-Alex -Louis me chamou- Acorda amor, não me faça jogar água em você.
Eu abri meus olhos e já recebi um beijo de Louis, já faz uma semana desde que estamos morando juntos e que começamos nosso último ano no ensino médio.
Eu desci com Louis para tomarmos café da manhã.
-Sabe -Disse Louis colocando café na minha xícara- Eu estive pensando que como hoje vamos comprar os móveis da nossa casa, não precisamos comprar uma cama para sua avó, podemos usar a sua, só precisamos move-la para o outro lado do corredor.
Antes de mais nada, eu e Louis não estamos na minha velha casa, dona Alfazema quando viu que eu e Louis moraríamos juntos naquele lugar apertado que eu chamo de lar, ela ofereceu a casa dos pais de Louis para mim e para ele, o aluguel seria o mesmo, o que não é muito caro.
Equivalente a mais ou menos 181 euros, algo que com um pouco de trabalho conseguiríamos pagar mensalmente, claro que eu e Louis gastaríamos todo o dinheiro que lucramos este verão com os móveis de nossa casa, mas pelo menos minha avó virá morar conosco, o que diminui os custos, não precisaremos pagar pela casa dela, dona Alfazema se ofereceu para comprar a casa de minha avó, uma vez que Viola iria cursar o último ano dela aqui, para a felicidade de Amanda, e ela ficou contente mesmo.
O jardim daqui era maior do que o da minha antiga casa, o meu quarto e o de Louis seria no mesmo que ele dormia por ser o maior, o dos pais dele seria transformado no ateliê de costura de Louis e no meu “laboratório”.
Já minha avó, vai dormir onde antes era o quarto de costura de Louis, ela não se importa com o tamanho do quarto, só quer poder ficar do meu lado enquanto pode, um dia após Louis ter ficado aqui, ela foi ao médico e recebeu a notícia de que sua saúde não estava lá muito boa, o que é estranho, ela não é tão velha quanto parece, mas enfim.
-Sim Louis -Eu concordei meio distraído.
Louis era muito sonhador, agora entendi o que os pais deles queriam dizer, não que eu esteja pensando em algo ruim, só acho fofo o fato de ele estar adorando a ideia de morarmos juntos.
-Alex, você está escutando? -Louis perguntou.
-Sim -Eu respondi ele com um sorriso- Hoje vai ser um dia longo de mudança, teremos que pegar tudo o que tem lá em casa, sem falar que vamos precisar de um jogo nove de pratos, os armários da nossa nova cozinha não podem ficar vazios.
Aliás eu tinha adorado a casa de Louis, o primeiro andar era basicamente um conceito aberto, ligando a sala de jantar, cozinha e sala de estar, a cozinha ema composta por bancadas revestidas de travertino e uma longa ilha na qual eu e Louis queremos colocar banquinhos para jantares casuais.
Assim que eu terminei de tomar café, eu e Louis tomamos banho juntos e nos arrumamos para ir ao colégio, o clima esfriou bem rápido, mas não ao ponto de exigir o uso de casaco, apenas uma blusa de manga comprida.
Eu e Louis saímos de mãos dadas de nossa nova casa.
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O colégio da Ánemos como eu já citei uma vez não é muito grande o pátio tem tamanho o suficiente para todos os alunos ficarem bem.
Iris e Anastácia já estava sentada em uma mesa de madeira pintada de azul marinho.
-Kaliméra -Eu e Louis dissemos ao mesmo tempo.
-Kaliméra - Ana e Iris disseram logo depois.
-É verdade que vão gastar todo o dinheiro que conseguiram durante o verão na nova casa? -Ana perguntou curiosa.
-Na realidade não -Eu respondi- O Louis dormia em uma cama de casal sozinho, vai entender os pensamentos desse bobão.
O mesmo me abraçou.
-Então vão comprar, jogos de cama novos? -Iris perguntou.
-Sim -Louis respondeu olhando as pessoas em volta- Assim como jogo de pratos e talheres, cobertores, almofadas, mesa de jantar nova.
-Mas e a de Alex? -Ana perguntou inconformada, ele é muito econômico, ou melhor, meio mesquinha, ela vive reclamando do dinheiro que ela e Iris gastam em roupas- Tudo bem que só acomoda 4 pessoas, mas tem a ilha da cozinha e.… bem... a casa é de vocês... enfim...
Ana suspirou, ficamos em silencio por um tempo até que eu resolvi contar.
-Vou ser aprendiz de Camila, ela vai me ensinar como ser um organizador de casamentos -Eu disse a eles.
-Que maravilha -Iris disse de modo alegre- Assim você pode organizar eu casamento com Ana.
-Mas não vou fazer de graça.
-Seu chato! -Ana exclamou.
Nesse exato momento o demônio apareceu, exatamente, Lívia brotou no meio da conversa junto das amigas delas.
-Ora essa -Ela disse em um tom irônico- Não sabia que existiam viados em Ánemos.
-Pois é Lívia -Iris disse com calma sem alterar o tom de voz- E nós não sabíamos que haviam piranhas no mar Egeu, mas aí está você com suas amigas.
-Veja bem como fala Iris! -Lívia exclamou- Um dia eu ainda compro essa ilha.
-Ela vai mesmo! -Uma das amigas dela exclamou.
-Escuta -Iris se voltou para a garota que disse aquilo- Em nenhum momento eu disse, “ei você puta insignificante, se meta no assunto entre eu a piranha alfa do seu cardume”, por isso fica quietinha senão a casa cai para o seu lado.
-Quer saber Iris -Disse Lívia- Eu vou é ir conversar com os rapazes que eu ganho muito mais do que estar aqui.
-Então por que veio puta? -Iris perguntou de modo sarcástico.
-Eu já estou indo -Ela disse de modo esnobe e foi se afastando com o rebanho.
-Vai Lívia! -Iris exclamou- Volta para o rio amazonas de onde você nunca devia ter saído piranha.
Iris me olhou incrédula, eu ia comentar algo, mas o sinal tocou.
Nem sinal da Amanda, Matt ou Viola, com certeza já devem ter entrado, aqui fora está meio frio.
Entrando na sala, Viola e Amanda conversavam enquanto Matt mexia no celular, eu e Louis nos sentamos um do lado do outro.
A professora da primeira aula entrou e começou a chamada, ninguém novo na sala de aula não ser por Viola, Louis e uma garota turca chamada Ayla Hashim, até um tempo atrás ela morava com os pais na Istambul, mas devido a atual situação de lá, ela acabou se mudando com os pais para Rodes e logo depois para aqui, Ánemos.
Realmente uma pena, Istambul é uma cidade tão linda e exótica, mas é a vida.
O pouco que nós conversamos com podemos dizer que ela se sente feliz em morar aqui, sem falar que é uma troca de culturas do mediterrâneo, eu sempre gostei da culinária turca, um exemplo seria o manjar turco, um doce bem típico, assim como também sempre gostei da arte bizantina, aliás eu sempre gostei de todo tipo de arte.
A aula seguiu normalmente e quando ela terminou, eu me reuni com Louis e nossos amigos no Clube Dionísio.
-Obrigado por se oferecer a nos ajudar Ayla -Eu disse- Vai ser uma tarde longa de compras, Matt e André vão mover a cama de minha antiga casa para a nova.
-Sua tem uma cama... -Iris disse pensativa.
-Mas daria muito trabalho levar a cama da casa da avó de Louis até a Villa -Matt disse.
-Não se preocupem consigo, eu vou adorar ajudar vocês ou mesmo observar o que vocês gostam -Ayla disse em seu sotaque turco.
Ela era uma garota de pele um pouco claro, cabelos castanhos com algumas mechas loiras e seus olhos eram puramente verdes.
-Eu realmente sinto muito pelo que Lucas fez, mas pelo menos eu fiquei sabendo que o mesmo foi colocado em um colégio militar, tenho certeza de que os garotos da Dedaleira não vão mais importunar vocês -André disse- Afinal, eles não têm mais uma má influência sobre eles.
Foi realmente uma alegria saber disso, eu e Louis, não precisamos mais nos preocupar.
Quando terminamos de comer e beber, nos separamos de Matt, André e Viola e fomos fazer compras.
Agorá Nisí (Mercado da ilha) é uma área muito conhecida da ilha, é lá onde ficam as lojas que vedem ingredientes para cozinhar, móveis para casas, enfim lá é o centro do comércio, o coração de Ánemos, inclusive é lá que fica a prefeitura e a loja dos avós de Ana.
Eu e Louis olhávamos uma loja de roupas de cama, o outono e o inverno estavam vindo e precisávamos de cobertores para cama de casal, Louis dormia em uma, acho que já disse isso...
-Alex -Louis me chamou- Veja só o que eu achei.
Eu me aproximei de Louis e ele me mostrou um cobertor felpudo contendo as cores da Bandeira LGBT.
Eu sorri ao ver o entusiasmo dele com o cobertor.
Ainda era novo para mim saber que eu era homossexual.
Eu sempre pensei ser assexual, mas então veio Louis e eu descobri o que eu era.
De qualquer forma eu sorrio para Louis e digo.
-Vamos levar esse daqui -Eu disse ao mesmo.
Ele sorriu e me abraçou.
As garotas tentavam nos empurrar um monte de coisas por cada loja que passávamos, tudo que elas achavam que iria ficar bonito na nossa casa, elas insistiam para que eu e Louis comprássemos, Louis ficou o tempo todo tentando me controlar, porque por incrível que pareça, elas conseguiam me convencer de comprar tal coisa.
Passar uma tarde inteira de loja em loja escolhendo a mesa e cadeiras de jantar que queríamos, as decorações que queríamos, tintas, eu já estava até com dor de cabeça.
Minha avó teria vindo, mas ultimamente sua saúde não permite que ela faça tal coisa, sem falar que isso daqui é estressante.
Mas com nossas amigas nos ajudando, tudo fica mais simples.
Ayla é uma garota incrível, conquistou a amizade de Amanda, Ana e Iris em tão pouco tempo, uma garota sem preconceitos e com uma mente muito culta e aberta a novas culturas.
Ela prometeu um dia nos mostrar fotos de Istambul, como a torre de Gálata que aliás é o que inspirou o sobrenome de minha família “Galatas”, também a basílica de santa Sofia, o Palácio Topaki, o Grande Bazar, esse último eu adoraria visitar para compra jogos de chá, tapetes, doces, especiarias, lanternas.
De acordo com Ayla, pechinchar é um costume cotidiano no Grande Bazar, é preciso saber como pechinchar, talvez um dia, se as coisas melhorarem, eu vá com Louis para lá.
-Mas então, como faço para pagar mais barato? -Amanda pergunta a Ayla.
-É bem simples, pergunte o porquê do preço e deixe o mercador falar uma ladainha sobre a qualidade dos produtos, depois finja desanimo e se afaste devagar da barraca, e com isso o preço vai caindo até chegar a um que te seja favorável.
-Uma tática inteligente -Ana comentou- Deve ser divertido fazer compra por lá.
-Uma pena o que esteve acontecendo ultimamente lá -Iris disse tristonha.
-Eu e minha família tivemos sorte de sair de lá, meus avós ficaram em Rodes, meus tios por parte de pai estão em Salonica, minhas tias e tios por parte de mãe, uns estão em Atenas, e outros estão em Santorini.
-Estão todos espalhados pelo Grécia -Louis concluiu.
-Acho melhor irmos para casa -Eu comentei- Minha avó já deve estar alojada lá nos esperando, hoje eu que faço o jantar, se vocês toda quiserem vir, podem.
-Eu adoraria pode cozinhar algo de maus país para vocês provarem -Ayla propos.
-Bem... -Eu disse sem jeito- Se quiser podemos comprar os ingredientes que você precisa aqui no mercado e eu te ajudo.
Ayla assentiu e confessou que gostava de cozinhar, especialmente para pessoas que nunca provaram, no meu caso eu já provei.
Uma vez eu viajei com minha avó para Famagusta no Chipre e lá eu pude provar algumas coisas.
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Chegando em casa com o monte das sacolas, eu, Louis e as meninas tratamos de guardar tudo em seu devido lugar e quanto as decorações elas deixaram para eu e Louis decidirmos como decorar, nós jantaríamos na mesa de madeira do jardim da casa.
A mesa de piquenique feita de madeira 12, foram uma das únicas coisas que os pais de Louis deixaram devido por ser muito grande e pesada, cabe pelo menos 12 pessoas em volta dela.
Eu e Iris ajudamos Ayla e preparar seus pratos típicos, um deles é o kebab, um lanche feito de carne de vaca, franco e cordeiro misturados com especiarias e enrolados em pão sírio.
Dolmã, que é basicamente, tomates, pimentões ou berinjelas recheadas com arroz, pinholes e passas.
E Kuzu kaburga, um assado de costela de cordeiro.
Para sobremesa, Kadayif, um doce com mel e macarrão bem fininho e Tulumba, doce feito com massa de farinha de trigo não levedada que, em formato de bolinhas, são fritas e ensopadas no xarope.
O jantar foi espetacular, uma grande variedade de sabores e o mais incrível é que alguns ingredientes que não encontramos por aqui conseguiram ser substituídos por outros, embora seja uma pena, pois eu adoraria provar as versões originais destas receitas.
Rimos, conversamos em meio ao frio do outono.
Eu me sentia em êxtase, tudo estava perfeito, Louis ao meu lado, meus amigos comigo.
Fico imaginando quanto tempo duraria essa felicidade?
Pensando bem, é melhor nem imaginar.
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Após nos despedirmos de todos e eu fechar a porta.
-Ayla é uma garota maravilhosa -Minha avó disse bocejando- Agora eu vou é ir dormir, amanhã é um novo dia.
Eu assenti e andei até a cozinha para lavar a louça.
-Não é preciso Alex -Louis entrou no local e me abraçou- Eu lavo a louça, você já preparou o jantar.
Eu não discutir, afinal, uma tarefa a menos para mim.
Eu subi as escadas, tomei um banho e fui me deitar.
O dia hoje não foi nada demais, aliá eu mal podia esperar para poder viajar no final do ano para a Islândia, ainda mais com Louis, eu e ele deitados juntinhos em uma cama.
Apesar que eu durmo com ele, mas Reykjavík é Reykjavík.
Eu olho para o teto do quarto e fecho meus olhos lentamente e por fim adormeço sonhando com meu amado Louis e em como vamos ser felizes daqui para a frente.
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