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História Blue blood - Sole


Escrita por: HanaHikari

Notas do Autor


Oi minhas jujubas~
Trouxe um especial de dia das bruxas ~um pouquinho atrasado pq a vida às vezes não colabora~
But, cá estamos nós e espero que gostem desta história que fiz com muito amor <3
Boa leitura!

Capítulo 1 - Sole


Fanfic / Fanfiction Blue blood - Sole

 

E mais um dia nascia na cidade, as pessoas podiam sentir o clima ameno, porém não percebiam a tensão que pairava no ar, oque aquele clima nublado parecia piorar.Mas alheio a tudo isso, no pequeno jardim aberto daquele orfanato, duas crianças estavam deitadas sobre a grama, jogando e conversando.

—Dama! —Sungmin, o menino de cabelos castanhos e pele branca avisou sua jogada animadamente.

—Aigoo, você é muito bom nisso hyung, assim eu nunca ganho. —O garoto moreno, mais novo e um pouco menor, reclamou enquanto fazia bico.

—Eu já disse que você parece um peixe quando faz bico, não é Donghae-ah? —Riu da cara do outro, que ficou ainda mais emburrado do que já estava anteriormente. — É só ter estratégia Hae, com o tempo você vai aprender, dongsaeng. —Esticou a mão e acariciou com cuidado os cabelos negros e macios do menor, tentando o consolar. —Enquanto isso treine até você aprender. Eu não me preocupo em vencer ou não, então você também não tem que se preocupar. —Deu um sorriso, vendo o outro correspondendo-lo do mesmo jeito.

Os dois meninos continuaram jogando normalmente, Sungmin como o hyung que era, ensinou mais algumas jogadas ao menor e também explicou como este deveria fazer sua estratégia. Não perceberam, mas aquele dia - já um tanto incomum graças ao clima tenso que pairava por ali, havia também a impressão que as horas passavam de modo mais rápido, como se estivessem ansiosas para a chegada do anoitecer – essa que durante aquela época do ano era especialmente temida por alguns e vista com fascínio e diversão por outros.

—Donghae? —Sungmin chamou a atenção do menor, que neste momento estava prestando total atenção no tabuleiro á sua frente, tentando bolar um jeito de ganhar do mais velho pela primeira vez.

—O que foi Min? Eu estou concentrado aqui. —Falou sem direcionar o olhar ao outro, focando-se nas peças que estavam posicionadas pela esfera plana daquele tabuleiro de tonalidade escura.

—Acho melhor entrarmos, já está tarde, logo a Madre vem aqui e vai brigar com a gente por passar tanto tempo do lado de fora, ainda mais hoje. —Falou enquanto olhava em volta mais uma vez, notando a sombra feita pela posição do Sol, que já devia passar das cinco da tarde e estava bem perto da hora de recolher.

Donghae ainda meio contrariado, também olhou em volta, vendo que já estava um tanto tarde. —Mas eu ainda estou jogando. —Deixou explicito no tom emburrado que não lhe agradava entrar no casarão que era onde o orfanato foi construído.

—Eu sei. Se quiser jogamos mais um pouco antes de irmos dormir, para te ensinar mais algumas coisas. —Falou deixando visível o receio no tom que usou, pois sabia que se a Madre se zangasse por eles estarem ali até tarde, principalmente naquela ocasião; seriam severamente castigados pelas freiras que cuidavam das crianças dali a incrível contra gosto, visto que nenhuma gostava dos pequenos e faziam questão de deixarem isso bem claro. Elas não pegavam leve com ninguém dali, especialmente com eles, já que ambos eram bastante elétricos e adoravam aventuras, o que deixava as madres já com certa idade de cabelo em pé e bem aborrecidas.

E assim os pequenos começaram a recolher as várias peças do jogo e guardá-las dentro do pequeno saquinho de plástico, que logo em seguida ia ser posto junto com o tabuleiro dobrado, dentro da caixa de madeira que pertencia a este. Com tudo guardado, os dois se dirigiram para a porta que dava entrada para o pátio, Sungmin segurando a caixa rente ao peito, mesmo que não admitisse, aquele pátio vazio chegava a ser assustador.

O pátio era bem grande, o piso em um cerâmico xadrez e bem polido, tinha também duas escadarias - uma em cada extremo deste - a do lado direito dava acesso ao corredor dos inúmeros quartos, que eram preenchidos por várias crianças de variadas idades. Já o da esquerda dava lugar ao refeitório do local lotado de enormes mesas, as quais em outras ocasiões seriam usadas para grandes jantares servidos por pessoas bem afortunadas que queriam recepcionar bem seus convidados, porém ali estas estavam longe de servir jantares deliciosos e chiques, apenas serviam para acomodar as diversas crianças que por tristeza do destino não possuíam mais uma família.

As freiras serviam a mesma comida todos os dias, arroz com legumes, os quais diziam ser o mais saudável, entretanto aquelas crianças mais desobedientes, como nossos pequenos Sungnin e Donghae, que se aventuravam pelos corredores a noite, após o toque de recolher; já as viram comendo carnes e até doces escondidos e quem já fez esta façanha e foi descoberto, foi também severamente castigado com palmatórias e tarefas extras para executarem.

As pobres crianças que ali eram criadas, só tinham direito a mimos e doces que faziam seus olhos brilharem de felicidade quando acontecia alguma comemoração religiosa, o padre junto aos fiéis vinha passar as festividades com as crianças do orfanato e só ai, durante as poucas horas que aquelas festas duravam que eles eram tratados bem, tanto pelos fiéis, que se os vissem nas ruas virariam a cara, quanto pelas freiras que ali agiam como se fossem mães de todos os pequenos, mas que no fundo os odiavam.

E aquele pátio estava vazio naquele horário, já que a maioria das crianças estavam na aula ou fazendo a lição de casa, os menores estavam brincando com alguns brinquedos que tinham ganhado no ultimo dia das crianças e as madres estavam reunidas no escritório resolvendo questões administrativas ou rezando. E por estar tão vazio, o pátio emitia o eco dos passos de quem por ali andava, aliado as risadas, conversas e até gritos de animação das crianças menores que se divertiam no andar superior. Com o afastamento, esses sons eram um pouco distorcidos e deixavam a caminhada ainda mais sinistra.

 Andando lado a lado, como se inconscientemente os dois meninos estivessem preparados para proteger um ao outro caso algo acontecesse, caminhavam atentamente pelo corredor e subiam as longas escadas de modo vagaroso, rumando assim para o segundo piso daquele orfanato.

Terminaram de subir a escada e se encontravam no meio do corredor que ficava os quartos e se puseram a andar em direção ao deles, passando por diversos quadros que ali estavam dispostos na parede, estes que eram de figuras importantes da igreja e de algumas freiras que fizeram coisas que foram merecedoras daquela homenagem após sua morte, todavia tinha um quadro ali que era bastante curioso, um quadro de uma jovem moça que estava na flor de sua idade, com as bochechas rosadas mostrando sua vitalidade e os olhos brilhantes que reluziam como perolas, mas o que diferenciava este dos demais quadros era que controverso ao outros, a moça que estampava a obra de arte não estava vestida com o costumeiro traje das freiras e sim com um vestido de gala vermelho sangue, que contratava com o tom de sua pele branca e delicada.

Aquilo despertava a curiosidade de todas as crianças dali, mas quando os pequenos iam até as madres responsáveis e as questionavam sobre tal quadro, estas apenas mudavam de assunto ou diziam que ela fora uma mulher amiga do fundador do orfanato e que por ser muito caridosa e ajudar a erguer aquele local além de ajudar a tirar das ruas as primeiras crianças que ali viveram, tinha seu quadro exposto junto aos demais. Sungmin sempre que passava em frente a aquele misterioso quadro que ficava a pouca distancia de seu dormitório, lhe direcionava uma olhada mais atenta, pois além de achar bonita a moça que naquele quadro era retratada, também tinha algo que não sabia descrever ou explicar, mas o atraia para aquela imagem, como se ela o chamasse.

Percebendo que estava á tempo demais encarando o bendito quadro que tanto atraia sua atenção, sacudiu a cabeça de um lado a outro de forma discreta para poder voltar aos sentidos e começou novamente andar em direção ao quarto que lhe pertencia naquele lugar, onde Donghae já se encontrava sentado em sua cama com a caixa que guardava o jogo em seu colo, enquanto o esperava.

—Onde vamos esconder o jogo, hyung? —Perguntou Donghae enquanto observava o mais velho.

—Coloca embaixo do travesseiro, quando o jantar acabar voltamos pra cá e jogamos mais um pouco. — O maior deu a instrução e o moreno fez o que lhe foi mandado para em seguida se levantar de sua cama e seguir até o outro para irem para o lado de fora do dormitório e se dirigirem aonde seria realizado o jantar.

Andando um ao lado do outro, assim como antes, saíram calmamente do quarto enquanto conversavam sobre as aulas que tiveram no período da manhã e comemorando o quão era bom o professor não ter passado lição de casa, já que assim sobrava bem mais tempo para que eles brincassem ao invés de ficarem com a cara enfiada em todos aqueles livros que era exigido que estudassem.

Mas seus planos são interrompidos quando já estão na metade do longo corredor e escutam passos pesados que vinham detrás deles, quando Sungmin vira sua cabeça para visualizar quem estaria atrás dos dois, avista as duas figuras indesejadas.  

—Onde os pirralhos estão pensando que vão? —Um dos garotos morenos pergunta.

—Não é da sua conta, Yunho. —Sungmin respondeu mal criado.

—Não devia falar assim com seu hyung, coisinha delicada. —Yunho estica sua mão para tocar o rosto do pequeno, mas é rechaçado por um tapa nesta.

—Você não é meu hyung, muito menos tem o direito de ME tocar, seu infeliz. —Dirigiu um olhar enojado ao mais velho que aborrecido iria avançar em direção ao pequeno, porém é segurado por seu amigo.

—Se controle Yunho. —Changmin falou baixo para o companheiro. —Sabe pequenos, acredito que não preciso lembrar a vez que apareceram com alguns roxos pelo corpo e como disseram para a Madre, caíram enquanto brincavam ou da vez que quebraram as taças da Madre por ela não ter os deixado brincar do lado de fora e por isso ficaram de castigo por algum tempo, preciso? —Questionou com um sorriso maldoso pairando em seus lábios bem desenhados.

 Sungmin solta um pequeno rosnado de irritação antes de se pronunciar. —Vocês só se aproveitam que são mais velhos e mais altos para ficar nos intimidando, seus idiotas! —Fala em um tom irritado, deixando toda a sua raiva transbordar em sua expressão.

—Olha Changmin, a princesinha se revoltou. —Yunho comenta debochado antes de segurar Sungmin pelo colarinho, Donghae que até então estava apenas observando a cena, ao ver a ação do mais velho que se quisesse bateria no amigo com facilidade, tentou intervir, porém foi puxado por Changmin.

—Tire essas suas mãos imundas de cima de mim! —Sungmin aumentou o tom de voz, mas rapidamente foi silenciado pela mão do mais velho sob sua boca.

—Não faça escândalos garotinho, porque se nos descobrirem, ai sim vai ser pior para vocês. —Se pronuncia em um tom ameaçador. —Mas sabe, como eu e meu amigo estamos de bom humor hoje, temos uma proposta para os dois pirralhos. —Ao terminar a fala, finalmente tira a mão da boca do menor.

—Proposta? —Donghae e Sungmin perguntam juntos, olhando os maiores desconfiados.

—Sim. —Changmin toma a palavra para si neste momento. —Existe uma torre no coração do bosque que vocês já devem ter ouvido falar.

—A torre da bruxa. —Donghae diz em um tom baixo, se sentindo amedrontado.  

—Esta mesma. —Changmin continua. —Temos um desafio para vocês, se tiverem coragem de ir até a torre e subirem até o ultimo andar desta, onde segundo a lenda hoje a bruxa desperta e voltarem intactos, iremos parar de perturbar os dois, mas do contrario...

—Do contrario, o que? —Perguntou Sungmin já interessado na proposta que lhe fora feita.

—Do contrário as belezinhas terão que fazer todas as nossas tarefas por um bom tempo e claro, sendo supervisionados por nós. —Sorrio sádico.

—E ai, irão topar ou não? —Yunho pergunta desafiante.

—Claro que topamos. —O garoto mais velho fala, ignorando os protestos de Donghae. —Quando temos que ir?

—Agora mesmo. —Yunho responde de imediato. —Iremos os acompanhar até a entrada do bosque para ter certeza que vão cumprir o desafio.

Sungmin concorda e os quatro garotos descem novamente as escadas, retornando ao pátio para sair do casarão e finalmente rumar ao lugar desejado, o bosque. 

Andaram de forma discreta pelo pátio, tentando fazer o mínimo de barulho possível para não chamar atenção de qualquer pessoa, contudo quando estavam chegando próximos ao portão, viram duas madres andando na direção contrária, o que faria eles se encontrarem uma hora. Por isso os quatro se esconderam atrás de uma das pilastras, enquanto escutavam a conversa das duas freiras.

—Temos que reunir logo as crianças para fazerem a oração, hoje é um dia que precisamos muito dela.

—Vamos os reunir o quanto antes, precisamos da oração para fazer a proteção do orfanato, hoje é o dia das bruxas, dia que as criaturas malignas têm mais facilidade para atravessar para o lado humano da barreira, inclusive a bruxa da torre, que sem a proteção pode querer vir nos atacar. —A segunda freira completou.

As duas começaram a rumar em direção ás escadas que levavam ao andar que ficavam os quartos e as quatro crianças escondidas atrás da pilastra suspiraram aliviadas.

—Ainda bem que não nos viram. —Changmin disse em alivio.

—Vamos sair daqui antes que elas voltem. —Yunho falou já se levantando e rumando para a saída do lugar.

Quando já estavam em segurança do lado de fora, Sungmin questionou.

—Os espertos podem me dizer como vão conseguir encobrir que eu e Donghae não vamos estar no jantar e nem na hora da oração? —O mais velho dos garotinhos perguntou enquanto encarava seriamente os dois mais velhos.

—Vamos dizer que os dois borralhos estão doentes, as madres nunca se importaram quando alguém queixava que estava adoentado, então simplesmente vão ignorar. —Yunho deu de ombros após a fala, mostrando despreocupação.

Todos cruzaram o jardim em silencio, apenas caminhando em direção a cerca que demarcava o fim do jardim que era propriedade do orfanato e o inicio do bosque que muitos temiam. Quando chegaram na cerca, um por um passou por ela, tomando cuidado para não se machucar, já que esta tinha arames.

Assim que tinham pulado a cerca, continuaram a caminhar mais um pouco, até que foi possível avistar as primeiras árvores gigantes, que eram de tamanha altura que tinha que esforçar a visão para se enxergar o topo desta, tornando a mata fechada uma característica daquele bosque.

—Vamos acompanhar os pirralhos só até aqui, daqui pra frente as belezinhas vão ter que se virar. —Changmin disse já se preparando para regressar ao orfanato.

—Ué, os grandalhões tem medo de enfrentar o bosque? —Sungmin provocou com um sorriso nos lábios.

—Não temos medo de um simples bosque como este. —Mesmo que quisesse passar confiança, os dois mais velhos já se afastavam. —Mas o desfio é de vocês, não nosso, então vão ter que se virar por conta própria. —Os dois começaram a andar de volta para o orfanato.

—Covardes. —Acusou Sungmin em tom baixo, segurando Hae pelo braço, este que já se encontrava com medo só de estar ali e não queria andar.

—Hyung, você acha que eles vão nos encobrir para as freiras? —Perguntou de forma inocente.

—Não seja bobo Hae, provavelmente eles não vão falar nada e ainda quando voltarmos iremos ser castigados por termos que vir aqui.

—Vamos mesmo entrar nessa torre? —O menor pergunta novamente, desta vez de forma assustada.

—Sim, Hae-ah, não aguento mais ter que aturar esses dois nos perturbando. – Deixa evidente sua raiva.

—Mas é assustador, hyung. —O moreno se encolhe com o medo que sentia.

—Eu sei, Hae. —Sungmin suspira e segura forte a mão do amigo. —Mas vamos ter que ir.

Após mais insistências da parte de Sungmin, Donghae finalmente cedeu e os dois continuaram sua caminhada por aquele bosque, adentrando cada vez mais este que se tornava mais assustador à medida que começava a dar os primeiros indícios de que logo iria entardecer.

A mata naquele horário estava muito silenciosa, a única coisa que era possível se ouvir era o som do vento batendo sob a copa das arvores que, de vez em quando, até balançavam pela ventania. Sungmin ao lembrar-se de quando saíram do orfanato estava bem próximo de dar seis da tarde e que devido à longa caminhada em que estavam há alguns minutos, já devia ter dado este horário e isto fazia-o lembrar que aquela era a hora sagrada, que era responsável por todo aquele silencio. Ao se recordar disso, sentiu um arrepio lhe subir pela espinha, mas segurou bem firme na mão do amigo atrás de si e prosseguiu a caminhada. 

 

Após mais um tempo andando, finalmente conseguiram avistar a entrada e agradeceram mentalmente, as pernas já doíam e o cansaço se fazia presente, sabiam que aquilo era só o começo do que ainda tinham que enfrentar.

—Eu to cansado, hyung. —Donghae pergunta com um bico nos lábios.

—Eu também Hae, mas pelo menos já estamos chegando.

Deram mais uns passos e estavam de frente com a entrada daquela torre que não possuía um aspecto muito amigável. Quando chegaram mais perto pode se perceber que ninguém ousara passar por aqui, pois até tinha teias de aranha presas na madeira que era feita a porta de entrada.

—Me ajude aqui, dongsaeng. —Sungmin pediu já começando a forçar a porta para que esta abrisse.

Depois de forçarem por mais um tempo, finalmente conseguiram abri-la, esta se mexeu em um rangido alto revelando por fim o seu interior escuro e que pela pouca iluminação vinda do lado de fora, não dava para se enxergar muito.

Entraram de forma receosa e logo procuraram algo que pudessem iluminar o caminho, encontrando pequenas velas que estavam dispostas sob um castiçal, sabiam que aquele seria o único jeito de conseguirem ver o que estava a frente de seus narizes e assim, usando um isqueiro que o mais velho sempre levava em suas vestes, ascenderam as velas podendo ver o que estava a seu redor.

E se arrependeu amargamente, pois assim que acendeu as velas viu montes de algo que não sabia identificar e pela curiosidade tanto sua como do amigo, se aproximaram daqueles “montes” e quando chegaram perto, puderam ver que aquilo eram corpos, corpos de pessoas que com certeza não tinham resquícios de vida em seus corpos caídos, estes não tinham cortes ou coisas assombrosas que identificasse sua morte, mas o sangue que estava ao redor mostrava que esta foi de forma brutal.

Sangue. Era isso que mais aterrorizava Sungmin, sempre tivera medo, nunca conseguiu ver alguém com o mínimo corte que fosse que saísse o liquido carmim escuro, porque o deixava completamente em pânico e enjoado. Tanto que graças a pequena vertigem que sentiu, por pouco não deixara o castiçal cair de sua mão. Donghae ao ver a situação do maior, pegou o objeto da mão deste.

—Hyung, por favor, não desmaie aqui. —Pediu com a voz tremula de medo.

—Não vou desmaiar Hae, mas... O sangue... —O cheiro característico do liquido vital dominava as suas narinas, fazendo-o respirar de forma mais pesada.

—Eu sei hyung, mas agora não dá pra voltar. —Donghae apertou o castiçal em sua mão.

Sungmin tentou clarear sua mente, não podia deixar Donghae sozinho naquela situação, o menor estava assustado o suficiente para não conseguir sequer se mexer. Respirou fundo e em pensamentos repetia o mantra de “Seja forte” diversas vezes, até finalmente conseguir reunir coragem e enfrentar seu medo.

Segurou a mão de Donghae e começou a andar em meio a aqueles corpos caídos, tentava não reparar nestes e ignorar o cheiro que predominava naquele piso da torre. Sempre teve um bom controle mental, então não foi tão difícil, sabia que teria que enfrentar aquele medo se quisesse sair dali.

Após muito controle mental e uma coragem que não sabia nem sequer explicar de onde vinha, chegaram finalmente a escada que levaria ao segundo andar. Por sorte esta estava limpa e os dois garotos a subiram rapidamente, sem nem olhar pra traz, não queriam ter aquela visão novamente.

Quando alcançaram o hall deste, Sungmin suspirou aliviado, se encontrando para recuperar fôlego, tanto pela rápida subida da escada quanto para se acalmar, suas mãos tremiam e sentia o suor frio escorrer por suas costas.

—Conseguimos hyung! —Donghae fala com um sorriso no rosto.

—Não se engane Hae... Ainda temos mais coisas pra enfrentar... Isso foi só o começo... —Falou enquanto ofegava.

 

E ele estava certo, pois assim que estava recuperado e decidiram continuar a caminhada pela torre, se depararam com uma porta de madeira maciça, esta que era ainda mais pesada que a da entrada e que estava em um estado muito mais conservado que a anterior.

Ao avistarem a porta os dois temiam o que iriam encontra ao abri-la e tinha razões para isso, já que assim que empurraram a porta que deu certo trabalho para ceder e dar passagem aos dois, deram de cara com uma sala completamente escura e ambos ficaram ainda mais perto, com receio do que iriam enfrentar assim que a adentrassem e com as velas do castiçal iluminando tudo o que tocava, foram dando os primeiros passos para o interior da sala. E assim que esta foi invadida pela luminosidade das velas, um arrepio correu pela espinha de ambos. 

Aquela sala não era uma simples sala, definitivamente não, pois ali dentro encontravam-se diversos objetos; objetos de metal que mostravam seu brilho quando tocado pela luz, objetos de madeira maciça e uns até de couro, tinha até aqueles que com toda certeza eram afiados e tinham um corte certo. Aquela sala, bem ali á frente dos dois, era uma sala de tortura, umas das mais aterrorizantes, parecia que tinha sido retirada de um dos contos que aqueles que já trabalharam em calabouços reais relatavam por ai e que ao contarem tinham uma expressão completamente assustada.

Quando os dois passaram os olhos por toda a extensão do cômodo, Donghae mesmo com a mão na boca, não conseguiu segurar o grito de assombro que irrompeu por sua garganta.

—Shiu Hae, não grita, não sabemos se tem alguém aqui. —Sungmin o advertiu em um tom baixo.

—Eu sei hyung, mas... —O menor fez um gesto indicando a sala e os objetos desta, como se quisesse destacar onde estavam e qual o motivo de seu grito.

—Eu sei, eu sei. Mas tente não fazer barulho. —Em seguida segurou na mão do outro que relutava em andar e com bastante cautela, até no modo de andar para não fazerem barulho, os dois prosseguiram.

    Começam a andar pela sala, a cruzando de um lado a outro, já que a escada que daria ao piso seguinte estava no fundo desta e se quisessem chegar ao outro andar, teriam que andar no meio daquelas peças macabras. Passaram por varias delas, umas que pareciam novas, outras que mostravam ser mais antigas e por fim tantas outras que estavam remexidas, indicando que tinham sido usadas recentemente, o que fez os dois meninos engolirem em seco ao terem aquela constatação.

Quando finalmente chegaram à escada e subiram o primeiro degrau, suspiraram aliviados, foram em direção ao piso superior sem olharem para trás, aquela torre estava sendo uma experiência ainda mais assustadora do que esperavam, no entanto tinha que continuar, a sua paz dentro do orfanato dependia daquilo.

E quando finalmente chegaram ao terceiro andar - antes que sequer pudessem ver alguma coisa - uma densa neblina os envolveu, esta que até tornou o ar rarefeito, transformando a respiração em algo exigisse mais esforço, o cheiro desta neblina também era extremamente doce, que chegava a ser enjoativo.

E antes que pudessem racionar direito, uma cena começou a se desdobrar á sua frente, como se fosse um filme que fosse exibido somente para eles.

 

 

Estavam em uma floresta, era na época de inverno e o vento soprava fortemente, além da neve que já não era tão forte, mas alguns flocos ainda caiam lentamente. E em meio a toda aquela neve branca, podia-se ver uma mulher que usava um vestido vermelho sangue e recebia um grande destaque pela diferença da cor da neve e do vestido.

Em seus braços ela tinha algo que parecia um embrulho, mas se olhasse mais de perto dava para se notar que era algum ser vivo enrolado em uma manta, pois o tecido de vez em quando se mexia. A moça andava um tanto apressada pela floresta em busca de algo e não tardaram para que descobrissem o que era, assim que avistou uma cabana um pouco mais afastada, ela se aproximou da porta e usando uma cesta que carregava com seu interior forrado com diversas mantas, ela colocou o bebê que antes estava em seus braços e o enrolou muito bem com todas as mantas que ali estavam.

O bebê até sorria ao olhar sua mãe o enrolar com todos aqueles panos, os olhos castanhos brilhavam ao encarar a mais velha e suas fartas bochechas se encontravam em um tom rosado pelo contato com o frio. Quando o bebê estava bem protegido do frio a mulher acariciou suas bochechas.

—Eu vou ter que ir, meu pequeno Sungmin, espero que você viva bem. —Se despediu, selando a pequena testa da criança, enquanto ela o fazia, foi-se ouvido um barulho de um cavalo se aproximando e a jovem logo se levantou, saindo de perto da pequena casa e conseqüentemente do pequeno bebê.

Á certa distancia, após passar um arbusto, ela se encontrou com um homem montado em um belo cavalo, este que esticou a mão e a puxou para montar no animal, logo os dois saíram em disparada para longe, deixando o pequeno Sungmin chorando na porta daquela pequena cabana, com fome, frio e sentindo a falta do calor de sua mãe.

 

As lágrimas desciam pelo rosto de Sungnin, então aquela era sua mãe? Porque ela tinha o abandonado? Porque não olhou para trás ao deixá-lo só naquela floresta? Porque não voltou para buscá-lo?

Tantas perguntas rondavam sua mente e seu coração se apertava cada vez mais, ele apenas queria sua mãe de volta.

“Ela fugiu com outro homem”, uma voz feminina foi ouvida, vinda de algum lugar além daquela neblina, entretanto quem falava não podia ser visto. “Você era um fardo para ela, um filho pequeno não podia lhe dar o futuro que desejava, já o homem com quem ela fugira...”, a voz completou.

Sungmin abaixou mais a cabeça deixando as lágrimas molharem seu rosto e os soluços serem ouvidos.

“E sabe por que ela não olhou para trás? Por que ela não se arrependia de ter o abandonado, até porque, quem se arrependeria de ter deixado um fardo para trás?”, a voz falou com sarcasmo, dando uma risada em seguida.

—Por que ela não volta, eu a amo tanto, eu quero ela de volta...- Sungmin falou entre os soluços de seu intenso choro.

“Ela agora tem uma vida melhor e mais feliz, qual seria o motivo dela voltar e cuidar de um fedelho? Ela nunca quis te ter, não teria sentido em voltar para lhe cuidar”, a voz da mulher disse impiedosa.

O pequeno Sungmin sentiu as pernas perderem as forças e caiu de joelhos no chão, chorando ainda mais intenso. E em meio a seu choro escutou algo, ou melhor, alguém.

—Hyung! Hyung por favor, não se deixe levar, é só uma ilusão. Hyung! —Escutava Donghae gritar e quando abrira os olhos antes fechados e cheios de lágrimas, a neblina se dissipou.

E ele voltou à realidade, estava naquela sala antes cheia de neblina, naquela torre mal assombrada, tudo podia acontecer. Ainda secando as lágrimas, se ergueu do chão e olhou para Donghae que veio correndo até ele.

—Você tem razão Hae, foi só uma ilusão. —Tinha muitas incertezas, mas naquele momento tinha que as deixar de lado.

Mas quando prosseguiram em frente, já perto das escadas, uma forte ventania veio do andar superior e antes a chama que era a sua única fonte de luz, se apagou.

 

Naquele momento, o desespero os atingiu com toda a força. Suas velas, suas luzes e a fonte de esperança de que podiam sair dali, tinham se apagado.

Sungmin puxou Donghae mais para perto para protegê-lo, o menor estava com tanto medo que tremia muito. O castanho apenas tentava pensar em algo para os tirarem dali e também pedia ajuda para conseguirem o fazer.

Pegou o castiçal da mão do menor e segurou com força, como se isso fizesse este se acender novamente e apenas se concentrou em algo que pudesse os ajudar. E quando se concentrou, limpando sua mente e deixando-a clara, algo impressionante aconteceu.

Uma das velas, a do meio, se ascendeu novamente gerando uma luz ainda maior do que anteriormente e quando esta se projetou para fora do alcance normal, como se quisesse voar, Sungmin deixou o objeto cair e deu uns passos para trás, levando Donghae junto.

—O que é isso? —Perguntou completamente assombrado.

Aquela chama, que nesse momento já tomara uma proporção grande, se dividiu em duas e em seguida tomando forma de dois pássaros, estes que aparentavam ser feitos completamente de luz.

Neste momento dois nomes vieram á mente de Sungmin, Pars e Oriole, os dois pássaros eram idênticos, além de fazerem movimentos sincronizados. Os dois animais olharam para os dois garotos como se com o olhar os pedissem para os seguirem e depois foram em disparada pela escada, voando rumo ao topo desta, onde seria o ultimo andar.

Mesmo sem entender direito, os dois acharam melhor seguir os pássaros e assim começaram a correr atrás destes, rumando a outro andar.

Ao terminarem de subirem a escada, deram de cara com uma mulher que já passara da meia idade e que ao notar a presença dos dois fez uma expressão nada boa, deu um sorriso assustador.

—Ah, finalmente vou ter o prazer de acabar com você seu fedelho! —Esbravejou antes de mexer as mãos e conjurar palavras que não eram do entendimento dos meninos e em seguida um raio de luz vermelho foi em direção aos dois.

Neste exato momento, os dois pássaros de luz soltaram um ruído alto, antes de chocarem violentamente um contra o outro e formarem apenas um pássaro (do triplo do tamanho normal que eram quando estavam separados) e um escudo dourado, mas que permitia ver o que se passava ao redor, envolveu os dois pequenos.

A bruxa, enfurecida com aquilo, continuou atacando os dois com aquele raio, que ao ser manuseado parecia um chicote. O escudo continuou os protegendo, mas depois de diversos ataques consecutivos, começou a perder sua força, o que deixou Sungmin e Donghae mais assustados do que já estavam.

Foi-se ouvido barulho de passos e das sombras eis que surge um rapaz, um belo rapaz de tez branca, tão branca que parecia papel, mas que tinha belos e fortes traços. O rapaz encarava aquela mulher com semblante nada amistoso.

—Althea, deixe os meninos. —O homem falou com dureza na voz.

—Kyuhyun, fique fora disso. Esperei anos para faze-lo. —Rebate em um tom nada agradado, lançando outro golpe contra o escudo, contudo o vampiro se põe na frente recebendo o golpe, mas este em nada o abala.

A bruxa solta um rosnado alto, lançando golpes ainda mais fortes contra o homem, porém este nada sente, pois quando era ferido logo em seguida se regenerava voltando a estar intacto. A bruxa já mais fraca, visto que usou boa parte de seus poderes para atacar o outro, percebe que aquilo nada ia adiantar, então decide partir para o confronto direto.

Pondo suas unhas de fora (estas que eram muito maiores do que o costumeiro). Kyuhyun sabia que através da magia, ela tinha conseguido colocar veneno nesta e que podiam até matar um humano comum.

A mulher deu um salto em direção a este começando a arranhá-lo com suas unhas extremamente afiadas, conseguindo o afetar, fazendo alguns cortes mais profundos, porem estes também se recuperavam sozinhos.

O vampiro foi dando passos para trás, desviando dos ataques da bruxa, seu objetivo era a levar para o mais longe possível dos garotos e quando conseguiu, chegando já perto da janela, ele revidou os ataques e por esta já estar fraca pelos diversos ataques, não teve dificuldades em  pega-la pelo pescoço.

—Eu avisei que não podia tocar no que era meu. — Disse com raiva em sua voz antes de levar sua boca até o pescoço da moça, o rasgando, fazendo-a dar um grito assombroso antes de seu corpo simplesmente virar fumaça em suas mãos.

Neste momento, Donghae que assistia a cena aterrorizado, acabou por desmaiar e cair no chão, o escudo que protegia os garotos também desapareceu e os pássaros voltaram, apenas soltando outro canto antes de terem o mesmo destino. Sungmin, não conseguia nem sequer piscar, completamente vidrado no homem á poucos metros de si.

O misterioso moreno começou a caminhar em direção ao pequeno garoto que não recuou e apenas ficou o olhando atentamente.

—Ora, ora. Você é bem corajoso. —Sorrio e levou os dedos a sua bochecha, a acariciando com um sorriso que aparentava esconder segredos.

—Quem é você? —Perguntou com os olhos vidrados nos do outro.

O maior se aproximou mais dele e colou suas testas antes de sussurrar:

—No futuro você irá saber. —E neste momento, Sungmin sentiu uma sonolência tomar seu corpo e logo caiu na inconsciência. 

 

Sungmin só foi despertar no outro dia, logo procurando pelo amigo que estava dormindo na cama ao lado, tendo um sono tranqüilo.

 

E ele não sabia dizer se aquilo que tinha se passado era realidade ou apenas um sonho seu.

 

 

 


Notas Finais


Hey~
Então meus queridos, o que acharam?
Este é o capítulo um da nossa saga que começa, tenho muitos planos para esta estória, que mesmo tendo poucos caps promete trazer muitas emoções.
Deixem suas opiniões nos comentários e até breve.
Obrigada por lerem,
Byebye~


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