História Bulimia - Second

Quando iríamos sair, mesmo já estando pronto há algum tempo, eu te esperava achar uma blusa que lhe cairia bem no corpo. Digo, tudo lhe caía bem aos meus olhos. Mas meus olhos não eram os seus, então você se escondia em roupas largas. Não faço ideia do que você gostaria de esconder também, não importa o tamanho de seu corpo, se sua barriga é menor ou maior que a de outras pessoas, se suas coxas ou braços são flácidos ou qualquer coisa do tipo, nada disso é motivo de vergonha e nada disso precisa ser escondido. Mesmo assim, você se escondia debaixo de bonés, calças e camisetas largas. Contudo, minha mente também não era a sua, e não que a sua fosse uma mente ruim, a sociedade era ruim e você só absorveu muito disso. Não se culpe, a culpa não é sua. 

Ah, e quando eu acordava todo dia de manhã, sem ninguém ao meu lado na cama? No início, novamente, pensei que você estava preparando algo para tomar de café da manhã, adiantando tarefas do trabalho, tomando um banho para despertar da noite mal dormida. É, você dormia mal e eu pude perceber pelas inúmeras vezes que sentia seu corpo se revirar entre os lençóis – ou cobertas, caso estivesse mais frio. Mas não era o café da manhã que você preparava, muito menos trabalhando era o que você estava, você detestava levar trabalho para casa e eu não sei como pude esquecer disso. Você estava se organizando financeiramente para poder pagar a mensalidade de uma academia bem afastada de nossa casa, e que poucas pessoas frequentavam, pelo menos no horário em que você iria. E você nem havia me avisado. Sete e meia da manhã, seis dias por semana – seriam sete caso você não precisasse trabalhar o dia todo na segunda-feira. Jimin, você não precisava daquilo tudo, certo? Ou, pelo menos, você poderia ter me contado para eu também me organizar na vida financeira e dividir tudo igualmente entre nós, afinal éramos um casal, não é? Eu só queria que você tivesse me contado sobre isso antes, talvez até poderíamos ir juntos, eu adorava passar todo o meu tempo livre com você, e umas horinhas a mais acordado de manhã não me fariam mal. Mas você preferiu ir sozinho, todos os dias, por um, dois meses. Entretanto, como eu já disse, a culpa não é sua.