1. Spirit Fanfics >
  2. Between Coffees and Roses >
  3. Um Segundo Crime

História Between Coffees and Roses - Um Segundo Crime


Escrita por: Ashmedhai

Notas do Autor


OiOiOi
Olha a Tia Ash aqui de novo <3
Eu seeeeeiii que falei que ia demorar pra postar mas eu não me aguento <3
Pra mim, postar um capitulo novo é uma especie de presente pra vcs e sinceramente, tenho recebido tanto amor aqui que não podia mais protelar e cá estou eu com um capitulo que também é um pouco pesado, não explica muita coisa, mas deixa mais algumas pistas sobre o "Monstro" que está tirando o sono do nosso Hoseok Mozao, do nosso Jin Barbiezinha e do Nosso YoonGi bebê <3
não vou enrolar mais não.
Bora pro cap!
PS: Assim como no primeiro capitulo, a parte em Itálico pode conter descrições de cenas relativamente pesadas. Sintam-se a vontade em pular, mas lembrem-se que mesmo sendo difíceis de ler, essas partes trazem detalhes importantes da historia.
Amo vcs e até as notas finais <3

Capítulo 6 - Um Segundo Crime


  O Segundo Crime

Realmente queria ter planejado tudo como fora da outra vez. Saber pelas conversas que ouvia da policia de que não corria o risco de ser encontrado o deixava tranquilo, mas sabia que não poderia cometer descuido algum. Tinha ciência que era procurado, mesmo que os três policiais responsáveis pelo caso nem sequer imaginassem a proximidade que estavam o tempo todo do real criminoso e por diversas vezes sorria ao perceber que estava na frente naquela corrida de gato e rato.

Havia prometido a si mesmo que Shindong seria o único, que não descontaria em mais ninguém todas as suas magoas, por mais que tivesse amado a sensação de alivio que teve ao fim do primeiro crime. Mas também não contava com o azar do destino de reencontrar aquela face fora dos próprios pesadelos e delírios, fazendo-o ter novamente a ideia de que iria enlouquecer se não fizesse nada.

Depois daquela fatídica quinta-feira, havia se sentido leve. Havia dormido bem naquela noite e se sentia melhor consigo mesmo depois de passar um tempo sem ter aqueles pesadelos malditos, mas durara pouco. Antes da segunda-feira seguinte sonhara com todo o ocorrido de cinco anos atrás e se sentiu frustrado por reviver seus traumas a cada dia, a cada olhada no espelho, a cada momento que enxergavam dentro dos próprios delírios, aquele rosto infantil do garoto de 17 anos que havia acabado com a sua vida por motivos que julgava tão fúteis. Tudo se repetindo, mesmo depois de tanto risco e esforço.

Andou de carro pelas ruas daquele bairro central, distante do seu atual, que era endereço do seu tormento e, ao parar em frente a um bar, procurando deliberadamente uma outra vitima, avistou um rapaz sozinho sentado no meio-fio, visivelmente bêbado.

Baixinho, gordo, de óculos e com um olhar mortalmente frio fitando o nada.

Não era exatamente como a imagem que o atormentava desde anos atrás, já que era completamente tatuado e aparentava ser um pouco mais velho. Nada das feições fofas ou infantis e inocentes, mas não tinha outras opções aquela hora da madrugada então resolveu se aproximar dele mesmo.

Ao descer do carro, chegou cogitar desistir e se trancar em seu quarto, sozinho e remoer aquilo tudo pela milésima vez, mas não podia. Ele precisava sentir de novo o alivio que sentiu quando aquele garoto morreu semanas atrás. Precisava ouvir os gritos novamente, precisava ver mais um corpo sentir tudo o que ele queria fazer com aquele outro rapaz, que agora imaginava estar dormindo tranquilamente envolto em suas cobertas enquanto estava ali, caçando alguém para pagar por si pelos seus atos.

Sentou-se ao lado da sua futura vitima e fitou o céu escuro enquanto percebeu que o rapaz se incomodava com a presença. Fitou-o e sorriu um sorriso leve que depois de alguns segundos foi retribuído.

- Noite difícil? – Perguntou com um ar casual e ouviu um riso soprado.

- Quem não as tem? – viu o gordinho responder e logo apanhar uma garrafa de cerveja que estava atrás do corpo e bebericar, expondo a mão direita que até então estava escondida no bolso.

- Você é jovem! Aposto que amanhã nem se lembrará do que quer que tenha acontecido de ruim hoje. – Falou observando o céu novamente e quase riu do quão sarcástico aquilo lhe soava ao se tocar de que na manhã seguinte aquele rapaz nem respiraria, quem dirá lembrar de algo.

- Você não parece muito mais velho do que eu pra falar como se soubesse de tudo... – A vitima riu debochadamente e novamente era observado.

- Vinte e dois, e você? – expôs a idade com a intenção de iniciar uma real conversação e aguardou enquanto o rapaz riu mais uma vez, dando-lhe certeza de que realmente estava bêbado demais pelo riso frouxo.

- Dezenove. E não, não estou mentindo minha idade, só pareço ser mais velho mesmo.

O algoz sorriu largo e após um pequeno dialogo filosófico demais para si, convidou-o para irem beber em outro lugar, convite esse prontamente aceito e ao entrar no carro mais uma vez, agradeceu aos céus por ver sua sorte finalmente melhorando naquela noite. Menos de cem metros andando pelas ruas e o garoto bêbado, adormecera no banco do caroneiro.

Sua vontade era de leva-lo àquela casa de maquinas do parque próximo novamente. Ali havia começado tudo e pensava que se, talvez, o matasse ali, seus demônios morreriam junto, mas ao passar pelo local e ver a policia fazendo sua ronda, mudou de ideia e pensou no segundo lugar que o havia marcado. A quadra de esportes daquela escola.

Estacionou, vestiu o capuz e colocou a jaqueta de couro sobre os ombros. Trancou o carro com o garoto desacordado dentro e andou até o prédio averiguando se haviam outras pessoas ou alguma câmera. Havia uma única filmadora próximo a porta e imediatamente a quebrou. Desativou o sistema de alarmes e riu de como ainda mantinham a mesma senha, mesmo depois de ter frequentado ali pela ultima vez há cinco anos, a escola não se preocupara com o fato de que até ex-alunos poderiam ter acesso irrestrito ao recinto com aquilo.

Voltou ao carro e pegou os objetos que havia trazido. A motosserra de pequeno porte que havia comprado para jardinagem e que nunca havia usado antes, a mochila com um conjunto de facas que havia ganho de presente de quem considerava seu melhor amigo e sua tão amada garrafa de café, o alicate que pretendia usar nas malditas mãos fofas que já havia reparado no rapaz e o taco de beisebol.

Andou novamente até a quadra e colocou tudo perfeitamente alinhado no chão, embaixo da armação da cesta de basquete e foi até a sala de materiais procurar cordas. Quando as encontrou, voltou até onde os seus pertences estavam, subiu na estrutura metálica e preparou a amarração para receber o corpo rechonchudo que agora dormia tranquilamente em seu veiculo e após preparar todo o cenário, se preparou psicologicamente também, para a força que teria que fazer para carregar o rapaz até ali.

Depois de quase uma hora tentando arrastar o corpo desacordado até o espaço, amarrou-o e o suspendeu. Sentiu uma ponta de frustração por não ter a imagem do sangue escorrendo pelo tórax, agora desnudo, como havia visto no crime anterior.

“A gente se vira com o que tem, né...”

Quando balançou o corpo, percebeu que o garoto começara a acordar e sorrindo, pegou o taco de madeira, andou até ficar embaixo dele e o encarou nos olhos assim que viu as orbes expostas, aguardando a hora certa de começar sua diversão.

O garoto ao se ver preso, começou a desferir uma serie de palavrões e xingamentos em direção ao algoz. Falou que a brincadeira não tinha graça e que queria ser descido imediatamente enquanto se mexia constantemente na tentativa vã de encontrar uma forma de sair dali. Uma enxurrada de palavras que fez o assassino perceber que, ao contrario da primeira vitima, essa não faria silencio e deleitou-se com a ideia de que muito mais gritos seriam ouvidos e limitou-se a observar o pânico, crescente a cada segundo e visível nos atos do rapaz.

Mas foi naquele minuto em que estava perdido em seu regozijo que teve certeza que sim, havia escolhido a pessoa certa.

“-Seu viadinho de merda! Se você quer brincar comigo, comece por me chupar e não me amarrar aqui encima!”

Lembrou-se como se um filme passasse em sua cabeça, a voz daqueles garotos da sua classe gritando palavras tão semelhantes.

“seu viado!” “sua bixa!” “vem aqui me chupar que eu sei que é disso que você gosta!”

Na época mal sabia direito que esses eram os adjetivos que as pessoas “normais” dirigiam a quem amasse alguém do mesmo gênero, e mesmo assim fora marcado tão profundamente por aquilo. Tão profundamente que até hoje tinha medo de demonstrar afeto a outro homem em publico. Tão profundamente que demorou cinco anos para deixar outro alguém lhe tocar sob olhares desconhecidos. Cinco anos até se permitir ser beijado novamente por um homem naquele bar.

Foi o estopim.

O Agressor se afastou um pouco e tomou impulso para voltar e desferir, de uma vez só, três golpes do taco de madeira contra aquele corpo. Ouviu-o gritar e praguejar ainda mais, xingar-lhe como se isso pudesse lhe salvar a vida e já sem paciência, se concentrou em golpear os braços e pernas até ouvir os ossos quebrarem.

Quando cansou do taco de beisebol, as injurias não passavam de resmungos e lamurias, mas ainda tinha o ódio muito vivo em si. Queria mais. Queria ver aquele rapaz sentir mais dor ainda. Dessa vez era mais que um trauma personificado, era alguém que julgava nojento, preconceituoso e desprezível, como tinha ciência de já ter tentado ser um dia.

Se sentindo seguro por ver os membros dele inutilizáveis, o desceu. Ao contrario da outra vez, não tinha tanto tempo assim e alem disso, não o julgava digno do titulo de “passarinho da noite”. Sentia desprezo pela vitima atual, coisa que não havia sentido pela primeira e isso o motivava a ter ainda menos piedade.

Deitou o corpo gordo no chão e tirou da mochila uma faca mediana. Segurou o braço direito pelo pulso e traçou um corte só que ia do ombro até a metade do antebraço. Repetiu o ato com o braço esquerdo e depois desceu até as pernas. Como sabia que sua faca não tinha tanto fio assim para cortar o tecido também, pousou as mãos sobre o zíper da calça do garoto com a intenção de arranca-la e mais uma vez aquela cacofonia homofóbica fora jorrada sobre si.

Parou por um momento tendo ciência do que parecia que ele iria fazer mesmo que não fosse sua real intenção naquele momento. Pensou no que a vitima havia imaginado ao se ver desprovido da calça e a ideia que lhe ocorreu soou ainda melhor que as anteriores. Jogou-o de bruços no chão novamente e voltou a mochila de onde tirou a carteira e dela, um preservativo.

“- vai saber que tipo de doença esse filho da puta deve ter...”

Só a imagem do sangue escorrendo pelos braços já o fizeram sentir a fisgada no baixo ventre, Olhou a bunda, levemente empinada por ter sido deitado de qualquer jeito e por não ter movimentos nos membros, logo, permanecendo imóvel e o calor nas calças só aumentou. Estava quase indo lhe arrancar o restante das roupas quando se lembrou que havia deixado de lado um dos detalhes mais importantes para que nada desse errado. As luvas.

Bufando consigo mesmo, voltou mais uma vez a sua bolsa e pegou o par de borracha e as vestiu. Observou todo o lugar e tinha vontade de se matar por ter tocado tanta coisa sem a devida proteção, mas tratou de se acalmar e fazer a nota mental de limpar tudo depois.

Voltou para perto do garoto que lhe dirigia um misto de suplicas por piedade e xingamentos e sentiu falta de algo para aquela imagem ser completamente igual a de anos atrás. Pegou a faca e cortou a parte interna das coxas vendo o sangue jorrar em direção aos joelhos.

“Agora sim está exatamente igual! Perfeito!”

Abandonou a arma branca e ajeitou o quadril do rapaz com as duas mãos, deixando-o completamente a sua mercê. Abriu a calça escura de tecido fino que trajava e expôs seu membro já completamente ereto. Deslizou o acessório de látex até a base do pênis, se ajoelhou atrás daquele corpo e, sem dó ou qualquer consideração, o penetrou de uma vez só, quase fazendo a camisinha se romper pela investida bruta e pela aderência interna do anus não preparado. Se ajeitou melhor e começou a sequencia de estocadas com o Maximo de força que conseguia fazer, ouvindo os ecos dos gritos de dor e desespero do rapaz se propagarem por todo o ginásio.

Era como se tivesse voltado no tempo.

Daquela vez passada não havia sido bruto assim com o outro, mas precisava exteriorizar seu ódio, precisava por todos aqueles gritos internos para fora nem que fosse com seus atos mais uma vez.

Quando percebeu seu corpo se contrair pelo prazer absurdo que sentia, novamente fora transportado para outro lugar no tempo-espaço. Sua mente estacionou no balcão daquele bar e aquele olhar que jamais confundiria se fez na sua mente. As memórias mais uma vez andaram para traz e lembrou das palavras doces e daquele momento mágico que havia vivido na casa de maquinas do parque que, por mais que fosse completamente diferente do momento que vivia ali com aquela vitima, ainda assim continha o prazer sexual que sentia agora. Com tudo isso passando pelos seus olhos, se desmanchou dentro do preservativo e aguardou até que a respiração normalizasse para se retirar de dentro do gordinho tatuado e assim vestir as calças e arrumar a cueca da vitima de qualquer jeito para continuar com a diversão.

Depois de se recompor, observou que o garoto não se mexia e bufou frustrado.

“Achei que você seria diferente de Shindong” Pensou consigo, e voltou até sua bolsa mais uma vez para pegar sua garrafa de café.

Dessa vez havia lembrado de trazer copos descartáveis consigo e, após servir-se, sentou no chão observando o corpo moribundo a frente. O sangue agora, não escorria apenas dos cortes nas coxas, o corpo ainda estava na mesma posição que havia deixado, mas ao olhar o rosto, os olhos estavam fechados e derramavam lagrimas silenciosas.

“Por favor... Lagrimas como as suas não me comovem. Não me comoveriam cinco anos atrás e não me comoverá nem daqui a 50 anos!” Pensou novamente.

Sentindo o desanimo e o cansaço pelo dia longo que havia tido, resolveu voltar às suas atividades. Pegou a maior faca que tinha consigo, andou até o rapaz e, chutando-o, fez com que ficasse voltado para si. Sentou-se no chão e imediatamente começou a desenhar pelo corpo nu com a ponta da arma branca. Fez um belo “J” na barriga e observou o sangue vertendo. Não sabia se ria ou chorava por perceber que era inicial não só do seu trauma como a sua também, e por um momento, pensou que aquilo fosse um sinal dos céus de que nunca deveria ter acontecido nada de ruim entre eles. Que eles deveriam ter sido felizes desde o primeiro segundo juntos e que deveriam ter dividido muito mais que a inicial dos nomes. Deveriam ter dividido um sobrenome também, uma vida juntos.

“Mas não foi o que aconteceu e a culpa é sua que não cumpriu com sua palavra e me iludiu!”

Levantou-se e se ajeitou sobre os joelhos, segurou a faca com firmeza e arrancou de uma vez só toda a pele que tinha aquela letra desenhada. O grito do garoto fora tão alto que o eco que foi produzido no espaço deixou o agressor zonzo por alguns segundos. Após se recobrar, repetiu o ato até deixar aquele corpo exatamente como havia deixado o de Shindong, com todo o músculo abdominal exposto sem qualquer resquício de gordura.

O sangue corria farto e empossava pelo chão da quadra e estava difícil andar por ali sem deixar pegadas. Teria que se apressar se não quisesse estragar tudo e então já partiu para os seus “cuidados de manicure”, arrancando unha por unha, e depois, decidiu quebrar os ossos dos dedos também.

“Diversão extra sempre é bem vinda”

Olhou no relógio de pulso que a aquela altura já estava coberto de sangue e conseguiu ver por entre as gotas que já era próximo as cinco horas da manhã. Realmente teria que ser rápido pois, se tudo continuava como antes, os funcionários da escola chegariam as sete horas para começar a limpeza da quadra. Riu soprado sobre a quantia de trabalho extra que eles teriam e ainda nesse pensamento pegou a motosserra, deu partida e foi em direção à sua vitima que estremecia, mas já não falava nada.

Andou até ele e cogitou desfigurar um pouco mais aquele corpo, mas algo em si dizia que não, que deveria ser deixado como estava. Era como se identificasse-se com aquela imagem tão semelhante ao do primeiro crime, então resolveu concluí-lo exatamente como fora da outra vez. Encostou levemente a serra em movimento no tórax e a forçou para baixo, ouviu o baque do osso sendo invadido, sentiu o cheiro de queimado vindo disso e posteriormente viu a face perdendo a vida.

Como havia feito na vez anterior, pegou a mesma câmera fotográfica fajuta e novamente registrou o momento, fazendo uma observação mental de que, se continuasse com esse habito de matar com o qual se sentia tão familiarizado agora, teria que comprar uma daquelas maquinas polaroids profissionais. Dessa vez gostava mais das imagens e da atmosfera nela, mesmo com baixa resolução e teve aquela sensação de ter evoluído do primeiro crime para o segundo. Para o assassino, sua obra parecia melhor executada agora.

Guardou as fotos e a maquina no bolso e voltou a pensar sobre apagar as marcas que seu descuido haviam feito. Recolheu suas facas. Essas ele não abandonaria nem se estivessem sem marca alguma, eram de estimação. Guardou tudo na mochila e pegou sua motosserra, passando a correia de corte numa toalha que havia trazido para tirar o grosso do sangue e da carne que haviam ficado presos a ela. Quando foi guardar a garrafa de café, ponderou por um instante e desistiu. Queria ver se a policia ligaria aos fatos e depositou-a no chão ao lado do corpo. Abriu o zíper da jaqueta e dela, retirou aquele objeto tão icônico e tão importante para si. A Rosa branca. Naquela noite ela não lhe parecia tão cálida como das outras vezes que a havia visto. Não sentiu necessidade de pedido de perdão, mas decidiu deixa-la sobre o cadáver para que ali houvesse, mesmo que simbolicamente, a junção do seu passado com a promessa de tranquilidade que sonhava para seu futuro.

Colocando a mochila no ombro direito e segurando a motosserra com a mão esquerda, ajuntou o pequeno lixo que se resumia a copos descartáveis sujos de café, a embalagem e o preservativo usado e saiu do recinto voltando para seu veiculo a fim de ir pra casa, deitar em sua cama e ter mais uma noite de sono profundo, tudo isso banhado à sensação de dever cumprido.

Se sentia leve, mesmo não sendo como planejara. Mesmo não tendo enxergado em quase momento algum seu trauma, se sentia vivo.

E tal percepção lhe levou a outra:

Matar o levava a se sentir vivo.

 

~~

 

Hoseok demorou alguns segundos pra assimilar o fato de que não estava em algum concerto musical do seu grupo favorito ao despertar, ainda meio grogue e perceber que a musica era ouvida na realidade, sendo emitida pelo seu celular que tocava insistentemente sobre a mesa de cabeceira. Pegou o aparelho em mãos e sua vontade foi de arremessá-lo na parede, mas achou melhor atender. Para NamJoon estar ligando era porque algo havia acontecido. 

-Fala! – disse irritadamente.

“-Olha, eu sei que você não planejava sair da cama antes das 10 horas e que está morrendo de ressaca, porque eu também estou assim, mas o dever nos chama.” – Apesar de ter ouvido, a sonolência deixou Hoseok meio lento e não entendia o que o chefe quis dizer.

- Como assim, cara?! Hoje é sábado! Nem que eu tenha o assassinato de Jesus pra solucionar, vou sair de casa. A gente conversa segunda! – respondeu e estava tirando o celular da orelha para desligar a chamada e voltar a dormir quando ouviu um grito do outro lado.

“-ESPERA! Hoseok, a policia cientifica achou algo que pode ajudar, to falando serio! Eles me ligaram porque ainda não conseguiram falar com YoonGi e chamaram a gente para ir até a delegacia o mais rápido possível. Cara, serio mesmo, não dá pra deixar uma coisa assim pra segunda-feira.”

- ‘Chamaram a gente’ quem? – questionou na esperança de conseguir ficar fora do intimato.

“-‘A gente’ responsáveis pelo caso Shindong. Para de frescura! Levanta daí, vai lavar essa cara, toma um remédio e um café forte. São oito e meia da manhã. Me encontre na minha sala em uma hora. SeokJin vai comigo.” – Sentindo-se derrotado, Hoseok assentiu.

- Ok, Ok! Mas já vou avisando que se for mais uma pista morta, o próximo cadáver a ser examinado pelo YoonGi vai ser o seu! – Concluiu bravo e logo desligando o aparelho.

Se arrumou apressado e dirigiu ainda mais depressa até a delegacia. Olhou no relógio e havia se passado 34 minutos desde o termino da ligação.

“Ainda tenho 26 minutos, meu café é prioridade!” Pensou trancando o carro e atravessando a rua.

Ao entrar no estabelecimento teve uma estranha sensação de Dejà-vú. Mais uma vez algo não parecia no seu lugar quando viu novamente, depois de pouco mais de um mês, aqueles cabelos castanhos atrás do balcão. Com um interesse que passava um pouco da marca da curiosidade, O Policial observou o recinto procurando por aquele ruivo em especifico. Mais do que nos dias anteriores, queria vê-lo nem que fosse só por uns instantes e de longe.

Quando Taehyung chegou a mesa, acabou deixando um riso de lado escapar, Hoseok percebeu e na mesma hora sentiu as bochechas corarem. Fez o pedido de sempre e, como lhe era da rotina, se pôs a tentar ler as noticias no celular. Apenas tentar mesmo, porque não conseguia se concentrar em nada devido a curiosidade que tinha sobre onde Jimin estava.

Desistiu de ler e apoiou o queixo nas palmas das mãos observando sua bebida ser preparada e ao ver o moreno se aproximando novamente, refez o pedido para viagem e antes que ele voltasse para traz do balcão questionou.

- Taehyung, você parou o curso? Digo, concluiu ou desistiu ou coisa no sentido? – Perguntou de forma que não deixasse, logo de cara, tão explicito seu real interesse por traz da pergunta.

- Não, por que? – respondeu o mais novo sem entender a questão a si direcionada.

- Por nada, é só que não te via mais aqui nos sábados, e hoje Jimin também não está... – Falou fingindo uma casualidade que não tinha. – Achei que talvez tivessem destrocado os turnos.

- Aahh Sim! Na verdade ele teve que se ausentar hoje para resolver alguns problemas pessoais dele e como não tinha nenhuma matéria muito importante no curso essa manhã, fiquei em seu lugar. Provável que até o fim da tarde ele volte. – Concluiu Taehyung com uma pequena piscadela sugestiva que deixou Hoseok completamente envergonhado ao notar que havia sido flagrado no motivo real do seu interesse.

Em vinte minutos, terminou seu café, pagou e saiu da cafeteria segurando o copo de isopor com a bebida fumegante e rumou ao trabalho.

Mal havia entrado no prédio quando Um SeokJin Apressado lhe enlaçou o pulso e o arrastou escada abaixo, sem falar uma palavra sequer e praticamente arremessou o corpo magro do mais novo no banco do caroneiro da viatura. Se Hoseok não conhecesse Jin tão bem, diria que aquela historia toda de estar na delegacia tão cedo, em um sábado, era parte de um plano de sequestro e venda de órgãos no mercado negro tendo ele próprio como vitima.

Assim que o mais velho deu partida e arrancou cantando pneus, com sirene e giroflexo ligados, Hoseok sentiu um pequeno calafrio. Algo não estava MESMO certo naquele dia e antes de perguntar qualquer coisa, SeokJin lhe entregou um papel com um endereço pedindo pra ele programar a rota no GPS. Assim que o fez, o policial mais novo se irritou.

- Eu não acredito que o NamJoon ta mandando a gente ver algo no centro da cidade! Jin, não é nossa jurisdição! A gente não tem que ver nada disso! – Falou amassando o papel e jogando contra o painel do carro e então o outro retirou o celular do bolso, desbloqueou a tela e mostrou para si. – Ok, Uma foto do Shindong, Nada de novo sob o Sol... – Respondeu entediado.

- Da pra você pegar a merda do aparelho e olhar direito? – Falou jogando o telefone no colo do outro e logo trocando a marcha do veiculo, pisando cada vez mais fundo.

Hoseok o obedeceu. Colocou os dedos sobre a tela e viu a foto do corpo cortado com a musculatura da barriga exposta. Mas tinha algo diferente. Estava deitado no chão e não em um banco de carro. Com isso ponderou que poderia ter sido tirada em algum momento enquanto a equipe do IML havia ido ao local do crime para retirar o corpo. Mas ainda assim tudo parecia meio diferente. Deu zoom e foi arrastando a imagem pela tela. Haviam cortes nos braços. Não se lembrava de ter visto isso no mês passado quando esteve no local, deu mais um pouco de zoom e mexeu até o tórax ser exposto na tela. A perfuração parecia relativamente maior do que se lembrava e então arrastou até o rosto e o pescoço serem visíveis e aquilo lhe revirou o estomago. Não era Shindong.

- Quem te mandou isso? – Questionou confuso e sem tirar o olhar da tela, ouviu a resposta.

- YoonGi. O Pessoal do IML conseguiu contato com ele e assim que soube, foi com sua equipe pra la. Ele falou que a jurisdição de onde o caso aconteceu se negou a assumir esse homicídio alegando que nós já tínhamos um semelhante, então deveríamos lidar com os dois.

Para Hoseok ficou bem obvio o motivo de negarem. No meio policial era comum a troca de informações sobre casos mais complexos e o caso de Shindong já havia ficado conhecido por não ter nenhum suspeito se quer. As imagens mais genéricas foram divulgadas nos servidores internos da policia e provavelmente era de conhecimento de todos os ferimentos cruéis que foram a marca registrada do primeiro caso. Revendo-as no segundo, foi meio que automático deixar a mesma equipe lidar com os dois crimes.

Depois de quase quarenta minutos andando, se viram estacionados em frente a um colégio de ensino médio com uma grande estatua de Cristo, com as palmas perfuradas das mãos voltadas para cima e embaixo a inscrição “Colégio Bom Jesus”. Os dois investigadores trocaram olhares questionadores por alguns segundos.

- Esse nome não me é estranho.- Ponderou SeokJin e o mais novo concordou.

Deixando de lado a sensação de reconhecimento vago, rumaram para onde viram a equipe vestida de branco de YoonGi circulando e já o avistaram na porta da grande construção que lhes pareceu o ginásio de esportes da escola.

Assim que os viu, o Legista se aproximou com um ar espantado que deixou ambos apreensivos e imediatamente começou um de seus tão característicos discursos.

- Se não tivesse certeza que o caso do Shindong era real, poderia jurar que tinha sonhado com ele e depois virou realidade! A quantia de semelhanças está me assustando! Vão La ver vocês mesmos! – Falou já se afastando, visivelmente tremulo e com o cigarro pronto para ser acesso sendo levado aos lábios. Novamente os outros dois policiais se encararam e entraram no recinto.

A imagem da cena fez ambos bufarem frustrados. O corpo estava estirado sob a estrutura que sustentava o aro de basquete, uma poça de sangue enorme envolta do corpo e cordas imensas caídas ao lado. Apenas isso.

Não haviam armas, não haviam pegadas. A única coisa ali era o cadáver mutilado de forma extremamente semelhante ao de Shindong. Tiras de couro gordo espalhados pelo local, cortes profundos nos braços e pernas, dedos sem unhas. Aparentemente nenhuma novidade.

Entediados, pegaram os saquinhos transparentes, as pinças com a intenção de recolher tudo. SeokJin comentou algo sobre averiguar câmeras de segurança e Hoseok assentiu vendo-o partir e se aproximou mais. Foi coletando cada uma das partes de pele e guardando-as nos pacotes até que uma em especifico lhe chamou a atenção.

Ergueu-a próximo aos olhos e uma marca ali quase o fez vibrar. Não era só um pedaço de pele, era um pedaço de pele com uma letra desenhada. Um “J”. Riu de felicidade. Dessa vez o assassino não havia sido tão cuidadoso sobre sua identidade e aquela letra tinha, obviamente algum significado.

Tal constatação lhe tirou o tédio por completo e atiçou sua curiosidade novamente. Uma ponta de esperança nascia em si e sua maior vontade no momento era fomentá-la. Se aproximou mais do amontoado de carne e imediatamente constatou outra diferença entre os crimes. Enquanto a primeira vitima estava apenas com o tronco desnudo, essa trajava apenas a cueca e era visível que havia sido tirada e recolocada de qualquer jeito pois o elástico estava completamente enrolado, mal vestido. Olhando as pernas, viu sangue em abundancia, ainda fresco, e constatou que não era apenas dos cortes que o liquido vermelho havia vertido. Claro que precisaria de exames mais detalhados, mas para si, era bastante obvio que, dessa vez, o assassino havia “se divertido” com a vitima antes de mata-la – ou até depois, não tinha como saber ainda – e isso fez os olhos do policial brilharem. Já sabia que o assassino era um homem, que tinha alguma ligação com a letra “J” e, com muita sorte, encontraria sêmen dentro da vitima, e isso o ajudaria muito em uma triagem genética dentre os suspeitos que pudessem aparecer pelo caminho.

Voltou a caminhar e ali e, depositada cuidadosamente sobre a mão do cadáver, viu uma rosa branca, ao lado de uma garrafa térmica. Por um momento se sentiu frustrado. Era quase como um deboche o assassino deixar novamente aqueles dois objetos propositalmente na cena do crime. Tudo bem que a rosa poderia ser uma espécie de “ultimo presente para a vitima”, mas se o assassino havia recolhido todos os seus pertences, por que havia deixado a sua garrafa térmica? Óbvio que, de alguma forma, o criminoso queria deixar uma marca registrada alem da flor. Mesmo já imaginando o conteúdo, Hoseok pegou o recipiente, abriu-o e cheirou. Café.

Ao sentir aquele aroma, por mais que tivesse noção de que estava em horário de trabalho, foi impossível não ver aquele rosto em seus pensamentos. Sorriu de si mesmo ao se tocar de que nunca mais sentiria aquele cheiro ou aquele sabor sem associar imediatamente àquele ruivo vizinho do seu trabalho. Desde a noite anterior, o gosto do café lhe seria eternamente diferente e pensar em Jimin lhe trouxe mais um sorriso.

“Jimin”

“J”

“Café”

Quase gargalhou alto ao se tocar que sua mente, ainda imersa no “modo trabalho” havia associado o garoto doce que havia beijado na noite pretérita ao possível criminoso, fora quase automático a associação. Mas quase que imediatamente ouviu a voz grave de um rapaz de cabelos escuros ecoando em sua mente.

“Na verdade ele teve que se ausentar hoje para resolver alguns problemas pessoais dele...”

Seu riso morreu instantaneamente e seu estomago revirou ao imaginar Jimin ali naquele lugar.

No entanto bufou consigo mesmo. Que motivos um rapaz bonito, inteligente, de condição financeira boa e uma vida confortável teria para cometer tal atrocidade?

“Coincidências não são suficientes para acusar alguém Hoseok, você deveria saber disso, mesmo que só acuse na sua própria cabeça!” – Ralhou mentalmente e caminhou até onde os colegas trabalhavam a fim de contar o que havia visto de novo.

Enquanto andava, sorriu seu característico sorriso escandaloso. O Caso de Shindong não estava de um todo perdido. Haviam pistas novas. Havia a chance de pegar o desgraçado.

Havia a esperança de, finalmente, resolver um grande caso.


Notas Finais


Entonnnces *-*
Surgiram detalhes novos nesse crime que POR FAVOR precisam ser guardados para os capítulos seguintes.
Creio eu que mais uns 2 ou 3 capítulos e vcs saberão quem é o assassino, o que não quer dizer que nossos 3 tapadinhos amados do coração saberão também né XD Eles sofrerão mais que vocês para descobrir quem matou Shindong e essa nova vitima.
E aí? Palpites?
Quero saber quem vocês acham que é o assassino e ja adianto que não é tão obvio qnto parece AOSKAOSKAOSKAOSAK
SPOILER ALERT: Cap 7 vai ter um VMinzin sutil, vai ter explicação sobre mais um personagem (que com certeza vai mudar a visão de vocês com relação a ele e entender uma caralhada de coisas meio oblíquas até agora) e outras coisinhas mais <3
Até sabado meus amoresss <3
PS: GENTE 78 FAVS, COMASSSIIIIM??? D=
Serio gente, muito obrigada a todos que comentaram, favoritaram e até o que só leram mas estão acompanhando a tudo. Espero mesmo que vocês continuem gostando e quero MUITO ler os palpites e sugestões sobre a historia! Vocês me inspiram MUITO e nem imaginam o quanto!
Lembrando que sou um amorzinho no Twitter e faço questão de responder a todos que me perguntarem qualquer coisa lá o/ Follow me <3 https://twitter.com/Ashmedhai
KissKiss
~~Ashmedhai


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...