A melhora de Dean, após a partida de Sam, foi bem significativa, deixando claro que aquela proximidade com o sangue do demônio o enfraquecia, e os problemas causados por Sam, com suas mentiras também o prejudicavam.
Depois de uma semana, ele estava fora do hospital, finalmente, ficando somente com as recomendações médicas, que pretendia seguir, pois queria ficar forte como antes, queria acabar com esses demônios imundos que rodeavam a vida deles, com a ajuda de Castiel e Bobby tudo seria mais viável, porque sozinho sabia que não conseguiria.
De volta na casa do Bobby, com Castiel e seu amado Impala, que fez questão de dirigir até lá, Bobby os aguardava ansioso em rever o “filho” recuperado, e tudo estava transcorrendo bem.
Após duas semanas, que Dean estava na casa de Bobby, ele vinha se cuidando melhor, tomando todos os seus remédios recomendados, estava se alimentando de forma mais saudável que podia, e nada álcool, dormia a noite toda e às vezes durante o dia também, ficou confortavelmente instalado no quarto de hóspedes, onde houve a substituição das duas camas de solteiro por uma de casal, bem grande por sinal, o que deixou Dean meio desconfiado de Bobby, mas ele justificou dizendo que era melhor para sua recuperação. Ele ajudava Bobby atendendo as ligações dos caçadores do país, na mini central de informações que tinha dentro da casa, assistia TV com frequência, jogava cartas com Bobby, fazia trabalhos leves nos carros do ferro velho e no Impala. E sentia muita saudade de Sam, todas as horas do dia e da noite, pensava nele a cada minuto, sempre falando ou fazendo referências a ele nas longas conversas que tinha com Bobby e com Castiel, e, ainda bem que o anjo ficou o tempo todo com ele, pois havia se tornado um grande amigo para Dean.
Castiel e Bobby e durante todo o tempo deixaram os assuntos mais profundos de lado, não queriam retomar questões que faziam Dean sofrer ainda. O coração dele não tinha superado, mas estava aos poucos curando suas feridas internas ao longo daquele tempo, e Castiel e Bobby respeitaram esse tempo dele.
Sam invariavelmente era visitado por Castiel, que o acompanhava e dava notícias reais para Bobby e a Dean, às vezes com temor de fazer o amigo sofrer, não queria atrapalhar aquela recuperação tão necessária.
Sam assim que chegou ao rancho, logo se tornou um grande amigo de Jim e Amy, o caminhoneiro dono do rancho e sua esposa, e fazia de tudo para agradar ao novo amigo com seu serviço no local. Sam limpava o terreno, cuidava de uma horta modesta de legumes e frutas, e tratava da pequenina criação de bichos (um cavalo, duas vacas e algumas galinhas e porcos), era o que ele mais amava fazer, e esporadicamente, fazia alguns trabalhos na casa, consertando telhado, parte elétrica e encanamento, recuperou um velho celeiro que estava desativado, colocando uma cama no lugar, onde passou a dormir junto com o cavalo e as duas vacas, apesar dos protestos de Jim e Amy, que preferia que ele dormisse na casa, para ele ficar mais confortável. Os dois filhos do casal, Luc e Jacob, ficaram muito apegado a Sam, que passou a ser uma espécie de explicador das matérias da escola, onde ambos passavam a semana toda, num colégio interno, só voltando nos fins de semana.
Sam estava se sentindo bem no lugar, mas deixou claro para o casal que era temporário, contando parte de sua história para ambos, a parte que não os assustaria, onde tinha perdido sua mãe num incêndio ainda criança e seu pai num acidente recentemente, e tinha que ficar perto de seu irmão, que era sua única família, mas que eles tinham brigado e estavam dando um tempo um para o outro. Jim agradeceu a ajuda ao amigo, porque precisaria muito dele durante aquele tempo, tanto no rancho como para cuidar de sua família enquanto fazia um trabalho grande de transporte de carga de alimentos que lhe renderia um bom dinheiro para poder custear a faculdade dos dois meninos no futuro e não poderia perder essa oportunidade, vindo muito a calhar conhecer e se tornar amigo de Sam.
Numa dessas viagens Jim ficaria uma semana inteira fora, e já na segunda feira à tarde, um dia após a partida de Jim, sua esposa, Amy, aproveitou a presença de Sam no local, e foi visitar sua família que morava na cidade vizinha e onde ela ficaria até a sexta.
Sam cuidava de tudo sem maiores contratempos, naquela semana. Até um dia ser surpreendido pela presença de Ruby encostada na cerca que Sam estava terminando de pintar de branco, e que seria faria o entorno da propriedade.
Ruby: Oi Sammy...
Sam: O que quer aqui, Ruby ?
Ruby: Poxa demorei um tempão para te encontrar, e você me trata assim, estava preocupada com você.
Sam: Conta outra, eu deixei claro para você que não queria mais nada daquilo, não deixei ?
Ruby: Deixou sim, eu te disse que não aceitava, mas mesmo assim não fiquei te enchendo e resolvi me afastar um pouco...(Ruby omitia o fato de que ficou extremamente feliz ao saber do afastamento de Dean, pela boca dos demônios que havia colocado no hospital, e que Sam sofria com isso, longe dele, e que haviam brigado feio dessa vez).
Ruby procurou por Sam durante todo o tempo, até descobri que ele estava num lugarzinho no meio do nada, o que lhe daria a oportunidade única de resgatar o seu maior plano, mesmo sabendo que teria problemas com um certo anjo, que visitava Sam, e que manteve um cerco de selos que o protegia das vistas dela, e por isso demorou para descobrir onde ele estava, mas nada se comparava ao elo de informações dos demônios na Terra, já que todos odiavam os irmãos Winchester.
Sam: Porque não se afasta para sempre ?
Ruby: Achei que precisava conversar com alguém, uma amiga, tão somente, já que está aqui no meio do nada e sem o Dean, você deve estar chateado com isso. (Sam parou com pincel no ar ainda, pensando que talvez ela estivesse certa, precisava desabafar com alguém o quanto ele estava sofrendo a falta de Dean).
Sam: Só como amiga ?
Ruby: (Sorrindo)...Sim, claro que sim, posso ser um demônio mas ainda tenho sentimentos e me preocupo com você, afinal sempre fomos amigos.
Sam: Tudo bem, acho que preciso mesmo conversar com alguém. Espera aqui...(Ruby achou que nunca tinha sido tão fácil, e era só sorrisos, e esperou Sam que foi e voltou na casa, trazendo duas garrafas de cerveja).
Os dois se sentaram a sombra de uma frondosa árvore que tinha no quintal da casa, Sam no chão encostado no tronco, e Ruby num balanço improvisado que Sam tinha feito para as crianças. Sam estava se sentido bem tranquilo com a presença de Ruby, e contou tudo que tinha acontecido desde a última vez que se viram, e que tinha notícias de Dean, através das visitas de Castiel, e que ele estava bem, mas que sentia muita a falta dele, o que Castiel sempre fazia questão de frisar para que não se perdesse o elo de amor entre os dois. Ruby ouviu tudo sem interromper, sabia que Sam estava sofrendo com aquele afastamento imposto por Dean, quando pediu um tempo, e usaria isso para quebrar a resistência dele.
Ruby: Sam, é bom que ele sinta sua falta mesmo, para poder dar valor a você, e ao que vocês tinham, não vejo como ruim essa separação, apesar de você estar sofrendo, ele deve estar sofrendo mais, arrependido sabe.
Sam: É pode ser...(Bebeu um grande gole de sua cerveja).
Ruby: E quando vocês voltarem a ficar juntos, vocês estarão mais fortes, e não haverá mais dúvidas da parte dele e nem sua.
Sam: Você acha mesmo isso ?
Ruby: Acho sim, mas você tem que se preparar para estar tão forte quanto ele deve estar, para poderem seguir juntos.
Sam: O que você quer dizer com isso ?
Ruby: Quero dizer que ele deve estar aprendendo a lidar com o que sente por você, e você deve aprender isso também, saber ser forte por vocês dois. Porque não repensa nos treinos que podemos fazer para você fortalecer sua mente e seus poderes, pense em como a vida de vocês poderia ser mais leve se não tivesse essa ameaça do demônio Azazel atrás de vocês, se já o tiverem matado, não seria maravilhoso, Sam ? Pensa bem, você poderia aproveitar que está aqui nesse lugar, e enquanto isso começamos a trabalhar nisso...hum? O que acha ?
Sam: Pode ser...vou pensar um pouco.
Aquela manhã transcorreu leve junto com Ruby, o que surpreendeu a Sam, pois começava a pensar que a demônia realmente poderia ser uma boa companhia para ele, e assim não se sentiria tão sozinho, e com ela era mais fácil de conversar, abertamente, sobre qualquer assunto, porque ela sabia de tudo a respeito da relação dele com Dean, e não o recriminava em nada, e isso era muito bom. No mesmo dia, já a noite, resolveu ligar para Bobby, para ter notícias, já que evitava chamar Castiel para isso, porque ele poderia estar ocupado ajudando Dean em alguma coisa.
Sam: Bobby !!!
Bobby: Sam, como está, garoto ? (Falou bem alto para que Dean e Castiel pudessem perceber quem estava do outro lado da linha, estando ambos na sala assistindo TV, que logo desligaram e prestaram atenção na conversa).
Sam: Tudo bem, e vocês estão bem ?
Bobby: Estamos bem, filho, você poderia vir aqui, passar uns dias conosco, o que acha ?
Sam: Eu não posso, eu estou com uns serviços inacabados aqui no rancho e tenho que esperar Jim voltar de uma viagem muito importante para ele.
Bobby: Entendi...mas e depois, será que dá para você vir aqui ? Estamos com saudades.
Sam: Eu sei Bobby, o Castiel me falou... (se referia a Dean)....mas é melhor assim, por enquanto, quem sabe daqui mais um ou dois meses, né.
Bobby: Ah garoto, um ou dois meses, tá louco ? Já se passou mais do que tempo suficiente para vocês dois, burros, colocarem a cabeça no lugar...(Não conseguiu se segurar).
Sam: Bobby, Dean está ouvindo você falar isso comigo ?
Bobby: Claro, e em bom som.
Sam: Bobby, diz para ele que eu sinto falta dele e....(Bobby com cara de nojo, chamou Dean com um gesto fazendo ele segurar o fone, e devido a agitação do outro lado, Sam parou de falar)
Sam: Bobby ??? Tá me ouvindo ?
Dean: Sou eu Sam. (Sam sentiu seu coração palpitar acelerado e não conseguia falar, estava com tanta saudade e ouvir aquela voz, a voz do único amor de sua vida, lhe deixou sem chão, mas tinha que responder, apesar de não conseguia elaborar nada).
Sam: Oi. (Dean também estava com muita saudade, e a cada dia sentia mais falta de Sam, estava com a alma faltando um pedaço, e de ouvir a voz dele, era como se fosse um alívio em sua dor).
Dean: Desculpe me intrometer assim, mas o Bobby me forçou a segurar o fone, e estava fazendo uma cara de poucos amigos...(Riu).
Sam: Eu estava mandando um recado para você, foi por isso que ele passou o telefone, acho que não queria dar o recado...(Riu também).
Dean: Tudo bem então, pode falar quase pessoalmente agora, direto comigo...(Sorriu).
Sam: Dean, eu...(Pausou e suspirou pesado)...sinto muito sua falta...muito mesmo...estou morrendo de saudade de você, eu sei que me pediu esse tempo, e que estamos separados, mas não quer dizer que eu tenha deixado de te amar, eu te amo, viu...nunca se esqueça disso.
Aquela declaração, assim despretensiosa, partiu o coração de Dean, ele se lembrava de tudo que Sam havia aprontado, e tudo lhe doía muito ainda, mas não conseguia evitar amá-lo, simplesmente não conseguia, era maior que a raiva, que a traição, que a repulsa que sentia, era maior que ele mesmo, muito maior.
Dean: (Pausa)....Sam...eu não sei o que dizer...eu..eu...não estava esperando...achei que estava com raiva de mim.
Sam: Eu fiquei, mas não durou nem um dia.
Dean: Olha Sam, eu também sinto saudade de você. (Disse friamente, não queria se afogar mais naquele sentimento, tinha que evitar, para ter forças de recuperá-lo quando fosse preciso).
Sam: Você podia dizer que me ama ? Seria bom ouvir.
Dean: (Preferia morrer a ter que ouvir aquilo, e por mais que o amasse, tinha que ser firme)...Sam eu nunca poderia deixar de amá-lo, você é meu irmão, esqueceu ?
Sam: Claro...Eu tenho que desligar, desculpe...Tchau Dean. (Desligou, caindo aos prantos sem se controlar, como ele se arrependeu daquela ligação que trouxe a certeza que Dean o tratava indiferente e frio, mesmo depois de tudo que viveram, ele realmente o queria somente como irmão, mas nada, era a concretização de seu pior pesadelo).
Dean ainda tentou dizer alguma coisa, mas a reação de Sam em desligar o telefone rapidamente deixou a certeza de que o que ele tinha dito a ele, o tinha machucado profundamente, e se recriminou por isso, não conseguiu mais ficar perante a Bobby e a Castiel, e sem disfarçar, foi para o quarto, e se jogou na cama, ficando longas horas calado e pensando em Sam.
Sam saiu da casa e foi para o quintal, e ficou alguns minutos chutando as pequenas pedras que haviam ali, e estava muito decepcionado com Dean, ele começava a acreditar que ele realmente não o amava do mesmo modo que seu coração o amava, ele sentia um misto de sentimentos naquele momento, algo entre desilusão e arrependimento de ter um dia se declarado para Dean, porque tudo seria tão mais fácil se não o tivesse feito, e com essa nova atitude dele, talvez fosse isso que ele queria mesmo, que tivessem sido somente irmãos, mas com isso vinha a certeza que Dean nunca o amou além da forma fraternal, como ele o amou, acreditou que Dean tivesse somente ficado com ele, para satisfazer mais uma vez, sua vontade, como sempre o fez, e que depois, tinha se arrependido, e por isso terminado tudo.
Aquele momento passou a ser um presságio de uma tristeza que o tomaria em breve, e antes que isso acontecesse, resolveu chamar a única pessoa que tinha perto dele, Ruby. Sam a chamou, gritando o nome dela ao vento, e não demorou mais que alguns minutos para a mesma se materializar na sua frente.
Ruby: Nossa, que emoção, primeira vez que me chama de verdade, depois que sumiu...(Sorriu)...o que foi Sammy ?
Sam: Ruby como vai ? Quantas vezes tenho que te pedir para não me chamar assim ?
Ruby: Tudo bem, mas o que foi, precisa de mim ?...(Falou dando um sorrisinho todo malícia para ele).
Sam: Eu preciso conversar um pouco, me distrair, você pode ficar aqui comigo essa noite, podemos tomar umas cervejas, o que acha.
Ruby: Tudo que quiser.
Estava bem quente naquela noite no rancho e resolveram ficar na imensa varanda da casa, que tomava toda sua frente, havendo uma enorme cadeira de balanços e um jogo de cadeiras com uma mesa de ferro, onde se sentaram, e ficaram conversando vários assuntos diferentes, tomando cervejas. Ruby se mostrou divertida e atenciosa, estava sempre um passo à frente dos pensamentos de Sam, e tentava antecipar cada frase dele, e isso fazia Sam rir mais do que o habitual, o entretendo durante todas as horas que passaram ali, vez ou outra, Sam percebia olhares de Ruby sobre si, que o deixavam encabulado, e isso causava risadas em ambos, era engraçado manter um certo grau de amizade com um demônio, que em outro momento estaria matando ou exorcizando. Sam evitava ao máximo pensar em Dean, apesar de ter se pego algumas vezes, o comparando a Ruby, eles eram divertidos de um jeito diferente, Dean era sempre bem humorado e sarcástico e Ruby era mais espontânea, falava o que vinha na cabeça e era mais maliciosa.
A noite foi muito boa, mas as horas já estavam avançando pela madrugada e Sam teria que acordar cedo no outro dia para os trabalhos no rancho, e resolveu se despedir da morena.
Sam: Ruby, acho melhor eu ir dormir agora, está tarde, eu preciso trabalhar amanhã.
Ruby: Ok, eu não durmo, mas gosto de fazer algumas coisas igual aos humanos, assistir TV e ler um pouco são algumas delas, assim vou partir também...(Sorriu, fez um movimento com a mão, como se fosse um gesto de “Tchau”).
Sam: Hei, antes de ir, eu quero que saiba que gostei muito do dia de hoje.
Ruby: Eu também, Sam, eu tenho que me acostumar a essa nova fase de amizade entre nós...(Risos)...acho que iniciamos de um jeito errado, e fomos para o fim primeiro, para depois voltarmos ao início, né mesmo ?
Sam: É verdade, deveríamos ter nos tornado amigos antes de qualquer coisa, afinal temos o mesmo objetivo.
Ruby: É sim, mas águas passadas...(Levantou a mão para um aperto de mãos com Sam, e esse respondeu, apertando a mão dela também) ...amigos ???
Sam: Sim, amigos.
Assim, Ruby separou o aperto de mãos, virou fumaça e sumiu, e Sam foi descansar para o outro dia, ainda demorando a adormecer pensando, dessa vez em Ruby, que o fazia se sentir ele mesmo, e nem pensou em Dean, pela primeira vez em muito tempo.
Sam não podia ver, mas o anjo Castiel estava ali próximo a ele, o observando, sabia que o que Dean tinha feito mais cedo, iria causar esse comportamento em Sam, em procurar conforto em alguém, e apesar de ter tido a esperança de que Sam o chamasse, ele desconfiou que com a demora no chamado aquela noite, significava que ele havia chamado outra pessoa, melhor, criatura, e foi verificar, o que na realidade, se confirmou.
Castiel voltou para a casa de Bobby, não encontrando Dean dentro da casa, contou o que viu para Bobby que estava estudando na sua biblioteca, indo depois para o lado do loiro, que estava nos fundos da casa de Bobby se afogando em uma garrafa de uísque barato, como não o fazia desde aquela vez no hospital. Sentou-se ao lado de Dean, e sem dizer uma palavra, ficou ali tomando conta dele, e quando viu o fim da bebida na garrafa, simplesmente o abraçou de lado, passando um braço por seus ombros, dando apoio a cabeça dele, que deitou em seu ombro, e assim adormeceu alguns minutos depois, sendo então removido para sua cama pelo toque do anjo, que se entristeceu com tudo aquilo, porque diferente dos demônios, os anjos tinham somente bons sentimentos, não tinham ciência de todas as sensações do corpo humano, não conheciam esse lado, mas os sentimentos eram iguais.
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Os dias daquela semana foram passando de forma calma naquele rancho, Sam trabalhava o dia todo e ao anoitecer recebia a visita de Ruby, com quem ficava até o início da madrugada conversando sobre qualquer coisa, às vezes passeando pelo campo em frente ao rancho, mas na maioria das vezes na varanda da casa mesmo, e era sempre muito agradável para Sam que estava tendo nela, uma amiga nas horas de solidão, e ela estava conquistando a confiança de Sam para si.
A semana de ausência dos donos da casa se prolongou até o próximo domingo, quando Jim e Amy retornaram felizes ao encontrar tudo em ordem e melhorado em muitos aspectos, perceberam o quanto Sam havia trabalhado no local.
Com o retorno do casal, Sam decidiu voltar a dormir no celeiro, onde ele até preferia estar, e agora seria o espaço livre de quaisquer olhares, para receber sua amiga Ruby. E assim, sem ser notada por ninguém, Ruby chegava para fazer Sam se sentir menos sozinho, e ficavam conversando sempre até tarde da noite. Aos poucos, Ruby foi introduzindo assuntos de seu maior interesse, como o de Sam reconsiderar a proposta de desenvolver e controlar seus poderes.
Ruby sabia como se colocar durante a conversa para não assustar Sam, que sempre se mantinha calado, não dando qualquer opinião ou decisão, mas começava a pensar seriamente naquilo, pois tinha chegado a conclusão, claro que com o empurrãozinho de Ruby, de que não lhe faria nenhum mal aceitar essa proposta, já que o motivo dele não aceitar, estava longe e pelo jeito não queria mais saber dele mesmo, o que não atrapalharia em nada a relação deles, que também nem existisse mais.
Ruby convencia a Sam, que diante da confiança que depositava na morena, se deixava levar, afinal acreditava na amizade dela, até porque ela sempre se mostrou confiante de que ele tinha capacidade de atingir seus objetivos, e isso mexia com o seu ego, o agradava, pois enquanto era esquecido pelo seu amor, ele era essencial para uma outra pessoa para realizar um plano grandioso, que envolvia todo o planeta. E diante disso tudo, não tinha mais o que pesar, pois somente enxergava os prós, não havia contras.
Por outro lado, Bobby se enterrava em pesquisas para poder lidar com aquela situação quando tivessem que trazer Sam de volta, pois Castiel volta e meia visitava Sam, em silêncio e o observava, não conseguia ler a mente dele, devido ao sangue de demônio em suas veias. Não podia estar perto dele no mesmo momento em que Ruby, senão seria descoberto, assim Castiel conseguia acompanhar somente alguns elementos para sua percepção, de que Sam estava caindo na armadilha de Ruby novamente. E pior, estava se esquecendo de Dean.
Numa manhã no rancho, Sam se feriu com uma ferramenta ao tentar consertar um pequeno trator para ajudar nos serviços, e como o corte foi profundo, e precisaria de pontos urgentes, Sam não teve dúvidas de chamar por Ruby, até porque todos da casa tinham saído para um passeio na casa da mãe de Amy. Sem demora, Ruby surgiu.
Ruby: Sam o que foi isso? (Se espantou com a quantidade sangue que pingava no chão da mão de Sam).
Sam: Ruby me ajuda, eu me cortei feio numa ferramenta.
Ruby com cuidado pegou a mão de Sam, olhou o ferimento e teve uma idéia que lhe ajudaria no futuro, cortou o seu próprio dedo com um canivete e deixou pingar o seu sangue escuro no ferimento que escorria o sangue vermelho de Sam. Ele ficou sem entender, e olhou fixamente para Ruby, como a questionando, quando sentiu um alívio na dor do corte e olhou para o mesmo e, milagrosamente, o assistiu se fechar sozinho, voltando a pele ao estado anterior, sem vestígios do ocorrido.
Ruby: (Explicou ) ...Sam, o sangue do demônio tem um poder curativo...não funciona em humanos comuns, mas como você tem um pouco de sangue de demônio em você eu deduzi que funcionaria, e que bom que eu consegui te curar.
Sam ficou pensativo por um instante, assimilando o que ela tinha dito, e sem dizer nenhuma palavra, pegou o corte do dedo dela e colocou em sua boca, sugando o pouco de sangue que saía no local, olhou para ela.
Sam: Eu aceito Ruby...aceito aprender tudo que quiser me ensinar. (Ele estava encantado com aquela demonstração de afeto dela por ele, e ainda pelo poder contido naquele sangue).
As palavras proferidas por Sam chegaram rapidamente ao ouvido de Azazel, que esperava ansioso pela retomada de seus planos, e já estava perdendo as esperanças em Ruby o convencer, o que lhe causaria grandes transtornos junto ao seu chefe, que estava bem impaciente para ser libertado.
Durante os próximos dias, Sam se alimentava do sangue de Ruby ou de outros demônios que ela trazia até ele, de forma voraz e afoita, sempre com muita sede, como que despertando o vício que estava contido dentro dele. No início o fazia somente à noite no celeiro, mas após uma semana, já fazia mais de uma vez ao dia, sempre pedindo por mais.
Sam estava perdendo totalmente o controle de seu vício e apresentava já algumas alterações em seu comportamento por conta do mal que havia no sangue, que ele, incessantemente, bebia. Estava sempre de mau humor, quase não sorria mais, e quando o fazia, era para o seu próprio sarcasmo, se esquecia de suas obrigações, dormia bem menos e comia quase nada, havia outras mudanças, mas ele ainda as controlava, para não se fazer perceber aos olhos dos donos do rancho, como a impaciência em tratar com os filhos de Jim, como o jeito desleixado que mantinha com os seus modos, tratando a todos com certa rispidez ou com arrogância, não se comunicava mais com ninguém e preferia sempre se manter recluso de qualquer contato com pessoas, até mesmo Bobby e Castiel, sem falar da parte física, onde se via de longe, grandes olheiras escuras e perda considerável de peso.
Como Sam quase não dormia, reservou essas horas para praticar seus poderes com Rubby, e todas as noites aprendia a fazer exorcismos nos demônios trazidos por ela, fazia isso com o poder de sua mente sobre eles, aprendia a mover objetos e controlar a temperatura do ambiente, inclusive para pôr fogo em algo. E cada vez mais exigia mais sangue para beber, quanto mais usava seus poderes, mais tinha sede, e Ruby, com ajuda oculta de Azazel, sempre saciava essa sede.
Após quase dois meses da ida de Sam para o rancho, o quadro que desenrolava aos olhos do anjo Castiel era o pior possível, ele via Sam se destruir aos poucos, e tentou manter a sanidade do mesmo com alguns contatos, mas esses eram sempre ignorados. As notícias que chegavam a Bobby e a Dean eram cada vez piores, também. Sam caía mais e mais na armadilha de Ruby, o que preocupava imensamente a todos, porque não conseguiam mais manter contato com ele, para tentar uma reaproximação e salvá-lo daquilo tudo.
Bobby já desesperado, tomou a decisão de ir buscá-lo à força, não poderia esperar o retorno de livre e espontânea vontade, e elaborou um plano simples, e com ajuda de Castiel, o traria de volta num piscar de olhos e começaria a tratá-lo rapidamente. Dean não queria e nem se envolveria nesse plano, para não sofrer também.
Então, numa manhã, onde sabiam ser o horário mais improvável da presença de Ruby. Bobby e Castiel se materializaram na frente do celeiro e adentraram ao mesmo, em busca de Sam, que estava testando seus poderes, produzindo pequenas chamas com os dedos.
Bobby: Bom Dia Sam !
Sam: (Olhando de Bobby para Castiel ao seu lado, disse secamente )...Olá Bobby, o que o traz aqui ?
Bobby: Vim te ver, e parece que nem preciso perguntar se está bem, porque vejo que não, está com aparência péssima.
Sam: Bobby, eu disse que voltaria, porque não me espera lá ?
Bobby: Porque você está demorando demais, não acha ?
Sam: É que surgiram outros planos que merecem minha atenção.
Bobby: Que planos são esses, que mereçam mais sua atenção que nós, que Dean ?
Sam: (Riu alto com o máximo deboche que conseguiu)...Dean? Fala sério, Bobby, ele nem me quer perto dele...quanto mais precisar de mim...não me faça rir.
Bobby: Você não sabe do que está falando, ele sente muita a sua falta, e ele precisa muito de você.
Sam: (Levantando uma das mãos para que Bobby se calasse)...Peraí, Dean não precisa de ninguém, ele sempre se virou sozinho, ele é um caçador, e presta atenção....ele não me quer....simples assim...não me quer...entendeu?
Castiel: Sam, por favor, seja razoável, você sabe, no seu coração que não é bem assim...ele quer você sim e precisa de você sim...ele só estava doente e confuso...pensa bem.
Sam: Cas...na boa...quem tem que pensar aqui não sou eu...é ele, eu nunca fiquei deprimido, nem quero morrer, e nunca fiquei confuso com nada...então vocês deveriam voltar para lá e ajudar ao pobre coitado do Dean...eu não preciso da ajuda de ninguém.
Castiel: Não faça isso com você mesmo, Sam, não o afaste de você, e não sinta raiva dele...ele não merece, pode ter certeza que ele nunca mereceu.
Sam: Cas...me poupe desse seu discurso, você é o maldito anjo dele, com certeza, você ficaria do lado dele, e contra qualquer um...mas eu não quero mais falar, me deixem em paz, por favor.
Bobby: Que paz que você acha que está tendo aqui ? Escondido ? Bebendo sangue de demônio que nem água ?
Sam: Isso não é da conta de vocês mais, porque quando eu contei para vocês, ninguém me apoiou em acabar com aquele maldito que matou nossa família.
Bobby: A que preço, Sam ? Me diz, a que preço você se oferece assim para o mal ? O preço é essa vingança idiota ou se ver livre do demônio que podemos derrotar com ou sem esses seus poderes.
Sam: Eu pagaria qualquer preço para acabar com ele, seja pelo que for, vingança ou minha liberdade..
Bobby: Você pagaria até o preço de perder Dean para sempre ?
Sam se calou na hora, não esperava aquela colocação de Bobby, e sabia que era verdade, mas mesmo assim, ainda resistiu.
Sam: (Disse baixo como se para si mesmo)...Sim, eu pagaria qualquer preço...qualquer um...(Abaixou a cabeça, em rendição, para tentar acreditar no que tinha acabado de falar).
Castiel e Bobby ficaram horrorizados a que nível Sam estava dominado pelo vício. Mas Castiel não aguentou mais, preferia jogar todas as cartas para não ver seu protegido sofrer eternamente por amar tanto aquele humano se transformando em demônio.
Castiel: Sam você não sabe toda a verdade, por isso julga os sentimentos de Dean, e do porque ele pediu um tempo na relação de vocês.
Bobby deu uma cotovelada em Castiel, para que esse não contasse tudo, pois poderia colocar em risco todos os planos para resgatar Sam, que percebeu que ele tinha algo a dizer, e Bobby queria esconder.
Sam: Do que você está falando ? (Se virou para Castiel).
CONTINUA....
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