Assim o momento mágico do reencontro foi quebrado por um Dean ansioso, deixando um Sam confuso, mais ainda do que quando entrou naquele quarto, que agora, realmente, acreditou estar sem rumo. Dean virou para Sam, sentando na cama em sua frente.
Dean: (Pigarreou)......É......Como você está ? E o Bobby ? (Quebrando o silêncio).
Sam demorou um pouco para entender o que ele estava dizendo, ainda estava flutuando naquele momento anterior e não conseguia articular direito as palavras, olhou para Dean e fechou a porta atrás si.
Sam: Ele está bem, tudo bem, e você, Dean, como você está?
Dean: Vou indo...e a sua amiga, a vadia, não está com você ? (Como era idiota, em perguntar aquilo, mas não podia evitar).
Sam: (Sam fechou o leve sorriso na hora, sentindo o sarcasmo de Dean)...Não, Dean, ela sumiu, ela não me incomodou mais, eu não sei dela há muito tempo, desde que você...(Parou de falar, sem saber se era correto tocar nesse assunto da partida de Dean, mas não tinha jeito)...Bom desde que você foi embora, ela sumiu também...e eu nunca a procurei e nunca mais bebi sangue algum.
Dean: Ah...entendo...então, não estão mais juntos ? Desde que eu fui embora ? (Mais idiota impossível, em perguntar aquilo e continuar com esse assunto, mas era mais forte que ele, precisava saber).
Sam: Nós nunca estivemos juntos, Dean, nunca. (Sam estava com medo onde aquele assunto iria levar).
Dean: Hum sei...e você e o Bobby têm caçado ? (Querendo se controlar mais).
Sam: Não caço também, na verdade eu nunca cacei sem você ...eu não tenho tempo e nem vontade para essas coisas...eu nunca fui um caçador.
Dean: Mas você está estudando ? Voltou para a faculdade ? (Sabia que não, que ele estava lhe procurando, mas precisava ouvir dele).
Sam: Não, não teria tempo para isso e nem vontade, também. (Sam se segurando para não assustar a Dean com as perguntas que queria fazer, e estava tão nervoso que não conseguia formular nenhuma frase direito).
Ficou aquele clima estranho, quando pessoas não se encontram há muito tempo e não sabem o que falar, apesar de todo o sentimento envolvido, parece que perderam a intimidade entre eles. Então após um longo período de silêncio, Dean olhando seus pés e Sam encantado, olhando para ele, Dean resolveu tentar entrar no assunto mais delicado, e como estava se sentindo acuado, tentou encerrar aquele encontro de forma mais amigável.
Dean: Bom, eu fiquei aqui, te esperando, para saber de vocês, você e o Bobby, se estavam bem?....Vocês precisam de algo ? Senão, acho que já vou indo, afinal, tenho que sair antes dessa neve virar uma nevasca...depois eu entro em contato com o Bobby, para conversar com ele, ok ? (Se levantou da cama com sua mochila de roupas na mão, como se quisesse sair do quarto, fugir, melhor dizendo).
Sam, ainda processando e não acreditando no que estava acontecendo direito, temendo que Dean fugisse novamente, foi até a porta, e retirou a chave que estava na maçaneta, trancando-a, guardando a chave no bolso da calça, respirou fundo, ainda estava tremendo, tentou se controlar, esfregou uma mão na outra, passou a mão no cabelo, bem mais comprido do que Dean se lembrava, e no rosto pálido, muito mais magro e abatido, e se voltou para um Dean atônito:
Sam: Dean, acabou !!! Você não vai mais fugir, fugir de mim, não vai mais fazer isso, nunca mais...(Sem controle algum deixou uma lágrima furtiva rolar em seu rosto).
Dean: Olha Sam, eu quis ver você para saber como você estava, saber do Bobby, porque eu sabia que você viria até aqui, e só por isso fiquei te esperando nesse quarto...eu não sei o que mais temos para falar, eu não tenho nada para te falar, como eu disse, eu ligo para o Bobby qualquer dia desses, ok?
Sam: Dean, você perguntou se eu estava precisando de alguma coisa, não foi ? E sim, a resposta é sim, eu preciso de muita coisa de você, preciso que você me escute, por favor, eu preciso falar tudo que você não me permitiu durante esses anos, preciso saber tudo que aconteceu com você, esse tempo todo, saber como você está e por onde andou, preciso que me dê um tempo, aqui e agora, por favor..(Começou a tremer e a chorar).
Dean: Eu acho que não dá, eu não quero ouvir nada de você, ainda não estou pronto para isso, e acho que nunca mais estarei, eu só quero que você me devolva a chave para eu tomar meu rumo, e você continuar bem com o Bobby e com a sua vida.
Dean estava ficando muito mais apavorado, não sabia o porquê de querer fugir dali, mas estava até se arrependendo do reencontro, queria tocar em Sam, amá-lo ali naquele quarto mesmo, matar toda sua saudade, saciar aquela paixão avassaladora em sua alma, mas não podia, queria também voltar para sua zona de conforto, fugindo dali, estava novamente com medo do que poderia acontecer, e ainda estava com raiva e magoado pela traição, não superada.
Sam: Não !!! Dean, você acha mesmo que eu estou bem?...Olha pra mim, Dean, eu pareço bem pra você, hein ? (Falou abrindo os braços em frente a Dean, se mostrando)....eu quero conversar com você...por favor, só me escuta então...eu te imploro...por favor.
Dean: Quando eu perguntei “se estavam precisando de alguma coisa”, eu me referia a você e ao Bobby também, eu não estava falando somente de você, Sam, mas agora eu não quero nem saber mais nada, eu não quero saber do que você precisa, eu estou muito confuso e um pouco nervoso, eu preciso sair daqui...me dá a chave, e tudo ficará bem...(Estendeu a mão para pedir a chave sentindo o seu lado furioso gritar para ele fugir logo).
Sam : Eu vou conversar com você aqui, não precisa da chave, eu só quero uma chance ...(Não conseguiu completar a frase, estava querendo dizer que queria uma chance de perdão e de Dean voltar para junto dele e voltarem a se amar como antes).
Dean: Chance de quê, Sam ? (Já estava irritado por não saber como agir)....se for do que eu estou pensando, já te falo que não dá mais, nunca mais, nossa chance acabou há três anos atrás, quando você preferiu aquela imunda a mim, e eu não conseguiria voltar àquilo tudo, porque toda essa droga vem sempre junto com você...(se referindo ao passado)....e eu não quero reviver isso, não dá, entende ? É muito tarde para nós.
Dean se sentou na cama, novamente, estava sem ar, passou a mão nos cabelos, não era nada daquilo que queria falar e não entendia o porquê estava se comportando daquele jeito.
Dean: É muito tarde para qualquer tipo de relação com você, seja de irmãos ou amigos, ou sei lá mais o quê, que não consigo nem cogitar a hipótese.
Sam: Eu sei o que quer dizer com isso, que não precisa de mim, que não me quer para nada, não é mesmo?......Mas eu preciso de você, e muito, ainda preciso, cada dia mais, eu preciso de você, por favor, Dean... (Chorando)...só me escuta um pouco.
Ficaram em silêncio por uns minutos, Sam tentava falar, mesmo machucado com as palavras de Dean, percebendo que não tinha sido perdoado, e continuou chorando, emitindo alguns soluços sofridos, sem querer, sem conseguir controlar, o que não passou desapercebido por Dean, que estava se sentindo pressionado, e essa sensação só piorou ao notar que Sam chorava daquele jeito, tão doído, nunca tinha visto ele chorar assim.
Dean: Sam, por favor, me dá a chave da porta, eu realmente tenho que sair daqui...eu não consigo....(falou num tom baixo e muito calmo, estendendo a mão de novo para Sam devolver a chave)...eu entrarei em contato depois, ok?
Sam: Você não entende, que eu não posso deixar você sumir novamente...não posso, Dean....como você conseguiu sumir por TRÊS ANOS ?!!!!....(deu ênfase ao tempo) .....Eu não te vejo há três anos, tem alguma idéia do que isso fez comigo...do quanto eu senti sua falta, do quanto eu chorei e sofri esse tempo todo, sem você....Dean...pelo amor de Deus....três anos !!!!!
Sam: (Após um silêncio) ...Eu passei cada maldito dia desses três anos esperando uma ligação sua, uma notícia sua, uma pista, uma chance de saber se estava vivo e se estava bem.....eu acordava todos os dias rezando para que você não tivesse morto em algum canto...eu...eu.....passei Natal, aniversários, dias de ação de graça caçando você...e chorando em quartos de hotel, esperando você me deixar te ver, falar com você....me aproximar...como você pôde sumir tanto tempo?.....Eu só queria te ver um pouco....(abaixou a cabeça, soluçando).
Sam parou de falar e respirou fundo algumas vezes, para controlar o choro.
Sam: Quer saber, Dean.......e eu não vou aguentar mais isso, eu prefiro morrer, a ter que ficar sem você por mais tempo, será que você não vê, como eu estou, e, como eu estive esse tempo todo....olha bem para mim....eu não quero continuar assim, desse jeito, sem você, sem ver sentido para qualquer coisa......como eu posso respeitar sua decisão de se afastar de mim, já que é só isso que você quer, ficar longe de mim, eu deveria ter entendido isso há muito tempo, mas eu não consigo admitir isso para mim mesmo, não entra na minha cabeça....você tem tanto ódio de mim assim ? Tem tanto nojo assim, mesmo depois de tanto tempo ? Você não sentiu minha falta, nem um dia sequer? Você não me perdoou?
Dean olhou para ele com lágrimas nos olhos e somente balançou a cabeça em negação das perguntas, mas não conseguiu falar.
Sam:......Eu sou um idiota mesmo...me desculpe por isso, por eu ter te obrigado a viver fugindo, mas você pode voltar ao convívio de Bobby e dos outros caçadores... eu não vou interferir mais .....se você quer tanto ficar longe de mim.....eu posso ir embora, eu sempre achei que aquele lugar é seu, e não meu.....eu nunca quis ser caçador mesmo...eu não pertenço a esse mundo ou a esse lugar que é o seu.....e não quero que você precise sumir por minha culpa novamente. Eu só tinha esperança que talvez....você tivesse me perdoado, depois de todo esse tempo, e quisesse, pelo menos, ficar perto de nós, de mim...mas me enganei......me desculpe.
Dean: Não é isso, Sam, eu quero que você fique com o Bobby, será melhor para você, ele pode te proteger. Agora tudo que havia entre nós, até mesmo nossa relação de irmão, acabou, é isso...mas eu não te odeio, eu só não posso mais....entende?
Sam: É sim Dean. Eu sempre estou no seu caminho, mas isso realmente acabou, eu vou te deixar em paz...(se virou e abriu a porta com a chave, retornou para Dean, com os olhos marejados) você quer a verdade ? ...mesmo não sabendo se você quer me ouvir, eu vou dizer, e essa será a última coisa que irá ouvir de mim...se for essa a sua vontade...já que vou te deixar em paz.....eu ainda te amo Dean, tanto quanto da primeira vez, quando eu descobri esse sentimento dentro de mim, eu nunca deixei de te amar, e a cada dia é sempre com a mesma intensidade. (Respirou fundo, pausou uns minutos).
Sam: Eu fui um miserável, burro, imaturo e mimado, até inocente em cair nas artimanhas daquela demônia e do vício. Eu sei que não é desculpa para o que eu fiz, mas todas as vezes que te traí, acredite ou não, aquela sensação do poder que me fez cometer aquelas coisas, mas em nenhum momento, meu amor por você desapareceu, ou diminuiu, ou sequer foi abalado, ele sempre estava lá no meu coração, mesmo que eu estivesse possuído. Aquela demônia jamais significou alguma coisa para mim, ela era nada, ela somente foi alguém que fortalecia o meu vício me abastecendo de sangue, e nos momentos em que eu transei com ela....(Dean ficou de pé e virou de costas com nojo de pensar nisso)...eu só sentia a sensação de domínio e poder, mais nada. Todas as vezes eu me arrependi mortalmente na mesma hora, eu me culpei. (Pausou novamente).
Sam: Quando você foi embora, eu pensei que seria mais digno, se eu tivesse morrido do que ter levado todo aquele sofrimento a você. Naquele maldito dia e em todos os dias desses anos, eu quis morrer ...porque eu sabia que você jamais voltaria, como prometeu.....Ah Dean....como eu quis que tudo acabasse, a dor era tão insuportável, que eu preferia que você tivesse me dado um tiro ou me matasse com aquela faca, só para não ter que lembrar dos seus olhos de decepção quando me deixou naquele quarto.
Sam: Ninguém pode mensurar o quanto eu sofri e o vazio que ficou no seu lugar no meu peito. Eu que levei esse amor até você, lutei para que você me aceitasse, e passasse a sentir o mesmo que eu....e eu mesmo o destruí...destruí o nosso amor e te destruí. Além de não me perdoar, o que é justo, por tudo o que eu fiz a você, e por todas as vezes que errei e você me perdoou, você não voltou porque eu destruí o amor que você tinha por mim ? Não foi ? E depois quando você descobriu isso, não mais importava voltar, por isso que deixou passar tanto tempo. Eu sei que foi isso. (voltou a chorar).
Sam: Sabe o que eu vejo agora, te olhando, que eu apaguei qualquer resquício do nosso amor em você, não sobrou nada....mas Dean....você acredite ou não, eu quero que saiba que faria qualquer coisa.....de tudo mesmo, para você me perdoar, mesmo que não ficássemos mais juntos, eu só queria essa chance de te pedir perdão por tudo, tudo mesmo, perdão até por coisas que eu não compreendo e que eu possa ter feito você sofrer... (Com lágrimas em seu rosto, abaixou a cabeça um pouco)...eu nunca vou te esquecer, eu vou te levar comigo onde quer que eu vá, nunca vou deixar de te amar, você sempre foi a minha razão de viver, como você me disse um dia (sorriu brevemente com a lembrança) .......e me perdoa, Dean, se um dia você puder........eu não vou sumir no mundo como você fez, porque nem você e nem o Bobby merecem isso de mim, mas também não vou ficar mais atrapalhando sua vida...pode ter certeza....quero que você seja feliz...você merece muito ser feliz....me perdoe...eu lamento muito tudo que te fiz..... (Abriu a porta e saiu desesperado sem conseguir raciocinar direito tamanha a dor que sentia no coração).
Dean ficou ali, sozinho, sem reação por alguns instantes, e num lampejo de seus sentimentos, ao ouvir tudo aquilo, e compreendeu como agiu errado naquele reencontro. Entendeu enfim, o porquê de Sam o procurar todo aquele tempo, e percebeu que não conseguiria mais viver afastado de Sam. Levantou-se, saiu do quarto apressado, atrás de Sam, com a certeza que sentariam e conversariam tudo, e ele também falaria tudo e deixaria Sam falar o que quisesse e que depois ele daria a chance que Sam queria, a princípio de irmãos, ainda tinha suas desconfianças e tinha ficado muito tempo longe e não conhecia esse Sam, que esteve ali na sua frente.
Ele tinha a consciência de todo sofrimento que havia imputado em Sam, mesmo sabendo que deveria protegê-lo, inclusive de sofrer, como pôde ter feito isso por tanto tempo ? Se ressentiu das palavras de Sam, porque ele se importava com ele sim, o amava muito ainda também, só não sabia expressar seus sentimentos e tinha medo, e por causa desse seu lado, prepotente e arrogante, estava deixando ele partir, talvez, Sam fosse sofrer tudo aquilo que ele mesmo passou ficando sozinho nas estradas, e não poderia suportar ver Sam sofrendo tanto assim, e quem iria protegê-lo ? Se nem ele e nem Bobby estariam mais com ele?
E isso Dean não permitiria, não conseguiria superar se algo acontecesse a ele, mas já era tarde. Quando chegou ao quarto de Sam, notou que o carro dele já estava deixando o estacionamento do hotel e adentrando na estrada em frente.
Ninguém poderia descrever como Dean se sentiu naquele momento, seu coração parecia um cristal se despedaçando em milhares de pedacinhos, seu fio de luz se apagou e caiu aos prantos, tudo que havia reprimido todo o tempo que esteve naquele quarto, foi extravasado de uma vez, se perguntava como ele foi capaz de provocar aquilo, a partida de Sam para a escuridão total, a mesma que ele já sentira. Ele queria tanto Sam, como o ar que respira, queria muito mais agora que o viu de perto novamente, e o viu tão quebrado e tão sofrido, queria ter dito tudo que estava guardado todo esse tempo, queria falar sobre sua saudade, mas por uma atitude estúpida e orgulhosa deixou tudo desmoronar.
Com muita raiva de si mesmo, conseguiu se controlar, e voltou para seu quarto, entrou, fechando a porta, e num impulso quebrou uma cadeira na parede, para não se autoflagelar na bebida. Tinha que tomar uma atitude.
Dean: Oi Bobby, sou eu Dean....(Ligou para a central dos caçadores na casa de Bobby, era o único número que se lembrava, pois fez questão de esquecer todos os demais).
Bobby: Ah, meu Deus...nossa...quanto tempo, filho...como você está e onde você está ?
Dean: Bobby, depois conversamos. Estou indo até sua casa agora, mas se o Sam aparecer ou te ligar, segura ele aí com você, entendeu ?
Bobby: Pode vir, Dean, deixa comigo, eu estou cansado disso tudo, tá na hora de acabarem com essa briga idiota de vocês...eu já sei de tudo que aconteceu entre vocês, e eu quero que saiba, garoto, que eu vi o quanto o Sam sofreu por você, e tenho certeza que você ficou muito pior, a ponto de se perder por tanto tempo, e eu não quero ver vocês sofrerem mais nada nessa vida...então vem logo....estou com saudade de você, seu IDIOTA !!!! (Gritou e desligou).
Dean se não estivesse tão desesperado, teria rido desse jeito paterno de Bobby, ele respirou fundo, pegou sua coisas, fechou o quarto na recepção, entrou no Impala e saiu direto para a casa de Bobby, o mais rápido que podia.
Sam seguiu na estrada, a frente de Dean, com cerca de uma hora de diferença, porque ele também havia decidido ir para a casa de Bobby, não queria fazer como Dean, queria pegar suas coisas e se despedir, não machucaria mais o coração de seu pai amigo. Estava mais calmo, mais tranquilo, só por saber que a parte mais importante, havia dito a Dean, que era o seu pedido de perdão e o quanto o amava. A dor que ficaria, de agora em diante, seria a da saudade, pela ausência dele, mas não mais o remorso de não ter dito nada, de não ter se explicado, sua alma se acalmou, pois sua procura acabou, atingiu seu objetivo, e repetia para si mesmo, como um mantra...”eu ainda te amo e nunca vou te esquecer, eu te amo, eu te amo, Dean”. E seguiu direto para a casa de Bobby, a toda velocidade.
Sam chegou na casa de Bobby em algumas horas, entrou, encontrando Bobby em sua biblioteca, e assim que o velho caçador o viu, se levantou para falar com ele, e foi recebido com um forte abraço e quando sentiu Sam soluçar em seu peito, o abraçou com mais força, confortando o choro abafado de seu filho, como sempre fazia, e nem perguntou nada, apenas ficou ali abraçado a ele e passando a mão nas costas dele e no cabelo, ficaram assim por muito tempo, até Bobby separar o abraço e olhar o rosto com aspecto de doente, molhado das lágrimas, e com ele ainda soluçando.
Bobby: Filho, o que foi que fizeram com você ?... (Não podia deixar que ele soubesse que tinha falado com Dean).
Sam:...Bobby...eu...eu...o encontrei.
Bobby: O Dean? (Tinha que ganhar todo o tempo possível, e o puxou para se sentarem no sofá da sala)....E como ele está???
Sam: Ele tá bem.. está um pouco abatido, mas tá bem....ele não me perdoou até agora....(E começou a chorar desesperadamente)...ele nem queria me ouvir...ainda....depois desse tempo todo, eu tentei falar tudo, explicar a ele...mas acho que ele não me ouviu. (Continuou chorando sem parar).
Dean tinha corrido no limite da velocidade do seu amado Impala, e diminuiu, consideravelmente, para minutos a diferença do carro dele para o de Sam, e enquanto Bobby estabelecia uma conversa com Sam no sofá, ele entrou no estacionamento do ferro velho, mas deixando o carro bem distante da casa, para Sam não ouvir o ronco do motor, e foi andando até parar na porta aberta da casa, vendo Sam e Bobby, sentados no sofá, um de frente ao outro. Sam estava de costas para a porta de entrada, e somente Bobby percebeu a sua presença ali. Dean não deixou de escutar o choro alto e descontrolado de Sam, e ficou ali parado, vendo Sam ser acalentado e abraçado por Bobby.
Bobby arregalou os olhos ao ver Dean parado na porta, e deu um pequenino sorriso, mas logo ficando sério, e voltando seus olhos para Sam, que enxugava seu rosto da forte crise de choro que estava lhe acometendo, sem sucesso.
Bobby: ...E aí....e depois o Dean te ouviu ?
Sam:....Sss...sim...eu tranquei ele no quarto do hotel...ele ficou lá me esperando chegar no hotel, era o único da cidade....e....eu falei tudo que tava aqui (apontou para o coração) durante esse tempo todo....(Continuava chorando engasgado e com o nariz entupido)...ele me odeia...Bobby...ele ainda me odeia...sabia ?
Bobby: Tenho certeza que ele não te odeia filho (Fez carinho na cabeça dele)....seu irmão sempre foi um idiota...mas ele te ama mais do que tudo...sempre foi assim...ele só está magoado com o que você aprontou...
Sam: Não Bobby...ele me odeia sim, ele tem tanta raiva dentro dele, raiva de mim....ele nunca vai me perdoar...ele disse que não consegue ser mais nem meu irmão.
Bobby: Isso é o que ele fala da boca para fora...porque quando ele fica nervoso ele se defende atacando as pessoas, é o jeito dele...(Olhou feio para Dean).
Sam: Bobby...(o encarou, com os olhos de filhotinho abandonado)....eu quero morrer...eu não vou aguentar mais...ficar sem ele perto de mim.
Bobby: Pára com isso Sam, ninguém vai morrer aqui, por causa dessa estupidez de vocês...olha pra você, parece doente, a quanto tempo não come ou não dorme ?
Sam: (Abraçando a Bobby novamente e chorando sofrido e dengoso)...Não importa...eu quero ir embora para sempre...não tem sentido mais....nada faz mais sentido para mim...ele não vai voltar...eu sei...e o que será de mim...eu falei com ele que não vou mais procurar por ele, eu tenho que deixá-lo em paz....Bobby...ele tem que ter uma vida boa e feliz.....ele merece muito......e se ele ficar ocupado fugindo de mim o tempo todo, ele não vai conseguir, entende ? E ele merece tanto ser feliz, eu que não mereço nada, por fazê-lo sempre sofrer, eu tenho mais que ir para o inferno mesmo, por ter atrapalhado a vida dele toda, desde quando éramos crianças...ele só fez se ocupar comigo, me proteger e me amar, e eu ferrei com tudo...eu tenho que ir embora, para ele poder ter sossego e continuar a vida dele.
Bobby olhava fixamente para Dean, que deixava escapar algumas lágrimas também, enquanto Sam falava e molhava a camisa de Bobby, com a cabeça em seu peito.
Bobby: O único lugar para onde você vai, é lá pra cima, vai tomar um banho bem quente, e descer para jantar, a comida que eu vou fazer para você, e vai tomar seus remédios e ir dormir, sem chorar mais...amanhã será outro dia...me ouviu bem?
Sam: (Fungando)...Tá Bobby...tá bom.
Sam se ergueu do peito de Bobby e quando estava se levantando, Dean se escondeu atrás da porta de entrada.
Bobby: Suba logo filho, senão eu vou lá em cima, te dar banho à força.
Bobby evitou que Dean fosse visto, e Sam não disse mais nada, enxugou as lágrimas com as costas das mãos e subiu as escadas para o quarto antigo deles.
Bobby puxou Dean para dentro da cozinha, e começaram a se falar bem baixinho.
Bobby: (Deu um tapa na cabeça de Dean) Seu imbecil, moleque !!! Porque sumiu desse jeito ? Idiota, quase me matou do coração.
Dean: Desculpa Bobby...eu...
Bobby: Cala a boca, não quero ouvir suas desculpas...quero que diga que nunca mais vai fazer essa burrice de sumir novamente ...ouviu? Tem noção do que você fez comigo também ? Eu não tinha nada com essa droga de relacionamento louco e falido de vocês dois, e você sumiu, sem falar comigo ? ....(Puxou Dean e o abraçou forte, depois se afastou e olhou nos olhos dele)...seu idiota, eu quase morri de preocupação com você...e já que me obedeceu e não meteu uma bala na própria cabeça, me prometa, agora, que nunca mais vai fazer isso de novo.....AGORA !!!
Dean: Eu juro Bobby, nunca mais vou sumir assim.
Bobby o puxou e o abraçou novamente, separou o abraço e segurou o rosto de Dean com as duas mãos. (Vendo Dean com cara de choro, e também segurando suas lágrimas).
Bobby: Você está acabado...e tenho que te falar que eu vou sair e só volto amanhã, para saber como as coisas estão...e você, seu completo imbecil, vá colocar duas refeições naquele microondas, coloque uma mesa decente e sirva o jantar para o seu irmão. Entendeu ?
Dean: Sim Bobby. (Respondeu sorrindo).
Bobby: E tira esse seu sorriso safado da cara, porque quem gosta dele é o Sam, e não eu, e outra coisa, cuida dele !!! Ele ficou doente mais vezes do que os dedos de nossas duas mãos podem contar, durante esse tempo que você andou voando por aí. O garoto está com sérios problemas, não come direito e nem dorme há séculos...e tudo culpa sua...eu sei o que ele aprontou, mas, ninguém nesse mundo, além de mim, sabe o quanto ele sofreu e se arrependeu por tudo.
Dean: Eu vou conversar com ele...pode deixar.
Bobby: Conversar não (Apontou o dedo na cara de Dean)....Você vai perdoar ele e de coração aberto...aquele que está lá encima é o Sammy...não é mais um viciado e nem uma das mulheres de uma noite que você cansou de maltratar...ele não só merece que você o perdoe como ele merece uma chance novamente...deixa de ser cabeça dura...(Tapa)...até quando você quer ficar levando essa situação, hein?...eu não vou enterrar um filho por culpa do outro, que com certeza eu enterraria na semana seguinte...seu idiota.
Dean: Bobby eu também sofri muito...eu ainda sofro...ele me traiu da pior maneira possível.
Bobby: Eu sei Dean, mas já passou, e agora já que você está aqui, perdoe ele, tudo que ele te fez em termos de sofrimento, você deu em troca para ele e dez mais, fugindo dele esse tempo todo, pode estar certo disso.
Dean pensou um pouco.
Bobby: Depois que você foi embora ele se curou do vício sozinho, no mesmo dia, eu acho, o choque de te perder, de você sumir foi tão grande, que ele nunca mais tocou numa gota de sangue de demônio e a maldita vadia sumiu, e ele anda com aquela faca para todo o lado, esperando um única chance de matá-la...e ela sabendo disso, continua fugida... e agora ele é livre...nós matamos o Azazel, na luta no Kansas, um dia depois que você sumiu e ele confessou que a demônia Ruby sempre esteve a mando dele atrás de Sam. E todo esse tempo, ele não saiu para lugar nenhum que não fosse para ir atrás de você, ele ficava o tempo todo aqui, esperando uma pista de onde poderia te achar, e cada vez que conseguia uma, ele corria atrás de você, ele não se divertiu nenhuma vez sequer, não recebeu ninguém, e tenho certeza que, esse tempo todo ele não ficou com ninguém, e digo no sentido mais profundo da palavra, ele mudou muito, e voltou a ser aquele garoto puro e inocente, Dean, a diferença que ele está daquele jeito que você viu, doente e maltratado pela vida. Agora vou embora, vá preparar tudo antes que ele desça. Amanhã eu volto.
Bobby deu as costas, pegou as chaves de seu carro pendurada ao lado da porta de entrada, que fechou e foi embora, sem dar chances de Dean dizer alguma coisa. Ele, então, separou duas lasanhas congeladas, e colocou no microndas, e fez um arroz rápido, com salada verde e colocou a mesa para dois, do melhor modo que podia, para relembrar como aquele era um dos pratos prediletos de Sam, e dos velhos tempos. Foi até o quarto de Bobby, e tomou banho muito rápido, colocando uma calça larga de pijama e uma camiseta, emprestados de Bobby, voltou para a cozinha, e quando estava sentando a mesa, ouviu os passos de Sam descendo as escadas, falando:
Sam: Desculpa a demora, mas meus olhos estão tão inchados que deixei a água fria ficar caindo neles, porque eu não conseguia enxergar direito....eu .....(parou de falar).
Sam ficou estagnado no batente da porta da cozinha, quando viu Dean em pé ao lado da mesa posta para os dois, sem acreditar, esfregou os olhos com as mãos, e o viu novamente.
CONTINUA....
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