História Between the Flowers - Crinsântemo - Estou apaixonado

“Flor de vermelha cor.

Que floresce nos corações,

Enamorados, que apaixonados,

Que fazem de tudo,

Por quem amam.

E cantam Louvores,

À deusa do amor.

E com os rostos,

Voltados para o poente.

Exclamam.

Estou apaixonado! ”

Era a primeira sexta feira deste mês, dia do festival.

Eu acordei tomei banho, coloquei uma blusa e arrumei uma mochila contendo tudo que eu precisasse, o primeiro festival desse mês era a reabertura do “parque de diversões”, e sim, é preciso colocar entre aspas.

Em primeiro lugar ele fica numa ilhazinha entre Santorine e Ánemos, a maior parte dela é um parque aquático com tobogãs que passam por dentro dos rochedos (O que todos acham um pouco perigoso, mas eles vivem fazendo manutenção), de parque de diversões, somente o enorme píer com um roda-gigante barco viking, entre outros.

Para acessar a ilha é preciso pegar um barco, este parque só abre durante o verão e fica aberto até o fim do primeiro mês do outono, um local divertido que tira o tédio monótono de viver na ilha.

O proprietário do parque vive em Atenas e sempre passa o verão em Santorine, é realmente bom ter um lugar para passar os finais de semana, mesmo que aquela ilha só possa ser acessada de barco, eu peguei dinheiro o suficiente para mim e para Louis assim passaríamos o tempo... juntos...

Eu estava nervoso, nunca fui em um encontro, quero dizer... já fui sim, mas apenas por educação, não sei como funcionam direito.

Eu respirei fundo, precisava de alguma coisa para me dar sorte naquele dia, foi então que me lembrei de uma coisa.

Eu abri a caixa de música de minha mãe e de lá puxei um colar, era basicamente uma corrente contendo o desenho do pentáculo, basicamente é uma estrela de cinco pontas dentro de um círculo. Minha avó disse que minha mãe amava a mitologia celta, ele preferia mais do que a própria grega, mas ainda assim batizou a loja de Jardim de Perséfone.

Minha avó tem certa aversão a esse colar pelo simples fato de ser pagão, mas eu sempre o adorei, minha mãe era tão boa, ela sabia o que representava a natureza e o que era ruim para ela.

Eu saí de casa na esperança de que as “energias” do colar tirassem meu nervosismo.

Eu bati na porta de Louis ele abriu e me abraçou, eu contei a ele qual era o festival, ele adorou a ideia de sairmos para uma outra ilha e nadarmos por lá.

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O barco partiu bem cedo, como esperado.

Eu, Louis e todos os jovens da ilha estavam no barco.

-Gente, estou enjoada -Iris comentou.

-Faz parte Iris -Ana respondeu beijando a testa de Iris- O mar dá enjoo mesmo.

-Não é isso -Disse Iris- O que me dá enjoo é roupa de Lívia, ela parece um chiclete de tuti-fruti ambulante.

Era verdade, ela estava vestida de rosa choque, era enjoativo e provavelmente radioativo, coisa mais brega.

-Ela já me dava enjoo na terra e sem aquela roupa -Iris comentou- Mas hoje ela está de parabéns.

Todos concordamos.

Louis se separou de nós para olhar o azul do mar egeu.

-Aqui Alex -Disse ela estendendo algo que parecia um comunicador para colocar no ouvido.

-Onde arranjou isso? -Eu perguntei.

-A Amanda é que nos emprestou -Iris respondeu.

-E por que ela tem isso?

-Pergunta para ela, eu não sei de nada, mas ela emprestou pelo simples fato de que é o seu “primeiro encontro” -Ela fez aspas com a mão.

-Eu sei, mas eu consigo me virar -Eu disse.

-Mesmo? -Ela perguntou- Você por acaso sabe alguma coisa? Quero dizer sobre o que fazer em casos de emergência?

-Não...

-Então cala a boca e coloca logo esse comunicador

Eu bufei e coloquei o comunicador em meu ouvido.

-Agora vai lá e arrasa viado! -Iris exclamou.

Eu andei até ao lado de Louis.

-Está gostando? -Eu perguntei.

-Sim -Ele respondeu- Eu amei vir para cá, no começo não gostei muito, mas em apenas tão pouco tempo me adaptei a Grécia, você não encontra um mar tão azul na França, Cannes não chega aos pés de Ánemos, por mais simples que a ilha seja, me sinto mais em casa aqui do que lá.

-Você não sente saudades dos seus amigos? Quero dizer...

-Eles também não se importam muito comigo -Louis interrompeu- Quando meu namorado morreu eles me deixaram de lado...

-No momento que você mais precisava -Eu completei.

-Acertou! -Ele disse- Por isso também meus pais resolveram se mudar, começar uma nova vida para mim, vou ser sincero, eu vou voltar para Paris, apenas para cursar alguma faculdade de moda, depois... eu acho que vou voltar para cá, aqui é tudo tão...

-Paradisíaco?

-Sim, tudo aqui é tão calmo, o modo como as pessoas vivem em Ánemos é.… não sei o que dizer.

-Não se engane Louis, lá é mais monótono do que parece.

-Para você deve ser, você não parece fazer nada de interessante, quero dizer.

-Eu sinto de fato um vazio em tudo que eu faço, não importa qual coisa, eu sempre sinto falta de algo, quando já tenho tudo.

Louis apenas ficou em silencio.

Eu ouvi a voz de Iris pelo comunicador

“Segure a mão dele”

Eu segurei, mas logo Louis puxou e própria mão e isso me deixou meio sem graça.

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Assim que chegamos na ilha, o barco atracou no porto e descemos, lá o proprietário da mesma estava falando em um palco, anunciando a abertura do parque, mal os portões se abriram uma multidão invadiu o local.

Não era preciso a compra de ingressos, uma vez que já pagamos pelo barco, entramos no vestuário e colocamos nossos shorts de banho.

Iris Ana, Amanda e Matt vaziam questão de fugir de mim e de Louis.

-Iris -Eu disse pelo comunicador- Por que estão fugindo?

-É um encontro! -Iris berrou pelo comunicador- E ainda bem que esses comunicadores são a prova d’agua caso contrário ambos estaríamos esturricados.

-Sem contar que eles não deram curto circuito nos tobogãs -Eu comentei- Por que a Amanda teria um equipamento desses?

-Novamente não sei.

-Falando sozinho Alex? -Louis perguntou.

Eu apenas deixei de lado o que Iris falava e voltei minha atenção a Louis.

Andamos pelo parque, nadamos, escorregamos juntos pelos tobogãs, a variedade não era muita, havia apenas 8 tobogãs, mas ambos nos divertiam.

Como sempre eu sentia como se conhecesse Louis há anos, eu sentia que tinha mais intimidade com ele do que com Iris.

Todas as minhas tentativas de segurar na mão dele falharam, não entendo o porquê, será que eu estou indo rápido demais?

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A tarde passou e nada de supostamente “romântico” aconteceu, será que Louis estava tentando evitar isso tudo, por que?

Após tomarmos banho e nos trocarmos, saímos do parque aquático e começamos a caminhar pela ilha, havia diversas lojinhas e casas, essa daqui era uma miniatura de Ánemos, a única diferença é que aqui tinha uma parque de diversões e um aquático, eu levei Louis até um restaurante de frutos do mar que eu sempre costumo comer com meus amigos, é um restaurante com aparência um pouco sofisticada, ele fica dentro de um rochedo, com vista para o mar, é realmente bonito ver que ainda mantiveram o teto e as paredes da caverna, apenas enfeitaram com luzes e um barco a remo com as cores da Grécia.

Eu e Louis nos sentamos a janela tendo uma vista clara do céu estrelado e do mar, o restaurante inteiro estava aceso com velas, havia uma inclusive em nossa mesa.

Pedimos polvo servido com especiarias do mediterrâneo.

Ficamos lá um olhando para a cara do outro, sem dizer nada e Iris me deixou na mão, devia estar se pegando com Ana ao invés de me ajudar, eu estava completamente perdido, sem saber o que fazer.

Eu suspirei.

-Por que não tenta pedir ajuda a Iris? -Louis perguntou-Talvez ela te responda pelo comunicador.

-Como soube? -Eu perguntei um tanto envergonhado.

-Eu não sou Matt, eu soube desde o começo no barco, eu vi Iris entregando a você aquilo, e agora eu me pergunto, por que me chamou para sair?

Eu não sabia se citava o beijo ou não, precisava pensar em alguma mentira e rápido, então um pensamento me veio em mente.

-Eu estava te devendo um encontro desde que arruinei o seu com André, mas no final de tudo eu sou péssimo nisso! -Eu disse de modo tristonho.

-Não, você não é -Disse Louis- Quero dizer, esse é o seu primeiro, ainda haverá outros, é questão de prática, como a dança.

-E por onde eu começo eu não...

Louis me puxou pela camisa e me beijou.

-Apenas esqueça todas as formalidades -Ele disse- Apenas se deixe levar.

Ele tirou o comunicador de meu ouvido e apertou o botão para falar.

-Ei Iris! -Disse no comunicador.

“O que? Louis? ”

-Está demitida como cupido sua tábua -Ele disse e jogou o comunicador pela janela.

-Aquele comunicador era da Amanda -Eu comentei.

-Porra -Disse Louis- Agora que você me avisa.

Eu e ele rimos muito, mesmo sabendo que apanharíamos de Amanda e de Iris.

Comemos e saímos do restaurante de mãos dadas.

Comemos em uma barraca um delicioso pote de morangos com chocolate, e começamos a andar pelo píer, andamos em alguns brinquedos e por fim, subimos na roda gigante.

Ela rodou por um tempo até deixar eu e Louis no topo, eu olhava para o mar, a luz das estrelas revelavam de modo fraco a linha do horizonte, junto da lua.

Dentro daquele cubo com janelas de vidro eu e Louis apreciávamos a vista.

Eu sentado do lado do outro.

-Alex...eu realmente acho que pagou pelo encontro que arruinou -Louis comentou- A vista daqui é linda.

-Obrigado -Eu disse.

Ele me deu um tapa no rosto.

-Isso é por ter arruinado meu último encontro -Disse Louis- E isso é por ter compensado com o de agora.

Louis se aproximou de mim e me beijou, mas não foi um beijo normal, foi um de língua!

Eu conseguia sentir o sabor de chocolate na língua do mesmo, era uma sensação ótima.

Passamos o resto da noite andando de um lado para o outro caminhando rindo e trocando beijos, até anunciarem que o parque estava fechado.

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No dia seguinte eu acordei me sentindo estranho com relação a Louis.

Eu não queria sair da cama, não parava de me lembrar de ontem, com todos aqueles beijos.

Iris entrou em meu quarto.

-Alex! -Ela exclamou- Por que não está na loja? Ainda temos que preparar alguns arranjos, sem falar que daqui a uma semana é a grande feira e...

-Estou passando mal -Eu confessei.

-Como assim?

Acho que o Louis estava doente

-Mesmo? -Ela perguntou espantada.

-Sim, eu e ele nos beijamos várias vezes, e depois disso me senti meio mal.

- O que está sentindo? -Ela perguntou.

-Meu coração está batendo acelerado, estou sentindo enjoo, toda vez que penso e Louis eu sinto uma sensação anormal no fundo de meu peito.

-O que você tem é bem simples -Ela disse rindo.

-O que seria?

-Você está apaixonado! -Ela gritou e me abraçou- Finalmente. Alguém derrubou o seu castelo, você está apaixonado por Louis.

Eu empalideci com aquilo, será que era possível, talvez não, eu nunca soube como era estar apaixonado, isso me deixa em uma situação difícil, estou ou não estou, o que é melhor, estar com uma doença rara ou apaixonada, o que eu poderia fazer?

Talvez isso seja passageiro, ou talvez seja o começo de uma nova experiência que eu gostaria de evitar...