Apesar de estarmos no período da manhã, o ômega acabou dormindo. Aproveitei que Taehyung estava muito concentrado no filme e prestei atenção nos traços suaves do rosto do mais novo, gravando cada cantinho de sua face em minha mente. Ele estava ficando ainda mais bonito conforme seus machucados melhoravam, como seu olho direito que ganhava uma coloração mais clara ao roxo do dia anterior.
Eu não admitiria em voz alta, mas está claro que o mais novo mexe comigo de alguma forma. Sendo pela sua inocência, pelo seu sorriso, pelo seu cheiro. Mas não é possível que tais sentimentos aflorem em tão pouco tempo. Ou é? Não faz um dia completo que eu o conheço e já sinto as famosas borboletas no estômago.
– ChimChim? – Pisco algumas vezes e olho para Taehyung, agora sentado no tapete.
Que constrangedor. Sinto minhas bochechas arderem.
– Hm?
– Juro que não vou comentar nada sobre essa cena super fofa. – Dou risada. – Quero pizza pro almoço. – Pede com um bico nos lábios.
– Por que ômegas têm que ser tão manhosos?
– Não faço ideia. – Ele me responde ainda com o bico nos lábios, fazendo-me rir mais uma vez.
– Quer pizza de quê?
– Calabresa, quatro queijos e uma de chocolate. – Diz contando nos dedos.
– Vai comer tudo sozinho? – Pergunto sorrindo de lado.
– Claro que não, isso dá e sobra para nós três. – Responde como se fosse óbvio. – E ah, quase ia me esquecendo, o hyung pode pintar os meus cabelos mais tarde?
– Que cor quer pintá-los?
– Laranja!
– Tem certeza?
Tae afirma com a cabeça, empolgado.
– Deve ter no meu banheiro a tinta. Se não tiver, depois eu compro. – Divago em voz alta.
– Comprar o que? – Jungkook coça seus olhos antes de abri-los.
– Tae quer pintar os cabelos de laranja.
O Jeon olha para Taehyung por um tempo.
– Laranja vai ficar bem em você.
Terminamos de assistir ao filme para em seguida colocarmos outro, só que desta vez, sobre investigação criminal. O Jeon permaneceu deitado em meu colo enquanto eu mantinha minhas mãos em suas madeixas.
Na hora do almoço, deixo os ômegas na sala conversando enquanto levo as pizzas, assim que chegam, para a sala de jantar. Arrumo a mesa com o necessário e ao terminar, convido-os para almoçarem.
– Hyung, seu apartamento é enorme! – Jungkook diz quando nos sentamos à mesa.
– Isso por que você ainda não viu o jardim. – Taehyung fala enquanto se serve de uma pizza de calabresa.
– Jardim? – O mais novo olha para mim curioso.
– O lado bom de morar no último andar é que tem um grande espaço no terraço. – Respondo antes de levar um pedaço de pizza de quatro queijos à boca.
– Eu amo flores, o hyung pode me levar lá depois? – Os orbes negros de Jungkook brilham em expectativa. Não consigo deixar de sorrir.
– O que quiser. – Pisco para o mais novo que sorri contente.
Permanecemos nos deliciando com as pizzas quentinhas, até escutarmos um som estridente.
– Campainha? – Taehyung pergunta.
– Quem viria a uma hora dessas? – Levanto-me para atender quem quer que seja.
– Oi Chim, pelo cheiro delicioso aposto que estão almoçando. Tem prato pra mais um? – Hoseok pergunta assim que abro a porta.
– Mas que cara de pau! – Digo em tom de brincadeira fazendo o mais velho rir. – Entre, as pizzas estão quentes.
Dou espaço para meu hyung entrar, indo com o mesmo à cozinha pegar mais um prato, copo e talheres, retornando em seguida para a sala de jantar.
– Jungkook, este é meu melhor amigo Hoseok. – O mais novo acena timidamente para Hoseok que abre um grande sorriso perante sua atitude. – E o Tae você já conhece.
– Conhecer, conhecer, não conhece. – O Kim dá de ombros. – Ah não ser que você chame de conhecer quando nos apresentou naquele último dia que fiquei aqui há dois anos. – Fala ironicamente fazendo meu hyung rir.
– Você entendeu! – Nos sentamos e volto a comer minha deliciosa pizza.
– Hey, onde encontrou essas roupas? – Hoseok pergunta para Jungkook ao se sentar.
Jungkook olha para mim estranhando a pergunta antes de responder.
– Em um armário no quarto que o hyung me deixou ficar.
– Elas são minhas, mas faz muito tempo que não as uso!
– Oh! Eu não sabia! – O moreno fica com as bochechas coradas.
– Não tem problema, devo ter algumas roupas perdidas aqui. – Hoseok diz pensativo.
– Algumas? – Arqueio a sobrancelha.
– Não são tantas assim!
– Por que têm roupas suas aqui? – Taehyung questiona o mais velho.
– Eu e o Minnie costumávamos dormir um na casa do outro. – Encara-me nostálgico.
Realmente, eu e Hoseok éramos inseparáveis na época da faculdade. Bons tempos.
Olho para Jungkook e vejo que está com os lábios sujos de chocolate.
– Está sujo. – Ele arregala os olhos e leva as mãos à boca.
– Obrigado. – Diz envergonhado depois de limpar com um dedo os lábios.
E as famosas borboletas no estômago se fazem presentes mais uma vez.
O que é isso?
Terminamos a refeição enquanto jogávamos conversa fora. E como sempre, todos ajudaram a tirar o que quer que estivesse na mesa e levar para a cozinha. Ao término de levarmos tudo para a cozinha, Jung acena para mim.
– Jungkook é ômega? – Hoseok me pergunta baixinho enquanto os ômegas cuidam da louça, entretidos.
– Sim. – Fito-o confuso.
– Não senti o cheiro dele, só o de seu primo.
– Eu sinto o cheiro dele.
– Estranho. Acho que agora é uma boa hora de você me explicar essa história do livro, não?
– Te explico na sala.
Chegando à sala, explico ao mais velho sobre o que me lembro de acordo com o que minha avó contara através das lendas do livro.
– Mas não são só lendas? – Pergunta hesitante.
– Sim, mas porque eu sentiria o cheiro dele e só dele, sem o cheiro do alfa que o marcou?
Hoseok fica completamente surpreso.
– Vou traduzir esse livro o mais rápido possível, pode acreditar. Se quiser começo hoje.
– Obrigado, hyung.
– E como ele está?
– Triste, assustado, eu quero muito ajudá-lo.
– E você sente algo por ele? – Vejo que meu hyung pergunta sério.
– Honestamente, eu não sei, só sei que o conheço há pouco tempo demais para sentir meu estômago revirar toda vez que ele faz alguma coisa fofa sem perceber. – Passo as mãos nos cabelos nervosamente.
Hoseok ri de meu desespero.
– Quero mais do que nunca traduzir esse livro. – Ele olha pra seu relógio de pulso e se levanta do sofá. – Tenho que ir agora, tenho que dar uma aula extra hoje. – Solta um suspiro.
– Tudo bem, vou pegar o livro e já volto.
Rapidamente, ando até o meu quarto pegando o livro e volto à sala entregando o mesmo para o mais velho.
– Uma semana no máximo e eu traduzo tudo. – Hoseok diz enquanto analisa o livro antigo. – Tchau Jungkook e Taehyung! – Grita para os ômegas recebendo um tchau em coro como resposta. – Tchau Minnie, nos falamos mais tarde.
– Hope-hyung, quase ia me esquecendo de te contar. Hoje eu vou à casa de Jungkook pegar as coisas dele.
Hoseok balança a cabeça.
– Seu louco.
Fecho a porta assim que Hoseok sai e vou à cozinha encontrando os ômegas conversando animadamente.
– Você deveria pintar seu cabelo também! Que tal roxo? – Taehyung analisa as madeixas de Jungkook.
– Acho roxo bonito, mas não sei se tenho coragem.
– Roxo ficaria muito bonito. – Ambos se assustam por não terem percebido minha presença. – Devo ter roxo também, se quiser posso pintar.
– Não sei hyung, será que combinaria?
– Se você pintar o seu, irei pintar o meu.
– Isso é um desafio? – O moreno me pergunta com um sorriso ladino.
– Sim.
– Que cor pintaria o seu, hyung? – Tae pergunta curioso.
– Não sei, deixo o Jungkook escolher!
Seus olhos arregalam levemente.
– Mas e se não gostar?
– Eu sou muito bonito, qualquer cor combina. – Digo fingindo superioridade, arrancando risadas dos dois. – Agora eu irei até a sua casa pegar suas coisas, depois pintamos os cabelos.
– Tem certeza? – Jungkook e meu primo param de rir e me olham atentos.
– São suas coisas, não vou permitir que sua omma as queime.
***
Antes de sair de meu apartamento, Jungkook me disse o nome da rua e o número da casa, além, é claro, de me dizer onde fica seu quarto. Coloquei os dados no GPS e parti para a casa do mais novo.
Estacionei o carro do outro lado da rua e fiquei observando a casa. De um bairro de classe média, a casa feita de madeiras desbotadas possui dois andares e uma pequena varanda na frente com um balanço suspenso na mesma. Também tem um pequeno jardim perto da entrada cheio de rosas vermelhas, brancas e azuis. Olhando a casa, até parece que uma família normal mora nela. Uma pena que não é verdade.
Desço do carro e paro de frente ao portão. Bato palmas na esperança de que tenha alguém na casa já que suas janelas estão fechadas.
Não demora muito e a cortina de uma das janelas abre um pouco. Olho em direção à pequena abertura que se fecha rapidamente. Escuto um barulho vindo da porta de entrada e logo ela se abre revelando uma mulher de cabelos castanhos compridos e pele bem clara. Ela anda em minha direção e fica parada na minha frente atrás do portão.
– Senhor. – Curva-se em forma de cumprimento.
Repito o gesto como forma de respeito, apesar de ter uma ideia que a mulher à minha frente não é digna de tal ato.
– Aqui é a casa dos Jeon’s?
– Sim, por quê?
– Vim buscar as coisas de Jungkook.
Assim que digo o nome do mais novo, a mulher ganha um tom avermelhado em sua face.
– O que você fez com aquele imprestável? – Respiro fundo, não quero perder a paciência.
– Eu não fiz nada com o seu filho, na verdade, estou cuidando dele. Já que seus pais não cumprem com seu papel.
– Aquilo não é meu filho, ele manchou a reputação dessa família! – A ômega diz com a voz alterada.
Respiro fundo mais uma vez com a certeza de que o rosto que estava ganhando uma coloração avermelhada era o meu.
– Como pode se importar com algo fútil ao invés de se preocupar com seu próprio filho? – Devolvo ríspido.
– Já disse que aquilo não é meu filho e o que penso ou deixo de pensar não lhe diz respeito.
– Sinto pena de você. – Digo com nojo. – Posso pegar as coisas do Jungkook?
– Não quero sua pena e se fosse você, arranjaria ômega melhor. – Como alguém pode ser assim?
– Como você mesma disse, a forma como eu penso ou deixo de pensar não lhe diz respeito.
A mulher apenas abre o portão e passo por ela o mais rápido possível.
– Quero que pegue as coisas daquele imprestável e saia logo da minha casa! – Escuto-a antes de entrar na casa.
Vejo que minhas mãos tremem e sinto meu rosto quente. Que pessoa horrível. Respiro fundo algumas vezes. Esse ser humano não merece que eu perca meu tempo com seu ódio. Caminho em direção às escadas subindo de dois em dois degraus. Quero sair dali o mais rápido possível.
Chegando ao corredor, há uma porta à esquerda, uma à direita e outra no meio. Entro na da esquerda, que segundo Jungkook, era seu quarto. Ao entrar sinto a fragrância de morangos no ambiente fazendo-me fechar os olhos e me acalmar por um instante.
Abro os olhos e observo o quarto do mais novo. Está todo arrumando. Sua cama de solteiro possui uma colcha cinza sem enfeites e um travesseiro de mesma cor. Ao lado da cama tem uma escrivaninha com um caderno fechado, estojo de lápis e um porta-retrato com uma foto de três pessoas. Do lado esquerdo da foto, um jovem um pouco mais alto que o moreno está usando uma coroa de flores. Provavelmente um ômega. No meio, Jungkook com uma coroa de flores igual ao do outro e ao seu lado, um cara mais alto de cabelos escuros. Ambos estão abraçados e sorrindo. Jungkook está tão belo e parece tão feliz ao lado deles. Provavelmente devem ser seus melhores amigos.
Ando ao seu guarda-roupa e pego a mala – que está em cima do mesmo – colocando-a na cama. Abro-a e volto para o guarda-roupa, encontrado as roupas, que não são muitas, e colocando-as dentro. Encontro mais uma mala e coloco seus calçados na mesma. Pego outros pertences de Jungkook que estão pelo quarto, além do estojo, do porta-retrato e do caderno, e coloco-os na mala de roupa. Com tudo pronto, fecho as malas e desço rapidamente os degraus da escada, dando de cara com a ômega escorada no batente da porta da frente.
– Você me parece um alfa com uma vida muito boa para perdê-la com esse imprestável.
– Já lhe disse que não lhe diz respeito. – Rosno para ela que dá alguns passos para trás e saio da casa indo em direção ao meu carro.
Minha mente parece estar um turbilhão, no caminho de volta. Por isso, opto por apenas escutar algumas músicas, como clássicos do The Beatles da década de 60. Por sorte, o caminho pareceu ser mais curto e logo que chego em casa, eu e Thaehyung ajudamos Jungkook a arrumar suas coisas em seu novo quarto, para enfim, irmos ao banheiro em meu quarto para escolhermos as tintas e pintar os cabelos.
Abro a porta do armário onde contém as tintas e vejo as cores que possuo.
– Tae, sinto em dizer que laranja não tem. – Digo enquanto coloco as tintas em cima da bancada. – Mas posso ir comprar, se quiser.
– Não precisa hyung, deixe-me ver que cores você tem aqui. – Ele se aproxima de mim e começa a analisar as cores.
Jungkook fica parado na porta, faço um sinal para que se aproxime.
– Não vai escolher a cor que vou pintar meu cabelo?
– Ah, hyung, você fica bonito com ele loiro. – Jungkook responde com as bochechas coradas.
– Então não vai querer que eu pinte o seu de roxo? – Pergunto fingindo tristeza na voz.
– Ele vai pintar sim e se não gostar é só voltar pro castanho. – Tae diz com uma caixa de tinta em mãos e recebe um tapinha no braço do moreno.
– Metido. – Jungkook faz uma careta pro meu primo, fazendo-me rir.
– Que cor escolheu, Tae? – Olho para a caixinha – Loiro?
Ele dá de ombros.
– Eu quero mudar e gosto de cores claras, então escolho loiro.
– Não quer laranja?
– Prefiro o loiro, hyung. – Jungkook fala para o Kim e se aproxima do restante das caixinhas escolhendo uma. – E você, hyung, vai pintar dessa cor. – Ele entrega a caixinha para mim e arregalo os olhos ao notar a cor.
Vermelho.
– Por que escolheu essa? – Pergunto confuso. É uma cor tão chamativa. Por mais que eu goste de vermelho.
– A-ah, é minha cor preferida e acredito que ficará bom... – Diz envergonhado – Mas se o hyung não quiser, não precisa pintar.
– Não, eu vou pintar. – Respondo decidido. – Estou curioso para ver como você vai ficar de roxo – Sorrio para ele sabendo que meus olhos quase sumiram por conta de minhas bochechas fartas.
Depois de pintar os cabelos de todos, cada um foi para seu respectivo banheiro para lavar os cabelos. Olhei no espelho para ver o resultado e posso dizer que gostei. Ficou bem diferente, mas mudar às vezes faz bem.
Como combinado entre os três, assim que chego à sala tapo meus olhos com as mãos.
– No “três” vamos tirar as mãos. – Taehyung avisa rindo pelo combinado.
– Um... – Jungkook começa a contar.
– Dois... – O mais novo e meu primo dizem juntos.
– Três! – Dissemos de uma vez.
Afasto minhas mãos e olho para o meu primo e para Jungkook.
Sinto minha respiração falhar ao olhar para Jungkook de cabelos roxos. Tudo o que consigo pensar é em como ele ficou lindo. Jungkook fica extremamente vermelho e escuto uma risada vinda de meu primo.
– Está lindo. – Consigo dizer e me surpreendo pela minha voz ter saído clara.
– Obrigado, também ficou lindo, hyung. – Minhas bochechas esquentam.
– Também quero elogios. – Taehyung nos interrompe, arrancado risadas de nós dois.
– Está maravilhoso. – Jungkook o elogia com um sorriso nos lábios.
– Realmente, ficou muito bonito. – Concordo.
– Obrigado.
– Ah, Jungkook, quase ia me esquecendo. – Tiro o celular do bolso de meu short entregando-o para o maior. – Ligue para seus amigos e convide-os para virem aqui.
Jungkook
– Não tem problema, hyung? – Resolvi perguntar. Afinal, por mais que eu esteja sendo muito bem tratado por Jimin e o mesmo tenha dito que eu devo me sentir em casa, o apartamento é dele. E que alfa maravilhoso, não apenas por sua beleza, mas por possuir um caráter incrível, mesmo eu tendo uma noção de que um dia é muito pouco para poder julgá-lo.
Lembro-me de ontem quando me encontrou. Eu estava em um estado deplorável, assustado e todo machucado, enquanto ele estava muito bem vestido e portando um carro de luxo. A primeira vista, pensei que seria mais um alfa mimado filho de empresário e que faria algo para me ferir. Porém, quando ouvi sua voz aveludada me oferecendo ajuda meu coração aqueceu instantaneamente. Não é sempre que podemos ser presenteados por atos tão bondosos.
Fiquei maravilhado com o pouco que vi de seu apartamento. Os cômodos em que entrei, são muito espaçosos. A decoração não é exagerada, mas moderna e em tons claros possuindo alguns tons mais vivos em um objeto ou outro de decoração.
Jimin me tratou tão bem. Mas confesso que morri de medo de ver sua expressão extremamente doce se esvair assim que viu minha marca. Fui surpreendido mais uma vez, sendo tratado com carinho e compreensão, tais atos que nunca recebi de meus pais a não ser dos meus melhores amigos.
Por algum motivo, a marca em meu peito ocasionou certa curiosidade no alfa. Tal curiosidade que também passei a ter, pois não sentia nada além da ardência da mordida. E falando em sentir... Eu me sinto atraído pelo alfa. Toda vez que ele está perto, seu cheiro amadeirado invade minhas narinas me fazendo ter vontade de ficar perto dele o tempo inteiro. A cada sorriso que me oferece meu coração palpita mais rápido. Ele tem uma aparência muito doce para um alfa. Mas seu jeito é o que mais me encanta. A forma como me trata e a forma como se porta com os outros... É nítido que tem um coração puro e fico muito feliz em saber que dinheiro algum o corrompeu.
Por ser ômega, juro que tento ao máximo não corar perto dele. Vai que ele me acha um louco e me expulse por demonstrar sem querer qualquer resquício do que estou sentindo? Até eu acho impossível. Como alguém se apaixona por uma pessoa em um dia? Como? Ainda mais eu que já sou marcado! Que vida infeliz.
“– Sua mordida foi no peito do lado contrário ao coração... E não foi no pescoço...”
Tento não pensar muito nas palavras do hyung, que agora está de cabelos vermelhos. Que tentação, por que escolhi logo minha cor preferida? Às vezes parece que não pensa direito, Jungkook!
– Claro que não, Kookie, sei que com a vinda dos seus amigos aqui lhe fará bem. – Sinto meu estômago revirar com a menção de meu apelido.
Minhas mãos tremem, respiro fundo uma vez tentando me acalmar e pego o celular de sua mão.
Digito rapidamente e com os dedos trêmulos o número do telefone de Jin-hyung que atende ao primeiro toque.
– Alô? –Sinto vontade de chorar ao som de sua voz doce.
– Hyung! É o Jungkook. – Escuto um barulho de algo caindo no chão do outro lado da linha.
– Jungkook! Onde você está? Fiquei tão preocupado... Eu vou te matar seu moleque! – Não consigo prender o riso.
– Jin-hyung eu estou bem agora, mas preciso conversar com você e com o Namjoon-hyung.
– Como assim ‘’estou bem agora’’? – Pergunta preocupado.
Olho para Jimin, que está prestando atenção à minha conversa, antes de responder.
– Vou passar o endereço de onde estou, só venham os dois aqui que eu contarei tudo.
– Estou ficando preocupado. Eu e Nam ligamos no seu celular e só dava caixa postal. Fomos à sua casa e sua omma detestável nos expulsou! O que está acontecendo?
– Só venha aqui que irei explicar tudo, não tem como ser pelo telefone.
Escuto um suspiro do outro lado da linha.
– Claro que iremos aí, pequeno. Espero que esteja bem. – Levanto meu olhar para Jimin e sorrio para o mesmo.
Passo o endereço para meu hyung antes de encerrar a ligação.
– Por que não mostra o jardim para ele, hyung? – Tae pergunta para o mais velho, lembrando-me que estava esse tempo todo parado ao lado de Jimin.
Adorei esse ômega. Ele me faz lembrar Jin-hyung em seu jeito vívido de agir.
– Podemos ir? – Fico animado, eu amo flores.
– É claro, se quiser pode fazer uma coroa de flores. Há um monte delas. – Jimin sorri mostrando seu eye smile.
Não nego que gosto e muito das coroas de flores. Mas isso vai além de apenas o gosto estético, representa e me lembra minha infância, onde minha avó – acredito ser uma das poucas pessoas no mundo que me trataram com amor – fazia com suas mãos trabalhosas, juntamente com suas próprias flores, algumas coroas, dizendo-me que eu lhe lembrava um príncipe.
– Não quer ir? – Pergunto a Taehyung que nega e vai em direção à cozinha.
– Prefiro me deliciar com os doces que o hyung tem escondido nos armários, vão vocês. – Grita em resposta.
O de cabelos vermelhos me oferece o braço, fazendo-me corar com sua gentileza, e me guia para a varanda que fica ao lado da sala. Assim que nos aproximamos, ele solta meu braço e abre as grandes portas de vidro, revelando um espaço amplo com cadeiras, mesas e uma piscina.
– Por aqui. – Jimin me chama e vejo-o parado de frente a uma escada que fica escorada em uma das paredes.
Degrau por degrau, subo com a expectativa crescendo a cada passo. No final da subida, Jimin me oferece sua mão para subir. Pego-a, sentido um arrepio gostoso passar entre nossas mãos, e sou puxado para cima, ficando finalmente de pé sobre o terraço.
A vista é de tirar o fôlego. Além do céu azul sem uma única nuvem se quer, o jardim é o mais belo que já vi. Há todos os tipos de cores e flores por quase todo o espaço, pois no centro, há uma árvore majestosa e em sua frente um banco de madeira. Permito-me desligar do mundo por alguns minutos e ando por entre as flores sentindo suas texturas macias e seus cheiros, levando-me para um mundo paralelo, onde tudo é mais bonito e mais vivo, sem dor e tristeza.
Sinto uma mão em meu ombro e viro-me para encarar seu dono, encontrando Jimin com uma pequena flor em mãos, delicada e de cor laranja.
– Esta é uma Begônia e significa timidez, inocência e lealdade no amor. – Aceito a flor sabendo que minhas bochechas ganharam um tom vermelho, o que não me impede de abrir um grande sorriso.
– Nunca tinha visto essa e é muito cheirosa. – Fecho os olhos ao sentir o perfume da flor. – Obrigado.
– Minha omma me ajudou a plantar tudo isso aqui e agradeço pela insistência dela, porque toda vez que tenho um dia ruim, venho aqui em cima para esvair a mente de problemas e preocupações. – Jimin diz pegando outra flor.
– É como se você se transportasse para outro mundo. – O alfa assente e me entrega a flor. Essa, também pequena e delicada, possui a coloração lilás.
– Seu nome é Gloxínia, e significa amor à primeira vista.
Sinto meu coração querer sair pela boca ao aceitá-la.
– Você acredita? – Questiono em um fio de voz.
Jimin olha em meus olhos por um longo momento antes de responder.
– Antes eu não acreditava, mas às vezes algumas coisas acontecem te provando o contrário.
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