História Beverly Hells (India Eisley, Shawn Mendes, Nash Grier) - Overflowed

"Não chame isso de festa porque isso nunca para
Agora um é muito, mas nunca é o suficiente
Não diga que você está feliz porque isto não é amor
Então tenha cuidado com o que deseja
Então tenha cuidado com o que deseja"
Oh No / Bring Me The Horizon

Os alvos estavam posicionados em pontos estratégicos pelo cômodo. Havia vários maniquins de plástico branco com alvos colados em seus peitos. Vários deles já estavam com furos por toda a sua extensão feitos pelo revólver, e o cheiro de pólvora já esta presente no local.

Lily recarregou a arma, como Daniel a havia ensinado, e logo em seguida atirou contra o maniquim, uma, duas, três vezes.

Daniel que estava sentado no velho sofá qua havia ali, levantou-se e se aproximou batendo palmas, parabenizando-a.

— Muito bom — Daniel disse sorridente, sua voz fazendo eco pelo galpão. Lily tirou os óculos protetores para olha-lo — Hoje você massacrou cinco maniquins — ele comentou.

— Não é pra isso que sempre viemos pra cá? — ela perguntou casualmente ao entregar a arma à Daniel e  caminhar até o sofá, sentando-se nele exausta.

— Sim — disse Daniel ao sentar ao lado dela — Mas normalmente você atira em dois maniquins, então como já te conheço isso significa que você está muito irritada com algo.

Lily bufou e jogou o óculos protetor encima da pequena mesa à sua frente.

— A Lauren voltou — disse ela.

Daniel tentou buscar algo em sua memória, mas não se recordava de nenhuma Lauren.

— Eu deveria saber quem é? — ele perguntou.

— Tecnicamente ela é uma garota que fez parte da minha infância um pesadelo e agora está de volta.

Lily passara a manhã inteira daquele mesmo dia rezando para todos os seres divinos - e não divinos - para que Lauren não tivesse aula com ela. Por sorte elas não se esbarraram, nem ao menos na hora do intervalo. Mas Louis e Yubin não ajudaram, pois fizeram mil perguntas à Lily, que quase não respondeu nenhuma.

Daniel estalou a língua.

— Que merda — disse ele.

— Muita merda — Lily concordou — E pra acabar de piorar hoje eu fiquei sabendo que a melhor amiga dela, a Arzaylea Rodriguez, também voltou. E as duas juntas eram tipo Regina George do mal.

— Aquela do filme com a ruiva? — Lily assentiu — Mas ela já não era do mal?

— Te garanto que Lauren e Arzaylea eram piores.

— Qualquer coisa me chama que eu coloco medo nas vadias — ele disse e Lily o olhou surpresa, soltando uma gargalhada verdadeira e escandalosa.

— Você precisa mesmo parar de andar com o Louis — ela disse — É contagioso.

— Precismo mesmo — disse — Mas pelo menos fiz você rir — ele disse abrindo o seu lindo sorriso, que destacava ainda mais o seu maxilar bem desenhado.

— Fez — Lily o empurrou com o ombro.

— Acho melhor irmos para casa — Daniel disse ao olhar em seu relógio de pulso — Já está na hora.

Eles se levantaram e saíram do galpão. Daniel fechou os portões, passando o cadeado e virou-se em direção ao seu carro.

No caminho de volta eles conversaram sobre coisas aleatórias para Lily se distrair, Daniel havia se tornado um amigo de verdade.

O celular de Lily tocou, interrompendo a conversa sobre professores chatos que Daniel tivera no colégio.

Lily desbloqueou o celular vendo várias mensagens de Louis.

"Vocês não me escapa Sykes" 15:48

"Pq vc odeia a tal da lorena?" 16:09

"Pq nao responde as mensagens???" 16:20

"LILIAAAAMMMN" 16:32

"EU VOU TE MATAR POR ME DEIXAR CURIOSO VC DISSE Q ME CONTARIA QND CHEGASSE EM CASA!!!!" 16:56

"Prepara o teu caixão sykes" 17:11

Lily riu e digitou de volta.

"O nome dela é Lauren e eu te conto tudo mais tarde. Relaxa"

Lily bloqueou a tela do celular quando o carro passara pela placa de Beverly Hills. Lily observou as ruas, olhando para as pessoas andando de um lado para o outro naquele fim de tarde. Todos com os seus próprios destinos já traçados.

Ao chegar em casa Lily subiu para o seu quarto e Daniel ficara na sala, como de costume.

Ela tomou um banho e colocou a camiseta cinza com o brasão de Hogwarts de Shawn, que ele havia dado à ela quando a garota tentara lhe devolver uma semana atrás.

Lily então pegou a sua bolsa da escola e sentou-se em sua escrivaninha para começar a lição de casa de Geografia. Por Deus, como ela odiava geografia.

Ela abriu a sua bolsa e retirou os cadernos e livros, mas uma folha saiu de dentro de um dos livros e caiu ao chão.

Lily franziu o cenho. Ela depositou os livros sob a escrivaninha e abaixou-se para pegar a folha.

Era uma folha de papel qualquer e estava dobrada. Lily então o desdobrou e leu o que estava escrito.

"EU TEREI O ENORME PRAZER EM CONCLUIR O QUE ERA PARA A MEGAN TER TERMINADO"

As palavram foram escritas em letras maiúsculas e tortas, quase como se quem escrevera tivesse feito de propósito para que Lily não pudesse reconhecer a sua caligrafia.

Quem teria escrito aquilo? E por quê? Seria alguma amiga de Megan querendo assusta-la? Seria a própria Megan? Não - Lily pensou - Megan estava presa em um hospício sob vigilância máxima. Ou não?

Um som vindo da janela assustou Lily, fazendo com que ela se levantasse da cadeira em um pulo.

Shawn entrou pela janela saindo por entre as cortinas que outrora estavam fechadas e sorriu ao ver Lily.

— Te assustei? — perguntou.

— Sim — Lily disse e entregou a folha de papel em direção ao namorado sem dizer nada. Seu coração disparado contra o próprio peito.

Shawn olhou confuso e pegou a folha, lendo-a em seguida.

— Isso deve ser uma brincadeira de mal gosto — ele disse e amassou o papel — Não liga pra isso.

— Mas e se alguém quiser me fazer mal? — ela perguntou.

Fazia apenas semanas desde que o ocorrido com Megan havia acontecido. Lily jamais esqueceria até onde um ser humano poderia chegar por inveja. E querendo ou não, havia um certo trauma que ficara, a deixando paranoica.

— Vem aqui — Shawn puxou a namorada pelas mãos e em seguida a abraçou forte contra o seu peito — Ninguém irá te fazer mal. Eu não deixarei.

Lily assentiu contra a camiseta preta do garoto.

Após alguns segundos o celular dele tocara fazendo com que eles se afastassem, e quando Shawn olhou para a tela franziu o cenho.

— O que é? — Lily perguntou.

— Minha mãe disse que está voltando do Ioga e disse que está trazedo visita — ele voltou a guardar o celular dentro do jeans escuro — E você é obrigada a vir comigo, porque a noite vai ser entediante, pois ela me mandou arrumar a cozinha.

Lily sorriu.

— Tenho que terminar a lição de geografia — disse ela — Que na verdade eu nem ao menos comecei.

— Eu te ajudo mais tarde — Shawn disse ao se aproximar e depositar beijos no pescoço dela.

— Não sei se é uma boa ideia — ela riu e se afastou dele.

— Por que não? — ele perguntou fingindo inocencia.

— Porque você não sabe se comportar — disse.

Shawn sorriu.

— Prometo que me comportarei — ele disse ao juntas as suas duas mãos em gesto de súplica — Mas não me deixe sozinho com visitas da minha mãe.

Lily riu e tocou o nariz dele com o seu dedo mindinho.

— Me encontre lá embaixo — disse ela e virou-se em direção à porta — Vou avisar o Dan que estou indo na sua casa.

Shawn saiu pela janela e Lily desceu as escadas rapidamente.

Daniel assistia algo na TV quando Lily se aproximou.

— Vou na casa do Shawn — anunciou.

Daniel levantou o olhar para ela.

— Tudo bem — Daniel se levantou e desligou a TV, e juntos eles saíram da casa.

Daniel entrou em seu carro, pois as regras eram simples, quando Lily e Laura estivessem ausentes Daniel vigiaria a casa do lado de fora todo o tempo.

Lily dera meia volta e entrou na propriedade dos Mendes onde Shawn já a esperava.

Eles deram as mãos e caminharam para a parte interna de sua casa.

— Estamos sozinhos? — Lily perguntou enquanto Shawn trancava a porta.

— Aaliyah está no quarto e meu pai ainda não voltou do trabalho — disse ao entrelaçar as suas mãos com a dela novamente e os conduzir até a cozinha — Minha mãe daqui à pouco chega com as visitas.

— Quem ela está trazendo? — perguntou ao entrarem no cômodo da cozinha.

— Não sei — Shawn deu de ombros — Ela disse que era surpresa.

Lily assentiu.

— O que vamos fazer?

— Tecnicamente ela me disse para lavar a louça e arrumar a cozinha para quando ela chegasse.

— Que divertido — Lily resmungou.

— Oh — ele colocou a mão no peito fingindo estar ofendido — Me desculpe se eu não possuo uma empregada.

— A Andy não é só uma empregada — Lily revirou os olhos.

Shawn caminhou até a pia e começou a ensaboar a louça.

— Às vezes... — Shawn começou, mas se interrompeu — Nada não. Besteira.

— Às vezes o que? — ela perguntou ao pegar um pano de prato.

Shawn a olhou pelo canto do olho e abaixou o copo que ensaboava.

— Às vezes eu me perguntou como a Laura consegue tanto dinheiro.

Lily franziu o cenho.

— Herança do meu pai — disse como se fosse óbvio — Você sabe disso.

— Eu sei, pois você me contou isso — ele mordeu o lábio inferior inquieto — Mas ainda assim é estranho. Já se faz dez anos e o dinheiro nunca acaba? Tipo, vocês só possuem roupas de grife, uma casa enorme, pagam um segurança contratado da Inglaterra e possuem uma empregada que sempre está disponível quando convocada — ele deu uma pausa e a olhou atentamente — Você não acha estranho?

Lily desviou o olhar de Shawn e encostou as costas contra a pia.

— Eu nunca havia pensado nisso — disse por fim.

— Em o que o seu pai trabalhava mesmo?

Lily voltou o olhar para Shawn.

— Não sei bem — admitiu — Só sei que ele viajava muito.

— Laura nunca te disse?

— Ela quase não fala sobre o meu pai — disse — Sobre os meus pais.

— Eu não quero te deixar desconfiada — disse Shawn voltando à lavar a louça — Só é algo que às vezes passa pela minha cabeça.

E agora pela minha - Lily pensou, mas nada disse, apenas se virou e começou a enxugar a louça já lavada por Shawn.

Laura trabalhava em uma escola para crianças. Como que com aquele emprego elas ainda moravam em uma casa cara em Beverly Hills, uma das cidades mais caras dos Estados Unidos da América?

Lily ficara em silêncio e Shawn percebera. Ele não queria tê-la deixado paranoica, mas ele precisava saber o ponto de vista dela. Desde a sua infância ele ouvia os seus pais conversarem sobre a família de Lily e levantando várias hipóteses e teorias sobre de onde vinha tanto dinheiro. Havia coisas sobre Lily que Shawn realmente não sabia, e talvez nem ela mesma sabia.

Shawn queria diminuir a tensão que ficou no ar, então ele desligou a torneira e pegou o detergente, passando o conteúdo em suas mãos. Lily o observou confusa.

Ele então espalhou em toda a sua mão e fechou os seus dedos em um gesto circular, um perfeito O.

E entre o buraco ele assoprou fazendo várias bolhas de sabão saírem, rodeando Lily.

Ela sorriu e isso já foi o suficiente para Shawn. Um sorriso, um simples sorriso que para ele naquele momento valeria mais do que qualquer outra coisa existente na face da terra.

Lily tocou com o dedo indicador as bolhas e elas estouraram em seguida fazendo gotinhas minúsculas de água espirrar no rosto da garota, fazendo-a fechar os olhos e franzir o nariz, um gesto que Shawn achava extremamente adorável de se apreciar.

Shawn abaixou a mão húmida, já quase seca, e observou Lily.

— Eu te amo — Shawn disse e a garota sorriu ainda mais.

Se ele soubesse como ela sonhara tanto com aquele momento. Todas as vezes em que ele a tocava e falava que a amava, mas somente como uma amiga, e agora tudo se tornara diferente. Ele a queria da mesma maneira que ela o queria hoje, amanhã e sempre.

Ela se aproximou de Shawn e o abraçou. Lily só queria estar com ele e isso já era o suficiente naquele momento para acalma-la, mesmo sem saber exatamente o porquê dela estar se sentindo estranha. Como um pressentimento.

— Eu também te amo — Lily disse desfrutando do abraço, ela amava abraça-lo.

O som do carro estacionando em frente a casa os despertara e ambos se separaram.

— Sua mãe vai te matar — Lily disse ao olhar para a pia ainda cheia de louça suja.

Shawn riu anasalado.

— Vai mesmo — ele deu de ombros — To nem aí.

— Você é doido — disse Lily deixando o pano de prato encima da pia.

— Doido por você — ele disse ao se aproximar e beija-la sob os lábios — Você sabe.

Ambos sorriram e tocaram seus narizes.

O som da porta do corredor sendo aberta se fez presente e o casal se separou, sendo interrompidos pela terceira vez naquele meses dia.

— Shawn? — a voz animada de Karen, sua mãe, reverberou pelo cômodo — Chegamos!

Shawn revirou os olhos.

— Vamos acabar logo com isso — Lily disse rindo e de mãos dadas ela e Shawn saíram da cozinha.

Ao adentrarem no corredor havia três coisas que Lily precisava comentar mentalmente.

A primeira coisa que Lily reparou foi na roupa que Karen usava, o legging azul escuro apertado mostrando as suas curvas boas demais para a sua meia idade.

A segunda coisa que Lily repara foi na mulher ao lado de Karen. Ela aparentava ser um pouco mais nova, seus cabelos loiros e seu rosto quadrado. Lily a conhecia, mas não se lembrava de onde.

Então a terceira coisa que Lily reparara foi que havia alguém atrás da mulher loira e então tudo se encaixou.

— Shawn! Liliam! — a mulher loira praticamente gritou ao se aproximar de Lily e envolve-la em um abraço apertado demais.

Lily então já sabia quem era a mulher, pois por cima de seu ombro ela estava olhando diretamente para a filha da mulher e a garota encostada no batente da porta a encarava com os olhos castanhos intimidadores.

— Oi — disse Lauren dando um sorriso de lado.