História Between you and me - Espírito Natalino

Hoje é natal. Uma das minhas datas preferidas no ano. Jeremy e eu viemos para casa, passar esse dia com Jenna. Faz tempo que não nos vemos e estamos sentindo falta de passar um tempo juntos. Como todo natal, aqui é tradição decorarmos a casa e prepararmos a ceia. Agora, estávamos terminando de arrumar a árvore.

Jenna: Elena, você pode colocar a estrela no topo?

Elena: Claro, me dá aqui!

Eu peguei a estrela das mãos de Jenna e subi em um banquinho para colocar lá em cima, na árvore, que já estava toda arrumada, com pisca-piscas ao redor e chaveiros natalinos. Quando terminei de ajeitar o que Jenna havia pedido, vi que Jeremy já estava na sala.

Jenna: Nós temos que ir para o supermercado, comprar o que falta para cozinhar. Vamos caprichar na comida, já que não é sempre que vocês estão aqui

Jeremy: Acho uma ótima ideia. Sem falar nos doces, não devemos esquecer!

Jeremy desde pequeno é viciado em qualquer coisa que seja doce. Ele adora os bolos que Jenna faz e não perde uma oportunidade de comer nada. Fomos até a calçada e Jenna pegou seu carro: um fiat uno amarelo. O supermercado é bem perto, a cidade é pequena e não demoramos a chegar. Saímos do carro e entramos lá. Jenna pegou um carrinho e Jeremy e eu fomos atrás, olhando o que íamos escolher para cozinhar. Enquanto eles iam na frente, eu me distraí olhando algumas prateleiras. Continuava andando, ao mesmo momento em que olhava o que ia comprar, quando senti meu corpo dar uma batida com alguém.

Elena: Me desculpa, eu estava distraída!

Eu falei ao mesmo tempo em que a pessoa também se desculpava.

Elena: Damon, o que você faz aqui?

Eu fiquei muito surpresa em saber que ele está em Mystic Falls. Pela sua expressão ele sentiu o mesmo ao me ver aqui. Parecia não acreditar que eu estava na sua frente.

Damon: Aonde eu estou não tem muito o que comer, então vim comprar algo.

Olhei para seu carrinho com lasanha congelada. Isso é o que ele chama de ‘’algo pra comer’’?

Damon: E você?

Elena: Eu... vim comprar umas coisas com minha tia e meu irmão.

Ficamos um tempo em silêncio e isso me fez lembrar da viagem. Tínhamos voltado a alguns dias e depois disso não nos vimos mais. Até porque esse era o combinado, aproveitar o Havaí e depois esquecer que aquilo aconteceu. Mas eu não conseguia parar de pensar nos nossos dias lá. Principalmente nossa última noite. Olhando para Damon agora, meus pensamentos voltaram para seus toques e suas carícias, que eu insistia em esquecer. Não estava dando muito certo.

Jenna: Elena, aqui está você! Nós já terminamos de comprar as coisas e...

Saí da minha bolha de pensamentos com Jenna me chamando. Quando ela notou a presença de Damon, o encarou surpresa e o cumprimentou.

Jenna: Sr. Salvatore, tudo bem? Estou surpresa que esteja aqui em Mystic Falls!

Damon: Estou bem. Vim resolver alguns negócios e tive que ficar uns dias aqui. Pode me chamar só de Damon, sem formalidades!

Jenna: Nesse caso, está bem! Já que nos encontramos por aqui, o que acha de ir jantar lá em casa hoje à noite?

Jenna falou isso olhando para a lasanha congelada de Damon. Assim como eu, ela não parecia achar que aquilo era uma boa janta para alguém.

Ele olhou para mim rapidamente e respondeu:

Damon: Se não for nenhum incômodo!

Jenna: Incômodo nenhum, vai ser bom ter sua presença.

Jeremy chegou e falou rapidamente com Damon. Nós pagamos as compras e antes de sair, Jenna entregou a Damon o endereço de nossa casa. Quando chegamos no carro, eu me pronunciei:

Elena: Jenna, não devia ter convidado ele para jantar!

Jenna: E qual o problema Elena? Ele é seu professor e eu não podia deixar alguém comer lasanha congelada em pleno natal!

Elena: Eu sei que você quis ser educada, mas...

Jenna: Têm alguma coisa mais te incomodando?

Jeremy: Elena, deve estar com medo de seu professor falar alguma coisa sobre as suas notas! Matemática não é seu forte!

Elena: É... isso mesmo!

Falei antes que Jenna começasse a pensar que têm algo mais para que eu não queira Damon aqui hoje. E aí ia me entrevistar e acabar descobrindo algo. Ela é boa em arrancar a verdade das pessoas.

Jenna: Querida, não se preocupe. Se você se sentir mais tranquila não falaremos sobre suas notas! Tudo bem, assim?!

Elena: Tudo!

Disso suspirando. Quando chegamos em casa, tiramos tudo das sacolas e colocamos na mesa. Iríamos começar a preparar as coisas.

Jenna: Aonde você pensa que vai?!

Jenna falou olhando para Jeremy, que já estava tentando fugir da cozinha.

Jeremy: Eu... vou...

Jenna: Não vai a lugar nenhum! Fique aqui e ajude a mim e sua irmã a preparar as coisas.

Ele ficou com uma carranca e voltou para trás.

Elena: Mão na massa irmãozinho!

O olhei ironicamente com um grande sorriso nos lábios.

(...)

Depois de algumas horas terminamos de fazer tudo: Peru, arroz, farofa e salpicão. Uma lasanha deliciosa, que Jenna faz como ninguém e salada. Para a sobremesa: Torta de abacaxi. Colocamos tudo na mesa, incluindo os pratos e talheres e fomos para nossos respectivos quartos, nos arrumar.

Tomei um banho demorado, tentando não pensar em como ia ser essa noite. Quando terminei escovei meus dentes e fui abrir o meu guarda-roupa. Aqui têm algumas roupas minhas, que deixei, para quando viesse passar as férias ou em ocasiões como essa. Analisei minhas roupas e no final optei por um vestido dourado e curto, com abertura nas costas. Peguei uma sandália prata de salto alto e com pedras na lateral. Me vesti e logo em seguida fui pegar minha maquiagem. Antes que eu pudesse me maquiar, meu celular recebeu uma mensagem:

De: Bonnie

Para: Elena

Elena, não pude te responder antes porque minha mãe pegou meu celular. Eu aproveitei que ela estava distraída e te escrevi. Nós vamos ter que nos falar depois, sinto muito. Espero você esteja bem! Feliz Natal!

A mãe de Bonnie estava passando dos limites. Tudo bem que ela queria um tempo com a filha, mas isso é um exagero. Esconder seu celular e proibir ligações.

De: Elena

Para: Bonnie

Feliz natal! Também espero que você esteja bem. Nos falamos quando puder. Beijo!

Coloquei o celular na cama e fui terminar de me arrumar. Quando estava totalmente pronta, desci as escadas. Jenna já estava lá embaixo com Jeremy.

Elena: Vocês estão ótimos!

Jenna: Obrigada, você também está deslumbrante!

Jeremy: Está bonita Elena.

Elena: Você também está bem, Jeremy!

Com um tempo a campainha tocou. Jenna foi atender a porta e falou alguma coisa. Damon entrou em seguida. Ele estava com um terno de corte inglês, que lhe caía muito bem. Seus cabelos estão penteados para trás com gel. Que vontade de passar a mão naqueles fios macios. Damon se aproxima e cumprimenta a mim e a Jeremy. Em suas mãos há uma garrafa de vinho, que ele trouxe para o jantar. Jenna agradeceu e pegou a garrafa a colocando no freezer, em seguida, o convida para ir para a sala, e nos chama também. Nós nos sentamos no sofá, Jeremy estava do lado de Jenna em um sofá, e eu sentei do lado de Damon no outro.

Jenna: E então Damon, você também mora em Mystic Falls?

Damon: Minha casa fica nas redondezas da faculdade. Mas vez ou outra venho visitar meu pai. E vocês? Sempre moraram aqui?

Jenna: Sim, nós nunca saímos daqui! Elena, certa vez comentou que você tinha um irmão. Ele veio também?

Fiquei sem reação diante disso, eu não devia ter comentado nada sobre isso com Jenna. Damon contraiu a mandíbula e respondeu educadamente.

Damon: Não. Stefan preferiu ficar em casa, ele é meio anti social.

Eu não pude ficar calado ao ver Damon ser idiota a respeito de Stefan.

Elena: Na verdade ele não é anti social. Só evita ficar perto de pessoas desagradáveis!

Jenna: Ah sim, você parece conhecer bem o irmão de Damon, Elena!

Elena: Sim, conheço! Ele é meu amigo!

Damon estava claramente tentando se controlar. Jeremy resolveu falar e dar o ar da graça.

Jeremy: Eu sei muito bem como essas amizades terminam. Vocês vão acabar namorando!

Minhas bochechas ficaram vermelhas, eu só sentia vontade de esganar Jeremy. Damon estava prestes a falar alguma coisa, mas Jenna nos chamou para jantar. O peru parecia estar delicioso. Nós nos servimos e Jenna fez questão de servir Damon, já que ele é um convidado. Jeremy terminou de comer e pediu a Jenna para ir para a casa de um amigo seu, que tinha o convidado para uma noite de rapazes, com vídeo game e essas coisas.

Jenna: Jeremy é natal, porque você não fica em casa com sua família?

Jeremy: Eu já passei o natal com vocês Jenna, já está de noite e eu quero sair!

Elena: Jenna, vai ser bom se Jeremy for!

Realmente! Além de ele precisar sair, não iria ficar com suas piadinhas inconvenientes.

Jenna: Tudo bem! Mas você tem que voltar amanhã cedo!

Jeremy: Claro...

Ele resmungou, mas aceitou, afinal queria ir logo. Quando Jeremy saiu nós terminamos a janta e Jenna pegou a sobremesa, que comemos em silêncio.

Damon: Está muito boa!

Jenna: Foi Elena que fez a sobremesa! Jeremy e eu cuidamos da janta.

Damon: Você cozinha muito bem Elena! A janta também estava deliciosa!

Damon falou olhando pra mim, que desviei o olhar.

Elena: Obrigada.

Jenna ligou a televisão e nós fomos para a sala. O jornal alertava que houve uma tempestade e que algumas ruas ficariam interditadas. E avisou para ninguém sair de suas casas, até amanhã. Jenna pegou o celular e mandou uma mensagem pra Jeremy, que avisou que tinha chegado bem.

Jenna: Pelo jeito não tem como você ir pra casa Damon! Se quiser ficar no quarto de hóspedes.

Damon: Obrigado Jenna, mas a tempestade provavelmente só irá começar mais tarde. Dará tempo se eu for rápido para casa.

O universo parecia estar conspirando contra nós. Dito isso um trovão fez um barulho ensurdecedor e uma neblina fraca começou a cair.

Jenna: Eu acho que seria melhor você ficar aqui, se quiser é claro. Pode ser perigoso!

Damon: Tudo bem, então eu fico. Mas não quero incomodar...

Ele falou isso olhando diretamente pra mim. Parecia saber que sua presença me deixava nervosa.

Jenna: Sem problemas. Não é mesmo Elena?

Jenna parecia ter percebido como eu estava. Mas eu não seria egoísta ao ponto de deixar Damon pegar uma tempestade, e ainda mais perigosa como diziam os jornais.

Elena: Sim! Por mim, está tudo bem.

A ideia de ter Damon debaixo do mesmo teto que eu me deixava excitada e nervosa. Teria que ter uma enorme força de vontade para não atacá-lo durante a noite, literalmente. Jenna deu um pouco mais de atenção ao ‘convidado especial’ e depois disse que iria se deitar, porque já estava com sono.

Jenna: Sinta-se à vontade Damon! Elena você vai subir agora?

Elena: Sim, só vou beber um copo de água.

Jenna concordou e subiu para o quarto. Eu e Damon estávamos em um silêncio constrangedor, que ele quebrou falando.

Damon: Elena, está mesmo tudo bem que eu esteja aqui?

Elena: Não Damon, não está tudo bem!

Soltei de uma vez, sem pensar duas vezes.

Damon: Se você quiser eu posso ir embora...

Elena: O problema não é em você estar aqui, o problema é que eu não consigo esquecer o que aconteceu entre nós!

Damon chegou perto de mim, ficando a centímetros de distância e falou baixo, só pra mim ouvir.

Damon: Eu também não consigo te esquecer!

Elena: Só vejo uma solução pra isso...

Damon me olhou como se tivesse pensando em algo.

Damon: Você está pensando em nós dois na...

Elena: Amizade colorida! Nós podemos ficar, mas sem compromisso e sem cobranças.

Ele me olhou, e pela primeira vez não consegui desvendar o olhar de Damon Salvatore.

Damon: Você acha mesmo que isso pode dar certo? Se descobrirem...

Elena: Não vão descobrir!

Falei com firmeza. Eu iria fazer o impossível para que ninguém descobrisse.

Damon: Sem compromisso e sem cobranças?

Elena: Sim. E assim, não precisamos dar satisfações de nossas vidas um para o outro.

Eu falei isso, mas não me sentia totalmente segura da parte sem cobranças. Eu sentia ciúmes de Damon e não adiantava tentar negar. Era claro. Mas ele mesmo disse que não queria nada sério comigo uma vez e eu quero ficar com ele, mas também não estou pronta para compromisso. Não está nos meus planos namorar com alguém.

Damon: Se é o único jeito, eu aceito!

Elena: Não é o único, mas é o melhor... para nós dois!

Quando terminei de dizer isso, ele veio em minha direção e segurou minha nuca, me beijando com fervor.

‘’ Era uma amizade colorida. O problema é que eram ambos daltônicos e apaixonaram-se’’.