História Black and White - True Love

Wonwoo gostava de chá, Mingyu preferia café.

Wonwoo adorava de ler, Mingyu fazia de tudo para passar longe de um livro.

Wonwoo gostava do silêncio, Mingyu era um homem barulhento.

Wonwoo amava passar os dias em casa, Mingyu ia em festas todo final de semana.

Wonwoo era vegetariano, Mingyu não vivia sem comer carne.

Wonwoo não gostava de esportes, Mingyu era capitão do time de futebol da escola.

Wonwoo queria ser médico, Mingyu não tinha ideia do que fazer.

Wonwoo não sabia amar, Mingyu era um romântico apaixonado.

Apaixonado por Wonwoo.

Qualquer pessoa que olhasse para os dois garotos, notaria que as diferenças entre eles eram gritantes. E eles sabiam bem disso.

Wonwoo e Mingyu se conheceram durante o ensino fundamental, e a aversão que criaram um do outro foi imediata. O primeiro encontro dos dois jovens foi marcado pela primeira discussão. Mingyu destruiu o trabalho do outro quando, por um descuido, derrubou café ali. Era óbvio que depois daquilo eles jamais seriam capazes de conviver bem um com o outro. Os anos de convivência forçada pelos amigos em comum provaram com eficácia que eles, realmente, não tinham nenhum tipo de chance de viver em um mesmo ambiente sem que tivessem algum atrito. Eles simplesmente não se gostavam, e não faziam questão de esconder isso. Eles nem sabiam bem porque, mas a simples presença do outro irritava demais, a cada fala a aversão aumentava. Todos sabiam bem da disputa interna que os dois tinham, e viam claramente a tensão estranha que os rodeava.

Justamente por isso foi um choque geral quando eles se apaixonaram.

Foi um choque para eles, também.

Foi durante o ensino médio que eles passaram a notar o quanto o outro parecia tão bonito aos seus olhos. Mas eles tentaram evitar. Ah, tentaram mesmo. Eles esconderam a atração que vinham sentindo o máximo que puderam, não queriam admitir para eles mesmos que estavam interessados naquele que eles menos gostavam. Mas o fato é que não foram capazes de evitar que seus corações batessem loucos em seus peitos toda vez que o outro se aproximava, foi inevitável que se apaixonassem um pelo outro.

Mingyu foi o primeiro a assumir que estava, sim, apaixonado pelo garoto mais irritante que ele conhecia. E não foi fácil admitir isso para si mesmo. Durante anos de sua vida, Wonwoo fora a pessoa a quem ele mais detestava. Estava sempre de mau humor, o olhava de modo superior, não aceitava nada que ele dizia e fazia de tudo para fingir que ele nem ao menos existia. Wonwoo era, certamente, a pessoa mais odiável que ele já havia convivido. E quando se viu querendo beijá-lo um dia qualquer levou um grande susto. Quero dizer, ele sempre achou o garoto mais velho bonito, de fato ele não teria como negar que, com o passar do tempo, o Jeon tinha se tornado alguém muito atraente, mas mesmo assim assustou-se a perceber que, já há algum tempo, boa parte da raiva que sentia dele vinha, justamente, do fato de sentir-se tão atraído. Ou melhor, do fato de gostar tanto dele.

Ele não entendia bem como aquilo havia acontecido, mas chegou um momento que foi impossível não perceber que ele estava apaixonado pelo mais velho. Ele não entendia como era possível que, de repente, estivesse se sentindo tão nervoso perto daquele que, até algum tempo atrás, ele faria de tudo para evitar estar ao lado. Mas aconteceu, e ele não teve como fugir. Passou a nutrir aqueles sentimentos pelo mais velho em silêncio, sabendo do ódio sem motivo que o outro sentia de si e se contentando em manter a mesma relação que sempre tivera com ele, que apesar de ruim, era a única que possuíam.

Ele só não sabia que o outro, mesmo que sem perceber, também se sentia da mesma forma.

Para Wonwoo, foi mais difícil. Ele nunca soube lidar com coisas do coração, nunca havia se apaixonado de verdade por ninguém, fugia disso o máximo que podia. E tentou o quanto pôde evitar pensar no outro. Assim que notou as reações que seu corpo passou a ter perante a presença do mais novo, fez questão de encontrar mais e mais motivos para mantê-lo longe. Se já não gostava de estar perto dele antes, depois tornou-se impossível. Ele não gostava nada de como seu coração batia rápido quando ouvia a voz dele. Ele queria se distanciar o quanto fosse necessário para fazer com que aquelas sensações fossem embora, porque ele não poderia admitir se apaixonar, muito menos por alguém que o irritava tanto. Isolou-se cada vez mais, evitava sair com os amigos, sabendo que ele sempre estaria lá. Junto com o frio em sua barriga. Ele fez realmente o que estava ao seu alcance para não cair naquela armadilha que a vida vinha colocando em seu caminho. Mas ele não conseguiu mais mentir para si mesmo. Não depois daquela noite.

Era aniversário de um amigo dos dois, e naquela noite Wonwoo não poderia evitar a presença do mais novo. Chan estava, finalmente, se tornando um adulto e fazia questão que todos seus amigos estivessem com ele. A turma de amigos se encontrou na casa do aniversariante, a atmosfera entre os dois garotos tão tensa quanto sempre já nem era sentida pelos outros, tão acostumados já estavam. Mas tinha algo diferente ali, que apenas os dois foram capazes de notar. Era como se tudo fizesse com que seus olhos se atraíssem, nenhum dos dois, por mais que tentassem evitar, era capaz de não olhar para o outro. Estavam tão bonitos.

Mingyu acreditava que nunca tinha visto Wonwoo tão incrível como estava naquela noite, e não era como se o outro também não sentisse o mesmo em relação ao mais novo. Ambos tentavam reprimir a vontade crescente que estavam sentindo de se aproximar. Conseguiram por algum tempo. Até que o álcool que consumiam passou a ter algum efeito nos dois. Era essa a desculpa que eles deram para o ocorrido, na verdade.

Em algum momento da noite, no meio da casa cheia de gente, seus olhos se conectaram pela milésima vez ali, mas, por algum motivo, daquela vez, nenhum dos dois fez questão de desviar. Foi diferente de tudo. Eles nunca haviam se olhado de maneira tão intensa como aquela. Só eles perceberam, mas naquele olhar era possível notar todo o sentimento, todo o desejo, que eles vinham tentando guardar. E como se seus corpos fossem dois ímãs, quando menos esperavam, já estavam tão próximos que podiam sentir as respirações quentes se misturarem. Os corações batiam tão forte, ansiando por aquilo como nunca ansiaram por nada, os olhares ligados um no outro, vagarosamente se desviando apenas para olhar para os lábios alheios, lábios estes que não tardaram em, finalmente, se tocarem. O beijo que trocaram aquele dia foi o mais mágico que os dois já haviam provado. Nunca haviam sido beijados com tanta vontade. As bocas se movimentavam com tanta harmonia, que era como se já se conhecessem há tempos, as mãos apertadas no corpo do outro, como se tivessem medo de que aquilo fosse um sonho e quisessem evitar que acordassem. Beijaram-se como se estivessem sozinhos naquela casa, e de fato estavam mesmo. Aquele era um momento só deles. Naquela noite, permitiram que todas as diferenças deles fossem deixadas de lado. Permitiram que o que sentiam, finalmente, exalasse de seus corpos. Permitiram fazer aquilo que vinham querendo secretamente a tanto tempo.

Pena que a trégua tenha durado só por uma noite. Depois, tudo voltou a ser como era antes. Ou, era o que eles esperavam que acontecesse.

O fato é que depois daquele dia, nada mais foi como era antes. Não tinha como ser depois dos beijos que haviam trocado, depois das sensações incríveis que os atingiram, eles não teriam como agir que nada tinha acontecido, não teriam como esquecer. E não esqueceram. As lembranças ficavam mais vivas a cada dia que se passava, a vontade de ter o outro em seus braços novamente crescia a cada segundo, sempre que se viam o nervosismo era maior que na vez anterior. Eles não tinham mais como evitar aquilo. Não tinham como seguir vivendo fingindo que não se amavam. Eles já sabiam disso. Não tinha como não saber depois daquela noite.

O orgulho de ambos acabou falando alto por algum tempo, no entanto. Nenhum dos dois queria ser o primeiro a procurar o outro, mesmo que por dentro soubessem que aquilo era o que eles mais desejavam. Mas, no fim, aconteceu naturalmente. Acabaram por ficar sozinhos na casa de um de seus amigos – que, é claro, armou para que eles ficassem ali, já que sabia que se não fosse assim, eles ainda demorariam muito para assumir seus sentimentos – e foi inevitável. Beijaram-se novamente naquele dia, naquela vez não poderiam culpar o álcool. Mas, finalmente, aquele dia assumiram que aquela aversão que sentiam havia se tornado amor.

A vida de ambos se tornou mais colorida depois que se permitiram se amar. Mas também se tornou mais aborrecida. Não concordavam em muitas coisas, as brigas eram comuns, mas com o tempo aprenderam a lidar com as diferenças que eles tinham, aprenderam a ceder. Porque se amavam mais a cada dia que passava. Os dois aprenderam, juntos, o que era amar, o que era amor. Aprenderam a se apoiar, a resolver as dificuldades que apareciam no dia a dia, aprenderam a ser amigos, amantes e companheiros. Os dois construíram uma relação forte, tão sólida que seria incapaz de se quebrar. E nunca se quebrou. Viveram juntos por anos. Cresceram juntos, amadureceram juntos, atingiram objetivos juntos. Construíram uma família linda e feliz, cheia de amor, reflexo da história que os dois tinham. O amor dos dois se fortaleceu a cada ano que passaram um ao lado do outro, e se manteve aceso até o último momento que tiveram juntos.