“Eis que vem o vento.
Trazendo consigo,
Novos pensamentos.
Que de modo bruto,
Acerta delicadas flores,
De diversas cores.
Os amores-perfeitos,
Desabrocham,
Com o simples pensamento,
O que é,
Um amor-perfeito,
Sem puros,
E recíprocos sentimentos”
“Berenice Galatas”
-Kaliméra* Louis -Disse Iris,
-Kaliméra Iris -Louis respondeu o bom dia- Por acaso você viu o Alex? Faz três dias que eu não o vejo.
-Já tentou procurar no clube Dionísio? -Iris recomendou- Ele gosta de se esconder lá.
-Na realidade ainda não, obrigado pela dica e se a Amanda perguntar por mim, avisa que eu estou na praia.
Nisso ouvi passo.
-Já pode sair Alex -Disse Iris.
Eu saí do enorme vaso que fica na entrada da Villa.
-Não sei porque se esconder de Louis, ele só quer comentar com você sobre o encontro, ele adorou pelo visto -Iris comentou- É melhor encarar ele do que Amanda.
Pois é Amanda não gostou de ter um dos comunicadores jogado no mar.
-Eu sei, mas talvez... se eu o evitar...
-Não vai funcionar, você está muito apaixonado por ele -Iris disse dando uma leve risada- E ele também deve estar, quanto mais você o evita, mais você o magoa, e eu sei que você não tem a intenção de fazer isso.
-Eu não estou pronto para isso, o que eu devo fazer?
-Qual tal ser sincero com Louis? -Ana se aproximou de nós- Diga a ele que está apaixonado por ele, mas sente que ainda não está pronto para algo tão sério.
-Você sempre chegar na hora certa e com a resposta certa amor -Disse Iris- Ana está certa, sinceridade é a melhor coisa, sem falar que Louis vais se chatear menos.
Eu assenti.
-Bem... – Eu disse procurando chegar a uma conclusão- Talvez... eu deva convida-lo para jantar em minha casa, mas antes eu preciso conversa com alguém.
-Quem? -Iris perguntou.
-Começa com P -Eu respondi.
Nisso deixei as duas em plena curiosidade e voltei fui em direção a minha casa.
:
Eu liguei a webcam e chamei por eles no site.
Uma tela se abriu e eis que estavam meus dois primos.
Um garoto e uma garota da minha idade, ambos loiros, Axel e Anelise tinham olhos castanhos , ambos nascidos em Copenhagen na Dinamarca, frutos de minha tia e homem cujo eu realmente não o considero como meu tio, ele não é má pessoa, mas me detesta, ele me colocaria em um colégio interno na Alemanha assim que tivesse a oportunidade.
-God eftermiddag -Eu disse a palavra em dinamarquês, cujo o significado era boa tarde.
Um fato interessante de ter parentes espalhados pela Europa é que você acaba aprendendo a língua deles, tanto que eu também falo galês e norueguês.
Meus primos responderam com a mesma fala.
-Como está aí em Copenhagen? -Eu perguntei em dinamarquês.
-Está calor -Anelise respondeu na mesma língua- E aí na Grécia deve estar mais ainda.
-O clima mediterrâneo não perdoa -Eu confessei.
-Temos uma notícia interessante para te contar -Disse Axel.
-Sou todo ouvidos -Eu disse mantando a conversa em dinamarquês.
-Nosso pai... -Prosseguiu Axel.
-Está pensando em convidar você, vovó e a família de seus amigos para viajarem conosco até Reykjavik, capital da Islândia e passar o ano novo lá -Anelise, ansiosa como sempre interrompeu seu irmão e falou no lugar dele.
-Ane! -Axel protestou.
-Que maravilha! -Eu exclamei- Ele nunca nos convidou para algo, por que agora?
-A empresa de chocolates dele, sabe? -Anelise perguntou- Então, ela está lucrando muito e ele pretende colocar uma loja em Reykjavik.
Meu tio tem uma franquia de chocolatarias artesanais, é irônico pensar que ele trabalha com doces, mas não é um, ele nem sequer liga para mim ou para a minha avó, a esposa dele é mais considerada de nossa família do que ele mesmo que é filho de minha avó, uma vez minha avó os convidou para passar o natal aqui, apenas minha tia e meus primos vieram, ele se recusou.
Por que?
Um mistério, e por algum motivo ele não vai muito com a minha cara, eu posso sentir isso.
-Não sei não.... -Eu disse sem jeito.
-Ora vamos! -Insistiu Anelise- Pense só, eu, você, meu irmão, nossos primos e amigos andando por Reykjavik, nadando nas fontes termais, comendo os chocolates islandeses, olhando para aurora boreal de cima de um farol...
-Sim -Eu concordei pensativo- Mas como vai funcionar a viagem?
-O pai falou que vai pagar tudo -Axel respondeu- O hotel a viagem de ida e volta, apenas não convide muitos amigos, quero dizer, apenas aqueles mais íntimos e os mesmos devem ir com os pais,
Eu pensei por um momento e dava tudo certo, Iris pode ir com os tios, Ana com os Avós, Louis com os pais, já Matt e Amanda com pais e eu com vovó.
-Que tal 5? -Eu perguntei.
-Parece um bom número -Axel comentou- Então... tem algo de om acontecendo.
Eu pensei e por fim confessei.
-Estou apaixonado -Eu disse.
-Por quem? -Eles perguntaram ao mesmo tempo, ambos estavam impressionados, pois eu nunca me apaixonei.
-Um garoto chamado Louis -Eu respondi- Não falem nada para o tio.
-Não se preocupe -Disse Anelise arrumando os cabelos longos e loiros em um rabo de cavalo.
-Ele me colocaria em um colégio interno assim que tivesse a chance -Eu comentei.
-É impossível -Axel disse em resposta- A vovó tem sua guarda.
-Sim -Eu concordei- Mas ele tem um advogado e eu e vovó temos dinheiro apenas para viver como vivemos, vai ser fácil ele me tirar dela, só ainda não o fez.
-Fique calmo Alex -Disse Ane- Ano que vem você vai fazer 18, não? Então basicamente ano que vem você vira maior de idade e não vai precisar de guarda alguma.
-Sim, mas a vovó ultimamente anda com problemas de saúde e...
-Acalme-se Alex! -Axel exclamou- Bem... de qualquer forma acho melhor eu e Ane irmos, vamos nos falando sobre essa viagem.
Eu assenti e me despedi deles.
Assim que fechei meu laptop, me deitei no sofá pensativo, peguei meu celular e enviei uma mensagem para Louis convidando-o a vir aqui para jantar.
Ele aceitou e ainda enviou um daqueles corações, era oficial, ele talvez estivesse apaixonado por mim, mas eu realmente não me sentia pronto, eu queria ir mais devagar.
Bem, era hora de compra os ingredientes.
:
Eu ouvi o barulho do temporizador, peguei uma luva térmica e abri o forno, o aroma de peixe assado com iogurte, limão e especiarias estava por toda a casa, assim como o aroma da sopa de grãos-de-bico mais conhecida como Revithia.
Eu tirei o peixe e o coloquei em cima do balcão da cozinha.
Eu aprontei a mesa da melhor forma possível, até mesmo comprei um suco de uva natural sem qualquer açúcar.
Eu já estava todos arrumado e perfumado.
Ouço alguém tocando a campainha, eu abri e era Iris e Ana.
-O que fazem aqui? -Eu perguntei.
-Dá para sentir de lá da pousada o cheiro -Iris comentou.
-Eu convidei Louis para jantar, assim posso ser sincero com ele.
-Podemos jantar com vocês? -Iris perguntou- Afinal já que não vai acontecer nada de romântico eu e Ana podemos ficar aqui, não acha?
Eu assenti e as deixei entrar, Ana pareceu sem graça pela atitude de Iris, mas de vez em quando a mesma conseguia ser pior.
Após ter colocado a comida na mesa, novamente a campainha tocou.
Eu abri e era Louis, ele estava realmente lindo, eu olhei de relance para os lábios do mesmo, eram tão rosados...
Eu o convidei para entrar, assim que ele entrou, me surpreendeu com um beijo, ele teria continuado com ele se Iris e Ana não estivessem no local.
-Pensei que só teria nós dois -Ele comentou.
-Bem... -Eu disse sem jeito- É que eu resolvi chama-las também.
Louis apenas acenou para as duas.
:
O jantar se seguiu normalmente, com muitas conversas e risadas, Iris, Ana e Louis se empolgaram com a ideia de ir para Reykjavik.
-Já posso até ver -Iris comentou- Eu e Ana, no topo de um farol, apreciando a aurora boreal, tão romântico, a vista do oceano com geleiras e aquelas luzes.
-Meus avós não se importariam de ir -Ana indagou- Mesmo porque, é uma oportunidade única, sem falar que não temos muito o que fazer durante o inverno.
-Meus tios podem deixar a pousada sob os cuidados dos funcionários, ainda mais por uma viagem única para o noroeste europeu.
-Mais pais vão adorar, ainda mais para pintar quadros -Louis comentou e pegou na minha mão logo em seguida- Eu vou adorar ver a aurora boreal com vocês, especialmente com o Alex.
Iris soltou uma risadinha que foi logo abafada com um pontapé de Ana na perna da ruiva.
-Louis -Eu disse- Eu queria te dizer uma coisa...
-A resposta é sim -Louis disse sem sequer me deixar dizer- Eu quero namorar com você, ainda mais depois deste jantar maravilhoso.
-Sobre isso... -Eu disse procurando um meio certo de falar- Eu ainda não estou pronto para namorar...
-Oh... -O sorriso de Louis desapareceu.
-Prefiro ir... devagar... -Eu disse com total sinceridade nas minhas palavras.
-Como devagar? -Louis perguntou- Está na cara que você sente algo por mim, por que não namora comigo?
-É a primeira vez que eu... acho que sinto algo por alguém e tudo está indo muito rápido e.…eu realmente não sei se quero ou não namorar com você.
-Sim..., mas... -Louis estava realmente triste com aquilo- Eu pensei que... não sei, quero dizer, e tudo aquilo que passamos?
-Foi apenas um encontro -Eu disse- É preciso mais do que um para ter algo definido, e se o que sentimos for passageiro?
Iris e Ana apenas observavam em silencio.
-E como vamos descobrir? -Ele perguntou.
-Eu não quero descobrir, eu não quero sentir isso.
-Porra Alex! -Louis exclamou- Se você realmente não queria nada comigo, então por que me chamou para um encontro, ou melhor por que fez daquilo tudo um encontro?!
-Você que começou!
-Eu?! -Ele exclamou indignado.
-Se você não tivesse me beijado na festa de Lívia nada disso teria acontecido! -Eu disse.
-Que beijo na festa? -Ele perguntou.
Então toda minha conclusão veio em mente, foi o efeito da vodka, devia ter sido isso, não, foi isso.
Eu realmente estava confuso e irritado, se não fosse por aquele beijo...
-Isso é tudo culpa sua Iris! -Eu exclamei.
-Minha?! -Ela gritou- Você que me contou que Louis tinha te beijado, eu te dei a ideia de convida-lo para um encontro.
-Se não fosse por aquele encontro eu não teria me apaixonado por Louis!
-E por que é tão ruim assim se apaixonar por mim?! -Louis perguntou- Por que todo esse medo de amar?!
-Eu tenho meus motivos e não lhe devo explicação alguma!
-Francamente Alex! -Louis gritou- O que importa se sua mãe morreu...
Ao ouvir aquilo eu por impulso dei um tapa na cara do mesmo.
-Nunca diga isso! -Eu berrei- Minha mãe era amada por todos, o mesmo do meu pai!
-Eu também perdi alguém que eu amava -Disse Louis- O único que realmente se importava comigo, para minha família inteira eu sou um problema, um inútil, nem meus pais me querem mais!
Eu fiquei em silencio.
Louis começou a derramar algumas lágrimas.
-Pare de drama Louis -Eu disse- Não tem necessidade...
-Você me iludiu! -Louis gritou.
-Eu nunca disse que sentia algo por você, muito menos que o amava, eu apenas...
Na realidade eu só queria saber se ele sentia algo por mim, mas no final ele começou a sentir, vai ver, eu estava errado.
Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, Louis saiu pela porta e a bateu com força.
Iris e Ana pareciam bravas comigo.
Que culpa também eu tinha?
Eu nunca pedi nada disso.
As duas saíram de minha casa sem nem sequer falar comigo, o que eu faço?
Não era minha intenção iludir Louis, muito menos magoa-lo.
Talvez o melhor seja eu esclarecer tudo para ele, ser sincero.
Mas... isso não adiantou.
Será que eu vou ter que fingir namorar com ele, apenas para fazê-lo feliz?
Mas... e quanto mim?
O que eu realmente quero?
O que eu realmente sinto?
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