História (BTS) A Garota do Diário - Jimin - Yoongi Sabia de Tudo

Nem em meus melhores sonhos eu imaginava que um dia os lábios da pessoa mais odiada por mim estariam sobre os meus. Aquele sorriso caloroso que sempre me afetou de alguma forma estavam em mim. Isso me despertou de alguma forma. O segundo beijo foi mais intenso do que o primeiro, envolveu mais partes do nosso corpo em contato, e sua língua em volta da minha. De repente uma pequena parte da minha cabeça começou a doer. Eu ignorei. Mas a dor foi ficando mais forte ao ponto de ser insuportável, e tive que me afastar abruptamente de Jimin. Agarrei minha cabeça por ambos os lados e me abaixei. Fiquei ali. Encolhida. Jimin entrou em pânico, começou a me chamar desesperado, e tudo o que eu conseguia fazer era chorar. Seu beijo despertou algo em mim e eu podia sentir algo chegando... Uma lembrança.

Eu estava na aula de Educação Física, sétimo ano do colégio. Meu corpo era diferente. Meu cabelo e minhas mãos estavam menores, e todos da turma estavam parecendo suas versões mini. Foi como um flashback em minha cabeça, de repente me vi no passado.
Os alunos corriam em alta velocidade sem se preocupar com as consequências. Eu previa que alguém caiu naquele dia e se machucou. De qualquer forma, não apenas isso, mas eu também era uma das alunas imprudentes correndo entre eles. Demorou até que eu percebesse que era futebol. Meninas contra meninos. Jimin e eu disputávamos a bola, mas ele ganhava com a posse da mesma. Era divertido e ora ou outra ele sorria para mim. Seu rosto mais novo era macio como o de um bebê, e redondinho. Dava vontade de morder. Isso tem quatro anos, mas a diferença era notável. Jimin também havia emagrecido. Dei a volta por ele e o surpreendi, tirando a bola de seus pés e fui conduzindo-a. Jimin surgiu atrás de mim, e o susto me fez pisar na bola. Caí no chão derrubando-o, e por acidente nossos lábios se tocaram. Sim. Aquele foi meu primeiro beijo.

Voltei a mim quase que instantaneamente. A dor foi parando e eu ergui o rosto cheio de lágrimas para ver Jimin, seu maxilar se contorcia, ele estava extremamente preocupado. Parte do sentimento que eu sentia naquele dia veio à mim. A saudade de seus lábios e um pouco do amor que senti por Jimin desde então. Sim... Foi o início de tudo. E eu tinha a sensação de que quanto mais me lembrasse, mais tudo faria sentido, e as respostas que eu tanto queria viriam á mim.
“Eu... Lembro...” Sussurrei, olhando para o chão.
“O que..?” Jimin perguntou, havia um tom preocupado em sua voz. 
“O dia em que roubaram meu primeiro beijo. Eu me lembro.” Respondi. 
“De tudo?” Eu pude jurar que o vi corar.
Abri um sorriso de orelha a orelha. Sim. Eu me lembrava agora. Pela primeira vez uma memória do meu passado veio à mim.
“Devo dizer que o segundo foi bem melhor, Jimin.” Respondi. 
Ele sorriu de canto e me abraçou forte. Foi nostálgico. Era como realizar um sonho de uma outra vida, mas de alguma forma, minha vida antiga e a nova, estavam se tornando apenas uma.
“Consegue se levantar?” Ele me perguntou.
Concordei com a cabeça e a minha tentativa foi falha. Ergui o corpo e quase que na mesma hora uma dor na cabeça me atingiu com força e eu perdi o equilíbrio, sendo segurada por sorte por Jimin. Ele me olhou preocupado e eu dei uma risada sem graça.
“Parece que virei uma criança.” Respondi. Brincando, tentando descontrair. Mas ainda estava fraca.
“Você não está bem, Yui. Vem, vou te levar pra enfermaria.” Nesse mesmo instante Jimin me ergueu no colo, e é levei um susto. Me agarrei em seu peito e ele me conduziu para fora do prédio, até a enfermaria.
A enfermeira logo me guiou até a cama e me sugeriu ficar deitada até o fim das aulas, ou que algum responsável viesse me buscar.
“Ela não tem família, mas eu moro ao lado da casa dela. Se a escola me liberar posso levar ela ao médico.” Ele respondeu.
Meu coração deu um pulo com a hipótese disso acontecer.
“Eu posso conseguir isso com o diretor se disser que você vai com algum responsável maior de 18.” Ela disse, dando a entender que iria mentir.
Tudo parecia perfeito. Eu conseguia andar devagar, mas não estava impossível. Minha cabeça rodava e eu estava tonta, acho que as lembranças foram demais para mim.
Ver Jimin com outros olhos era surpreendente. Eu ainda não acreditava nesses sentimentos que despertavam dentro de mim. Pois é, ele me fazia odiá-lo de propósito. Eu ainda não entendia o por quê.
Comecei a colocar meus sapatos enquanto Jimin voltava para a sala da enfermaria com minha bolsa, um sorriso largo e vitorioso no rosto. Algo havia acontecido por acaso? Estranhei. Mas o fato dele estar feliz só poderia ser algo bom, não é? Nesse instante eu percebi como estava errada.
Por que quem entrou no quarto não foi a enfermeira. Foi Yoongi, eufórico.
“Você não vai com ele.” Ele disse na falta de ar.
Ver Yoongi foi nostálgico. E essa cena foi como um DeJa Vú. Eu me levantei da cama e meu olhar correu para Jimin. Que veio até mim e encarou Yoongi.
“Quem te deu permissão para entrar? Yui está doente e eu vou levá-la. Volte para a sala.”
“Não venha me dar ordens. Yui. Eu levo você, vem. Seu amigo sou eu, não Jimin, sabe disso.” 
Me vi dividida. Um lado meu considerava Yoongi mais amigável e confiável, mas meu outro lado queria se agarrar a Jimin desesperadamente. O que havia com isso? Que louca!
Yongi bufou e deu um sorriso malandro.
“Você está esquecendo que está me devendo, Yui? Se vier comigo esqueço aquela dívida que fizemos.”
“O que?! Não eram presentes?” Perguntei. 
Yoongi bufou e esfregou as mãos em seus cabelos loiros. Ele estava encurralado e tentando me afastar de todas as formas. Ele sabia que em corpo a corpo não tinha chances contra o físico dele. Yoongi ergueu o rosto. Seus olhos estavam pesados, eu uase pude jurar que ele iria chorar.
“Yui...” Pediu.
Eu olhei para baixo. Não sabia o que fazer. 
“Já deu Yoongi. Caí fora.” Jimin ameaçou.
Yongi desviou o olhar para Jimin e o instante seguinte eu não previ. Yoongi tentou acertar um soco no rosto de Jimin, que desviou sutilmente e jogou minha mochila no chão. Acho que a partir daquele instante ela se tornou insignificante. Jimin agarrou Yoongi pela gola da camisa e o imprensou na parede, tomado pela raiva. Isso não só foi nostálgico. Isso já tinha acontecido antes. Senti fortes dores na cabeça e comecei a gemer de dor. Conforme a dor ficava mais forte, fui sentindo as lágrimas se formarem e escorrerem pelo meu rosto. E eu me vi no passado novamente. Dois anos no passado. No dia do acidente.