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História Bite - Capítulo 7


Escrita por: txemin

Capítulo 7 - Capítulo 7


Fanfic / Fanfiction Bite - Capítulo 7

Jimin

Um lixo. Essa palavra está me definindo muito bem agora.

Eu me sinto um lixo. Impotente. De mãos atadas.

Como pude ser tão descuidado?

Não fez nem o que, cinco minutos que me virei para pagar no caixa da loja de doces? Eu me iludi achando que com a marca a conexão entre Jungkook e o alfa agora findada, nos traria paz. Aquele alfa de alguma forma soube que estávamos aqui e deixou um bilhete que no momento, está todo amassado em minha mão.

Foi tempo de eu virar com a sacola de doces em mãos, que vi o senhor de idade olhar chocado para uma direção e eu perceber que Jungkook não estava ali. Meu coração pareceu congelar. Comecei a suar frio e senti meu corpo inteiro tremer. Deixei que a sacola caísse no chão e corri em disparada até o senhor que estava atordoado.

– Cadê o ômega que estava aqui comprando algodão doce com o senhor? – Minha voz saiu trêmula, assustando-o, sua face estava branca como um papel.

– E-ele foi levado. – O senhor levantou o braço me oferecendo à mão. Olhei confuso o gesto, mas ao observar melhor, pude ver um papel dobrado em sua mão pequena e enrugada. – O alfa deixou isto.

Peguei apressado o papel mal notando as poucas lágrimas que escorriam por minha face e abri-o encontrando as seguintes palavras:

Por sua culpa, eu senti a pior dor em toda a minha vida. Por sua culpa, meu ômega foi tirado de mim. Espero que nunca nos encontre e que passe o cio sozinho para sentir tamanha dor.

PS.: Dependendo de minha generosidade, te darei algumas dicas em troca de dinheiro.

Eu nunca descontei tanto a minha raiva em um papel como eu descontei neste. Fui depressa até meu carro dirigindo por todo o centro, olhando em todos os lugares em busca de Jungkook. Lágrimas e mais lágrimas escorriam por minha face e acabei desistindo de procurar quando já estava ficando escuro e minha visão embaçada.

Não sei como cheguei em casa, eu estava sentindo uma vazio horrível e o único lugar que me “acalmou falsamente”, foi o quarto do ômega, onde pude sentir seu cheiro tão característico e fingir que ele entraria no quarto a qualquer momento.

Comecei a sentir medo e percebi que não era só o meu medo de perder o ômega ou de que aquele alfa faça algum mal para ele, era o próprio medo de Jungkook e isso me fez ficar me sentindo mais impotente ainda e com mais raiva, porque sabe-se lá o que aquele alfa está fazendo para deixá-lo com medo.

Enterro meu rosto em seu travesseiro absorvendo seu cheirinho único e em uma mão seguro firme o bilhete enquanto com a outra seguro firme meu celular. Tenho esperanças de que aquele alfa ligue, diga seu preço e liberte Jungkook. Mas bem no fundo, por mais que eu não queira que isso seja verdade, algo me diz que não será tão simples assim.

 

Jungkook

O aperto da corda em meus pulsos é tão grande que de tanto eu fazer movimentos para tentar me libertar, quase solto outro grito de dor por sentir a pele cortando e um pouco de sangue escorrendo entre meus dedos. Respirando fundo para tentar criar coragem, continuo com os movimentos, mas sou interrompido por um clarão inesperado que faz com que meus olhos ardam ao primeiro contato com a luz.

Abro aos poucos minhas pálpebras tentando focalizar quem acendeu a luz e só pelo fato de saber que tem alguém no mesmo ambiente que eu, começo a suar de medo e nervosismo. Com o tempo, consigo me acostumar com a claridade e, demoradamente, levanto o olhar que estava no chão vendo uma cadeira e sentada nela um homem.

Um homem magro com feições de uma pessoa que trabalhou uma vida inteira e se entregou para a bebida. A barba por fazer, rugas bem marcadas nos cantos dos olhos, cabelo grisalho e mal cortado, roupas largas e sem vida e o que não podia faltar para confirmar a minha suposição de que é a mesma pessoa e que é um bêbado, uma garrafa com um líquido transparente. Duvido que seja água.

-Então a bela adormecida acordou? – Sua voz é arrastada e identifico outro cheiro, cheiro de cigarro.

– Por que fez isso? – Consigo questionar sem falhar a voz.

Ele leva a garrafa aos lábios bebendo um gole do líquido repleto de álcool e me encara com seus olhos escuros, sem emoção, sem vida. Sinto o medo percorrer toda a minha coluna.

– Vejamos... – Ele leva uma mão à sua barba coçando-a e parece pensar por um momento. – Há uns dias atrás, eu encontrei você e queria passar meu cio com um ômega. Te achei bonito o suficiente e decidi te marcar durante um ápice que cheguei. Uma pena que estava desacordado. – O alfa fez um bico nos lábios e meu nojo por esse homem triplicou. Senti-me sujo e por mais que eu não quisesse demonstrar fraqueza, não consegui segurar as lágrimas.

– Por-por que me dopar?

Ele me lança um sorriso que me dá calafrios e dá de ombros.

– Porque eu quis. – Levanta minimante e puxa a cadeira para perto de mim. – Acho bom você me passar o número do seu alfa agora ou sofrerá consequências.

Encaro-o confuso.

– Quer dinheiro dele só porque me tirou de você?

– Eu quero que ele sofra um pouco, ele merece. – Arregalo os olhos. – Ainda não entendeu? Eu senti uma dor que eu jamais havia sentido antes. – Gritei de dor, pois assim que terminou de proferir tais palavras, ele colocou a ponta de um cigarro acesa em minha coxa. – Acho que agora entendeu um pouco.

Ele se afasta e mantém um sorriso esperto nos lábios. Quero gritar, quero fugir, quero socá-lo com todas as minhas forças, quero me ver longe de alguém louco como esse ser.

– Acho bom você fazer o que eu mandar.

– E se eu te passar o número? Terá o dinheiro e me libertará? – Pergunto incerto, contendo minha raiva.

Ele leva a garrafa mais uma vez aos lábios antes de responder.

– Não tão cedo. – Sinto outro frio na espinha. – Como já disse, quero o ver sofrendo um pouco.

Ele se levanta, com a garrafa já vazia, e sai sem mais nem menos do lugar, deixando-me sozinho e na escuridão, já que apagou a luz do local.

Sinto todo o meu corpo se arrepiar com o frio. Deve ser por conta da umidade. Está tão escuro, silencioso. Não faço ideia de que horas são e por mais que eu tenha me sentido mais calmo sem a presença do alfa, agora o medo volta a percorrer todo o meu corpo. Tento focar minha visão em alguma coisa, mas continuo sem sucesso. Mexo minhas mãos na corda, mas a dor é tão grande que decido parar de tentar me livrar do aperto por enquanto.

Aos poucos, com a visão se acostumando com a escuridão, consigo olhar o que tem ao meu redor. Noto que é uma cabana pequena, quadrada e feita de madeira. Não há nada, ao menos em meu campo de visão, ao meu redor. O chão também é feito de madeira e o cheiro... É horrível, fazendo com que a vontade de coçar o meu nariz seja enorme. Antes eu não tinha sentido o cheiro que impregna a cabana devido ao odor de vodka e cigarro quando o alfa estava no ambiente, mas agora que ele saiu, o cheiro de poeira acumulada por semanas e provavelmente meses, chega a ser quase insuportável, acompanhado também do cheiro de mofo.

Há também o que deve ser uma janela, pois no lado direito da cabana, um pano escuro aos trapos – deve ser daí que o cheiro de mofo vem – parece tapar algo suspenso na parede.

O barulho vindo da porta de madeira faz com que meu coração acelere e eu sinta todo o meu corpo tremer. Uma pequena fresta é aberta e dela a voz que tanto odeio se faz presente:

– É melhor dormir, pequeno ômega, amanhã o dia será longo. – Sua voz sai arrastada e consigo notar o tom de escárnio contido. Encolho-me na cadeira rezando para todos os deuses para que isso seja apenas mais um pesadelo e que quando eu acordar, esteja deitado em minha cama nos braços de Jimin. Só de pensar no nome de meu alfa, sinto meu peito doer e lágrimas ameaçarem a escorrer por minha face. – Me passe o número dele. – Ordena.

– Por que eu faria isso? – Engulo seco segurando o choro e tentando não demonstrar meu medo.

A porta se abre totalmente revelando o ser repugnante com um sorriso macabro nos lábios que faz com que um arrepio percorra toda a minha espinha. A passos lentos e arrastados, o alfa se aproxima até ficar a minha frente. Leva uma mão ao bolso da calça e tira um objeto pontiagudo e brilhante, fazendo com que novamente eu engula seco. É uma faca.

– Acho que não preciso responder. – Passa a mão pela faca como se fosse um objeto precioso e em um movimento rápido, coloca o objeto gélido no meu pescoço. Arfo em desespero e um sorriso ainda maior molda os lábios rachados do alfa.

– T-tu-tudo bem, só tire isso de mim. – Ele solta uma risada e tira a faca de meu pescoço.

Solto a respiração que não tinha percebido ter prendido e vejo que o alfa guarda a faca no bolso e do outro retira um celular. Ele me olha sugestivamente para que eu diga o número de Jimin e assim o faço.

– Bom garoto, nos vemos amanhã de manhã. – E mais uma vez, ele coloca um pano com um cheiro que pensei que não sentiria mais em meu nariz. Perco totalmente a consciência.

 

Jimin

Um barulho alto ressoa por toda a parte. O cheiro de morangos me envolve e sorrio virando para o lado procurando Jungkook com o braço. O lado da cama está vazio e demoradamente, desperto percebendo que ainda está escuro. Coço minhas pálpebras enquanto me sento e de novo o barulho alto volta a ressoar como um balde de água fria. Jungkook não está aqui. Foi sequestrado e não foi um mero pesadelo. Controlo toda a minha angústia e raiva, e procuro entre as cobertas onde o celular pode estar.

Assim que o encontro, torcendo para que seja daquele alfa miserável, vejo no visor escrito: DESCONHECIDO. Atendo rapidamente escutando uma voz rouca e baixa.

– Quem diria que depois de tanto tempo estou falando com você. Seu ômega foi muito prestativo em me dar o seu número.

Sinto meu sangue ferver.

– O que você fez com ele?

– Um pequeno machucadinho, por enquanto. – Rosno com sua resposta, totalmente enfurecido e escuto uma risada vinda dele. –Eu tenho um acordo para lhe fazer em troca de dinheiro e uma informação.

– Que tipo de informação? – Pergunto ríspido.

– Quero saber quando é o seu cio. E se não me disser, seu ômega sofrerá as consequências. Ele está aqui na minha frente desacordado e incapaz de me impedir de fazer qualquer coisa.

– Eu juro que mato você quando te encontrar. – Meu corpo inteiro treme de raiva e ao mesmo tempo medo do que esse louco pode fazer à Jungkook.

– Se me encontrar. – Ri debochado. – Agora me responda logo, não tenho todo o tempo do mundo.

– Daqui a uma semana.

– Ora, ora, mas que interessante, obrigado por sua cooperação. Como recompensa te darei uma dica e passarei o número da minha conta para que deposite em dólares o dinheiro e se não depositar, te mandarei como presente uma foto de Jungkook. Morto.

Pego o primeiro objeto que vejo em minha frente e taco-o na parede.

– Que alfa nervosinho, será que devo fazer algo a respeito? Seu ômega tem coxas muito bonitas.

– NÃO OUSE TOCAR NELE! – Grito em fúria.

– Se continuar agindo assim, seu pedido não será concedido.

Respiro fundo algumas vezes tentando acalmar meu lobo enfurecido.

– Por favor, diga logo essa dica. – Outra risada se faz presente.

– Muito bem, gosto mais assim. Kiri-Japonês. Aproveite a dica, te mando o número da conta por mensagem, tem apenas meia hora para depositar o dinheiro. – E desliga.

Grito frustrado e desconto toda a minha raiva retirando e jogando no chão os lençóis e travesseiros de cama.

O Kiri-Japonês é uma árvore típica em toda a Coréia.

Um apito soa vindo de meu celular e mais uma vez grito irritado ao ver a mensagem com o número da conta e a quantia em dólares – dez mil – do alfa e um aviso de que tenho meia hora, apenas.

Apressadamente, vou ao meu escritório e, pelo computador, faço a transição do dinheiro que demorou cerca de vinte minutos.

“Bem na hora”

É a mensagem que o número desconhecido me envia assim que todo o dinheiro já foi depositado. Fecho a tela do computador em um baque forte e vou a cozinha preparar um chá calmante já que a cozinheira há essas horas já está dormindo.

Com o chá preparado, ando até o quarto de Jungkook e me enrolo na coberta do mesmo sorvendo seu cheiro e me acalmando.

É hora de fazer algumas ligações nada agradáveis.

Digito rapidamente o número do meu melhor amigo que é atendido no quinto toque.

– Me dê um bom motivo para não brigar com você por ter atrapalhado o meu sono. – Sua voz está sonolenta e ao fim da primeira frase, solta um longo bocejo.

– Hyung, o Jungkook foi raptado por aquele alfa. – Escondo-me ainda mais na coberta com o cheiro de Jungkook ao escutar um barulho alto do outro lado da linha.

– Como assim Chim? Conte tudo.

Aspirei fortemente o cheiro tão característico do mais novo para criar coragem e contar tudo à Hoseok.

– Fique onde está ChimChim, em dez minutos chego ai e conversamos melhor.  – O mais velho desliga o telefone, assim que termino de contar sobre o ocorrido, enquanto me levanto e vou até a escrivaninha do ômega onde estão seus lápis de cor e seu caderno de desenhos.

Passo os dígitos pelo papel fino e muito bem cuidado, folheando as folhas do caderno e vendo alguns desenhos que Jungkook fizera. Alguns ele já havia me mostrado, mas fiquei surpreso ao ver na última folha do caderno um desenho de meu rosto. Diferentemente dos outros, esse quase não possuía a cor.  A face era toda bem trabalhada com esfumaço preto, enquanto meu cabelo possuía a cor vermelho vivo. Ele me desenhou sorrindo e acabei sorrindo por um momento também.

“Venha aqui em casa, preciso conversar.”

Mandei a mensagem para o meu primo e sequei uma lágrima que persistia em escorrer por minha face enquanto observava o belo desenho do Jeon.

Arrumo suas coisas como antes estavam e, mais uma vez, digito em meu celular para ligar para as únicas pessoas, fora eu e Taehyung, que se importam com Jungkook. Seus hyungs.

– Park Jimin? – A voz é grave, indicando ser do alfa Kim Namjoon.

– Namjoon. – Sento-me no tapete em frente à cama antes de continuar, abraçando o travesseiro do arroxeado. – Seokjin está com você?

– Sim ele está. Mas por que quer saber? Aconteceu algo com nosso pequeno? – Meu coração falha uma batida. Sinto-me horrível por dar uma notícia dessas para duas pessoas que têm afeição pelo ômega. Sinto meu lábio tremer e novamente, respiro fundo para criar coragem e contar o que ocorrera.

 A linha fica muda por alguns instantes assim que termino de contar. Por um momento, até pensei que o alfa tivesse desligado a linha, porém logo sua voz se fez presente.

– Como ninguém viu isso acontecer? – Sussurra e por algum motivo, sinto-me culpado por essa pergunta, culpando-me por não ter prestado atenção suficiente e ter sido descuidado com Jungkook.

– E-eu não sei. A rua estava muito movimentada, talvez o alfa estivesse com um carro parado muito próximo e por isso ninguém percebeu.

– Nós estamos indo aí, conversaremos sobre o que fazer quando chegarmos. – Assim como Hoseok, Namjoon encerra a chamada.

Kiri-Japonês.

Essa palavra fica queimando em minha mente. Tem por toda a Coreia, ainda mais aqui em Seul. É uma dica inútil.

– Senhor, arrumei a mesa para o café da manhã. – Levo um pequeno susto ao ouvir a voz de minha cozinheira detrás da porta.

– Obrigado Sun, já irei.

Com muito esforço, sem querer sair do quarto do mais novo que contem seu cheiro, levanto-me e vou até a cozinha onde um café puro e alguns pães com manteiga me esperam.

– Pensei que fosse melhor o senhor ingerir algo mais leve agora de manhã. – Sorrio para a beta como um pedido mudo em agradecimento e em seguida ela se retira do ambiente.

Sem muita vontade de comer, levo um pedaço pequeno do pão com manteiga aos lábios, tomando o café logo em seguida. E como se eu não pudesse evitar, sou tomado por uma lembrança que ocorrera há poucos dias nesse mesmo lugar:

Após eu satisfazer Jungkook mais uma vez naquele dia, aproveitamos o pouco de tempo de sanidade do ômega e fomos comer algo na cozinha. O arroxeado ficou sentado em frente à bancada enquanto eu preparava o seu sanduíche.  

Coloquei o sanduíche pronto a sua frente, notando que o ômega mantinha o olhar preso na janela. Eu até falaria algo, mas na hora escutei minha barriga roncar de fome e voltei minha atenção para a pia para preparar meu sanduíche.

Dei minha primeira mordida no pão assim que terminei de prepará-lo, estava morrendo de fome. Ainda de costas para Jungkook, levei o sanduíche mais uma vez aos lábios e nesse momento, vi o que eu fizera para Jungkook intocado na bancada e o mesmo me olhando fixamente. Entendi na hora.

Apesar de ainda estar faminto, larguei o pão e fui até o Jeon, atacando seus lábios que já estavam inchados. O importante era dar atenção e prazer a ele, e seria isso o que eu faria. Comeria em outro momento quando ele pegasse no sono.

Fizemos amor ali mesmo, deitei-o em cima da bancada e distribui selares por todo o seu corpo. Jamais me cansarei de sentir a textura aveludada de sua pele e o cheiro que emana. É viciante. Ele estava quente e arrepiado, eu não estava muito diferente.

– Park Jimin? – Pisco algumas vezes e normalizo minha respiração antes de olhar para a minha cozinheira. – Desculpe interromper, mas o senhor tem visita.

– Oh! Obrigado Sun, e não me chame de senhor. – Tomo o restante do café preto e levanto-me deixando um selar na testa dela. – Até parece que não cuida de mim desde que me entendo por gente.

– Apenas formalidades. – Mostra-me um sorriso reconfortante, o mesmo que me mostrara tantas vezes quando eu era mais novo.

Ao chegar à sala, quase solto uma gargalhada ao ver quem me espera. Prendo o riso mordendo o interior de minha bochecha. Um está sentado me olhando mortalmente – já que percebeu minha reação –, outro está roendo as unhas e um que eu não esperava vir em meu apartamento tão cedo  – por ser muito reservado – está em pé fitando o chão.

Hoseok, Taehyung e Yoongi.

Hoseok é o único que nota minha presença silenciosa. Levanto uma sobrancelha em uma pergunta muda “O que está acontecendo que eu não sei?” e ele apenas move os lábios “Depois”.

Faço um barulho com a garganta chamando a atenção de meu primo e de Yoongi e por alguma razão, os três ali presentes ficam com as bochechas coradas. Rio baixinho me aproximando do sofá, colocando Taehyung para o lado e sentando-me entre ele e meu hyung.

– Sente-se Yoongi. – Indico uma poltrona próxima a nós.

O alfa me olha envergonhado e senta-se perto da gente.

– Jimin-hyung, você não vai ligar para a polícia? – Meu primo agarra meu braço e vejo que seus olhos estão vermelhos.

Antes que eu responda alguma coisa, o som da campainha se faz presente e em um movimento rápido, Yoongi se levanta e vai atender a porta.

– O que eu perdi aqui? – Sussurro para os dois ao meu lado.

– Depois Chim, depois. – Meu hyung responde e ao olhar melhor para ele, noto uma marca roxa em seu pescoço. – Depois. – Ele diz percebendo que eu perguntaria mais alguma coisa. O Jung está vermelho como um pimentão.

– Park Jimin, o que aconteceu com o meu pequeno? – Minha atenção volta para Seokjin, que entra apressado pela porta. Seus olhos e seu nariz estão vermelhos. Atrás dele vem Namjoon e Yoongi, que fecha a porta.

Pelo visto, teremos uma longa conversa.

 

Jungkook

Sinto algo molhado escorrer do meu pescoço para minhas costas. Está quente. Estou suando. Demoradamente, abro minhas pálpebras e fecho-as quase que instantaneamente ao ter alguns feixes de luz do sol direcionados ao meu rosto. Eu não deveria estar sentindo calor, mas com o sol entrando pela única janela – que de alguma forma fora aberta – e com a cabana completamente fechada, a sensação muito se assemelha com um forno. O alfa nojento deve ter vindo durante a madrugada tirar aqueles trapos velhos e fedidos. Assim eu acordaria de manhã. Não faço ideia de que horas sejam, e percebo que meu corpo está muito fraco. Não comi nem bebi até agora. Será que aquele alfa nojento me deixará assim sem nada?

E como se ouvisse meus pensamentos, o ser repugnante abre a porta e entra, trazendo um banquinho consigo. Mantenho meu olhar fixo no chão. Não quero encará-lo.

– Dormiu bem? – Sua voz não está arrastada como estivera ontem, não deve ter se afogado no álcool ainda, mas o odor ainda é presente.

Não respondo, meu estômago revira. É obvio que estou com medo.

– Quero que olhe para mim quando pergunto algo. – Agarra fortemente meu queixo fazendo-me encará-lo. – Responda minha pergunta.

Seus olhos escuros e sem vida, encaram os meus. Sua aparência é a mesma do dia anterior, mas agora veste roupas limpas.

– Não.

– Não o que? – Tira a mão do meu queixo se afastando e apoiando uma mão em cada joelho. Respiro um pouco mais aliviado por ele ter se afastado.

– Não dormi bem, obviamente. – Sussurro e vejo-o virar o rosto de lado, analisando-me.

– Sabe, saí no lucro ontem. Seu alfa me pagou dez mil em dólares. – Olho-o assustado. – Apenas por uma informaçãozinha.

– Que tipo de informação?

Meu rosto vira com tudo para o lado. Minha bochecha esquerda arde como o inferno. Ele me bateu! Algumas lágrimas escapam por minha face, mas trato de controlá-las, não quero demonstrar ainda mais minha fraqueza e meu medo.

– Não autorizei que perguntasse. – Encara-me seriamente. – Só questionará algo quando eu lhe autorizar. Você não merece, mas irei buscar seu café da manhã. – Sem mais nem menos, ele levanta do banquinho e sai porta a fora, batendo a mesma bruscamente.

E é só ele sair, que meu choro vem à tona. O que eu fiz para merecer isso? Ele é louco, machucando-me por um motivo qualquer. Esse alfa é um monstro, preciso arranjar uma forma de fugir.

Controlando o choro, volto a mexer minhas mãos na esperança de soltá-las ou ao menos afrouxar o aperto. Dói muito, mas não paro.

Por fim, a única coisa que consigo é afrouxar um pouco o aperto das cordas, e também, machucar ainda mais minhas mãos. Devem estar vermelhas, porque a sensação é como se estivessem queimando.

A porta abre mais uma vez, e agora ele traz uma xícara velha e suja de metal em uma mão e na outra, meio pedaço de pão.

Apesar da fome, não quero ingerir isso. E se ele colocou algo na comida ou só com a sujeira eu não pego uma doença?

O alfa senta no banquinho a minha frente e estende a mão que segura o pão próximo à minha boca.

Mantenho-a fechada. Não quero comer isso. O cheiro me lembra muito a pão mofado e ainda está envolto por sua mão suja.

– Certeza que não quer comer? Sabe, eu não pretendo matá-lo, ao menos não ainda. – Meus olhos se arregalam minimante arrancando uma risada seca dele. – Seu alfa parece ter muito dinheiro e você vivo é a minha garantia de receber um pouco, pelo menos, desse dinheiro. – Ele joga o pão no chão e estende-me a xícara.

Olho para o conteúdo dentro vendo que parece café. O cheiro comprova de que realmente é café e isso faz meu estômago roncar. Talvez eu aceite, parece melhor que o pão.

– Você está com fome. – Diz pausadamente. – Prometo que é apenas café. – Alterno o olhar desconfiado de seu rosto, que permanece sem expressão alguma, e o líquido escuro. Escuto um suspiro vir dele e rapidamente, vira o líquido quente em cima das minhas coxas.

Grito assustado e com dor pela quentura, lágrimas escorrem e meu corpo inteiro treme e treme ainda mais ao ouvir uma risada vinda dele.

– Demorou de mais para se decidir. – Ele aproxima seu rosto do meu e passa seu polegar pela minha bochecha. Estremeço pela dor e pelo nojo. A mesma sensação que senti ontem, senti agora em meu pescoço: um objeto gélido é colocado contra a minha pele e sem que eu queira, um soluço escapa por meus lábios. – Eu não quero te machucar, mas se não cooperar, farei algo a respeito. – Ele sobe a faca do meu pescoço para a minha bochecha. – Seria uma pena fazer um estrago em um rosto bonito, então coopere. – E assim como colocou o objeto rapidamente em contato com a minha pele, retirou.

Soltei o ar que estava preso e mais um soluço escapa por meus lábios.

– Vou buscar água para você e se você se comportar, te trago comida. Tenho que fazer uma ligação para seu alfa hoje. – Sorri mostrando-me seus dentes amarelos.

Ele sai novamente pela porta e assim que ela se fecha, permito-me chorar.



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