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História BoyTechno - O resgate


Escrita por: CaliVillas

Capítulo 12 - O resgate


 — Sou a senhorita Ohana Sato, gerente geral do hotel. Lamentamos muito o ocorrido e sérias providências serão tomadas, para que algo assim jamais aconteça, novamente. Sendo assim, o que podemos fazer de imediato para ajudá-la, senhorita Santelmo? Estamos ao seu dispor e fique certa que o hotel arcará com todo o seu custo?  

Logo, depois, da constatação do roubo bem debaixo do nariz deles, uma mulher bonita, magra e elegante, de idade indeterminada, com cabelos pretos e pose de modelo surgiu através da porta, estendendo a mão para mim, aceitei o cumprimento um tanto relutante, já que, eu ainda estava muito atordoada, para consegui pensar o que poderia fazer para resgatar Mathews.

— Preciso de um carro – falei em um impulso

— Um carro?

— Sim, um carro, de um desses smartcars de você.

A mulher me encarou surpresa com meu pedido.

— Sim, claro, faremos tudo para ajudá-la. Vai a algum lugar em especial? Pois, caso queira, um dos seguranças poderá acompanhá-la.

— Não será necessário.

Acho que estou ficando louca, mas tinha ideia para onde o pequeno cientista louco havia levado Mathews, provavelmente, para o seu covil, achando que eu jamais descobriria que foi ele o autor do roubo, imaginando que tenha me subestimado.

 Eu sabia o seu endereço, estava gravado no meu DI, jamais desprezo uma informação, pois, poderá ser útil no futuro, aprendi isso na minha área de trabalho. O hotel foi bem ágil, e logo estava dentro de um smartcar, foi só enviar o destino para o sensor de direção e estava a caminho, no entanto, ainda sem nenhum plano em mente, mesmo sabendo que não poderia, simplesmente, aparecer na porta daquele ladrãozinho desprezível e dizer: Devolva o meu boytechno que você roubo. Com certeza, isso não daria certo.

Eu pensava e pensava, querendo arquitetar alguma forma de entrar naquele bunker e tirar Mathews de lá de dentro, sozinha e desarmada, só podia estar louca e achar que iria conseguir tal façanha. A viagem foi inacreditavelmente curta e quando percebi, entrava na rua programada, com muito cuidado para não atropelar nenhuma criança. Crianças?! Será? Era uma loucura, mas poderia dar certo, essa era a única ideia que me veio à cabeça, naquele instante. Então, ordenei para o carro parar em uma rua lateral, assim, não chamaria muita atenção. Agora, a outra parte do meu plano dependeria de alguns colaboradores, que precisaria angariar. Andei em direção ao grupo de crianças barulhentas que brincavam na rua, despreocupadas.

— Oi! – disse, querendo parecer simpática, já que nunca lidei com crianças. Elas olharam para mim, desconfiadas. – Vocês querem ganhar algum dinheiro? – Seus olhares ficaram mais assustados com a inesperada pergunta, algumas delas deram um passo para trás.

— E o que temos que fazer? — Uma menina mais velha, mais alta, deu um passo à frente e me encarou de um modo arrogante, erguendo o queixo, cruzou os braços na frente do peito, sustentei o olhar um tanto intimidade, apesar de ela ser menor do que eu.

— Eu só quero fazer uma brincadeira com o homem daquela casa cinza, ali – disse, em tom dissimuladamente alegre.

— Por quê?

— Porque ele é meu amigo e quero lhe fazer uma surpresa – A menina parecia não acreditar na minha desculpa.

— Por quanto?

— Cinquenta, para vocês dividirem – propus.

— Cento e cinquenta – ela rebate.

— Cem, oferta final.

— Ok, fechado, cem. Agora.

Um tanto receosa, peguei minha carteira, a garota estendeu a mão e dei o dinheiro a ela, que sorriu, vitoriosa.

— E agora o que temos que fazer?

Eu expliquei a eles com detalhes o que queria que fizessem, seria bem simples e sem risco, era só...

 Fiquei junto ao muro, de tocaia, com o coração aos pulos, então, uma a uma as crianças se sucediam, na frente do portão, apertando o botão do antigo videofone do cientista louco, umas falavam uma besteira, xingavam um palavrão até cantava uma musiquinha, toda vez a resposta do homem demonstrava uma raiva crescente, com a interminável brincadeira. Do lado de dentro da casa, o homem xingava, gritava, ameaçava os pequenos perturbadores, e eu tinha medo que, irritado, ele, simplesmente, desligasse o aparelho e tudo fosse em vão.

 As crianças estavam se divertindo, cada uma inventando algo mais bizarro para irritar a sua vítima. Enquanto, eu esperava até que uma das crianças fazia caretas engraçadas diante da câmera, percebi o portão destrancar e abrir de forma abrupta e o homenzinho surgiu esbravejando:

— Suas merdinhas, vou matar vocês! Estou esperando visitas importantes!

Assustado, o garoto saiu correndo. Era minha chance, corri o mais rápido que pude e saltei sobre ele, como uma leoa enfurecida, derrubando-o no chão, em total estado de estupefação. Ajoelhada sobre o peito dele, segurei a gola do seu guarda-pó e bati sua cabeça contra o chão.

— Onde ele está? – gritei na sua cara.

— Quem?

— Mathews!

— Quem?

— Meu boytechno.

— Eu nunca mais o vi, depois que saíram daqui.

— Mentira! – berrei. – Eu vi a gravação do hotel!

— Você é louca! Saia de cima de mim!

Nesse momento, ele caiu em si e reagiu, me empurrando com força, as mãos nos meus peitos, na minha cara, não me deixando em respirar, eu tentava resistir, heroicamente, sentando sobre ele com toda a meu peso, contudo, ele se remexia igual a uma cobra debaixo de mim.

 — Onde está Mathews? – eu gritava, tento segurá-lo.

— Eu não sei! – Ele tentava escapar.

          — Olá, Mathews. Ajude-me! – Era a minha última cartada, vendo que não dava mais para aguentar.

Ele estava quase escapando, eu já cansada de tanto lutar, quando senti o tal homem ser puxado de baixo de mim. Olhei para cima e me deliciei com a visão de Mathews, segurando o homem pelo colarinho com os pés pendurados no ar, movendo-se como uma marionete sem cordões.

 — Mathews! – Quase tive um orgasmo nesse instante. — Largue esse traste e vamos embora daqui! – Mas, ele permaneceu com o traste no ar.

— Acho melhor imobilizá-lo, para que não cause mais problemas

— Você tem razão.

Ele colocou o homenzinho no chão e o empurrou para dentro do galpão, eu fui atrás deles.

— Como você nos achou? – perguntei ao homenzinho, porque não queria outra surpresa.

— Simples, rastreia você, pelo seu DI. É fácil para quem sabe – ele respondeu com um ar jocoso, fiquei chocada.

— E o outro homem que estava com você no hotel? =— continuei o interrogatório.

— Ninguém, só meu androide doméstico. – Apontou com o queixo, e ali, silencioso, estava um modelo bem antiquado, ainda vestido com as mesmas roupas que vi na filmagem. — Você está sendo uma idiota, querida. Sabe quando o seu brinquedinho vale? Muito dinheiro, podemos nos dar muito bem, posso fazer um outro igualzinho a esse, até mais bem-dotado se quiser.

— Eu não estou interessada.

— Mas deveria, eu fiz um leilão on-line.

— Você, o quê?! Como?

— Fui rápido, podia esperar, mas queria correr risco, mesmo assim, ganhei uma pequena fortuna – respondeu, sem esconder o orgulho de si mesmo. – Podemos dividir meio-a-meio.

— Enlouqueceu!

— Certo, 60/40.

— Não!

— Então, 80/20.

— Pela última vez, a resposta é não.

Foi quando ouvimos o videofone anunciar a chegada de um visitante, corri para ver quem era, lá estavam dois homens, um eu reconheci de cara, como sempre, Jonathas Ruiz, e o outro era mais velho com um porte militar de alta patente e uma expressão sisuda. Espera aí, com um porte militar?

— Você sabe quem são os compradores? – perguntei, ao homenzinho.

— Não, eles vieram aqui, levar o produto, eu dei o meu endereço após o dinheiro cair na minha conta em um paraíso fiscal.

 — Tem outra saída daqui?

— Não – o homenzinho me respondeu, com a maior cara dura.

— Ele está mentindo – Mathews rebateu

— Já esperava por essa. Como você sabe?

— Eu analisei a área – respondeu, com segurança.

 O videofone chamou outra vez, mais insistente.

— Vocês acham que eles vão ficar esperando por muito tempo, depois, que gastaram todo aquele dinheiro — O velho se intrometeu com um irônico, com certeza, esperando ser salvo.

— Ele tem razão, eles não vão ficar parados ali fora, muito tempo – analiso as expressões dos recém-chegados. O homem mais velho enfia a mão no bolso, tira de lá algo, uma arma, eles não estão de brincadeira. – Precisamos sair daqui. Tenho um carro esperando lá fora – comunico para Mathews, em voz baixa.

— E ele? – Mathews quis saber, olhando para o homenzinho ainda preso na sua mão.

 — A gente amarra ele – Apressada, começo olhar ao redor a procura de algo que sirva como cordas, encontro algumas tiras de um material elástico. – Isso serve.

Amarramos todo o homem, igual a uma múmia, tapamos a boca e o colocamos em um canto escondido, demoraria um pouco para encontrá-lo. ali.

— A saída fica por ali – ele apontou para uma parede cheia de tralhas na frente, não pude acreditar que era ali mesmo, mas Mathews empurrou os obstáculos, com certa dificuldade.

— Estou quase sem energia – avisou.

Apalpamos a parede e encontramos uma porta convencional camuflada, fechada com trancas, o cientista louco não confiava, somente, na tecnologia em caso de fuga. A porta dava para uma rua lateral, mas, antes de sairmos, parei e olhei para Mathews, era muito simples.

 



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