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História Born To Die - Goodbyes


Escrita por: SkyWithDiamond

Notas do Autor


Boa leitura.

Capítulo 18 - Goodbyes


...

Lexa continuou a olhar para a figura ao seu lado, ela viu a mulher olhar ao redor como se buscasse por mais alguém ali, porém o local parecia ter sido esvaziado apenas para elas. A mulher continuou em pé e Lexa aos seus pés.

- O que faz aqui? Como me achou? – perguntou Lexa não querendo deixar sua mente ainda mais confusa, ela tentou guardar a arma, porém era tarde demais para isso, a mulher parecia não se importar com a presença daquele perigoso objeto.

- Eu não achei você, você simplesmente passou por aqui enquanto eu apreciava a paisagem – explicou com um sorriso – Como está Eliza?

Lexa não falou nada, apenas observou Nia por algum momento, a mulher que a ajudara a levar Clarke ao hospital, se não fosse por aquela mulher talvez Clarke não tivesse conseguido chegar a tempo. Nia abaixou-se e sentou na grama ao lado de Lexa, a jovem não se movia ou falava.

- O que faz com isso, querida? – perguntou apontando para a arma, Lexa continuou calada, ela apenas observava a mulher, ela não queria falar, ela não queria ninguém ali – Seu amigo me fez uma visita, ele me perguntou sobre os homens que fizeram aquela barbaridade com sua amiga, posso arriscar dizer que essa arma é para vingança?

- É melhor você ir – pediu quase que sem voz, talvez esse fosse o motivo para não ter falado antes, o nó em sua garganta a impedia de se comunicar.

Nia tocou o rosto de Lexa, seus dedos cansados tocaram a risca de sangue já seca no rosto da jovem, ela voltou a olhar para as mãos de Lexa que continuava a segurar a arma.

- Oh... – disse se dando conta de algo. Nia voltou a olhar ao redor, queria ter a certeza de que ninguém estava ali para ver Lexa segurando aquela arma – Você vai usar em si? – perguntou espantando com sua própria conclusão. Lexa olhou para a mulher e Nia percebeu os olhos marejados da jovem.

- Isso tudo é minha culpa – Lexa não se importava se a mulher entenderia ou não, se a denunciaria ou não, se gritaria pelo o parque para prenderem Lexa, ela não se importava, depois de ter feito tantas coisas ruins ela já não se importava – Eu causei isso tudo! Eu falhei com quem eu amo, eu passei dos limites! É minha culpa e eu não posso mais deixar outras pessoas pagarem pelo o meu erro.

- Querida, eu

- Se isso tudo acabar agora, se eu der um fim nisso agora ninguém mais precisará sofrer, eu não posso mais ser egoísta e deixar quem eu amo correr perigo, eu... Eu não posso – Nia trouxe Lexa para seus braços e a confortou ouvindo o choro audível da jovem.

Lexa apertou seus olhos ao fechar, porém suas lágrimas pareciam decididas a sair, Nia cantarolou uma canção bem próximo da orelha de Lexa tentando acalmá-la. Lexa se deixava desmoronar sobre a mulher que ela mal conhecia, e estava bem com isso. A jovem soltou-se de Nia e não se incomodou de enxugar suas lágrimas, ela a deixou ali caindo enquanto olhava para a mais velha.

 - Sabe, tudo o que eu sempre quis, tudo o que eu sempre desejei, a única coisa que eu queria mais do que tudo na minha vida era ter paz, na infância eu quis um lar sossegado, com pais amorosos e pacientes – aquelas memorias amargas de Lexa doíam mais do que qualquer ferimento em seu corpo – Eu não tive isso, então na adolescência eu tive esperanças de encontrar um romance como aqueles de filmes e pudesse formar minha própria família, mas isso foi tirado de mim sem compaixão alguma, eu perdi a fé nas coisas que eu acreditava, na vida que eu desejava, eu era constantemente lembrada de que finais felizes são para boas pessoas e eu não sou uma delas, eu nunca vou ser uma delas.

- E quanto a Eliza? Ela não é mais do que uma amiga?

- Ela é a única que foi capaz de me dar tudo o que eu sempre desejei, mas por conta do meu egoísmo ela sofreu as consequências de está ao meu lado... – a voz de Lexa começou a falhar, e Nia entendeu que aquele era o ponto fraco da jovem – Ela nem ao menos sabe quem eu sou, ela não se lembra de nada, essa é a segunda chance dela e eu não vou estragar tudo dessa vez – Nia viu Lexa segurar a arma um pouco mais forte, e a mulher levou sua mão para a de Lexa.

- E se ela significa tanto assim para você, é dessa forma que vai se despedir dela? Simplesmente estourando seus miolos sem um adeus? Sem dizer como se sente?

- Você não entende, eu

- O que eu entendo é que isso é cruel, você ir sem se despedir, você não dar uma chance a outra pessoa a dizer um adeus, isso é cruel – Nia tomou a arma de Lexa e a jovem tentou pegar, porém a mesma apenas olhou para Lexa que pareceu entender que não seria capaz de ter de volta. – Eu não vou deixar você fazer isso assim, você quer tirar sua vida? Tudo bem, eu não vou impedir, mas antes você vai ter que se despedir, isso não é justo com os outros, eles merecem um ultimo adeus.

- Quem diabos você pensa que é?! – Lexa se irritou e tentou pegar, porém Nia novamente apenas olhou para a garota, e Lexa novamente parou seus movimentos.

- Você sabe onde eu estarei, se estiver decidida a continuar com esse seu plano vá ao meu encontro e eu entregarei isso de volta, mas não antes de se despedir.

- Por que está fazendo isso?

Nia levantou e guardou a arma dentro de seu casaco, colocou as mãos nos bolsos externos e olhou para Lexa. A jovem percebeu os claros olhos lacrimejados de Nia, e as duas ficaram em um silencio que Lexa percebeu que nenhuma resposta sairia da mulher, até que Nia suspirou e desviou seu olhar de Lexa, ela olhou para o lindo lago a sua frente.

- Diga seu adeus – repetiu – Nos encontraremos novamente – Lexa observou a mulher caminhar para longe dela.

Lexa ouviu a sirene da polícia e imaginou que eram uma busca por ela, a jovem caminhou pelo o parque e se perguntou se demoraria muito para chegar até o novo apartamento de Murphy apenas caminhando.

...

- Tem certeza de que não querem ficar mais um pouco? – perguntou Luna parada na porta enquanto observava os três breves hóspedes se despedirem – Eu até que estava gostando da companhia, Johnny.

- Não me chame assim! – disparou não gostando do apelido, só Lexa poderia lhe chamar daquela forma e ele era bem rígido a isso.

- Nossa, desculpa chefinho – disse girando os olhos, a mulher olhou para Aden que parecia culpado por ter contado mais do que deveria, e depois olhou para Clarke que parecia confusa, já que na conversa entre eles, Aden pediu para que a loira saísse. – Foi um prazer conhecê-la Eliza.

- Igualmente – disse com um sorriso forçado, a verdade era que ela ainda não gostava de Luna.

- Luna, você prometeu não contar nada para ninguém sobre isso – Murphy olhou para a jovem e ela apenas concordou, e pela primeira vez o jornalista pareceu confiar na palavra da assistente.

- Eu não vou contar, e não se preocupe, eu cubro você no jornal. Se perguntarem eu digo que você está em alguma matéria investigativa – Murphy não entendeu aquilo, porém não questionou, ele não poderia dar corda as conversas da mulher – Até mais – se despediu fechando a porta.

Luna trancou a velha porta de seu apartamento e caminhou para o sofá, ela voltou a abrir seu notebook e se abaixou para pegar algo debaixo de seu móvel, ela abriu a pequena pasta com suas anotações e colocou ao seu lado no sofá, mesmo sabendo que não havia ninguém em seu apartamento ela olhou ao redor apenas para verificar se estava sozinha, voltou para seu notebook e olhou para uma foto antiga que ela costumava detestar. Pegou sua pasta e tirou um dos papéis, e comparou as duas fotos.

- Demorou, mas eu te encontrei Lexa.

...

- Ra... rav... – Octavia tentava falar, porém estava cada vez mais difícil.

A ambulância acelerava o mais rápido que podia, os paramédicos tentavam estabilizar Octavia, porém parecia que por mais que tentasse, o inevitável estava para acontecer. O tiro de Lexa não havia pegado no mesmo local de Clarke, ela havia acertado próximo à coluna de Octavia.

A advogada levou sua mão à máscara em seu nariz e boca e a puxou, um dos paramédicos colocou novamente e ela insistiu em tirar de novo, e dessa vez o profissional não interviu, poderia ser a ultima conversa.

- Octavia, não se atreva! Não se atreva a tentar se despedir! – ordenou com lágrimas caindo incontáveis vezes, ela nem ao menos tinha deixado os paramédicos cuidar de seus ferimentos, ela só queria que Octavia ficasse bem.

- Fui eu... Eu armei tudo... Echo não me agre... Não me agrediu... – Octavia não poderia deixar suas mentiras seguirem se ela não estivesse ali – Eu... Sinto

- Eu perdoo você, meu amor. Eu perdoo, está tudo bem, vai ficar tudo bem – Raven não se importava com o que seja lá Octavia houvesse feito, ela só conseguia ver sua noiva ali os outros detalhes não importavam.

- Srta. Blake, por favor, não fale mais, não se esforce – o paramédico tentou coloca novamente a máscara de oxigênio, porém Octavia negou uma ultima vez.

Ela alcançou a mão de Raven e a segurou o mais forte que pôde, ela tentou sorrir apesar das lágrimas, Raven negou mais de uma vez, seu choro ficou mais doloroso e ela se odiava por não poder fazer nada.

- Você está livre... Você está... – Octavia sentiu uma necessidade gritante de ter ar entrando em seu corpo, mas ela precisava ser forte, pelo menos por alguns momentos – Eu amo você, e eu sempre esta... rei com você.

- Por favor, não faz isso, não diz isso... Não me deixa, não me deixa – Raven beijou a mão de Octavia e a advogada sentiu as lágrimas da noiva em sua mão.

- Por favor... diz a Lexa... que... que... eu sint... muito – pediu, Octavia tentou puxar o ar para si e sentiu um aperto em seu peito – Continue luta...lutando Rae...

- Sua luta não acabou, sua luta não acabou! – repetiu e viu um sorriso se formar no rosto de Octavia e em seguida um som angustiante que desejou nunca mais ouvir.

- AFASTA!

...

- AHA! – gritou Clarke animada.

Murphy imediatamente levantou seus olhos do notebook e observou o motivo do grito de Clarke, aparentemente a loira havia ganhado alguma partida de algum jogo entre os dois. Murphy se deixou sorrir, porém nunca iria admitir. Aden e Clarke pareciam felizes e despreocupados com toda a situação e Murphy pensou que assim era melhor. O garoto olhou ao redor e observou o apartamento mobiliado, ele gastara uma grana no primeiro pagamento do aluguel, o jornalista suspirou e olhou para o relógio em seu celular, ele havia mandado uma mensagem há quase quatro horas para Lexa e a amiga ainda não havia retornado ou aparecido, o jornalista estava começando a se preocupar.

- Você está trapaceando Clarke! – disse Aden irritado. Murphy imediatamente olhou para o garoto que percebeu a mudança que havia feito no nome.

- Clarke? – perguntou a loira olhando para Aden e depois para Murphy – Escuta, o que está acontecendo hein? Lexa me chamou assim, aquela mulher me chamou assim e agora Aden. Quem diabos é Clarke e por que vocês ficam me chamando assim?!

- Calma aí esquentadinha – disse Murphy tentando não parecer nervoso, ele nem ao menos deixou seu lugar para se aproximar – É uma piada interna que temos, você se parece muito com uma outra amiga nossa chamada Clarke, então sempre trocamos os nomes de vocês por brincadeira porque sabemos que você fica irritada – disse dando de ombros, Clarke continuou a observar o jornalista sem saber se podia confiar naquela explicação.

- Voltando, vamos jogar mais uma vez e dessa vez sem trapacear – pediu Aden tentando tirar Clarke daquela insistência do nome.

- Eu não trapaceei, você que é ruim nesse jogo – admitiu com um sorriso confiante e Aden girou os olhos. O garoto voltou a dar as cartas sempre prestando atenção nos movimentos da loira.

Os irmãos ao sofá continuaram a brincar enquanto Murphy voltava a se preocupar com Lexa, ele já não sabia como chegar até a jovem. Murphy ouviu a campainha e imediatamente levantou deixando seu notebook cair ao chão, ele não se importou e correu para atender a porta. Clarke deixou Aden e sem saber exatamente o porquê correu assim como Murphy e os dois ficaram lado a lado, o jornalista abriu a porta e demorou alguns segundos para que um dos três se movesse ou falasse algo, Lexa tinha os olhos avermelhados, o corte em seu rosto ainda deixava a mostra o sangue seco sobre a pele, Murphy tentou olhar para as mãos de Lexa, mas elas estavam escondidas nos bolsos do sobretudo, Clarke sentiu uma angustia em seu peito ao ver a mulher naquele estado, e sem entender sua ações ela se jogou contra Lexa e a abraçou, Murphy não falou nada apenas observou a cena, Lexa olhou para o amigo por trás do ombro de Clarke enquanto se deixava abraçar pela a loira. Quando Lexa finalmente tentou se mover e abraçar Clarke, a loira já tinha saído de seus braços e parecia envergonhada.

- Desculpa... Eu... Desculpa – Clarke correu envergonhada e confusa, ela correu para o quarto deixando Lexa ainda parada a porta.

- Eu vi as notícias no jornal, houve um massacre no departamento de polícia – comentou. Lexa entrou no apartamento e observou Aden ao sofá, o garoto parecia assustado e preocupado com seu estado – Lexa...

- Eu os matei – disse apenas para Murphy ouvir – Eu matei a todos – admitiu e apesar de tentar parecer não se importar, o jornalista sabia que havia arrependimento ali.

- Raven e Octavia? – perguntou. Ele fechou a porta e continuou a olhar para a amiga, ele viu a dificuldade de Lexa ao tentar falar então ele apenas a abraçou – Eu não vou julgar, eu não faço isso – sussurrou para a amiga – Eu estou aqui, me ouviu? Eu estou aqui por você – Murphy não conteve suas lágrimas, apesar de querer que Raven Octavia pagassem pelo o que fizeram ele não queria que tivesse chegado ao ponto de Lexa eliminá-las.

Aden juntou suas cartas do baralho e as deixou no canto do sofá, o tímido garoto observou sua irmã e ele nunca quis tanto abraçá-la como naquele momento, porém continuou ali. Ele viu os dois saírem do abraço e cochicharem algo, Lexa olhou para o irmão uma outra vez e seguiu com Murphy para algum lugar dentro daquele apartamento.

...

Raven caminhou pelo corredor daquele angustiante local, sua mão e seu braço já estavam com curativos, mas ela não se sentia bem. Enquanto caminhava ela sentia a perda em seu coração, o vazio já instalado sem piedade alguma. Ela já não sabia o que fazer, e sinceramente ela não queria saber. Ela achava que já estava vivendo seus dias de escuridão, porém estava começando a entender que naquele particular momento era o começo da sua escuridão.

Echo saiu do balcão da recepção e correu ao ver sua capitã, ela observou o estado da mulher, Echo segurou o rosto de Raven e sentiu as lágrimas da mulher correr entre seus dedos.

- Eu ouvi o que aconteceu e vim correndo para cá – disse não sabendo o que fazer naquela situação onde nunca vira sua imponente capitã sem rumo – Octavia?

Raven negou com a cabeça e voltou a chorar, cansada de fazer aquilo. Echo imediatamente a abraçou sabendo que Raven nunca mais seria a mesma depois daquela perda. Ela ignorou os olhares dos curiosos que passavam ao corredor e continuou abraçada a mulher.

- Não se preocupe, eu não vou deixar ninguém fazer nada a você – sussurrou mais para si do que para sua capitã, nem ao menos sabia se ela seria capaz de lhe ouvir – Você está segura comigo – Raven nem ao menos ouviu aquelas promessas de Echo, ela só conseguia pensar no que iria acontecer dali para frente.

...

Lexa saiu do banho e pegou uma roupa que já estava sobre a cama, Murphy havia feito umas rápidas compras, ele já estava acostumado com aqueles breves recomeços e sabia como proceder naquelas situações. Lexa vestiu-se, seus cabelos ainda úmidos não a incomodavam e ela não se deu o trabalho de penteá-los. Olhou-se no espelho e tocou em seu rosto, o sangue finalmente havia sumido, porém a risca ainda permanecia ali e sem dúvidas alguma deixaria uma cicatriz de lembrança. Ela ouviu batidas na porta e virou-se para encontrar Murphy, ele trazia um copo de leite quente e ela sorriu com isso, Lexa se aproximou e sentou-se na cama junto a Murphy. Lexa tomou o leite calada, sem dizer uma palavra ou olhar para Murphy, ela sentia o constante lembrete do que havia feito e isso lhe consumia.

- Não me perdoe – disse finalmente quebrando o angustiante silêncio. Murphy não ousou falar, ele só continuou a encarar a vulnerável criatura a sua frente – Todas as coisas que eu fiz, todas as barbaridades que eu fiz e envolvi você, não me perdoe – pediu novamente e Murphy começou a se incomodar – Eu não mereço perdão Johnny,  eu consigo ver isso agora, antes eu era egoísta demais para enxergar isso, mas eu cansei.

Murphy pegou o copo da mão de Lexa e ao segurar aquilo percebeu que sua mão estava trêmula, ele de imediato tentou esconder aquilo e pôs o copo sobre a bandeja na escrivaninha. O jornalista tomou um breve momento para comparar aquela situação com a passada, e não demorou muito para perceber o quanto Lexa havia mudado em apenas um ano, Clarke a havia proporcionado o que Murphy sempre quis para sua amiga, paz e uma vida sem preocupações e isso amoleceu Lexa, a mostrou que ela podia amar.

- Você nunca hesitou em me ajudar, você nunca me deu as costas por mais doloroso que fosse abrir mão de outras coisas, eu sei o quão duro foi para você perder Bellamy, mas você não hesitou em me ajudar mesmo que isso significasse abrir mão dele.

- Existem várias formas de amor, a que eu sinto por você foi mais forte do que a que eu sentia por ele, e eu não me arrependo disso – era a primeira vez que Lexa viu Murphy se emocionar e não querer mostrar tal sentimento – Nós passamos por muita coisa juntos, você sempre esteve comigo e eu sempre estarei com você não importa se esse caminho me leve ao inferno – Lexa esboçou um tímido e sincera curva em seu sorriso.

- Você não é uma má pessoa Johnny, você nunca foi uma e eu me condeno por ter colocado você e Octavia nisso, céus! Se eu pudesse voltar atrás eu

- Não teria feito diferente – o sorriso de Murphy desencadeou rápidas lágrimas que logo foram enxutas pelas mãos ainda mais rápidas do jornalista – Você ama aquela criatura, você faria de tudo para ter a certeza de que ela ficaria bem mesmo sem você presente na vida dela, Clarke nunca soube das diversas vezes que ela se livrou de algo por sua causa, você foi o anjo dela e se pudesse faze diferente você não faria, porque nós dois sabemos que nada vai ser mais importante do que o bem estar de Clarke.

- Você me conhece tão bem – Murphy colocou todo seu corpo sobre a cama e se aproximou para abraçar a amiga, logo a soltando – Amo você Johnny – sussurrou como se fosse seu maior segredo, Murphy gargalhou alto ao finalmente ouvir a confissão.

- Eu sempre soube – o rapaz pegou a mão da jovem e a segurou – Eu não me importo com o que você fez, com as coisas que teve que fazer. Lexa, você é a pessoa mais forte que eu pude conhecer, as coisas pelas as quais você teve que passar e ainda sim conseguiu seguir em frente, eu nunca poderia fazer o mesmo. Eu sei que você pode achar que não merece uma vida normal, mas é tudo o que você deveria ter... A vida te bateu muito forte e você aguentou até aqui, uma hora ela vai cansar de atingir você e eu preciso que entenda que quando isso acontecer você finalmente vai ser feliz.

Lexa apertou seus lábios entre si ainda incerta se sua voz estava pronta para sair, ela negou e as mãos suaves de Murphy tocaram o rosto da jovem.

- É que eu estou tão cansada Johnny, eu estou tão cansada de lutar – Lexa respirou fundo e internamente ordenou que suas lágrimas parassem – Eu preciso que você me prometa algo.

- Não, eu não vou prometer porque eu sei exatamente o que vai vir depois Lexa – Lexa ignorou o jornalista, ela não iria dar ouvidos a ele.

- Nesse momento você é o único que eu confio e sei que vai ser capaz de cumprir o que eu vou pedir – Murphy tentou negar, mas foi a vez de Lexa segurar a mão do amigo – Aden é forte e inteligente, ele tem um futuro brilhante pela frente e sei que ele vai se tornar um homem honrável, ele só precisa ficar longe de tudo isso e você precisa tomar conta dele mesmo se ele negar – Lexa podia não ser de demostrar muito seu sentimento pelo o garoto, mas ela não queria nenhum mal se aproximando dele – Ele perdeu a mãe, o pai foi um monstro e ele tem uma irmã como eu, essa criança merece algo melhor, me prometa que vai cuidar dele.

- Eu prometo – por mais que ele não quisesse saber o motivo, ele iria cumprir sua ordem – Clarke?

Foi então que Lexa fechou os olhos com a insana dor que de repente havia tomado conta de seu peito. A mulher levantou e pegou seu celular, entregou para Murphy e ele apenas segurou sem questionar.

- Se caso ela se lembrar de quem ela era, se ela se lembrar de mim e de tudo o que aconteceu eu quero que você mostre o vídeo que está aqui, mas só se ela lembrar, caso contrário esqueça essa gravação – Murphy ficou tentando ao saber o conteúdo do vídeo, porém iria respeitar a privacidade delas.

- Lexa, o que vai fazer? O que vai fazer? – Murphy não queria aceitar que poderia perder a amiga, mas ele sabia que se Lexa estivesse com sua cabeça feita jamais voltaria atrás.

- Isso não é um adeus... – disse com um sorriso trêmulo.

- É um nos encontraremos novamente – completou Murphy em um sussurro.

O jornalista levantou da cama e abraçou a amiga, ele pareceu nunca mais querer soltá-la e se tivesse a certeza de que conseguiria fazer isso ele iria tentar prendê-la em seu abraço e evitar tudo o que ela planejava. Ele soltou-se da mulher e começou a chorar, ele nem ao menos conseguia olhar para ela e Lexa entendia o porquê, ela apenas tocou no ombro do garoto e saiu do quarto deixando o jornalista desmanchando em lágrimas.

Lexa fechou a porta atrás de si e quando voltou para frente sentiu seu corpo sendo empurrado, ela olhou para o garoto que acabara de lhe agredir e antes que ele tentasse novamente ela segurou os braços do jovem, ele tentou se soltar e Lexa percebeu as lágrimas nos olhos tristes de seu irmão, ele chorava sem vergonha alguma e Lexa o abraçou, ela o abraçou mostrando que se importava, ela o abraçou mostrando que finalmente estava bem com a ideia de ter um irmão.

- Eu não quero perder você! Eu não quero perder minha irmã! – Lexa beijou os cabelos do irmão e percebeu suas lágrimas molhando as madeixas do garoto – Você está indo sozinha não é? Você não pode ir sem reforços, eu vou com você, eu poss

- Shiu – pediu parando o irmão, ela beijou a testa do garoto e tentou sorrir, mas falhou – O mundo foi cruel comigo Aden, eu não vou deixar ele fazer o mesmo com você, eu estou fazendo isso para que você e Clarke tenham uma chance, eu sei que pode ser tarde demais para dizer isso, mas eu sinto muito por negar você – Aden voltou a abraçar a irmã – Você é um bom pirralho e tenho certeza de que vai ter sua melhor chance.

- Eu preciso de você, Clarke precisa de você, nós somos uma família... A única que eu tenho – Lexa se perguntou por que despedidas tinham que ser tão dolorosas, talvez saber que nunca voltaria a vê-los tornava tudo mais difícil, porque não era um simples “até logo”, para Lexa era um adeus.

- Me promete que vai cuidar dela? Me promete que sempre vai estar ao lado dela? Ela já sofreu tanto e perdeu tanto, seja a família dela – pediu soltando-se do garoto – Se cuida garoto.

Lexa começou a caminhar pelo o corredor e sentiu duas mãos agarrem sua cintura e ela percebeu ser Aden tentando impedi-la.

- Não vai... Por favor... Não vai... – Lexa soltou-se do garoto e não olhou para trás, ela sabia que se olhasse mais uma vez para seu irmão ela teria dúvidas.

Aden parou seus pés no meio do corredor e abriu bruscamente a porta do quarto, Lexa ouviu o bater de porta mostrando a irritação do garoto. Ela enxugou suas lágrimas e respirou fundo algumas vezes, ela foi até o ultimo quarto e deu duas batidas na porta, antes de entrar ela respirou fundo mais uma vez e abriu a porta. Clarke estava sentada em sua cama olhando para o teto do local, como se estivesse com sua mente longe demais, Lexa entrou no quarto e fechou a porta foi então que Clarke percebeu a presença da garota. Lexa sorriu ao ver sua blusa favorita no corpo de Clarke.

- É minha blusa favorita – disse apontando para o desenho da mulher maravilha estampada na camisa, Clarke sorriu como se estivesse confortável com a presença da mulher. Lexa sentou-se ao lado de Clarke e olhou para ela – Como está se sentindo?

- Um pouco frustrada por não lembrar de nada, mas me sentindo bem aqui, Murphy e Aden me passam confiança – explicou sempre com um sorriso acolhedor.

- Johnny pode ser um idiota e insensível as vezes, mas não leve para o lado pessoal, ele é assim com todos – ao ouvir a leve gargalhada rouca de Clarke, Lexa sentiu o pulsar em seu coração acelerar.

Lexa sentiu a mão de Clarke tocar seu rosto e ela se assustou um pouco, Clarke hesitou em continuar a se aproximar, até que Lexa deu permissão, quando Lexa sentiu o toque de Clarke seus olhos se fecharam e ela se perdeu em seus melhores momentos com a loira. Clarke tocava no caminho da futura cicatriz e só de imaginar Lexa se machucando fez seu estômago revirar.

- Lexa... O que houve? – perguntou preocupada tirando sua mão do rosto da mulher.

- Um acidente de trabalho – explicou dando de ombros – Eliza... Você não se lembra de nada? Nenhum fragmento? Nenhuma lembrança? – Lexa se deu mais uma chance, se Clarke dissesse que se lembrava de algo mesmo que uma pequena parte de sua vida, Lexa desistiria de tudo. Ela nunca teve tanta esperança como naquele momento – Não se lembra de mim?

- Eu sinto muito, mas eu não lembro – disse sabendo que estava decepcionando a garota – Mas eu sinto... – Lexa olhou para a loira e as borboletas em seu estômago estavam prestes a se libertarem – Eu sinto que você é parte de algo importante na minha vida, eu só não consigo lembrar o por que.... Eu sinto que somos importantes uma para outra, e eu esperava que você me dissesse o por que.

Lexa suspirou.

Clarke se frustrou.

- Algum dia talvez você se lembre, mas eu quero dizer que você é importante para mim, você foi uma das poucas pessoas que conseguia me ver pelo o que eu realmente era, você me deu muito mais do que eu poderia pedir e eu sei que pode ser confuso para você, mas não importa o quão longe eu esteja, eu sempre estarei com você – Clarke sentiu uma repentina falta de ar e seus olhos pareciam está em chamas, ela nem notou as lágrimas caindo.

- Por que eu estou sentindo isso? Por que está doendo? – perguntou sem saber o porquê de todas aquelas sensações, Lexa sorriu e pegou as mãos da amada.

- Porque no fundo você sente o mesmo que eu, você sente o que somos. – Lexa começou o abraço e Clarke se agarrou a mulher – Já que não se lembra de antes, quero que grave isso com você – Lexa sussurrava entre os cabelos dourados naquele eterno abraço – Eu amo você, e isso nunca vai ser capaz de mudar. Se cuida, e siga em frente, faça novas lembranças, conheça novas pessoas, ame sem medo e se tiver um tempo lembre de mim.

Lexa tentou se soltar e quando fez isso os lábios de Clarke tomaram os seus, o tocar singelo fez ambas as garotas deixarem mais lágrimas caírem. Lexa levou sua mão à nuca de Clarke e a trouxe para mais perto, Clarke deu permissão para a língua de Lexa invadir sua boca e ao sentir o toque da outra ela suspirou entre o beijo.

Eu amo você Clarke.

Clarke hesitou um pouco e esvaziou seus pensamentos, voltando a se concentrar no que a língua de Lexa estava fazendo em um simples beijo.

Eu sempre estarei com você.

Clarke imediatamente se separou de Lexa e seus olhos buscaram pelos os verdes, ela observa Lexa como se ela fosse à única pessoa que lhe importava. Lexa se aproximou e beijou a testa da loira, Lexa sorriu e enxugou a única ultima lágrima que desceu dos olhos da loira, beijou os úmidos olhos e mais uma vez olhou para aquele mar dos olhos de Clarke, ela iria lembrar-se deles.

- Adeus... – Lexa levantou e Clarke continuou a segurar a mão da garota, ela sabia que aquele adeus realmente significava que não teria um reencontro.

- Nos encontraremos novamente?

Lexa apenas sorriu e soltou-se gentilmente das mãos de Clarke querendo desesperadamente ficar. A loira levantou-se, porém não parou Lexa, apenas a observou ir. Lexa fechou a porta atrás de si e se deixou chorar, ela voltou-se para a porta e a encarou como se fosse Clarke.

- Eu sempre estarei com você, Clarke. – sussurrou.

- Não vai... – Lexa pôde ouvir do outro lado da porta  a voz rouca parecendo ainda mais intensa – Não vai... – repetiu Clarke não sabendo por que sentia tanta necessidade de falar aquilo.

Lexa se descolou da porta e negou, era o melhor para Clarke. A mulher andou e finalmente chegou à saída, ela estava deixando tudo o que amava, e céus como doía.

...

- Então é aqui que você está se escondendo, não é Lexa? – disse Luna para si enquanto espionava de seu carro o prédio onde Murphy estava morando, ela sabia que Lexa uma hora aparecia naquele lugar e ela estava certa. – É agora – Luna viu Lexa saindo e saiu do carro, porém viu que a mulher pegou um táxi – Ah não! – Luna voltou para o carro e seguiu a mulher.

Luna havia gravado o número que Murphy havia usado em seu celular para ligar para o dono do apartamento, quando o jornalista foi embora ela ligou para o mesmo número dizendo ser amiga de John Murphy e que eles haviam esquecido o endereço, então sem esforço algum conseguiu o paradeiro de seu chefe.

Luna manteve distancia para que o taxista não percebesse que estava sendo seguido, depois de alguns minutos tentando não parecer suspeita ela observou o carro parar no cemitério. Luna também estacionou o veiculo e pegou seu celular colocando uma gravação para vídeo.

- Aqui é Luna, são exatamente nove e treze da noite, caso alguém encontre meu celular e não a mim quero dizer que estou no cemitério de New York. Mãe, pai desculpem por não ser uma advogada de sucesso, Lilian minha irmã eu a encontrei, Lexa está aqui eu disse que a encontraria. Eu tenho que ir agora, Lexa está entrando no cemitério, amo vocês.

Luna parou o vídeo e colocou o celular no bolso, saiu do carro e entrou no cemitério tentando acompanhar Lexa de longe.

**

- Você veio – Nia saiu da casinha e se aproximou da calada jovem – Acho que isso lhe pertence – Nia entregou a arma para Lexa e a jovem segurou – Se despediu? – Lexa concordou – Como eu falei é crueldade não dar chance de dizer adeus, e você fez bem em fazer isso.

- Se foi algo bom por que dói tanto?

- Porque nunca queremos deixar quem amamos – respondeu se aproximando de Lexa e tocando em seu rosto – Bom, eu nunca quis deixar minha filha e mesmo assim ela foi tirada de mim – Lexa então entendeu o porquê de toda compaixão de Nia, ela também havia passado por aquilo – E tudo o que Anya queria era ser amada.

Sem pensar duas vezes assim que ouviu o nome Lexa tentou atirar em Nia, porém nenhuma bala saiu, a única que tinha Nia havia tirado.

- Oh querida, você realmente achou que eu deixaria essa arma carregada para você me matar como fez com Anya? Agora vamos, vamos entrar e tomar um chá, a noite está muito fria para conversarmos aqui fora.


Notas Finais


Então, já chegamos ao cap 18 de BTD, e acho que essa é a hora de dizer que já estamos na reta final, ainda não fiz as contas direitinho, mas falta 3 ou 4 cap para o final. Já tenho o final de clexa escrito, na verdade tenho dois finais, só que ainda não decidi qual usar, mas enfim é só isso.

Bjors e até o próximo.


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