História Between the Flowers - Centáurea - Sensibilidade

“Flor mais sensível,

Impossível de existir

Suas pétalas em puro anil.

Finas ao toque,

Frágeis ao olhar.

Veem o tempo passar

Sem jamais mudar

Sua fragrância doce e delicada”

“Berenice Galatas”

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Após quatro dias cuidando de Louis, ele se recuperou, e eu concordei em ir na tal festa com Viola. Louis veio aqui se trocar para festa, ela ficou marcada para um dia depois de ele ter se recuperado.

-Obrigado por ter cuidado de mim -Disse Louis saindo de meu banheiro enquanto colocava uma camiseta com a imagem de um crânio- Meus pais não teriam feito o mesmo.

Ele me abraçou e eu retribui, já estávamos praticamente arrumados e a chuva tinha parado naquela mesma tarde, o sol já estava se pondo e está muito calor, aquela noite iria ser bem quente.

Eu coloquei meu clássico perfume e me arrumei da maneira que o Louis solicitou, afinal é ele o “estilista”.

Nos encontraríamos com nosso grupo na casa de Lívia.

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Primeiro: Lívia já tinha gostado de mim, um monte de garotas da dedaleira já gostou de mim, mas eu rejeitei com educação a todas (Algo que Lívia não fez com Iris).

Segundo: Lívia era rica, os pais dela eram donos de uma pequena franquia de hotéis na Grécia, eles só não possuem um hotel aqui em Ánemos pois eles acham que esta ilha não vale a pena, a não ser para viver, por ser tranquila e estar longe de toda a crise.

Terceiro: A casa dela não uma das maiores, mas é uma das mais bonitas.

Eu e Louis abrimos o portão e atravessamos o jardim da frente e tocamos a campainha de casa enorme e branca com domos azuis no telhado.

Lívia abriu a porta.

-Ora essa! -Lívia exclamou- Só faltava vocês para a festa.

-Qual é o truque? -Eu perguntei.

-Nenhum -Ela respondeu- Apenas convidei todos os jovens de Ánemos, meus pais viajaram e decidi dar um momento de trégua para vocês.

-Jura? -Eu perguntei fingindo estar quase convencido, mas no fundo eu sabia que teria alguma coisa talvez.

-Olha Alex eu não te suporto, nem mesmo Iris, Ana, Matt e Amanda, mas eu vou com a cara de Viola, e ela é muito amiga de vocês, e é apenas para comemorar que André finalmente está com ela -Lívia respondeu com sinceridade- Eu e as meninas não vamos tentar nada, ainda mais se Iris for me esfolar viva, mas já os garotos que não sei.

Entramos na festa e cumprimentamos todos, menos os garotos da dedaleira, era melhor Lucas não ver Louis, a menos que ele queira ser espancado por mim, Matt e Iris.

A festa estava peculiar, finalmente colocaram rock para tocar, eu já dancei em algumas festas, não me sentia muito confortável fazendo isso, eu era tímido nessa questão, eu apenas me sentei no sofá.

Louis estava por aí beijando alguns garotos, no mínimo beijou três até onde pude ver, Iris e Ana deviam estar se espreitando por aí, evitando Lívia para ser mais exato, Matt e Amanda estavam dançando, Amanda se exibia por saber misturar flamenco com rock.

-Alex -Louis se aproximou- Não vai dançar? To te vendo aí parecendo uma planta, ainda entra em fotossíntese.

-Por que você não vai beijar mais garotos e me deixa aqui? -Eu perguntei em forma de brincadeira.

-Eu já beijei todos os homossexuais e bissexuais.

-Espere os héteros beberem demais -Eu retruquei.

-Vamos Alex! -Louis pediu de modo manhoso- Não quero te ver parado assim.

Eu bufei e olhei para Louis, seus cabelos castanhos claros, um pouco desarrumados por causa dos beijos que deu em outros garotos, os olhos cor de mel, parecia um cachorrinho.

Eu bufei e me levantei.

Confesso que acabei me divertindo dançando, Louis se juntou a mim e deixou de lado os garotos, dançamos por algum tempo no meio da pista de dança, que era bem no meio da sala de estar, tudo parecia perfeito até que eu avistei Luca descendo a escadaria junto dos outros garotos, sabia que ele era vingativo até as últimas e com certeza faria algo para humilhar Louis ou mesmo espanca-lo, está bem, espancar é exagerado, mas humilha-lo isso sim.

Puxei Louis pela mão para o pátio onde havia uma enorme piscina, havia algumas pessoas nadando de roupa mesmo.

-O que houve? -Louis perguntou.

-Lucas estava lá dentro -Eu disse- Não sei se ele está procurando você, mas se está, melhor ele não te encontrar.

Louis assentiu.

-Estou com sede -Ele comentou.

Andamos em direção ao bar onde alguns garotos de dedaleira estavam rindo, eram os gêmeos, eles são como se diz, pessoas legais assim como André, mas não são muito certos.

-O que tem para beber? -Eu perguntei.

-Vodka -Um deles respondeu dando um gole da bebida em um copo de plástico.

-Sério? -Louis perguntou com certo nojo- Mas isso não é proibido? Quero dizer...

-Ninguém precisa saber -O mesmo respondeu.

-Eu aceito -Eu disse- Um copo não faz mal a ninguém, quero dizer um pouquinho.

-O que?! -Louis exclamou- Você não quer se apaixonar, mas quer beber?

-Beber não machuca... -Eu disse sem jeito- Quando é com moderação, e estamos numa festa da dedaleira, o que você esperava achar?

Louis bufou inconformado, mas pediu também um pouco.

Aquela bebida tinha um gosto um tanto forte, era pior do que vinho, mas eu prefiro vinho, minha vó quando eu tinha 15 me deixou experimentar, ela disse que eu poderia me acostumar com o sabor com o tempo.

Louis bebeu o copo dele com vontade, isso sim é animação eu terminei a minha bebida logo depois, o copo em si não estava cheio, e eu e Louis não estávamos com fome ou algo do tipo, então o mínimo que poderia acontecer seria sono ou tontura e nada mais.

Eu e Louis caminhávamos pelo pátio e conversávamos, nenhum sinal de Lucas, mas pelo que ficamos sabendo ele ficou lá dentro bebendo, vamos torcer para que ele não tenha forças para fazer algo, a noite estava linda demais para se ficar dentro de  casa, não havia lua, mas as estrelas brilhavam e era possível ver algumas constelações, Louis e eu saímos por um portão da casa que dava para a praia, a casa de Lívia não era a única que tinha acesso para a praia Tritão, mas era a mais bonita , nos sentamos na grama um pouco antes do encontro dela com a areia da praia, ficamos sentados observando o céu.

-Não gostei muito de Vodka -Comentou Louis- Prefiro o vinho, meus pais de vez em quando enchem um pouco para mim.

-Concordo -Eu disse suspirando.

O céu estava realmente cheio de constelações, até mesmo da cabeleira de Berenice, o nome de minha mãe pertencia as estrelas assim como sua alma agora, quem sabe a deusa a levou para o país de verão e minha mãe está descansando agora.

Nesse momento uma estrela cadente passou.

-Fez um pedido? -Louis perguntou.

Eu assenti.

-E você? -Eu perguntei logo depois.

-Sim -Ele respondeu.

-Qual foi o seu? -Eu perguntei.

-Não posso dizer, senão ele não se realiza

-Vamos Louis -Eu insisti de modo manhoso- Eu te falo o meu, os deuses não precisam saber.

Louis riu com a minha insistência e suspirou.

-Eu desejei poder ter mais momentos com o meu falecido namorado -Ele disse por fim em tom de choro- E você?

-Se lembra de quando eu não quis responder porque eu não queria namorar?

Louis assentiu e eu prossegui.

-Eu desejei poder parar de ter medo, no fundo eu acho que já sofri demais em minha vida, mas quando olhos Iris, Ana... você... claro os pais de Iris não morreram amando, nem os de Ana, nem você, quero dizer, todos conseguem seguir em frente, todos sabem que o amor dói, mas ainda assim continuam tentando.

-O amor dói, mas é preciso saber escolher a pessoa certa, um dia eu ainda acho o garoto ideal para mim -Louis disse em resposta- E quanto a Ana e Iris, elas também sofreram com amor e perdas, mas agora elas estão juntas, e se o destino permitir, assim continuará.

-Eu acho que é um pouco tarde para eu amar, ou mesmo beijar alguém - Eu disse melancolicamente.

-Nunca é tarde demais para se amar - Louis disse em resposta e se aproximou de mim.

Em meio a pouca luz das estrelas eu senti algo tocar em meus lábios, não eram mãos ou dedos, eram outros lábios, espera...

Louis estava me beijando? Eu sentia seus lábios encostando-se aos meus, era meu primeiro beijo.

Por um tempo pensei em empurra-lo, mas não tive coragem, a sensação não era ruim, mas assim como há flores que possuem um néctar doce de se provar, há aquela que possuem veneno, mas Louis não tinha veneno algum, aquele beijo, realmente estava acontecendo, Louis se aproximou mais, eu não estava pensando direito, apenas aproveitei o doce beijo em meio a escuridão da praia, e o barulho das ondas, eu estava em êxtase, não sabia se adorava ou simplesmente detestava o beijo puro e doce, mas ao mesmo tempo confuso, era como uma especiaria vindo do extremo oriente, seja da Índia, Japão, Tailândia ou mesmo China, a sensação até então para mim era desconhecida, até agora.

Quando Louis separou o beijo, quase o puxei de volta, mas por um momento pensei que ele fez isso apenas para me tirar da melancolia, não sei também, estava realmente confuso, o escuro disfarçou minha face um tento vermelha que deveria estar.

Eu peguei o meu celular apenas para tentar disfarçar que não tinha acontecido nada.

-Eu acho que vou para casa –Eu comentei- Já são duas horas da manhã.

Era verdade pura, passamos a maior parte da festa dançando, sem contar que ela começou as 10 horas.

-Eu vou com você –Louis disse- Eu estou com um pouco de sono.

Eu assenti e saímos juntos.

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Mal andamos por duas ruas tive de carregar Louis nas costas, ele realmente estava tonto e com sono, seria o efeito da bebia, sendo assim posso concluir que Louis que tudo não passou de um mal entendido, Louis estava meio tonto e me beijou, isso explica algumas coisas, mas não tudo.

Assim que cheguei à casa de Louis, os pais dele brigaram com o mesmo, não por ter chegado tarde, nem por ter bebido vodka e sim pelo estado das roupas de Louis, estavam um pouco amassadas sim, mas pelo menos Louis está são e salvo.

Eu retornei para minha casa e fiquei pensando no beijo, algo no fundo de meu estomago estava revirando, para meu alívio era apenas a vodka.

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Eu passei o final de semana sem ver Louis, ele também não veio me ver, parece que acordou mal por causa da vodka e domingo ele passou o dia inteiro trabalhando em quadros, de acordo com o que Amanda disse.

Na segunda eu e Iris cuidávamos de alguns arranjos e atendíamos alguns clientes.

-Aconteceu algo com você na festa? –Iris perguntou.

-Tipo o que? –Eu perguntei preocupado.

-Se Lucas foi atrás do Louis, eu e Ana evitamos falar com Lívia e ao que parece ela evitou nós duas.

-O Lucas estava procurando por Louis em certo ponto da festa, então eu e Louis pegamos cada um, um copo de vodka e fomos para a praia –E eu disse com sinceridade.

-A praia devia estar linda –Iris comentou enquanto segurava um buque com margaridas- Aconteceu mais alguma coisa de interessante?

-Nada nós conversamos... o Louis me beijou –Essa última frase saiu em um sussurro.

-Como é?! –Iris perguntou espantada.

-Ele me beijou - Eu disse um pouco mais alto.

Iris deu um grito e sacudiu o buque de margaridas com tanta força que despetalou todas elas, uma vez que ironicamente elas significam inocência.

-Iris fala baixo –Eu disse- Os clientes não precisam ficar surdos!

-Mas você –Disse Iris animada- Beijou alguém.

-Fui beijado, sem falar que Louis devia estar sob os efeitos do destilado feito de arroz.

-Foda-se a vodka –Disse Iris se aproximando e me abraçando- Você teve seu primeiro beijo.

-Isso não muda nada em minha vida – Eu disse.

-Quem disse que não? –Iris perguntou- Isso é apenas um passo para você...

-Não diga essa palavra!

-Estar...

-Iris, por favor, não!

-Apaixonado!

-Que porra Iris –Eu sussurrei para ela – Eu nem sei se gosto dele e nem sei se quero gostar.

-Vamos Alex – Iris disse puxando “E”- O chame para um encontro, por mim!

-Não sei como essas coisas funcionam – Eu confessei.

-Eu e Ana te ajudamos, você conhece todos os restaurantes e clubes daqui, faz entregas para todos eles, eu sei que você consegue.

Eu revirei os olhos.

-Está bem Iris, mas apenas por você, isso não muda nada, ele não vai sequer se lembrar do beijo.

-Ao menos tente Alex, antes que algum outro garoto o faça! –Ela disse balançando com força outro ramo de margaridas.

-Está bem, vou fazer um buque agora e convida-lo para sair, mas pare de estragar as margaridas está bem?

Iris assentiu e prometeu cuidar da loja enquanto eu estava fora.

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Arrumei um buque feito de íris, era a flor nacional da França, elas significavam mensagem, uma homenagem a deusa grega, mensageira dos deuses.

Fui até a galeria dos pais de Louis, ficava fora da praça central da Villa, ela ficava na praça menor da Villa, basicamente uma cópia da praça central, só que desta vez com uma fonte pequena no meio com a estátua de uma mulher usando uma túnica grega.

Realmente era uma galeria e tanto, as imagens pintadas recriavam Ánemos em uma forma mais fantasiosa, com seres mitológicos e deuses gregos.

-Oi Alex –Disse Louis se aproximando- Meus pais saíram para almoçar, quer esperar por eles?

-Na realidade eu vim falar com você –Eu disse esticando o buque feio um criancinha- Aceita sair comigo?

-Você quer dizer em um encontro? –Ele perguntou.

Eu apenas assenti.

-Por que isso tão de repente? –Ele perguntou.

-Se você não me quiser...

-Não, eu quero - Disse Louis- Só estava com curiosidade mesmo, mas já que você me chamou, eu aceito com prazer.

Ele pegou o buque e depositou um beijo em minha bochecha.

-Quando? –Louis perguntou.

- Nesse mês que está chegando, vai haver outro festival, podemos ir juntos.

-Qual seria? –Louis perguntou de forma curiosa.

-Surpresa.

Nisso eu apenas agradeci por ele ter aceitado e fui direto, não para loja e sim para minha casa, eu precisava refletir melhor o que eu acabara de fazer, talvez eu o tenha convidado por Iris, mas no fundo talvez eu mesmo quisesse ter certeza de que ele não sentia nada por mim além de amizade e eu o mesmo, mas isso tudo para mim é confuso agora, não sei mais no que devo pensar, no que é melhor para mim, e no que é pior.