História Blackouted Heart - 9 - Celebration - Parte 2 de 3 ( Discomfort )

Suspiro, ao sentir um deles bater um pedaço de madeira no meu ombro com o mínimo de força possível.

-Cara, pra que me bater se você não vai surtir efeito?
Resmunguei, pegando meu pé-de-cabra e batendo com força na nuca do cara, que com o impacto, acabou caindo uns 5 metros pra trás, soltando um berro de dor.

-Vadia! 
Ouvi o maior berrar ao perceber que seu amiguinho estava sangrando sem parar pela testa. 

Cara, que desespero. São namorados, pra berrar tão alto assim? Coço minha cabeça, confusa.

Sinto algo pesado colidir comigo, dou um berro de dor e raiva ao mesmo tempo.

-Oras, seu verme vagabundo...
Sussurrei, percebendo que minha testa também começou a sangrar. Dou um sorriso sinistro sem perceber, e acabo segurando a coisa mais pesada que vi em minha volta, que era um taco de beisebol revestido por metal. 

Uma aura negra acaba por surgir em minha volta, enquanto eu me aproximava lentamente do grandão que permanecia em silêncio, apenas me encarando de modo superior e me subestimando por ser uma simples garota de 18 anos. Cara, que monótono.

Eu fecho meus olhos, e faço diversos movimentos com o taco de beisebol, sentindo que o cara tentava desviar, mas no fim, eu acabei acertando um golpe forte pra caramba no pescoço dele, e ele acabou caindo no chão e desmaiando. 

Percebi que havia mais um, que era o mais novo dos três. 

Tch, ele está com medo.

Muito medo, inclusive.

-Que foi cara, tá com medo da menina inocente que tentou assaltar e inclusive agora a pouco tava olhando pra bunda dela? Nossa, que coisa absurda vinda de um vagabundo como você.
Sorri ironicamente, observando a expressão perplexa do de cabelos loiros que me encarava. Reviro os olhos ao perceber que ele não pararia de me encarar em silêncio, e acabei cortando o clima. - Tch, vai pra casa, moleque, você tem mais o que fazer, acho eu.
Murmurei, encarando seus olhos verdes. Cara, como alguém tão gato pode ser assim? 

Que porras eu tô pensando? Cruiz' credu'...

Observei em silêncio o loirinho começar a correr para longe, enquanto apoiava o taco de beisebol no meu ombro. Olho indiretamente para os dois outros moleques no chão, dando um sorriso largo e sádico.

-Se vocês ousarem assaltar novamente uma mulher indefesa, juro que os caço até o inferno. 

Sai andando em passos largos, sorrindo sem parar. Parece que tive onde descontar meu stress, não é? Cara, que coisa mais chata esses vagabundos de hoje em dia. Não trabalham, e depois ficam arrumando umas bagaças aí pelas ruas.

Suspiro ao perceber que os dois ainda me encaravam, até que acabei lançando um olhar assassino para os mesmos. Socorro, eu vou me descontrolar daqui a pouco...

Após alguns minutos de caminhada pelas ruas desertas, acabo me sentando em um banco embaixo de uma árvore, fechando os olhos e suspirando novamente. 

Penso por um minuto em tudo que está acontecendo, suspirando novamente.

As vezes eu acabo por lembrar de tudo de ruim que acabou por acontecer na minha vida. 

As vezes eu acabo por pensar no quão fria e ignorante me tornei por um simples acontecimento.

As vezes...

Eu acabo por imaginar o que aconteceria se eu acabasse sumindo.

Será que me notariam?

Será que sentiriam falta?

Será que alguém ao menos se perguntaria:

"Onde aquela idiota foi?"

Ou ao menos...

Pensasse por um momento no motivo de meu sumiço.

É difícil pensar no quão importante seu eu verdadeiro é no meio de toda essa sociedade.

Com tantas pessoas,

Com tantas opiniões,

Com tantos ideais...

Será que ao menos um pedaço de você é importante no meio de tudo isso?

Sempre acabo meu dia pensando nisso e nunca chego em uma conclusão.

Tudo acaba por evaporar da minha mente e eu sinto como se não devesse pensar nisso.

Mas sempre ponho essas ideias em minha mente e começo a sofrer por isso.

-Por que... É tão difícil...? Por que é tão difícil, viver como uma pessoa normal?

-Deve ser porque você não é uma pessoa normal, e se sente melhor assim.
Ouvi uma voz rouca atrás do banco, e vi dois braços se deitarem sobre o encosto do banco. Dou um pulo no susto, soltando um gritinho feminino. - Eu sou tão feio assim...?
Ouvi ele sussurrar, descontente.

-N-Não, é que... Você me assustou! Eu tava sozinha... E de repente... Tch, cala a boca, idiota.
Suspirei, sentindo seu olhar de peixe morto sobre mim. Olho para o mesmo, vendo o moreno abrir a boca para falar algo, mas logo desistindo.

-Você pensa bem alto, não é?
Ouvi seu murmuro, após alguns minutos de silêncio.

-Que?

-Você pensa muito alto. Ouvi praticamente tudo, estava aqui o tempo todo. Não que estivesse te observando ou algo assim, eu... Só tava passando. Tch.
O moreno começou a tropeçar em suas palavras, enquanto suas bochechas se tornavam cada vez mais vermelhas, em meio a aquele rosto pálido que o mesmo tinha.

-Humpf, não é nada que te interesse.

-Por que não me interessaria?
Permaneci em silêncio, observando o de roxo sentar ao meu lado, com uma expressão... Diferente?

-Oras... Porque... Isso é coisa minha! Você não é ninguém pra tentar...
Sou interrompida por sua mão agarrando meu pulso e, me fazendo olhar para o moreno. O mesmo me observava com uma expressão fria, mas... Em seus olhos, havia um pouco de compaixão.

Grandes falas de meninas de shoujo. Trágico, estou me tornando algo que nunca quis ser.

-Isso me interessa sim, para o seu conhecimento.
O mesmo sussurrou, me soltando logo em seguida. Ouvi ele suspirar, após alguns minutos que permanecemos calados, e se levantar para ir embora, mas, ele para na metade do caminho e me encara. - Não vai vir?
Ouvi seu murmuro desanimado, como sempre.

-Tch.
Levantei, suspirando e começando a acompanhar o moreno que permaneceu em silêncio pelo resto da caminhada, mas, que acabou por segurar minha mão na metade do caminho.