História Buraco Negro - Buraco Negro (Capítulo Único)

Meu problema é minúsculo perto da imensidão que é o universo. Os anéis de Saturno são maiores do que a mágoa que eu carrego, assim como as luas de Júpiter são maiores que a minha culpa.

Costumo pensar essas coisas durante as aulas de astronomia que hoje faço sozinha, já que você achou melhor desistir disso.

Você achou melhor desistir de muitas coisas, inclusive de nós.

Pra ser sincera, eu entendo que problemas e que tenha vontade de resolve-los, mas não vejo motivos para eliminar o que te faz feliz junto com toda a bagunça do teu quarto, que se assemelha com a bagunça do teu coração.

Você achou melhor viajar para algum outro lugar do planeta, dizendo que seria melhor recomeçar em outro lugar e que eu não precisava saber onde seria. Mas, meu bem, eu nem sabia porque você iria recomeçar, se já tínhamos construído uma galáxia inteira juntos.

Nada do que eu te dei foi suficiente, Jaehyun? Nenhuma das dezenas de milhares de estrelas foi capaz de preencher o vazio do teu peito? Me diga, Jaehyun, se todas as estrelas que fiz brilhar no céu da tua boca não foram suficientes, o que seria?

A imensidão do céu me deixava perdida, viajando por entre as cores do pôr-do-sol, com tantas estrelas enfeitando a noite, fazendo eu me perder em meio a tantas cores e brilhos diferentes, assim como você se perdia em meio a tantos sentimentos dentro do teu peito.

A única certeza que tenho é que, em algum lugar do mundo, você está vendo a mesma lua que eu, todos os dias desse longo inverno. Eu queria que através da lua você respondesse as minhas milhares de perguntas e me explicasse o motivo desse teu abandono repentino, porque eu não sou capaz de entender sozinha.

Eu me sentia como Plutão e você parecia ser o cara que disse que ele era pequeno demais para ser um planeta. Estava tudo bem, até esse cara decidir do nada que não estava tão bem assim. 

E como se me fizesse virar estrela, depois de ser um planeta nesse teu Sistema Solar, você resolveu que também podia ir embora.

Dentro de mim existe uma nebulosa, que insiste em me fazer chorar ao lembrar de você e das nossas memórias felizes. Como se fossem cometas, as lágrimas quentes caem uma por uma, até que meu rosto esteja completamente molhado e eu me sinta menor que um grão de poeira cósmica.

Eu te dei o sol, a lua e todas as estrelas e você, meu bem, me deu um buraco negro.