o rosto e logo se levantando. – Preciso de um banho!

O Jung suspirou aliviado por vê-lo voltando ao seu normal, livrando-se das cobertas sutilmente animado e depois rumando ao banheiro. Observou quando o baixinho fechou a porta e relaxou minimamente contra os cobertores, mas logo sua tranquilidade foi jogada para o alto quando um grito alto de negação reverberou pela casa toda. Mais que depressa, o investigador se levantou e correu até o cômodo onde Jimin estava e ao entrar, viu-o de joelhos, tremulo,  ao lado do cesto de roupas sujas, segurando os trajes que usara no dia anterior, ensanguentadas.

- Aconteceu mesmo? – Perguntou com a voz aflita, o rosto molhado pelas lagrimas e a expressão contorcida pela dor. Hoseok optou por não responder, apenas se ajoelhou ao seu lado e puxou-o para um abraço, afagando-lhe as costas. – Eu matei mesmo o Jungkook? – Outra vez nenhuma resposta se fez e dessa vez, o barista se afastou para encarar o namorado. – Hope, eu tirei a vida de uma pessoa? – A dor presente no olhar do ruivo fez o mais velho se questionar que espécie de ser divino tinha em seus braços.

Naquele dia, foi difícil acalmar Jimin. Toda vez que o silencio se fazia, ele se lembrava do ocorrido e mesmo sabendo todas as coisas ruins que o Jeon havia feito, ainda se sentia culpado, ainda rebatia dizendo que ele não era o monstro que o garçom havia sido, e justificava dizendo que não importava tudo o que aconteceu, Jungkook era uma pessoa, um ser humano, e ele mesmo não era ninguém para julgar quem deveria ou não viver.

Aquele monologo durou alguns dias. Logo na segunda-feira, o próprio Park optou por procurar novamente seu Psiquiatra e seu psicólogo. Os remédios foram trocados, seu corpo reagiu extremamente mal a eles, mas todas as vezes que achava que ia morrer pelo desconforto causado pelos químicos, sentia um abraço forte em seus ombros e uma mão enlaçando a sua, lhe lembrando que não, não estava mais sozinho. Aqueles carinhos simples lhe lembravam de que tinha Hoseok ao seu lado e por mais difícil que fosse para o moreno, era com prazer imenso que o Jung observava o choro do ruivo se tornando um sorriso fraco porque aquele sorriso, mesmo não mostrando os dentes, era a confirmação de que estava conseguindo, estava cumprindo sua promessa de sempre estar ao lado do mais novo, lhe fazendo bem, lhe apoiando, e não importava quão difícil as coisas pudessem parecer ali, o Jung sabia que ia passar.

Outra coisa que ajudava Jimin a não se culpar tanto, era visitar Taehyung no hospital. Ao contrario do que tudo indicava no dia do sequestro, o maior problema de saúde do Kim não foi oriundo dos disparos, e sim das queimaduras e do estado Hipotérmico ao qual fora submetido por tempo demais. Foi com uma sensação de alivio imensa que YoonGi ouviu dos médicos que não precisariam amputar os braços do garoto, mas o mesmo iria precisar de fisioterapia e também enxerto de pele nos locais em que fora agredido com a brasa.

Os meses que se seguiram foram bem complicados para os dois policiais. Os namorados, apesar de se esforçarem ao máximo para apagar tudo o que aconteceu naquela fatídica quinta-feira, ainda tinham diversos episódios depressivos. Jimin volta e meia se culpava novamente e chorava como se tivesse matado um anjo, enquanto Taehyung, havia pego o habito de tirar a camisa em frente o espelho e ficar olhando as cicatrizes. As vezes se amaldiçoava, gritava, dizia que se não tivesse namorado Baekhyun - que só havia feito mal a si -, Jimin não teria se envolvido com Jungkook e assim se culpava ainda mais que o ruivo, mas era nessas horas de desespero por parte do rapaz, que se via ainda mais surpreendido.

YoonGi, em sua essência, nunca fora um cara carinhoso, nunca havia sido de se ligar tanto emocionalmente ou demonstrar afeto. A surpresa não era só do Kim quando o acobreado se aproximava em meio aos seus surtos, já que o próprio Min quase não acreditava no quanto havia mudado. Quieto, silencioso, o legista abraçava-o pelas costas, acariciava cada uma das marcas ali e só quebrava aquele silencio para dizer ao moreno o quanto ainda assim ele era lindo. Todas as vezes que Taehyung berrava que havia se tornado um monstro, YoonGi lhe falava com a voz mais mansa possível que não, que monstro era quem havia feito aquilo com ele e que ele continuava a pessoa mais bela do mundo aos seus olhos. O Min fazia questão de sussurrar que o amava, beijava-lhe as bochechas e depois cada uma das cicatrizes, fazia questão de lhe acalmar pessoalmente lhe dizendo que não importava se ele era bonito, feio ou o que fosse, o seu sorriso quadrado, que era tão único, era o motivo do seu próprio sorriso e seu amor. O Legista fazia questão de lembrar ao mais novo que nem sempre tivera vontade de demonstrar carinho, que nunca havia se preocupado e nunca tivera vontade de cuidar de alguém, mas que ele havia lhe despertado tudo aquilo e que tinha certeza de que nunca mais iria amar e cuidar de alguém como amava e cuidava do moreno.

E se não bastasse os problemas com os namorados, YoonGi e Hoseok, juntamente a SeokJin e NamJoon Foram indiciados por infligir vários artigos do estatuto que regia a conduta policial. Quebra de decoro, invasão de privacidade, e o principal: Omissão de informação. Sendo imediatamente afastados dos cargos enquanto as ações deles eram investigadas.

Assim que outra equipe assumiu o caso, dessa vez trabalhando no levantamento dos fatos que levaram a morte de Jeon Jungkook, não demoraram a encontrar evidencias da ligação do garçom com o legista. Após alguns dias com o que chamavam de “estagiário chato” Lhes seguindo de forma totalmente mal disfarçada, os quatro homens optaram por irem eles mesmos contarem o que aconteceu, esclarecerem os fatos e facilitarem a vida daqueles outros três colegas que recém haviam se formado na academia de policia. Foi engraçado para os quatro notarem a incredulidade do rapaz quando se entregaram, assim como riam horas sem fim da inexperiência dele, mas no fundo, os quatro se viam no reflexo do garoto, tão afoito em resolver um caso grande, e também notaram-no choroso quando percebeu que o caso principal – o das três mortes cruéis – já estava solucionado com a morte do criminoso.

O Juiz se enrolou com o processo por mais uma infinidade de meses e os quatro colegas tiveram que acionar o tribunal superior para finalmente poderem ir a julgamento e quando o foram, até sentiram-se felizes com a condena. YoonGi, Hoseok e SeokJin tomaram uma suspensão de catorze meses. Nesse período voltariam a ter uma vida de civis novamente, passariam por uma reciclagem na academia e após isso, seriam transferidos. NamJoon, alem de tais sanções, ainda perdeu o titulo de delegado e a possibilidade de reingressar no cargo.

No entanto, para nenhum deles aquilo pareceu ruim.

Ainda antes do veredito do Juiz, Hoseok passou a acompanhar Jimin em suas consultas psiquiátricas e com o psicólogo. Em uma dessas consultas, ouviu com o coração sangrando quando o ruivo relatara uma fala de Jungkook que ecoava constantemente em sua mente.

“Pode acabar com a minha vida e voltar pra sua própria vidinha de merda naquela cafeteria fedorenta que só existe porque EU tomei café com você! Pode voltar pra sua casinha de bonecas que você só construiu com aquele imbecil do Taehyung porque você não conseguia ME esquecer onde morava e precisou fugir pra longe.”

Aquele era um detalhe da vida de Jimin que Hoseok até imaginava ser verdade, mas sempre mentiu para si mesmo dizendo que não era nada daquilo, que Jimin simplesmente amava café por si só e que sua cafeteria – algo que sabia que ele amava também – não tinha ligação alguma com o lado sombrio do seu passado, mas ali naquele consultório, pode ouvir da boca do próprio Park que não, que realmente seu gosto por café tinha raiz em alguém que estava ha sete palmos abaixo da terra por sua culpa e aquelas afirmações lhe lembraram do fato de que mais que um psicopata morto pelas mãos do barista, Jungkook era um ex amor de Jimin e por um momento achou que fosse chorar pela dor que era ter ciência de que o Park ainda mantinha muito vivo no seu dia a dia um sentimento por alguém que só lhe fez mal.

No entanto, as palavras que se seguiram o fizeram se sentir melhor. Com algum dialogo e orientação por parte do profissional, Jimin entendeu que não havia mais nada de bom em manter qualquer vinculo com o seu passado, principalmente quando sua mente era constantemente perturbada por uma culpa que sequer deveria carregar, que era a culpa pela morte do Jeon. O psicólogo pediu para o paciente fechar os olhos e esquecer que Jungkook estava morto, pediu para pensar nele como se ele estivesse andando por aí, solto na cidade, como se aquela quinta-feira do sequestro não tivesse acabado de forma tão trágica  e quando a confirmação do Park se fez, dizendo que havia imaginado, ele questionou-o.

“-Senhor Park, agora que visualizou toda essa situação, depois de admitir que seu interesse por café surgiu só após conhecer Jungkook, você ainda assim ama sua profissão e seu local de trabalho da mesma forma? Mesmo sabendo de tudo de ruim que o senhor Jeon lhe causou, ainda consegue ter apresso por uma memória tão característica do passado de vocês?”

Hoseok não conseguia visualizar a expressão facial do ruivo, mas pelo suspiro pesaroso que ele soltou e a forma como seus ombros murcharam juntamente a cabeça baixa, soube que aquele era o momento mais difícil da vida do rapaz, onde ele admitia pra si mesmo que durante os cinco anos que se esforçou no que achava ser o amor da sua vida, ele apenas mentia pra si mesmo sobre amar café e na verdade vivia o ciclo vicioso diário de recriar aquela tarde de sábado onde fora seu único momento feliz ao lado de alguém que amara até então.

O Park chorou bastante sentado na poltrona e parecia até perdido em alguns momentos seguintes mas quando aquela consulta se encerrou e já rumavam para o carro com o intuito de ir para casa, o ruivo pediu ao namorado que o deixasse em uma residência desconhecida pelo motorista. Ao chegar no tal endereço, Hoseok observou o barista desembarcar e tocar a campainha, já manobrando o carro para tomar a rua enquanto aguardava o fluxo de veículos da via lhe dar uma brecha, quando olhou novamente para onde o mais novo estava e viu-o conversando com um senhor que o Jung conhecia muito bem.

Naquela mesma noite, o Park lhe telefonou para contar que iria voltar a estudar. O entusiasmo era nítido em sua voz quando falava sobre fazer um curso que era ministrado pelo professor Mark na universidade e la, aprenderia sobre carnes. Eles conversaram por horas sobre o assunto, o investigador tentou convencer o namorado de que ele não precisaria disso já que era um barista mais que excelente e por fim ouviu-o dizendo.

“- Eu sei que sou bom no que eu faço, amor. Mas eu não quero mais nada que me lembre tudo o que aconteceu. Eu quero deixar a cafeteria pro Tae, eu quero desmanchar a minha estufa, eu quero me livrar de tudo que possa me lembrar do meu passado, de Jungkook e a vida que eu levei nos últimos seis anos. Agora que eu tenho você, quero recomeçar do zero, quero uma vida nova e se fosse possível, até sair da capital eu gostaria...”

A ultima afirmação, coberta de receio, por parte do ruivo, despertou em Hoseok a exata mesma vontade. Apesar de amar viver na capital e de ainda ter seu cargo naquela época, toda a gana por ser um policial reconhecido havia se extinguido em si. Não sabia dizer se fora por ter alcançado seu objetivo de ser reconhecido porque apesar de estar sendo processado pela corporação, notava os olhares admirados que os colegas de farda lhe lançavam e a forma extremamente respeitosa com a qual era tratado após toda a historia da investigação e dos feitos dele e dos colegas se espalharem, ou se era só pela dor e também pelos traumas que o caso de Jungkook havia lhe conferido. O Jung tentava ao Maximo ser forte, não se abalar e sempre demonstrar o controle absoluto sobre o que sentia porque sabia que Jimin precisava dele assim, precisava que ele fosse seu norte para continuar vivendo sem enlouquecer, mas quando se via sozinho ou quando colocava a cabeça no travesseiro, todo o medo de perder seu amado retornava com uma força sem igual, todas as dores, todas as sensações horríveis que sentira enquanto procurava prender o “maníaco do café”, lhe atingiam em cheio, e muitas vezes queria só gritar e chorar por todas as imagens grotescas que fora obrigado a presenciar não saírem da sua cabeça.

Um ano e meio depois da morte de Jeon, quando finalmente fora sentenciado, Jimin estava de férias do seu curso. Tentando relaxar minimamente, viajaram novamente para as montanhas e pelos quinze dias que ficaram la, nenhum dos dois se deixou sofrer ou pensar em tudo que lhes havia ocorrido. Mais uma vez a sensação de que aquele lugar era um lugar encantado lhes acometeu, e uma ideia foi partilhada por ambos.

Se fossem mesmo deixar a capital algum dia, seria para morar ali.

Conforme os dias foram passando, assim como Jimin, Taehyung também já não tinha mais o mesmo amor pelo seu trabalho. O Kim demorou um ano inteiro para aceitar sua nova forma física e aos poucos já nem pensava mais no que ocorrera, principalmente motivado pela melhora significativa do Park. Quando a sentença saiu e YoonGi teve que deixar a chefia do Instituto de criminalística, o Min expressou sua vontade de deixar as ciências criminais também, e em uma tarde quente de sabado, enquanto conversavam sobre bobagens aleatórias, o acobreado comentou sobre uma época da faculdade em que estagiara em um centro oncológico pediátrico e logo viu os olhos de Taehyung brilhando, dizendo-lhe que seria com certeza um pediatra maravilhoso.

A ideia, que a principio lhe soou bem descabida, continuou ecoando em sua cabeça por dias e YoonGi chegou a sonhar com crianças de tanto pensar sobre o assunto. Decidiu reconsiderar a ideia do mais novo e sabendo que teria que ficar um bom tempo afastado das atividades policiais, decidiu que ocuparia esse tempo fazendo residência nessa área. Logo entrou em contato com a universidade em que havia se formado e descobriu que dentro de alguns meses abririam vagas para o tal curso, mas foi aí que quase desistiu.

O único campus que estava ofertando residência em pediatria ficava do outro lado do país, mais de dois mil quilômetros da capital e teria aulas às segundas, quartas e sextas-feiras e estagio no hospital local às terças, quintas e sábados. Ponderou sobre realmente ter que se mudar para a tal cidade distante, pelo menos durante o curso, mas logo achou que seria melhor nem começa-lo. Era um domingo a tardinha quando se pôs a pensar sobre a possível mudança e ainda sem ter comentado nada com Taehyung, ficou horas perdido em suas ideias, observando-o fazer qualquer coisa na cozinha ou na sala e ali percebeu que não teria mesmo como sair da capital e deixar o Kim para traz.

No entanto, naquele mesmo domingo, Hoseok e Jimin chegaram de viagem e em meio a conversa animada do Jantar, YoonGi e Taehyung ouviram o casal de amigos manifestando seus planos para o futuro.

Durante os quinze dias que ficaram nas montanhas, o Jung descobriu que o complexo comercial que atendia os turistas – aquele mesmo que visitara à cavalo com o Park na primeira vez que estiveram no interior – havia sido ampliado, colocando as instalações de mais algumas lojas disponíveis para compra e aluguel e após conversarem entre eles, o barista e o moreno decidiram que iriam comprar uma daquelas casinhas pitorescas e transformar em uma churrascaria.

A cozinha da casa foi tomada por uma grande festa. Àquela altura, todos sabiam da recomendação do psicólogo de Jimin a respeito de largar seu passado todo para trás e ali, os quatro viram a oportunidade de realmente colocar tal ideia em pratica.

Obviamente os dois melhores amigos de infância se abraçaram e choraram por horas, escondidos dos namorados. Sentiam como se fossem duas crianças prestes a se separar pra sempre, mas no fim, ambos tinham seus sorrisos no rosto enquanto prometiam que manteriam contato para sempre e toda vez que fosse possível, Jimin desceria a serra para ver o mais novo ou o moreno iria visita-lo em seu recanto de conto de fadas.

Naquela noite, antes de dormir, YoonGi se sentiu encorajado. Ao ver Taehyung entrando no quarto com o rosto inchado, apressou-se em lhe consolar, e quando viu-o bem, perguntou sobre o que ele pretendia fazer com a cafeteria, já que havia deixado claro em outros momentos que não pretendia permanecer trabalhando com aquilo por muito mais tempo, e foi com o peito em festa que ouviu o mais novo lhe dizendo que gostaria de fecha-la e achar outra ocupação para si. Antes que ele fizesse menção a mudar de ideia ou coisa parecida, o Legista apressou-se em lhe contar sobre a residência em pediatria, falou-lhe sobre a distancia e sobre a rotina que teria, mas frisou que só iria para a tal cidade se o namorado o acompanhasse e por fim, decidiram de comum acordo que assim como Jimin e Hoseok, eles dois também deixariam a capital.

Nas semanas seguintes, os quatro se ocuparam com os preparativos para a vida nova. O Min viajou para a tal cidade, se inscreveu nos testes de admissão do curso e foi prontamente aceito. Alugou um apartamento pequeno para ele e Taehyung morarem próximo ao campus enquanto o mais alto se encarregou de colocar seu duplex a disposição de alguma imobiliária e quando retornou, sua casa já não era mais sua, encontrando todos os seus pertences guardados pela casa do namorado e pela cafeteria, que já estava desativada.

Jimin se dedicava cada vez mais ao curso ministrado pelo professor Mark, e era com grande felicidade que nas sextas-feiras viajavam ele, seu mestre e seu namorado para o interior com o intuito de prepararem o restaurante que havia adquirido para trabalhar, tentando ensinar um pouco da rotina gastronômica ao namorado, que já havia abandonado de vez a farda e ingressava na empreitada do novo comercio juntamente ao Park. Ao conversarem com seus pais e com os pais do Jung, ambos se disponibilizaram a juntar uma quantia significativa em dinheiro e após algumas semanas, Hoseok vendeu seu próprio apartamento na capital, juntou tais valores às economias das duas famílias e realizou o maior sonho que ele e o Park dividiram como casal: Comprar a casa das montanhas para eles mesmos.

Apesar de não ser nada moderno, os dois optaram por manter a decoração e a mobília exatamente como estava. Mesmo a contragosto, o Avô de Hoseok não causou grandes problemas na hora de vender o imóvel que era sua propriedade ha gerações, mas fez a nota de que iria visita-los e queria ver os dois cuidando bem da casa, concluindo com o comentário acido de que queria ver como as atividades domesticas se fariam sem uma mulher de verdade por perto. Àquela altura, tanto o ruivo quanto o mais velho, apenas ignoraram as falas do Senhor Jung enquanto apreciavam a felicidade de Hinshee em poder ter seu neto amado por perto de verdade e por fim, suspiraram felizes quando tiveram a noticia de que a única pessoa que poderia lhes perturbar a paz, já não estava mais morando nos arredores. Hoseok teve que conter o riso ao ouvir o tom debochado da avó contando-lhe que Jaebeom havia conhecido um latifundiário estrangeiro e havia deixado o país com ele. O suspiro aliviado do Park fora automático ao saber que sim, aquele lugar seria de fato o paraíso perfeito para ele e o Jung começarem sua vida nova.

Quando finalmente o fatídico fim de semana onde Jimin iria se separar em definitivo da pessoa que havia lhe doado metade da vida, os dois optaram por não se deixar abater ou deprimir. Na sexta-feira que antecedia o embarque do Min e do Kim, os quatro resolveram fazer um grande jantar de despedida dos amigos que ficariam na capital e naquela noite, um caminhão de mudanças partiu com direção a cidade onde o agora ex legista e o moreno morariam levando os pertences que ambos queriam ter consigo, e o salão da cafeteria se transformou em um belo salão de festas com gente animada e sorridente desejando os melhores votos de felicidade àqueles casais que finalmente iam poder deixar todo o passado tenebroso que haviam vivido, para trás.

NamJoon e SeokJin foram os primeiros a chegar. Logo YoonGi arrastou o casal para uma mesa, serviu-lhes de whisky e não demorou para o dialogo animado se instalar e perceberem mais convidados chegando. Quando o assunto chegou onde todos achavam que seria delicado demais para prosseguir, viram o ex delegado gargalhando enquanto tranquilizava-os. O fato era que tanto Hoseok quanto o Min se sentiam culpados pela perca do cargo do Kim, mas quando este lhes explicou que agora que os dois iriam embora e SeokJin não teria parceiro, o melhor que poderia lhe acontecer era justamente deixar seu cargo de chefia e voltar à academia de reciclagem e, posteriormente, ao setor investigativo de outra jurisdição em companhia do mais velho.

“-Vocês acham que eu ia me sentir confortável sabendo que meu namorado ia ficar pra cima e pra baixo trancado numa viatura com esses pivetes assanhados que estão entrando na corporação agora? Nada disso! Do que é meu, eu cuido pessoalmente!” – Falava em meio as gargalhadas dos quatro e pouco depois disso, quem se juntou à mesa deles foi HunBee.

Até àquele momento, para Taehyung e Jimin, que dividiam conversas animadas com os ex colegas de faculdade e alguns professores – alem de Mark e sua esposa -, perceberem a chegada da mãe de Jungkook lhes deixou relativamente tensos. Ao olharem para a mulher – visivelmente mais magra e abatida do que no tempo em que à conhecera nas reuniões da escola – um pequeno temor lhes tomou enquanto pensavam como ela poderia reagir ao ver cara a cara, o causador da morte de de seu filho.

Já faziam dois anos que a psicóloga havia sofrido o atentado, faltavam um dia para fazer dois anos da morte do Jeon, e ainda era perceptível o quanto aquela senhora sofrera com tudo o que aconteceu. Sua voz nunca mais havia voltado a ser a mesma e ela tivera que passar por diversas cirurgias para reconstruir o trato digestivo por conta das lesões causadas pela ricina, mas àquela altura, ela já havia se recuperado bem, dentro do possível, de todas as agressões que o veneno lhe causou. Jimin observou-a se juntar a mesa do namorado e dos colegas da delegacia, e ouviu atento quando a senhora contou a todos que havia atendido Jackson naquela manhã e que o mesmo estava na ala psiquiátrica da penitenciaria por ter tentado suicídio pela quarta vez. Quando questionada por YoonGi quanto ao porque daquilo, justificando logo em seguida que não havia mais tido noticias do loiro depois do sequestro, ouviu-a falando que quando Bambam soube da historia do estupro e da historia de Jungkook, culpou o rapaz por não ter lhe falado nada e por ter lhe deixado ajudar o Jeon. O Falsário não o perdoou por ter compactuado indiretamente com todas aquelas atrocidades e fugiu do país, enquanto Jackson ainda estava internado, se recuperando do tiro que tomara no abdômen e quando teve alta, o próprio estuprador pediu para terminar de cumprir sua pena em regime fechado. Na penitenciaria, o loiro não aguentou o abandono do namorado e as memórias de todas as coisas que havia feito. HunBee frisava o quanto o remorso devorava o Wang vivo e comentou sobre ter que mantê-lo quase cem por cento do tempo sedado para que ele não se matasse.

Por fim, quando achou que a senhora nem havia sequer lhe notado, o Park percebeu-a se levantando e vindo em sua direção, lhe chamando para conversar em particular e Jimin pensou consigo mesmo que não tinha o direito de privar a senhora de alguma explicação já que na cabeça dele, ela era quem mais havia sofrido com toda aquela historia.

O Ruivo deu o braço para ela que aceitou de prontidão e teve a ideia de mostrar a ultima coisa boa oriunda de Jeon que ainda tinha consigo. Ainda de braços entrelaçados, o barista guiou HunBee até a estufa – que já não era mais tão bela como fora outrora devido a falta de cuidados diários – e ao entrar, percebeu o olhar brilhante da psicóloga sobre o espaço, ouvindo-a suspirar pesadamente.

- Esse é o ultimo pedacinho que você guardou dele? – Ela perguntou com a voz embargada e a resposta fora um murmurar afirmativo baixo.

O silencio se instalou entre eles por um bom tempo enquanto a mulher caminhava a passos lentos por entre as bancadas cobertas de ramos mortos e ervas daninhas, indo até o final da estufa e parando em frente àquela bancada com as flores iguais a que havia dado inicio a tudo aquilo, pegando uma rosa branca morta em mãos e logo voltando-se novamente para o anfitrião.

- Sabe Jimin... Eu já tive muita raiva de você... – Ela dizia com o olhar baixo, perdida em pensamentos e com os olhos marejados e tais palavras fizeram o peito do Park doer, obrigando-o a abaixar a cabeça e esperar para ouvir todas as palavras cruéis que esperava vir daquela mulher. – Quando você entregou aquele filme pro meu ex marido, eu realmente tive ódio de você e desejei que tudo de ruim viesse lhe acontecer por você ter causado tanto sofrimento e tanta dor a mim e ao meu filho. – Os olhos de Jimin se embaçaram e ficava difícil respirar sem fungar devido ao choro eminente, mas foi surpreendido pela palma gélida de HunBee contra sua face, erguendo seu rosto e obrigando-o a encara-la enquanto massageava sua bochecha carinhosamente com o polegar. – Eu tive dias em que olhava Jungkook em coma no hospital e me perguntava quão cruel você poderia ser por ter feito o que fez e, Deus... Como foi difícil pra mim, meses depois, saber que eu estava errada. – Um sorriso reto surgiu nos lábios dela e finalmente o ruivo conseguiu suspirar e respirar melhor antes da psicóloga continuar falando logo após lhe soltar, voltando a caminhar passo por passo na estufa. – Quando eu procurei a sua mãe e vi as fotos do que meu filho e os amigos dele fizeram com você, sabendo que você já tinha vivido tudo de ruim que alguém poderia viver, eu me senti a pior mãe do mundo, não por não ter impedido que meu filho errasse, mas por não ter enxergado no garoto que eu mesma criei desde pequeno, o ser potencialmente monstruoso e cruel que ele era. Eu sempre vi meu filho cometendo pequenas atrocidades, sempre repreendi ele por cada animal de estimação que ele matava, sempre lhe punha de castigo quando ele brigava na escola, mas nunca olhei pra ele com o olhar de uma psicóloga de fato para reconhecer que Jungkook era alguém que poderia se tornar mau sim, e desde pequeno... – Jimin se sentiu desconfortável com a forma que a mulher falava a respeito do próprio filho e pior ainda, de alguém que estava morto e nem poderia se defender e preferiu intervir, mesmo sabendo em seu âmago que ela estava certa.

- Não fale assim, senhora Jeon... Seu filho foi um garoto bom em alguns momentos. O defeito do Jungkook foi ser influenciável, foi ter agido de forma egoísta. Ele não era um garoto mau. – O Park engoliu a mentira que dizia em seco e logo notou a mulher se voltando para si, sorrindo amplamente.

- Você realmente não existe, Park Jimin! Jungkook usou você, te humilhou, deixou os amigos dele te estuprarem, depois esperou cinco anos e te colocou cara a cara com o seu agressor, quase matou seu melhor amigo bem na sua frente e ainda tentou sequestrar você e você ainda o defende? Queria eu que meu filho tivesse tido cinquenta por cento do seu caráter! – Disse em um suspiro. – Mas não é como se ele realmente tivesse toda a culpa... O Pai do Jungkook também nunca fora alguém de boa índole, sempre foi extremamente violento e intolerante. Inclusive foi por conta da intolerância do meu ex marido que o garoto foi parar na sua escola. Se quando Jungkook se apaixonou pelo coleguinha dele do segundo ano, la na primeira escola, o pai dele tivesse tentado entender o próprio filho ao invés de espanca-lo, talvez hoje todos nós estaríamos felizes, não é mesmo? Talvez nós nunca teríamos nos conhecido e sua vida teria seguido normalmente como deveria ter sido desde o começo... – Concluiu com o olhar baixo e sem saber o que responder Jimin apenas abraçou-a afagando as costas enquanto lhe dizia que havia passado e murmurava pedidos de perdão por tê-lo matado enquanto a senhora cismava em lhe dizer que não havia o que perdoar, que ela sabia perfeitamente que o Park havia apenas defendido a própria vida das mãos de alguém enlouquecido.

Após um bom tempo naquele espaço, ambos sorriram um para o outro enquanto voltavam para a cafeteria e HunBee desejou do fundo do coração que o Park realmente conseguisse superar tudo o que seu filho havia feito e que sua vida nova fosse coberta de felicidade. Quando já estavam no salão, o ruivo observou-a se despedindo de cada um dos colegas de equipe e lhes contou que embarcaria de volta para o Japão no começo do mês seguinte, justificando tal fato com a emenda de que fora solicitada novamente pela Interpol para retomar seus trabalhos por la e concluindo dizendo que não havia mais nada que a prendia ali.

Ao fim daquela noite, todos se despediram com olhos úmidos e promessas de nunca sumirem e sempre manterem contato. Hoseok e Jimin tentava acalmar a todos lhes lembrando que a casa das montanhas ficava há apenas algumas horas de viagem e reforçando o convite para que todos fossem os visitar sempre que possível, enquanto Taehyung e YoonGi, diziam que voltariam a capital em todos os feriados que pudessem, e quando por fim se viram apenas os quatro dentro daquela casa, cada casal foi para seu quarto para descansar pela ultima vez sob aquele teto.

Na manhã do sábado, os quatro foram despertados pelos pais de Jimin, Taehyung e Hoseok batendo à porta. Alem de se despedirem, os pais de Jimin vieram buscar o carro do filho que ficaria como presente para a mãe do ruivo, os pais de Taehyung ficariam com o carro de YoonGi para vender e os pais de Hoseok vieram só para mandar alguns presentes aos avós do Jung. Nenhum dos casais quis de fato fazer daquilo uma despedida, alegando que logo iriam visitar seus filhos, e quando eles partiram e o Kim questionou sobre a família do amado, ouviu o acobreado lhe dizendo que eles moravam em uma cidade próxima à cidade onde morariam e que visita-los seria uma surpresa a mais, já que não falava com eles havia algum tempo.

Pouco antes do almoço, Jimin e Hoseok levaram YoonGi e Taehyung ao aeroporto e ali sim se fez uma cena digna de um filme dramático. O barista e o moreno se abraçaram no salão e embarque e choraram como se fossem dois bebês famintos, se agarravam na camisa um do outro e murmuravam contra o pescoço alheio um milhão de agradecimentos, pedidos de desculpas e promessas de se reencontrarem logo. YoonGi e Hoseok tentavam não olhar para os namorados para não se emocionarem e não chorarem também e os dois amigos só se soltaram quando os alto-falantes anunciaram que o voo estava prestes a partir, fazendo com que finalmente eles se afastassem e trocassem uma serie de beijinhos tristes e molhados por lagrimas nas bochechas.

O Park fez questão de ficar no mesmo lugar até ver o avião alçando voo e foi só quando olhou para o Jung que se lembrou que realmente não estava sozinho como se sentia menos de um minuto atrás. O ex policial o abraçou forte pela cintura, lhe afagou os cabelos e lhe dizia que tudo ia ficar bem, que o barista não precisava se preocupar e lhe lembrava que não importava o que acontecesse, ele sempre estaria ao seu lado e por fim, voltaram para casa para se preparar para a viagem que eles fariam dali ha algumas horas.

No entanto, ainda havia algo que Jimin sentia que precisava fazer antes de finalmente poder partir para a vida nova. Enquanto Hoseok terminava de arrumar as malas no carro, o ruivo caminhou a passos medidos até a sua estufa e la, lembrou-se de tudo que HunBee lhe falara. Na cabeça dele, o primeiro amor de Jungkook havia sido ele mesmo e saber que o Jeon já havia sofrido por outra pessoa, apesar de não lhe incomodar, o fez entender o porque da gravidade da reação de seu pai quando viu o vídeo e realmente tudo fez sentido na sua cabeça quanto o quão ignorante o senhor Jeon poderia ser.

Teve pena do rapaz ali pela primeira vez. Desde que o garçom havia falecido, sentia-se culpado por ter tirado a vida de uma pessoa, sentia-se mal por ser um assassino mesmo com a justiça tendo lhe absolvido, mas piedade nunca fora algo que lhe acometera porque apesar de ter sido ele mesmo que havia puxado o gatilho daquela pistola, Jimin tinha ciência àquela altura de que foram os atos de Jungkook que guiara-os até aquele desfecho, e foi só ali naquele momento que a compaixão lhe tomou e lhe fez perceber o que o fazia ter a sensação de que ainda faltava algo a resolver antes de partir.

O Ruivo caminhou até o fundo da estufa, pegou um dos alicates que havia ficado jogado sabe-se la por quanto tempo naquele espaço, e colheu um pequeno ramalhete daquelas flores. Voltou ao escritório e abriu seu armário, pegando uma caixa de madeira que não abria há sete anos e Já estava saindo em direção a rua quando Hoseok lhe encontrou ainda na garagem, e quando já estavam dentro do carro, saindo em direção a rodovia, Jimin fez o ultimo pedido naquela cidade.

- Pronto pra nossa vida nova? – Questionou o Jung sorridente e entusiasmado.

- Quase! Ainda tenho um lugar para visitar. – respondeu convicto deixando as flores e a urna no banco traseiro, logo dando as coordenadas para o namorado lhe levar no ultimo lugar que faltava ir.

Quando o carro estacionou em frente ao cemitério, o Park desembarcou rápido com a promessa de que não demoraria e deixando o moreno com um selinho nos lábios, capturou a caixa de madeira e as rosas que estava no Banco traseiro e passou pelo grande portão de ferro, caminhando pelo imenso jardim com blocos de concreto, procurando um em especifico.

Quando finalmente seus olhos avistaram ao longe um tumulo vistoso com uma coroa de flores brancas e cerâmicas da mesma cor, soube que havia achado o que procurava, mas foi com a curiosidade lhe tomando que percebeu uma pessoa parada em frente ao seu destino.

O Barista ponderou que poderia ser apenas algum visitante que ficara curioso com a lapide do rapaz, indicando aquele sábado como segundo aniversario de falecimento e ignorando completamente aquele homem, aproximou-se de cabeça baixa, com o cachecol lhe cobrindo a face e logo depositou as flores que havia trazido como ultimo pedido de desculpas.

Jimin fechou os olhos por um momento e na escuridão das sua pálpebras, permitiu que o filme lhe passasse pela memória. Naquele filme, não quis permitir que as coisas ruins viessem a tona e se lembrou com grande carinho das vezes em que ele e o falecido a sua frente sorriram e se divertiram juntos. Lembrou da promessa de amor que nunca fora nada alem de uma obsessão doente, mas preferiu guardar em seu peito tal pensamento enquanto se lembrava que amor mesmo era o que sentia por aquele cara que deveria estar no carro estacionado na avenida. Lembrar de Hoseok novamente encheu peito do ruivo de compaixão e dó por saber que Jungkook havia falecido sem sequer passar perto de vivenciar algo tão bom quanto o que ele sentia pelo Jung e ali naquele momento se lembrou de HunBee citando o primeiro amor do Jeon, logo ponderando que talvez o garçom tivesse até conhecido tal sentimento através desse colega de segundo ano do colégio, mas não teve oportunidade de apreciar isso por conta do preconceito e da intolerância de seu pai.

Após um breve pedido de perdão mental por tudo o que havia feito, Jimin abriu a urna e dela, retirou a rosa seca, depositando-a sobre a lapide juntamente ao buquê. Pegou as fotos, o copo descartável e o pendrive e caminhou até a parte de traz da lapide onde ficava a cuba destinada a queima de velas e sorriu feliz por ver seis daqueles objetos brancos acesas ali, lhe indicando que sim, mais alguém havia lembrado do Jeon. Uma a Uma, o Park colocou as fotografias sobre as chamas e assim que via-as queimadas até a metade e com o fogo lhes consumindo, depositava-as ao fundo da cuba, colocou o pendrive em meio ao fogo relativamente alto que se fazia ali, e por fim, segurou o copo de plastico exatamente como havia segurado-o pela primeira vez. Aquela era sua ultima lembrança de Jungkook, o ultimo objeto que lhes ligava e chegou a ponderar sobre não destruí-lo, pensando sobre tudo o que aprendera graças ao que aconteceu, mas logo se auto repreendendo, afinal, havia ido até o cemitério justamente para se livrar de tudo e não iria levar consigo nenhum vinculo.

Quando finalmente achou que havia concluído, que havia terminado de apagar de si todas as memórias de Jeon Jungkook, O Park caminhou novamente até a frente do tumulo para dar uma ultima olhada no sepulcro que jamais iria por os olhos novamente, e se surpreendeu quando notou o estranho ainda parado em frente à lapide, mas dessa vez lhe observando.

Ao analisar melhor a fisionomia do homem, reconheceu de imediato aquela boca que lhe lembrava um coelho fofo, e os olhos grandes, que mesmo sendo os olhos de um senhor de avançada idade, ainda tinha o quê curioso e infantil que sempre achou ser a marca registrada do falecido. Não precisou perguntar para saber que aquele homem não era um curioso qualquer, aquele homem era o progenitor daquele que matara e quando pensou em simplesmente deixar o lugar, ouviu a voz grave e rouca dele reverberando.

- Foi você, não foi? – Jimin se travou no lugar e olhou para o homem que não tinha ar acusatório algum sobre si, apenas a dor e pesar de um pai que perdeu um filho. – Foi você o rapaz que me entregou o filme sete anos atrás e que matou meu menino há dois anos? – As lagrimas rolavam pela face do homem e por mais que Jimin quisesse sair dali, não poderia perder a ultima oportunidade de lhe dizer o que sentia.

- Sim senhor Jeon, sou eu o rapaz que te entregou o vídeo do seu filho transando com outro rapaz. – Os olhos do senhor se apertaram em uma expressão dolorida, mas aquela imagem não comoveu o Park. O Ruivo havia entrado naquele cemitério com o intuito de finalmente se curar de todas as feridas do seu passado, jogar fora todas as dores e culpas que tinha consigo e não abandonaria a oportunidade ali, depois de tanto tempo sonhando com ela, e novamente ao lembrar de HunBee, soube que aquele era o momento de verbalizar tudo o que precisava para de fato se sentir aliviado e poder seguir em frente. – Eu entreguei o vídeo e puxei o gatilho da arma, mas quem matou Jeon Jungkook, foi você também, senhor Jeon... – Percebeu-o arregalando os olhos com um ar incrédulo e resolveu por fim explicar. – Seu filho morreu no dia em que você não compreendeu que a forma que ele tinha de amar, era diferente da forma convencional de amor, mas senhor Jeon, amor é amor! Se quando ele se apaixonou pelo colega de escola dele do segundo ano o senhor tivesse tentado compreender o que se passava no coração do seu filho, ele estaria aqui vivo ainda. Se quando aquele vídeo foi entregue ao senhor, você tivesse sentado com ele e conversado sobre o que aquilo significava, tenho certeza que tudo de ruim que o Jungkook fez, não teria acontecido. O que matou seu filho foi a incompreensão, foi a raiva que tomou conta dele quando se viu rejeitado pelo único laço de sangue que tinha. Eu não estou dizendo isso para lhe culpar, só estou lhe lembrando que apesar dos pesares, Jungkook era um bom filho, era um bom aluno e se tivesse contado com seu apoio, não teria cometido nenhum de seus erros. Eu não me orgulho em nada do que fiz, muito pelo contrario, me envergonho e me dói saber que tirei a vida de alguém, mesmo tendo ciência de que naquela van, ou era eu ou era ele. Um de nós não sairia vivo dali, e meu ato foi por completo instinto de sobrevivência. O fato é que nós dois temos as mãos sujas pelo sangue do seu filho, a diferença é que eu me arrependi e sei da minha parcela de culpa, e o senhor? O senhor entende qual foi a sua participação na morte do próprio filho?

O peito de Jimin sangrou quando viu o ex boxeador cair de joelhos contra a calçada, chorando audível e copiosamente. Ouvi-lo soluçando e murmurando pedidos de perdão fazia o Park sentir piedade mais uma vez, dessa vez para com aquele homem, fruto de uma educação retrograda e de uma mente moldada por uma sociedade cruel e intolerante que ali, percebia ser tarde demais para mudar sua visão quanto ao mundo e as diversas formas de amor que poderiam existir. Por fim, Jimin cedeu e abraçou o homem pelos ombros enquanto ouvia-o fungar dizendo que se arrependia não só pela morte do filho mas, por todo o sofrimento que seus atos causaram indiretamente ao ruivo. O Senhor Jeon falava que sabia de toda a historia, contava que HunBee havia lhe posto a par de tudo o que acontecera de verdade no passado e que sabia perfeitamente que não merecia o perdão do Park, mas que precisava pedir para seguir em frente. Jimin apenas lhe afagava e dizia que estava tudo bem, que havia passado e que agora ele teria uma vida nova longe de todas as memórias ruins que guardara por tempo demais e quando por fim se levantaram para cada um seguir seu rumo, as ultimas palavras do velho fizeram o ex barista sorrir.

- Jimin, é claro que nada do que aconteceu precisava ter acontecido e que tudo fora dolorido demais pra todos nós, mas olhe ali. – Disse apontando para um rapaz de cabelos castanhos que observava uma lapide distante. – Quando você achar que sofreu tanto a toa, lembre-se que se talvez, uma virgula do seu passado tivesse sido diferente, hoje você não teria alguém que lhe observa com tanta veneração quanto aquele rapaz que está te esperando. – Jimin olhou novamente para a imagem de Hoseok perdido por entre os túmulos e teve que concordar com o pai de Jungkook. – Talvez se eu não tivesse errado com Jungkook, hoje ele estaria vivo, possivelmente namorando com o colega dele ou com outro rapaz, talvez vocês dois nunca tivessem se conhecido e se machucado, mas você também não teria encontrado aquele homem que estava te observando tanto agora a pouco e talvez não tenha encontrado em alguém a força motriz para seguir em frente perante todas as dificuldades que tivesse. Obvio que o fim não justifica os meios, mas aqui, podemos ter certeza de que os meios justificaram esse fim.

Sem responder nada, Jimin apenas abraçou o homem e lhe entregou a caixa de madeira vazia. Pediu para que guardasse nela todas as memórias boas que ele tivera do filho e por fim, caminhou até onde Hoseok estava, pensativo e distraído observando uma lapide. Quando chegou perto, notando que seu namorado ainda não o havia percebido, posicionou-se rente as suas costas, abraçou-o pela cintura e apoiou o queixo em seu ombro, levando seu olhar na mesma direção em que o do moreno estava.

“Kim Shindong”

- Seria cômico se não fosse trágico... – Disse Hoseok ainda sem se mover, com o pensamento perdido em meio as palavras que saiam como se fossem dizeres aleatórios soltos de dentro da boca. – Se pararmos pra pensar, nosso amor foi uma das coisas mais caras que a humanidade pagou. Para que o destino pudesse juntar nós dois, você teve que sofrer horrores nas mãos dos seus colegas de escola, Jungkook teve que enlouquecer, matar três pessoas e ameaçar sua vida pra só aí a gente se conhecer e se tocar que deveríamos ficar juntos... – O tom dolorido na voz do Jung incomodou o ruivo e por um segundo o mais novo achou que seu amado não estava feliz em estar consigo.

- Você se arrepende? – Questionou em um sussurro e logo Hoseok se soltou do seu enlace e girou em seus braços para ficar de frente para si e lhe olhar nos olhos.

- Eu não tenho do que me arrepender e mesmo se tivesse, não o faria. Você foi a melhor coisa da minha vida toda, Jimin. Amar você é tão fácil que pensar na rapidez com que tudo aconteceu entre nós chega me assustar, mas não me arrependo em nada só por saber que ter você ao meu lado vale cada segundo que vivi antes de chegar aqui. – O sorriso se abriu nos lábios do Park antes de ganhar um selinho casto e a replica da pergunta. – E você? Se arrepende de algo?

- Não é arrependimento a palavra certa. Eu mudaria algumas coisas do passado como por exemplo, se eu pudesse voltar atrás não teria entregue o vídeo, mas também não me arrependo de ter me envolvido com Jungkook. Só teria acabado com a historia ali, teria engolido minha vingança e só saído de perto dele. Se tivesse sido assim, eu teria aberto a cafeteria do mesmo jeito, nós teríamos nos conhecido da mesma forma e a única diferença na historia toda, seria que o Jeon não teria enlouquecido e nem matado ninguém. Eu não me importo de ter sofrido o que eu sofri na época do colégio porque foi isso que me levou a ser vizinho do seu trabalho, foi isso que fez nossos destinos se encontrarem e não a insanidade do Jeon. – Dessa vez foi o ruivo que selou os lábios do mais velho e notou-o sorrindo levemente entre o beijo logo lhe soltando e lhe encarando.

- Se pudesse voltar no tempo sabendo de tudo o que aconteceu, mudaria apenas isso? – Questionou com o cenho franzido e logo viu o sorriso que escondia os olhos do Park lhe iluminando.

- Se eu pudesse voltar no tempo sabendo como tudo terminaria, eu aguentaria o estupro, as agressões e humilhações com um sorriso no rosto porque saberia que no fim de tudo, eu teria você ao meu lado, eu teria o nosso amor pra me ajudar a seguir em frente e no fim, aquele sofrimento todo não teria importância alguma. – Hoseok soltou um riso soprado e beijou a bochecha do namorado, entrelaçando seus dedos puxando-o para fora do cemitério.

- Você não existe, Park Jimin! – dizia divertido enquanto o ruivo lhe encarava e ria sobre já ter ouvido aquela frase vezes demais para tão poucas horas.

Quando por fim se viram no carro, Hoseok e Jimin suspiraram pesado enquanto se olhavam e logo os lábios dos dois se juntaram. Aquele era o ultimo beijo que trocavam dentro do que chamariam de “vida antiga”, e como se fosse uma despedida de fato de tudo de ruim que lhes acontecera, assim que o osculo se findou, a sensação de alivio e tranquilidade que tomou seus corações foi mutua, na mesma intensidade.

Ao passar pela ultima vez por aquela placa que dizia “Boa viagem”, indicando que finalmente estavam deixando a capital, mais do que uma cidade, os dois sabiam que estavam deixando para trás toda uma vida de dor, sofrimento e lagrimas e que a estrada a frente era apenas uma metáfora sobre a vida longa e repleta de felicidade que lhes aguardava do outro lado da serra. Ao dizerem um para o outro que estavam ansiosos pela vida nova que se iniciaria no mesmo lugar onde o namoro deles começou, tinham completa ciência de que nem tudo seria eternamente um mar de rosas, sabiam que teriam dificuldades e que brigas e pequenos desentendimentos iriam surgir, mas quando Hoseok via o sorriso de Jimin lhe escondendo as orbes e o Park via o sorriso escandaloso do Jung, a certeza de que nada os afastaria se consolidava no peito e ali, se viam finalmente prontos para enfim, vivenciarem todo o amor que tinham um pelo outro sem traumas passados, sem dores e medos, sem nada de ruim de outrora lhes afligindo.

Ali, naquele carro, enquanto um jazz qualquer tocava no radio e os dois observavam a estrada se tornando íngreme, sabiam que as curvas e intempéries, haviam ficado para trás nas rodovias das vidas dos dois, assim como das dores deles e os medicamentos que Jimin fez questão de jogar pela janela do veiculo assim que cruzaram a divisa da capital com a cidade vizinha. Dali pra frente, só a bela paisagem serrana se faria presente na vida e no coração de Park Jimin e Jung Hoseok.


Notas Finais


Ok.
Agora sim Between coffees & Roses tem seu final definitivo.
Quero lhes dizer que esse capitulo fugiu mesmo ao meu estilo de escrita detalhado devido a necessidade de explicar dois anos em um capitulo só, peço perdão a quem não curtiu mas mais uma vez tenho a consciência tranquila quanto a ter feito o que meu coração mandou.
Agora sim, Nosso Jiminie e nosso Hoseok Mozão poderão ser felizes para sempre na vida nova deles assim como TaeTae e YoonGi na nova jornada em que empreitaram.
Mais uma vez, gente, quero lhes agradecer imensamente por todo o amor e carinho que vocês dedicaram a mim e a BCR nesses 5 meses e dizer que ja estou com saudades de vocês ç.ç
Encerro as postagens com o total de 522 favoritos até esse exato momento, 22078 visualizações e 456 comentários e sinceramente, eu não tenho palavras para expressar o quão feliz e impressionada eu to com esses números cavalares, que por mais que as pessoas possam julgar pequenos, pra mim, que sequer imaginava que alguém fosse ler, são absurdamente grandes, mas mais uma vez, ainda não se compara ao carinho que senti em cada palavra dedicada a mim seja pelos comentários ou pelo twitter.
Quero agradecer em especial a Julia e a Miruka que me ajudaram imensamente no começo da fic e também a Gio, a Ju, a Yara, a Nady, a Ray e as meninas do JiHope Squad (me perdoem não lembrar os nicks de vcs aqui no SS ç.ç) que alem de leitoras, foram minhas amigas de verdade inclusive fora do SS e do twt. Conheci vocês atraves de uma stalker louca e vcs não sabem o quanto sou grata por essa mania que ela tem de stalkear todo mundo.
E por ultimo mas obviamente não menos importante, quero agradecer essa stalker, a Thayná. Serio, de todas as coisas inusitadas que eu esperava que BCR fosse me trazer, uma namorada era a ultima da lista. Thay, eu amo você, muito obrigada por tudo mesmo.
Espero que me perdoem se esqueci de citar alguem em especial, mas vocês todos que comentaram a fic ou que só falaram comigo via twitter mesmo, sintam-se abraçados e beijados por mim pq serio, amo vcs demais caras, vcs são fodas!

Em definitivo, fico por aqui.
Tenham uma semana e restinho de ano lindo e aproveitem bem a vida de vcs <3
KissKiss
~~Ashmedhai


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