Jungkook estava rondando a casa de Jimin quando o viu sair com o bebê no colo e entrar no carro. Em seguida saiu Taehyung e uma sombra negra pairava sobre ele. A sombra da morte. Era hoje…
— Droga Jimin! — Jungkook ralhou com o garoto, mas é claro que ninguém o ouviu.
Sentou-se no banco de trás ao lado de Taemin e, para a surpresa do espírito, o bebê percebeu sua presença e sorriu pra ele. Jungkook sorriu de volta para o bebê.
Chegaram na casa de Hyuna. Jungkook ficou o tempo todo ao lado de Taehyung. Logo ambos foram para a empresa e o espírito ficou observando de longe o ex namorado se divertir com os amigos com a sombra da morte pairando sobre si.
Com a morte de Taehyung poderiam novamente ficar juntos, e foi algo que Jungkook considerou, mas… Tinha o Jimin. Aquele cabeçudo do Jimin que não o quis escutar! O espírito ficou irritado e saiu da empresa, se transportando para a casa de Hyuna somente para lançar um olhar de ódio ao garoto. Logo Taehyung apareceu lá e ficaria por cerca de meia hora antes de irem pra casa.
Jungkook sabia o que fazer.
Rondou a casa de Jimin e viu que havia um carro prateado parado na esquina com um gordo na espreita. Entrou lá e enforcou o filho da mãe. Ele, claro, nada sentiu.
— Se eu tivesse vivo você ia ver! — gritou no ouvido do cara e desapareceu.
Não demorou muito para que o casal Kim-Park chegasse em casa. Jungkook não estava ali, mas se estivesse veria que a sombra da morte pairando sobre Taehyung estava cada vez mais escura.
Jimin foi para a banheira mágica e Taehyung foi preparar o chá de camomila para o filho. Aconteceu, então, o trágico fato. Havia um rapaz gordinho apontando uma arma para Taemin.
Logo Jimin estaria sentado no degrau da escada enrolado em uma toalha púrpura horrorosa e Taehyung estaria ajoelhado implorando para que o rapaz atirasse nele e poupasse a vida de seu filho.
E assim o rapaz fez. Riu e virou a arma para Taehyung.
Jimin gritou ao ouvir o barulho do tiro e ver o namorado coberto de sangue.
Taehyung, por sua vez, tremia com os olhos fortemente fechados enquanto sentia o líquido quente escorrer-lhe pelo corpo. Tudo isso aconteceu em poucos segundos.
Ao recobrar a consciência, Taehyung abriu os olhos e viu que o rapaz gordo estava caído no chão e atrás dele estava o velho que sempre via na empresa. Ele segurava uma espingarda chique apontada para onde havia estado o malfeitor. Exibia um sorriso triunfante.
Jimin estava paralisado encarando não o velho, mas a pessoa que via ao lado dele: Jungkook. O espírito sorriu ao ver a sombra densamente negra desaparecer de Taehyung. O sangue que estava nele era do gordo caído no chão.
— Senhor Kim...? — a voz de Jimin falhou.
O velho instintivamente olhou para ele.
— Leve o Taemin daqui. — disse firmemente.
Enquanto Jimin pegava o bebê, o rapaz gordo se mexeu, pois não estava morto. Taehyung exibiu uma fúria avassaladora no olhar e, vendo isso, Jimin subiu correndo com o filho nos braços.
O velho caminhou para perto de Taehyung e lhe entregou a espingarda.
— Termine isso. — disse-lhe.
Taehyung aproximou-se do rapaz e encarou-o de cima com um olhar extremamente sádico. O gordinho começou a implorar-lhe para que tivesse misericórdia, o que apenas fez o garoto rir, afinal ele não teria nenhuma.
E então veio o primeiro tiro. O segundo. O terceiro.
Jimin, em seu quarto, tapava os ouvidos do filho enquanto pulava de susto a cada tiro que ouvia. Ouviu tantos que não saberia ao certo o número total. Uma coisa, porém, era certa: o que um dia havia sido um homem, com certeza depois de tantos tiros não passava de uma massa disforme.
O velho olhava para Taehyung com orgulho enquanto ele atirava furiosamente no filho da mãe caído no chão. Quando as balas da espingarda acabaram, não satisfeito, o garoto começou a dar espingardadas no cadáver e a gritar:
— Ninguém vai mexer com a minha família!
Nesse momento o velho o abraçou.
— Calma, calma. Já passou.
Taehyung continuava desesperado, mas se deixou abraçar e por um momento se sentiu amparado.
— Então é verdade o que eu desconfiei, não é? — disse Jimin, descendo a escada e encarando o velho. — Você é o dono da Byeol Entertainment e é o avô do Taehyung… Senhor Kim!
Taehyung não havia parado pra pensar em nada, mas nesse momento se desvencilhou do velho com uma expressão incrédula no rosto.
— Então foi você… — encarava-o acusadoramente. — Foi você que abandonou minha mãe!
O velho assentiu lentamente e lágrimas escorreram-lhe dos olhos.
Depois de Taehyung dar piti pelo que pareceu uma eternidade, Jimin teve que interrompê-lo para lembrar que havia um corpo ali. O velho ligou para uma equipe de polícia especializada, que não demorou a vir buscar o cadáver e ainda agradeceu a Taehyung por ter eliminado aquele traficante foragido. Talvez se ele não fosse neto de quem era tivesse que prestar esclarecimentos na delegacia, porém como seu avô era o Sr. Kim, não houve nenhum transtorno. A equipe de limpeza forense iria passar a noite limpando a cena da execução e, após tomarem banho, Taehyung e Jimin foram para um hotel, ainda que o Sr. Kim tivesse insistido para que fossem para sua mansão.
Como era de se esperar havia um milhão de pessoas na porta da casa de Jimin, entre curiosos, fãs e jornalistas. Despistá-los não foi fácil. Ao chegarem no hotel Hyuna ligou preocupada e Jimin explicou-lhe que um traficante havia invadido sua casa e feito Taemin de refém, mas que o avô do Taehyung havia aparecido e…
Enfim, contou sua versão da história, ainda que Taehyung detestasse o fato de Jimin dizer que o Sr. Kim era seu avô.
No primeiro mês após o incidente Taehyung não deu as caras na empresa, estava determinado a nunca mais falar com “o velho”. Tampouco falava com a mídia pois o fato de ser neto do dono da Byeol Entertainment havia se tornado público e não se falava em outra coisa. Jimin pediu a Sunny que todos os dias purificasse sua casa e ambos se lembraram de que o feitiço que impedia a entrada de seres não humanos estava vencido. Pois assim, diariamente, Sunny purificou as energias do ambiente e nesse meio tempo Jimin, o namorado e o filho ficaram morando no hotel.
Um mês e meio depois decidiram voltar pra casa e, apesar de ter havido um assassinato ali, a energia era de paz. Jimin ficou mais de um mês insistindo para Taehyung perdoar o avô e aos poucos ele foi cedendo e se reaproximando do Sr. Kim. Claro, o garoto sequer havia pensado no status nem nada. Nem planejava fazer um jantar com o avô do namorado e seus pais. Aliás, quando seus pais souberam da notícia fizeram uma grande festa e disseram que sempre amaram o Taehyung como um filho.
Aos poucos tudo se harmonizou. Hwarang estreou e foi mais que sucesso. Taemin estava crescendo forte e saudável. O Sr. Kim frequentemente ia passar um tempo com eles e acabaram descobrindo que ele era um velhinho legal, e realmente estava arrependido do que fizera com a filha. Ele contou que a esposa havia morrido pouco tempo depois da filha sair de casa e que ele entrara em uma profunda depressão, isso pouco tempo depois de fundar a empresa, por esse motivo preferia não revelar sua identidade. Disse também que depois de ver Taehyung no youtube soube se tratar de seu neto e então enviou Lee Hae para contratá-lo. Revelou ainda que se sentia tão envergonhado que não conseguia se aproximar do garoto e revelar-lhe sua identidade. Jimin comentou que sempre soube que eram parentes porque tinham os mesmos olhos e a mesma maneira de olhar, além do sorriso ser quase idêntico. O importante é que agora eram uma família e os pais de Jimin não poderiam estar mais felizes pelo companheiro perfeito que o filho arrumou.
Sobre o Jungkook… Jimin não voltou a vê-lo, mas agradecia-lhe silenciosamente todos os dias.
***
Em uma noite estrelada o casal Kim-Park foi na casa de Gayoon deixar Taemin com ela pois iriam passear.
— Jimin, ele não tá de mudança… — Taehyung cochichou para o namorado, pois este não parava de tirar coisas de bebê do carro.
Gayoon riu, sabia bem como era isso.
O casal estava se despedindo da garota quando Hyuna e Jay Park apareceram para deixar a filha Hwasa com ela, pois também iriam passear.
— Nossa, quantos bebês tem pra hoje, hein… — Jay brincou.
Gayoon estava acostumada a cuidar de bebês pois além de já ter um filho ela sempre ia visitar a namorada no Abrigo de Crianças onde trabalhava.
Enfim, ambos os casais Kim-Park foram para o restaurante onde havia sido o primeiro encontro de Hyuna com Jay. Sentaram-se juntos e ficaram relembrando aquela noite. Depois cada casal seguiu para um lugar diferente. Hyuna e o namorado foram para um motel e Jimin e Taehyung seguiram sem rumo até chegar em um local bastante conhecido. Pararam o carro e desceram.
— Ah, esse ventinho fresco… — disse Jimin, de olhos fechados, curtindo a brisa.
Estavam naquele lugar afastado da cidade onde haviam tido a primeira vez. Lugar esse que de início era o “segredo de Yoongi”, onde o casal Yoonmin havia feito o pedido para a estrela cadente. Onde, também, Taehyung havia enterrado tudo que estivesse relacionado a Jungkook.
O coração de ambos batia forte, estavam mais apaixonados do que nunca e sentiam-se abençoados por terem um ao outro. Começaram a se beijar. O beijo iniciou-se de forma calma, romântica e antes que se tornasse erótico, uma forte luz se fez presente ali.
Dessa vez Taehyung foi capaz de ver o que antes somente Jimin via.
— Jungkook… — sussurrou.
O espírito sorria e segurava uma rosa vermelha.
— Eu quero agradecer você… — Jimin começou meio tímido. — Eu devia ter te ouvido, por culpa minha o Taehyung poderia ter m…
— Shhh… — Jungkook o interrompeu. — O importante é que ele está vivo e eu cumpri minha missão.
Taehyung olhava de um para o outro com um olhar confuso.
— O Sr. Kim tinha uma dívida cármica a pagar. — continuou Jungkook. — Ele era o único que poderia salvar a vida do Taehyung, porque aquele era o dia destinado… — o espírito olhou profundamente nos olhos do ex namorado. — ... à sua morte.
Taehyung sentiu um forte arrepio percorrer-lhe por todo o corpo.
— Então se não fosse o Sr. Kim o Taehyung estaria morto?! — exclamou Jimin.
Jungkook assentiu.
— Eu tentei te dizer várias vezes que você tinha que avisá-lo, mas as forças das trevas estavam me impedindo. — encarou Taehyung. — Tem gente lá com saudades de você…
— O que eu tenho a ver com as forças das trevas?! — o garoto quis saber.
Jungkook nada disse, somente sorriu.
— Não foi você que lutou comigo, né? — disse Jimin, embora já soubesse a resposta.
— Não. — Jungkook respondeu. — Mas vontade de quebrar a sua cara não faltou, viu?! — encarou-o acusadoramente, fazendo o garoto corar.
Logo, porém, o semblante de Jungkook exibiu um sorriso meigo e se voltou para Taehyung.
— Agora sim você está pronto para me deixar ir.
Taehyung sorriu pra ele.
— Eu trabalhei duro pra juntar vocês dois. — o espírito continuou. — Acho que foi a melhor coisa que já fiz em toda minha… Hm… Existência. — riu.
Jimin e Taehyung sorriram e se abraçaram.
— A gente concorda. — disseram em uníssono.
A luz ficou mais brilhante e Jungkook olhou para ela.
— Agora me escutem bem. — disse. — Criem juízo porque não estarei aqui pra ser babá de vocês. — sorriu. — Mantenham-se vivos. — encarou Taehyung, que assentiu.
Jungkook olhou orgulhosamente para eles por algum tempo, como que para registrar aquele momento, e então caminhou para a luz. Taehyung, porém, puxou-o e o abraçou.
— Você sempre será especial pra mim. — sussurrou com lágrimas nos olhos.
— Pra mim também. — disse Jimin, se juntando ao abraço.
Jungkook os abraçou com força.
— Estarei sempre olhando por vocês de onde eu estiver. — sussurrou com lágrimas nos olhos também. — Agora eu tenho que ir. — sorriu e caminhou para a luz.
Jimin e Taehyung permaneceram olhando para ele até que a luz o engoliu completamente.
— Isso foi real? — Taehyung estava com o olhar vidrado no lugar onde havia estado Jungkook.
— Acredite em mim, foi mais que real. — respondeu Jimin, igualmente vidrado.
Ficaram em silêncio por algum tempo, na mesma posição.
— O Jungkook é tão bonito… — disse Jimin.
— E você nem o viu quando ele estava vivo… — respondeu Taehyung.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.