Não demorou muito para que Jimin aparecesse.
— Ouvi você gritar e…
Se deteve ao ver Taehyung consternado, sentado no chão com as mãos no rosto.
— O que foi? — perguntou, se abaixando para abraçá-lo.
— Eu o vi… — a voz do garoto soava fraca. — Ele queria me dizer alguma coisa… — tentava segurar o choro, mas estava visivelmente perturbado.
— Viu quem? — o ruivo já desconfiava da resposta.
— O Jungkook… — as lágrimas começaram a cair.
Um sentimento súbito de raiva percorreu por todo o corpo de Jimin.
— Claro! — gritou, levantando-se. — É claro que é o precioso Jungkook, né. Quem mais seria?! — caminhou com fortes pisadas rumo ao quarto. — Sempre é sobre ele!
— Jimin…
Taehyung foi atrás. O ruivo, no entanto, estava furioso.
— Tudo pra você gira em torno desse garoto morto!
— Não fala assim, você sabe que não é verdade! — Taehyung tentou abraçá-lo, mas foi empurrado bruscamente.
— Não importa com quem você esteja, é ele quem você ama, o maldito Jungkook! — os gritos do garoto eram bastante agudos.
— Eu amo você também!
— Também! — Jimin começou a rir de modo histérico. — Também! Você me ama também! — o riso se transformou em choro. — Eu sou o outro, não é?
Taehyung se desesperava, não sabia como lidar com aquilo.
— Seu namorado é e sempre será o Jungkook! Eu sou apenas o outro, o trouxa que você come pensando nele!
— Não, Jimin! Isso não é verdade! — as lágrimas molhavam seu rosto.
— Não toca em mim! — o ruivo vociferou. — Nunca fomos dois nessa relação, sempre fomos três!
— Não...
Jimin estava cada vez mais tomado pela fúria.
— A começar pelo nome que você quer colocar no NOSSO bebê! Meu e seu, não dele!
— Para com isso Jimin, para… — Taehyung sentou-se no cantinho do quarto e cobriu os olhos com as mãos.
— Ele nunca vai se chamar JiKook, nunca! Não há espaço para o Jungkook na nossa relação!
— Você não entende… Nunca amou ninguém como eu amei o Jungkook, como eu amo você… — Taehyung se perdia em soluços. — Nem a mim você ama tanto…
— Não amo? — Jimin andava pra lá e pra cá, rindo enquanto chorava. — Você não passa de um prostituto favelado, com um passado sombrio que não te deixa em paz! — gritou, fazendo-o soluçar ainda mais. — Mas ainda assim… — Jimin enxugou as lágrimas. — Ainda assim eu estou com você porque… — o final da frase não conseguia sair de sua boca.
— Diga. — Taehyung se levantou. — Você nunca disse antes. — chegou perto do garoto grávido e o abraçou. — Me diz, eu preciso ouvir…
— Porque eu te amo, porra! — finalmente as palavras saíram.
Taehyung apertou o garoto como se não houvesse amanhã.
— Você conhece o lado mais perverso em mim, você me aceitou como eu sou, não me abandona agora… — pediu em prantos.
Porém Jimin o afastou.
— Eu aceitei tudo em você, seu passado sujo, seus assassinatos, o fato de que metade do globo terrestre te teve na cama, mas… — soluçou. — Eu não posso aceitar que seu coração pertença a outro.
— Não pertence!
— Pertence sim! Eu sei que toda vez que olha para as estrelas é nele que você está pensando, que quando apalpa minha barriga é na dele que você pensa! — soluçou. — É ele quem você ama! E me dói isso, me dói muito fundo no coração, porque o que você sente por aquele maldito Jungkook é exatamente o que eu sinto por você! Mas eu nunca vou ter você como ele teve, nunca…
Taehyung tentou abraçá-lo.
— Jimin, eu te amo, eu te amo muito, acredita em mim, por favor!
— Então esquece o maldito do Jungkook! Esquece ele! Deixa ele partir!
Subitamente a luz do quarto estourou, fazendo o ruivo gritar de susto. Taehyung o abraçou forte, porém foi empurrado bruscamente.
— Sai daqui! — Jimin gritou.
Taehyung o soltou e saiu correndo. Jimin deu um grande berro de raiva e atirou na parede qualquer coisa que encontrasse.
Logo após se acalmar de sua fúria animalesca, saiu do quarto e foi atrás de Taehyung, porém o garoto não estava em lugar algum. Chamou por ele, procurou, mas ele não estava lá.
— Taehyung! — gritou e não obteve resposta.
Na cozinha, Jimin sentiu um forte tapa gelado em seu rosto e seu coração disparou. Alguma coisa invisível o empurrou e ele caiu com tudo no chão, instintivamente protegendo a barriga com as mãos. Levantou-se o mais rápido que conseguiu e pegou uma panela no armário, jogando-a com força no rumo de onde tinha vindo o empurrão.
— Vai pro inferno, Jungkook! — vociferou.
Sentiu um forte puxão de cabelo e deu um murro na direção de onde estava gelado, imaginando estar ali seu agressor. E estava certo, sua fúria era tanta que conseguiu senti-lo. Porém, assim que se viu livre do puxão, a coisa gelada pulou em cima, derrubando-o. Jimin, por sua vez, fez uma manobra radical e ficou por cima, desferindo murros no que imaginava ser o rosto da criatura.
— Isso é tudo culpa sua! — puxou o que deveria ser o cabelo do fantasma. — Deixa o Taehyung em paz!
De repente foi empurrado com força, quebrando muitas coisas em sua queda, que foi amortecida pela mesa na qual caiu em cima. Sentiu seu cabelo ser puxado e deu um chute naquele desgraçado gelado que lhe agredia, afastando-o de si.
— Desgraçado!
Uma faca levantou-se e voou na direção do ruivo, que desviou-se rapidamente, fazendo com que o objeto batesse na parede.
Dessa vez ele foi longe demais.
— Eu só não te mando de volta pro inferno com as minhas próprias mãos porque tenho um bebê pra proteger! — Jimin cuspiu as palavras. — Mas eu vou me livrar de você, Jungkook, pode apostar!
Foi correndo pegar a chave do carro, quando sentiu um forte tapa no rosto, tão forte que o deixou meio tonto por um momento. Porém, já com a chave em mãos, correu para a garagem, sentindo o vento gelado indo atrás de si, e praticamente se jogou dentro do carro, com cuidado para não machucar o bebê.
Quando deu por si já estava na rodovia, dirigindo sem rumo. Porém ele sabia para onde ir, sabia onde Taehyung iria estar e mudou a direção para o apartamento do garoto.
Ao chegar foi correndo para o sexto andar e abriu abruptamente a porta do apartamento de seu namorado.
— Eu não quis dizer aquilo, você sabe que eu…
Ficou paralisado pelo que viu. Taehyung estava sentado no chão virado de costas para a porta, havia fumaça saindo de sua frente, mas foi só quando o garoto se virou com o cigarro na boca que a ficha de Jimin caiu.
— Não é o que você está pensando. — disse Taehyung com um sorriso quadrado ao se levantar.
— Não tô pensando, tô vendo! — Jimin cruzou os braços.
Taehyung começou a rir e olhou para o cigarro que antes estava tragando.
— Quem nunca usou maconha que atire a primeira pedra...
Jimin não podia acreditar nisso.
— Queria uma pedra bem grande e pesada agora pra atirar bem no meio da sua cara, seu maconheiro!
Taehyung riu. Estava na onda, evidentemente iria rir de tudo, até de uma mosca voando.
— Você nunca… — balançou o pito de maconha que tinha em mãos, indicando o que queria dizer.
Jimin achou isso um absurdo, não era óbvio que ele jamais tinha se metido com esse tipo de coisa? Olha bem pra ele, lindo, divo, poderoso, ‘ryco’, e toda sorte de adjetivo bacana, era mais que óbvia a resposta à indagação daquele garoto promíscuo, sem moral, perdido na vida, e…
E gostoso, porra! Mas não era nisso que iria pensar agora.
— Não sou da sua laia pra ter mexido com isso algum dia da minha vida! — respondeu com um grande bico, enquanto via o namorado jogar aquela coisa absurda no cinzeiro. — Você disse que não usava drogas!
Taehyung sorriu e sentou-se calmamente em seu sofá macio, batendo ao lado indicando que era para o garoto grávido sentar-se ali. Este, claro, hesitou.
— Como eu posso te explicar… — começou, com o olhar longe. — Bom, quando você é exposto a vários tipos de bebidas alcoólicas fortes, cerveja passa a não ser muito mais do que água pra você. — riu ao ver a expressão chocada de Jimin. — Senta aqui, vem. — disse com sua melhor voz sedutora e o ruivo se sentou. — Eu não usei tanta droga pesada a ponto de achar que maconha não é nada. — passou o braço pelos ombros de Jimin. — Mas eu as conheci de perto, posso dizer que sou quase perito no assunto, e quando digo que a maconha é leve, sei do que estou falando.
— Pode até ser leve, mas não deixa de ser droga! — Jimin estava irredutível.
— Não deixa mesmo, mas antes uma leve do que uma pesada, né non? — Taehyung riu.
— Antes nenhuma do que uma leve! — Jimin se levantou abruptamente, irritado.
Taehyung continuou de boa, good vibes.
— Recorro à maconha sempre que estou a beira de um ataque de nervos. Acredite, isso é raro em mim.
Jimin não tava nem aí.
— Qual é, eu não sou viciado. — tentou se defender. — E se você soubesse como a onda é boa… — fechou os olhos e sorriu.
— Maconheiro! — Jimin disse rispidamente, fazendo o garoto encará-lo. — Cara, olha o que você é: prostituto, assassino, drogado…
— Órfão, sem família alguma, sozinho no mundo, sem rumo, perdido… — Taehyung completou. — Sim, eu era isso tudo, mas agora você e eu somos uma família, teremos um filho, e todo o meu passado ficou pra trás. — levantou-se. — Bom, órfão eu ainda continuo sendo. — riu. — Por outro lado eu tenho o Jin e o Nam, então meio que tenho pais adotivos…
Jimin fez bico.
— Isso me faz lembrar que você também cometeu “incesto”.
— Eu não via o Nam como pai naquela época.
O bico de Jimin não se desfez nem mesmo com o beijinho que ganhou de Taehyung.
— Você disse que é raro ter um ataque de nervos, mas… — pensou um pouco. — Reparei que você é bem sensível.
— Com determinadas pessoas. — Taehyung o abraçou. — De resto eu sou bem insensível.
E ele não estava mentindo. Jimin se lembrou de vê-lo matar um cara a sangue frio e fez uma careta.
— Você é um milhão de pessoas em uma só… — refletiu.
— E todas amam você. — Taehyung sussurrou.
Jimin, claro, não podia perder a oportunidade.
— Eu e o falecido Jungkook, né… — seu tom era de revolta.
Taehyung o guiou até a janela, que estava aberta e mostrava um belo céu estrelado.
— Ele queria me dizer alguma coisa, Jimin. — o tom de Taehyung estava melancólico e reflexivo. — Ele sempre fazia aquela expressão quando tinha algo importante a dizer. Importante e urgente…
Jimin estava tendo um conflito interno. De um lado estava seu egoísmo em querer brigar com o garoto, já que estava se sentindo desrespeitado por ele; do outro estava o fato de que o amava e não queria fazê-lo sentir-se mais triste do que já estava, como se em vez de brigar com ele devesse ampará-lo. Usualmente o ruivo optaria pelo primeiro lado, mas agora…
Agora ele estava se importando com outra pessoa tanto quanto se importava consigo mesmo. E isso era algo novo para ele.
— Olha… — Jimin ficou de frente para Taehyung e passou a mão em seu rosto. — Aquilo não foi real. O Jungkook não estava lá. Foi coisa da sua cabeça, de tanto que você pensa nele, mesmo tendo namorado, inclusive… — um bico automático cresceu em sua boca.
Taehyung olhou fixamente para as estrelas durante algum tempo e então envolveu Jimin em seus braços.
— Tem razão. — sussurrou-lhe.
Jimin, entretanto, sabia que não tinha razão nenhuma, mas desde que Taehyung acreditasse que o Jungkook nunca estivera lá, isso não importava.
Beijaram-se. Um beijo suave. Brisas leves envolviam o ambiente. O beijo aprofundava-se. Os corpos colavam-se ainda mais.
Taehyung sorriu.
— Eu te amo. — sussurrou.
— Eu sei. — Jimin sussurrou de volta com um sorriso convencido.
Taehyung foi empurrando-o suavemente para o sofá e o deitou, deitando-se por cima de uma forma que não machucasse o bebê. Os beijos dessa vez não foram assim tão suaves e logo a intensidade os levou a ofegar, com seus membros latejando de tanto roçarem um no outro.
Taehyung levantou-se, deixando Jimin impaciente porque este não queria parar, e o pegou no colo.
— Estou carregando os meus dois bebês. — riu enquanto o levava para o quarto.
— Eu não sou seu baby. — disse Jimin com uma expressão sapeca.
Taehyung o deitou na cama e o encarou com um olhar sensual e a língua nos lábios.
— Sim, você é o meu baby.
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