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História Caixa de Pandora - O Garoto, os Sonhos e os Corações de Caixa


Escrita por: Klookies

Notas do Autor


Resolvi incluir algumas imagens no início, que agora vão aparecer sempre nos próximos capítulos x) Espero que gostem! Até agora são todas ilustrações da maravilhosa doujinka Idea.
Alguns diálogos são baseados nos que realmente aconteceram no anime ou mangá.
Boa leitura! (Se você gosta de ler escutando músicas tem algumas recomendações lá embaixo) :)

Capítulo 2 - O Garoto, os Sonhos e os Corações de Caixa


Fanfic / Fanfiction Caixa de Pandora - O Garoto, os Sonhos e os Corações de Caixa

Existem dois tipos de sonhos marcantes que Eren tem.

Quando ele está se afogando no Oceano, e quando ele sonha com sua mãe.

Um é seu pior pesadelo, outro sua maior felicidade.

A verdade inesperada é que Eren gosta do sonho em que está se afogando.

Porém, não é devido a qualquer tipo de desejo suicida – independente do que alguns iriam dizer (Jean principalmente), Eren não agia com vontade de morrer, ele era apenas um pouco inconsequente nas suas ações.

O começo do sonho definitivamente não é agradável. Seus olhos ardem, sua visão está completamente embaçada e deturpada pela água turva e violenta que o joga de um lado para o outro, sal invade todos os seus sentidos. As ondas não o deixam chegar a superfície, areia, sal, dor. Como eles leram no livro de Armin quando jovens, o mar pode ser perigoso, a imaginação de Eren tomando liberdades para que tudo nesse ambiente conspirasse contra ele.

Quando de repente, ele olha para cima e vê a luz do Sol brilhando na água – e então é como se Eren conseguisse nadar de novo, suas forças renovadas. Sua garganta, suas narinas, seus olhos – tudo queima, sal, mas ele nada, nada, braços e pernas o impulsionando cada vez mais para cima, luz cada vez mais próxima—

Ele quebra a superfície e toma a mais grande e refrescante lufada de ar, doce alívio, o Sol acariciando sua face e os pássaros brancos no céu distante alçando voo como que em comemoração a sua vitória.

Todo o desconforto de antes desaparece, e o mar violento se acalma completamente. O sal não machuca mais, apenas conforta.  Eren venceu o mar. É um alívio tão grande, ele mergulha e deixa as ondas o carregarem para o alto no lugar de arrastá-lo para baixo, sobe, desce, é quase como se estivesse voando na água. Ele sente o vento forte balançando seus cabelos quando quebra a superfície e olha para todo o azul infinito ao seu redor.

É libertador.

Liberdade na sua forma mais pura, Eren sente que pode fazer qualquer coisa. Ali, naquele momento, é como se ele tivesse atingido o ponto mais alto da sua vida, feito tudo o que tinha que fazer. O pensamento, a satisfação: cumpri meu dever nesse mundo.

 Vencendo todos os obstáculos, finalmente podendo alcançar o oceano... Uma grande metáfora azul, o mar, para a liberdade que ele tanto deseja alcançar. 

Ele quer tanto, sonha tanto.

Eren acorda com lágrimas nos olhos nesses dias, salgadas como as gotas do mar devem ser.

O outro sonho que envolve sua mãe.

Depois de tantos anos sem a ver e sem ao menos uma foto, a memória de Eren da face dela deve certamente ser um pouco distorcida – seria Carla realmente tão bonita como ele recordava?

Lembranças surgem nesses sonhos às vezes, de alguma coisa que aconteceu na presença dela, às vezes apenas de uma sensação, do calor de um abraço. Carla gostava de segurar a cabeça de Eren na sua barriga quando ele era menor e ambos dormiam na mesma cama, e muitas vezes Eren se vê afundando a cabeça no travesseiro buscando o mesmo conforto.

É uma sensação horrível quando ele abre os olhos e lembra-se que sua mãe está morta, que não há mais mãos gentis para acariciar seus cabelos e segurá-lo contra um corpo quentinho para contar histórias. Ele relembra de novo e de novo, se tortura, sua última visão dela sendo partida ao meio pelos dentes de um titã, gritando para ele fugir. Protegendo-o até o final.

Eren não consegue superar. Não existe noção de aprender a conviver com o luto para ele.

Tristeza tornou-se combustível para raiva e ainda mais determinação. Eren não seria nada sem sua raiva, não teria chegado em lugar nenhum sem ela, por mais que talvez ele pudesse ter sido mais feliz. Existe algo feio dentro dele, realmente monstruoso, que crava sangue e vingança. Não deveria ter sido tão surpreendente quando ele descobriu que realmente era um monstro – de uma maneira mais literal – com seus poderes de titã.

Eren não sonha na sua primeira noite no porão da base da Tropa de Exploração.

Ele não consegue nem fechar os olhos direito depois de todos os eventos do dia.

O julgamento, em que ele verdadeiramente achou que iria morrer, o fato que ele tinha entrado na Tropa de Exploração – seu grande sonho, mesmo que não tivesse sido realizado da forma que ele imaginava que seria – e ainda tentar aceitar o fato de que ele era um monstro durante todo esse tempo.

Quando ele acordou depois do coma induzido pela sua transformação, quando ele estava tentando salvar as vidas de Armin e Mikasa, Eren estava acorrentado e confuso numa cela desconhecida. Foi quase irreal conhecer o Comandante e o Capitão da organização que ele almejava ingressar desde criança naquelas circunstâncias.

Especialmente Capitão Levi, famoso herói para o povo e inspiração para os soldados, detentor do título pomposo de “mais forte da humanidade”. Eren já o tinha visto andando de cavalo com sua tropa, capa verde com as asas intercaladas que ele sempre sonhou usar em suas próprias costas.

“Eu quero ser como você algum dia.” Eren iria sussurrar para si mesmo depois daquele encontro, coração doendo com algo que parecia vontade (desejo machuca, Eren está sempre querendo, buscando, desejando—) e se enchendo de determinação. Eu quero andar com uma presença assim, quero ser mais forte. Quero ir longe como você foi.

Entretanto, o Capitão era muito diferente do que ele tinha imaginado. Ele era rude, tinha um vocabulário sujo, e se comportava mais como um vilão das histórias do que como um dos nobres e galantes heróis.

Ele tinha olhado para Eren com um encarar tão terrível daquela primeira vez na cela, como se o garoto não fosse mais do que uma sujeira irritante na sola de seu sapato. Eren não se sentia intimidado com muitas coisas na vida, mas todos fariam uma exceção para aquele olhar pesado. Eren já tinha fantasiado em sua mente vários possíveis jeitos em que sua primeira conversa aconteceria com o seu herói fonte de inspiração aconteceria se ele tivesse a oportunidade, mas ele nunca imaginou que seria numa atmosfera tão hostil em que ele estava acorrentado e na posição de um possível traidor do reino.

A voz do Capitão era grave e ríspida, mas com um tom aveludado que surpreendeu Eren.

Vozes eram coisas tão interessantes, não é verdade? Alguém com uma boa aparência podia ser reduzido à feiura com uma voz estranha ou que não condissesse com o seu físico, mas no caso do Capitão ele parecia ainda mais incrível. Até hoje, quando ele falava, Eren iria ter alguns pensamentos irracionais e aleatórios como Será que ele canta bem? Como sua voz soa quando está resfriado, seria ainda mais grave e rouca?

Capitão Levi era como uma imagem num livro de figuras, um daqueles que Armin tanto gostava quando criança, algo para ser observado de um plano diferente (separados por uma barreira, no caso o de papel e realidade) e ter todos os seus detalhes apreciados. Eren tinha esquecido que ele era um humano real também, com uma voz e uma personalidade própria. 

Quanto ao Comandante, mesmo alto como era, conseguia parecer menos intimidante que o Capitão– mesmo que um instinto de Eren o alertasse que ele deveria ter cuidado com olhos azuis frios que escondiam muito mais do que revelavam. Ele tinha o tipo de olhos que pareciam alcançar muito mais do que apenas a aparência exterior, mas que chegava até no mais fundo da alma. Até Eren, que usava tudo o que sentia e o era em todos os seus movimentos e em todo o seu exterior, sentia-se exposto de alguma maneira sob aquele olhar inteligente. 

Eren teve uma explosão de raiva naquela cela quando questionado sobre o que ele queria fazer, soando como um doente mental ao expressar seus desejos de exterminar todos os titãs de uma maneira no mínimo insana. Ele se arrependia de ter mostrado um lado tão feio para os dois oficiais de alta patente que ele admirava, e só de se lembrar dessa cena agora ele automaticamente afundava a cara nas duas mãos e gemia em embaraço. Ele não se importava de que seus colegas nos campos de treinamento o achassem louco e o evitassem como a praga – mas pensar que o Capitão Levi tinha visto seu pequeno surto de loucura o deixava muito auto consciente.

Porém, “Nada mal” era o que o Capitão tinha dito, na voz surpreendentemente grave e aveludada que ainda encantava Eren, depois dessa cena no porão.

Isso o fez sentir-se um pouco melhor.

No julgamento, Eren tinha explodido de novo, escutando todas as injustiças e absurdos que estavam sendo falados. A gota d’água sendo a Polícia Militar tentando acusar Armin e Mikasa e ameaçando-os pela sua associação com Eren.

Impulsivo, cheio de raiva e indignação, Eren não consegue se calar – mesmo que seja pura estupidez, mesmo que o Comandante tenha dito para ele ficar calado, mesmo que ele esteja complicando sua situação ainda mais – ele enfrenta o Conselho defendendo seus amigos e suas convicções.

Quando de repente, dor.

Demorou alguns segundos para registrar, em meio a golpes fortes e incessantes, a quem aquela bota polida que pressionava sem misericórdia sobre sua carne pertencia.

No segundo em que olha para cima e vê quem é seu agressor, ele sente terrível confusão, e uma sensação inexplicável de ter sido traído. Você deve ser o herói, ele tinha pensado, em choque, então porque está agindo assim? Por um momento, Eren realmente odiou Capitão Levi que o fez sangrar daquela maneira.

Essa raiva deve ter refletido em seus olhos – tudo que Eren sente está sempre ali, misturadas e escancaradas no verde de suas íris – pois o Capitão o atinge mais uma vez, ignorando as vozes, alguém gritando para ele parar

Ele segura o cabelo de Eren e o ergue puxando os fios grossos, dói, mas Eren não derrama uma lágrima sequer, agora quase inconsciente.

Capitão está dizendo alguma coisa.

“Eu sou o único que consegue matá-lo se ele se transformar. Como vocês que nunca nem viram um titã conseguiriam fazer isso? Deixem-no em minha custódia. A Tropa de Exploração irá usá-lo para a expedição fora das muralhas e eu mesmo irei descartá-lo caso ele saia de linha.”

É quando o Comandante reforça o argumento de Levi, e depois de alguns momentos de discussão acalorada o juiz concede a entrada de Eren na Tropa de Exploração que ele percebe, olhos verdes voltando arregalados para a traseira da cabeça do seu superior.

Você estava me ajudando esse tempo todo.

 Não cabia a Eren no momento a vontade de rir, mas com sorte o riso ficou entalado na garganta, barrado pelo choque de toda a situação.

Deixe para o Capitão ser um herói de todos os jeitos menos heroicos possíveis. Batendo em Eren ele conseguiu salvá-lo.

Uma grande e elaborada peça, Eren pensa olhando através de sua visão embaçada pela dor todas as pessoas reunidas no seu julgamento, Vocês estão satisfeitas? Eu sou a besta, o monstro, o vilão; Ajoelhado aos pés desse homem que vocês respeitam, o que sou eu além de uma criatura domada? Vocês me veem sangrar. Vocês acreditam.

Mesmo que Eren não duvidasse nem por um segundo que Capitão Levi iria cumprir sua promessa de matá-lo se ele se voltasse contra eles.

Quando Eren está sentado no sofá depois, em uma sala escoltado pelo Comandante, Líder de Esquadrão e Capitão, Hanji está tomando conta de seus machucados.

Ele ainda está um pouco desnorteado com tudo o que aconteceu – até então ele tinha sido quase sentenciado a morte, espancado, e dado o direito de viver de novo – e a voz elétrica com fala rápida da Líder de Esquadrão Hanji, que Eren ainda não conseguiu compreender exatamente como funciona o processo de pensamento, machuca um pouco seus ouvidos. Mas ele a assegura que seus ferimentos não estão doendo tanto.

É quando o Comandante, em toda sua glória loira e presença quase real se desculpa – se desculpa para Eren, de todas as pessoas, o Comandante da Tropa de Explorações – explicando que o espancamento só tinha sido realizado porque era o que eles podiam fazer para salvar Eren da morte e das garras da Polícia Militar, assim como Eren tinha percebido antes.

Aparentemente não satisfeito, Erwin agacha até entrar na linha de visão de Eren que ainda estava sentado, exibindo um sorriso quase cegante com a perfeição dos dentes brancos e um olhar desconcertantemente azul. Ele diz que será um prazer trabalhar com Eren, que imediatamente solta de uma maneira empolgada e surpresa demais para soar madura como ele desejava que seria um prazer para ele também.

Eles apertam as mãos por uns meros segundos quando um barulho e um peso súbito ao lado de Eren o assusta ao ponto de dar um quase pulo.

O coração dele para e começa a bater dez vezes mais rápido quando vê Capitão Levi a centímetros dele no sofá, tendo sentado com um baque que o pegou completamente desprevenido. Eren não tinha olhado para o Capitão desde a última interação não muito amigável deles na corte, não tinha levantado os olhos para o encarar ríspido da cor do aço que reveste a mais afiada lâmina nem ao menos uma vez.

Uma hora o Capitão estava em algum canto isolado da sala, no outro ele estava quase coxa a coxa com ele – algo que Eren automaticamente e sem perceber remediou ao se espremer no canto mais longe possível que podia ir naquele pequeno móvel.

O braço do Capitão está jogado casualmente atrás da cabeça de Eren no encosto do sofá, mas a única coisa que Eren consegue pensar, irracionalmente, é Ele vai me estrangular. Ele vai arrancar minha cabeça aqui e agora, e me decapitar com uma mão só.

Apertando as mãos em cima do joelho e curvando os ombros, Eren inconscientemente tentou se fazer mais pequeno – um instinto de sobrevivência um pouco ridículo, porque Levi com certeza não esqueceria que ele estava ali se ele tentasse se fazer mais pequeno. Talvez a tática de 'finge de morto' teria sido mais efetiva.

"Diga, Eren."

A garganta de Eren secou um pouco, do jeito que sempre parecia fazer quando seu nome era dito por aquela voz grave – seus neurônios provavelmente ainda tentavam assimilar que Capitão Levi e ele estavam, inexplicavelmente, numa base de primeiro nome – do lado do mais velho, claro. Eren nunca teria o direito de chamá-lo apenas pelo nome, isso era impensável. De qualquer forma, quando tinha sido a última vez que ele tinha sido algo além de 'Jaeger' para um oficial de patente mais alta? Ele não se lembrava.

"S-sim?" Eren consegue soltar um pouco esganiçado, olhos fixados no carpete como se fosse a coisa mais interessante do mundo. Olha só, aquilo era uma formiga? Formigas eram fascinantes. Elas conseguiam levantar tanto peso mesmo sendo tão pequenas, com certeza deve ter algo um pouco filosófico nesse fato, algo sobre superar dificuldades—

"Eren," De novo, de novo, é quase como se ele soubesse o que ele causa no garoto com um simples chamar de nome, a tentativa de distração de Eren indo por água abaixo, "Você me odeia?"

Surpresa parece ser o sentimento tema de hoje de Eren.

Ele pisca rapidamente, tenta pensar numa resposta para a pergunta no lugar do porque algo assim sequer importaria para o Capitão. Ele analisa o que está sentindo, percebe que um certo ressentimento ainda permanece – porque mente e coração são coisas diferentes e por mais que racionalmente ele saiba que não tem lógica ressentir o homem que salvou sua vida, ele ainda sente certa magoa... Apesar que quem não teria depois de ser espancado indefeso daquele jeito – mas ódio? Não. De jeito nenhum.

Do jeito que ele imaginava ou não, o Capitão ainda era seu herói. E ele o tinha salvo.

Então Eren ergue o olhar para aquele que o estava esperando e diz, "Não, senhor. Eu entendo."

Eles nunca estiveram tão próximos antes, face à face, e Eren experimenta a mesma sensação de uma queda livre, a adrenalina de estar caindo inevitavelmente no abismo metálico dos olhos de seu Capitão.

Compartilhando a mesma respiração, os dois – porque isso parece acontecer sempre que nos olhamos, foi o mesmo na cela antes – Eren machuca um pouco, sem entender, como Levi pode machuca-lo sem ser fisicamente, essa estranha dor no peito com um simples olhar –

"Estou feliz em saber." O Capitão diz, claro e intenso como seu olhar é nesse momento em Eren, que sente uma vontade inexplicável de tocar na face de Levi como alguém toca num personagem ilustrado nas páginas de um livro. 

Sem saber de onde esse estranho pensamento veio – Eren tinha que entender logo que Levi era uma pessoa real e não uma das suas ilusões romantizadas de infância – ele desvia os olhos para o chão quebrando o breve momento.

Suas formigas eram muito mais seguras que o encarar de Levi.

Hanji diz alguma coisa, e o foco da atenção de todos muda, Eren descobre depois que felizmente todos os seus dentes estão intactos de novo.

 

 

 

Quando eles estão se preparando para sair, Eren tem que morder o sorriso para não parecer ridiculamente empolgado como ele se sente na frente dos seus novos colegas de Esquadrão. Uma ruiva com aparência gentil, Petra, e três homens, Eld, Gunther e Oluo, os soldados de elite escolhidos a mão pelo Capitão.

Segurando a capa verde que ele sempre sonhou em usar e a colocando, asas intercaladas nas suas costas, Eren verdadeiramente percebe que sua vida a partir dali será outra.

Você está me vendo? Ele ergue o olhar para o alto, para o azul do céu que espia através das nuvens. Eu sou um soldado da Tropa de Exploração agora. Finalmente cheguei aqui... Não é o que você sonhava pra mim, mas eu vou fazer justiça por você, mamãe.

Eren observa um pássaro alçando voo, vê poesia nessa cena como não via antes, cabeça virada para cima e a boca um pouco entreaberta.

“Ei,” Subitamente uma mão bate em suas costas, forte, e Eren assusta saindo dos devaneios e tropeçando um pouco, “Você parece retardado desse jeito, quantos anos você tem para ficar caçando formas nas nuvens? Preste atenção no que está a sua frente.”

Eu não estava olhando pra cima por causa disso, que diabos!... É o que Eren quer dizer, até virar e dar de cara com Capitão Levi, concluindo rapidamente que um “Sim senhor!” acompanhado dele subindo logo no cavalo era uma opção mais viável.

Quando eles finalmente partem, é para frente que Eren está olhando, vislumbrando todos os objetivos que almeja alcançar.

 

 

 

Um dia em que as surpresas não cessam, pelo jeito.

A base em que a Tropa de operações especiais iria ocupar era um antigo castelo, pequeno em comparações aos que viviam de fato a realeza, mas muito grande para apenas seis pessoas ocuparem.

A construção estava com uma aparência abandonada, como se fizesse muito tempo que ninguém habitava ali. Tinha mato quase para todos os lugares, e as janelas estavam totalmente embaçadas com a quantidade gigante de poeira.

“Esse lugar está um inferno.” Eld, um loiro alto com barba, murmurou.

“Então você já sabe o que temos que fazer.” Capitão Levi desmontou do cavalo, e Eren se perguntou por que todos fizeram uma cara como se fossem chorar.

Ele logo entendeu o porquê.

Depois de muitas vassouras e todo tipo de utensílios para limpar serem distribuídos, o Capitão obrigou seus subordinados a limparem todo o castelo do teto até o chão. Eren nunca imaginou aparelhos de 3DMG sendo usados para isso, mas acabou sendo algo bem útil para limpar o lado de fora das janelas mais altas.

Eren ainda estava tendo sérios problemas em compreender a figura do Capitão de agora, com um pano na cabeça como uma dona de casa e outro cobrindo o nariz, enquanto varria tudo que passasse pelo seu caminho com uma seriedade que ele nunca tinha visto numa pessoa fazendo faxina antes.

Era esse o mesmo homem assustador de horas atrás na sala do julgamento? O olhar e a bronca que o Capitão deu em Gunther quando viu que ele não estava limpando direito dizia que sim (algo sobre vassouras indo em lugares que não o chão).

“Um personagem circular,” Armin tinha comentado uma vez, “É um personagem dinâmico, tridimensional, que tem muitas camadas e diferentes facetas. Que é profundo psicologicamente, aquele que às vezes tem ações imprevisíveis... Esses são os mais complexos e interessantes nos livros.” 

Levi era desse tipo, com certeza.

Já eu, Eren refletiu, Sou mais um personagem plano. Repetitivo, linear, carecendo de profundidade. Constituído apenas de uma ideia e um objetivo, exterminar todos os titãs. É tudo o que ele consegue ver, pensar e sentir. Como uma sombra, inseparável, ele às vezes se percebe mais como uma casca humana preenchida apenas dessa sede de vingança.

Se os corações das pessoas fossem como pequenas caixas, o que teria guardado na minha? Apenas ira, mágoa e tristeza?

Eren olha para peito, onde balança a chave que seu pai lhe deu. A verdadeira chave para todas as respostas, ele pensa, irei conseguir libertar todas essas coisas ruins dentro de mim algum dia e ser verdadeiramente feliz? Se eu encontrar todas as respostas que essa chave guarda sobre os titãs, quando ela nos ajudar a exterminar essas bestas, irá meu coração finalmente se abrir também?

Quantos pensamentos para apenas uma tarde de limpeza. Eren limpa o suor da testa no antebraço depois de ter finalmente acabado sua parte, e entra em um dos cômodos onde ele acredita que o Capitão está.

Engolindo qualquer tipo de hesitação, Eren tentava não deixar seus medos o paralisarem, ele se dirigiu ao seu superior, que está parado em uma das janelas e se preparando para limpar.

“Capitão, senhor,” Eren diz fazendo uma saudação militar e chegando com o cuidado de alguém se aproximando de um animal selvagem, uma parte irracional de sua mente gritando ‘abortar missão!’ e querendo apenas nunca iniciar qualquer tipo de primeiro contato com o superior – o que ele sabia que era impossível, mais cedo ou mais tarde iria acontecer, “Eu conclui minha parte. Ah, hum, s-se possível eu poderia saber onde irei dormir esta noite?”

O Capitão vira afastando o pano de sua face, revelando uma expressão monótona (Eren estava rapidamente percebendo que a face dele parecia perpetuamente daquele jeito). Ele afasta os cabelos da testa e encara o mais novo. “Você está dormindo no porão essa noite e as que estiverem por vir.”

Eren tentou não deixar sua expressão desabar, e provavelmente não conseguiu. “N-no porão?” De novo?

Os olhos de Levi estavam mais intimidantes que o normal, e Eren não sentiu que desviá-los agora seria sábio. Algo sobre essa interação parecia importante. “Não queremos você virando Titã no meio da noite ou alguma merda assim. Uma das regras para você ficar aqui sob meu comando foi que você ficaria sob alta segurança dia, tarde e noite. São as regras. Você vai ter que aprender a dormir acorrentado.”

Ele está me testando.

Talvez ele queria ver se Eren tinha algo a esconder, talvez ele queria ver se ele seria completamente obediente como era esperado dele agora. Eren tinha feito uma demonstração e tanto de falta de controle no tribunal e aversão ao que tinha sido comunicado a ele sobre não se manifestar, então era compreensível que seu superior quisesse saber seus limites.

Mas Eren não era burro. Cabeça quente, mas não estúpido ou arrogante. Ele conseguiria lidar com o desconforto de dormir nessas condições e tinha humildade para reconhecer a importância dessas regras que seriam impostas a ele.

“Não, senhor, nenhum problema.” É o que a boca dele diz, enquanto sua mente reforça com um desejoso Eu quero que você confie em mim. Por favor, confie em mim.

Capitão Levi começa a andar na sua direção, rápido e incisivo, e Eren instintivamente caminha um pouco para trás com medo de que ele de alguma forma tivesse desvendado seus pensamentos vergonhosos. Quem era Eren para querer algo como confiança nas condições em que ele estava ali na Tropa?

“Vou verificar seu trabalho, tome conta desse quarto por enquanto.” Ele passa por Eren sem o olhar de novo ao menos uma vez.

É triste, realmente. Não confia em mim nem para limpar alguns poucos cômodos.

Eren limpa por alguns bons instantes quando uma voz o interrompe,

“Oh, Eren tente não parecer tão para baixo!”

É Petra, sorriso amigável no rosto enquanto se aproxima. Ela é a única mulher na tropa e de todos os membros, de longe a que Eren se sente mais a vontade na presença. Ele apreciava as tentativas dela de defendê-lo de Oluo, que apesar de ser inofensivo no geral com suas provocações era um pouco irritante. Ele ficou repetindo na viagem a cavalo para cá que Eren devia respeitá-lo e basicamente fazer tudo o que eles mandassem porque ele era novato. Petra bateu na cabeça dele por trás e ganhou a simpatia de Eren ali.

Ela também ajudou Eren a perceber que dar ouvidos a um homem que tentava copiar o Capitão Levi até no corte de cabelo não era algo digno de preocupação. Eren confessa que começou a achar Oluo um pouco engraçado quando descobriu que a maioria das coisas que ele fazia era porque ele achava que era algo que o Capitão diria ou faria. Tristemente a atitude ácida só funcionava exclusivamente para o Capitão. Oluo era só um cara barrigudo com um corte de cabelo estranho que gostava de pagar de machão.

(Ele também servia como um bom lembrete ambulante: Eren, olhe que horror você pode se tornar se admirar demais alguém).

Mas de volta para Petra.

“Espero que você não se importe que eu te chame pelo primeiro nome! Percebi que o Capitão te chama apenas de Eren também.” Ela olha para ele com um sorrisinho de lado.

“Está tudo bem, eu até prefiro assim... Mas o que você disse antes, eu realmente parecia para baixo?”

“Ah, é porque parece ser uma coisa que sempre acontece com os novatos quando eles o conhecem...” Ela começa a cochichar e aponta com ar de conspiração para onde Capitão tinha acabado de sair. “Porque, bem, ele nunca é o que todo mundo espera. Um pouco de choque e decepção é normal. Capitão Levi não é o tipo heroico montado no cavalo branco que todos pensam... Além de rude, ele também é bem mais baixo do que a imagem que pintam sobre ele, não é mesmo?”

Mesmo concordando com tudo que Petra tinha dito Eren ainda sentiu um impulso de defender o Capitão.

“Não é exatamente isso...” Eren pensa em outra coisa que de fato o surpreendeu um pouco, lembrando de sua última breve conversa com seu superior. “Ah, como posso explicar... Ele surpreendentemente fala muito sobre regras?”

“Oh, você pensou que ele fosse do tipo rebelde que só faz o que quer?” Petra soltou um risinho. “Bem, não posso culpar você. Ele realmente já foi desse jeito um dia, pelo menos é o que os rumores dizem... Que ele era um lorde do crime famoso no Submundo.”

Eren está chocado com essa pequena informação. Como diabos alguém assim conseguiria atingir uma patente militar, de todas as coisas, ainda por cima tão alta?

“Como assim?” Ele não resiste em perguntar.

“Que demônios vocês estão fazendo? Limpando que não é.”

Eren e Petra se afastam com um pulo ao ver um Capitão Levi com os braços cruzados no batente da porta, e Eren tenta não vomitar automaticamente a verdade, Estávamos fofocando sobre sua vida, senhor – que lindo isso teria soado.

“Eu só estava respondendo algumas perguntas de Eren, Capitão.” Petra diz com um sorriso amarelo. Ele a encara apenas por segundos suficientes para mostrar que ele sabe que não era apenas isso antes de finalmente responder,

“Certo. Bem, ele pode fazer perguntas enquanto vocês dois mexem as vassouras.” Ele arregaça as mangas e pega uma vassoura também, enquanto um silêncio constrangedor cai sobre os três.

Eren percebe que deveria estar fazendo uma suposta pergunta agora e entra em pânico. O que ele poderia dizer?

“Então, hum,” Ele começa hesitante, enquanto varre, tentando ignorar o fato de que Capitão Levi está bem ali. Petra está olhando para Eren com olhos que parecem querer dizer ‘agora é a sua vez!’.

Vamos lá, Eren, não é tão difícil assim fazer uma pergunta. “Você sempre foi ruiva assim ou o quê?”

Droga. Era por isso que Eren só tinha dois amigos, não é mesmo? Petra fez uma cara de quem estava desesperadamente se segurando para não começar a rir, e Eren simplesmente não quis se virar para ver que cara o Capitão tinha feito com essa. Felizmente Petra não pareceu ofendida pela pergunta estúpida.

“Sim, Eren,” Ela respondeu com voz divertida, “Eu de fato nasci assim.”

 “Ótimo.” Ele balança a cabeça. Resolvendo que perder um pouco mais da sua dignidade não faria diferença, e já que ele está na onda das perguntas mesmo, Eren prossegue – agora com uma pergunta que ele realmente queria fazer. “Hum, e eu sei que números não importam de verdade, mas só por curiosidade... Qual a média de titãs que você já matou?”

Isso faz Petra pensar um pouco. “Hmm, creio que sozinha cerca de 10? Em conjunto 48. Não sou muito de uma matadora solo.”

A boca de Eren cai e ele para. “Impressionante!” Ele diz com a voz mais alta que o normal, se enchendo de empolgação. Todo mundo aqui era tão forte.

Um dedo subitamente pressiona na coluna de Eren por trás, e ele pula para frente levando um mini susto. “É tão difícil pra você fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo? Pode conversar, mas limpe também.”

“P-perdão, senhor.” Eren se vira encontrando rapidamente o olhar do Capitão, cor subindo nas bochechas enquanto volta a varrer com mais vigor do que nunca.

Eren estava começando a achar que o Capitão estava desenvolvendo um hobby sádico de assustá-lo, sendo no sofá, batendo nas suas costas ou cruelmente o cutucando em um ponto sensível da coluna como agora. O que era completamente bizarro até pelo fato que Eren não se assustava fácil (essa posição seria de Armin), mas com o Capitão era diferente. Ele fazia Eren naturalmente nervoso, e o corpo reagia. Talvez era o fantasma da dor que foi infligida a ele no tribunal, talvez fosse o efeito admiração – Eren nunca teve uma figura adulta que ele quisesse tanto a aprovação antes.

“Com licença gente, Capitão, Mas estamos precisando de ajuda na cozinha.” Gunther aparece na porta carregando um cheiro distinto de queimado.

O Capitão suspira e Eren se surpreende que ele não está agarrando Gunther pelos cabelos e o arrastando para um banho. “Petra, vá e salve nosso jantar.” Ela começa a tirar o pano de faxina. “Ah, e Gunther, vá tomar um maldito banho depois. E se eu entrar naquela cozinha e sentir qualquer resquício de cheiro de queimado, você está passando o resto das noites e dos dias da sua vida lá fora, mais especificamente debaixo da terra.” Ahá, aí estava a ameaça criativa. Eren anotou essa na mente para usar em alguém tipo Jean depois.

Petra e um Gunther um pouco pálido saíram e Eren teve a súbita realização que agora era apenas ele e o Capitão.

Ele voltou a limpar sem ver realmente o que estava fazendo, concentrado no homem próximo a si mesmo sem olhá-lo diretamente.

E agora? Silêncio até eles acabarem o que tinham que fazer? Capitão era claramente o tipo que não iniciava uma conversa se ele não tivesse algo relevante pra dizer. E Eren já não dominava a arte da conversa trivial naturalmente, então puxar assunto era difícil. Mas esse silêncio era sufocante, era horrível, (pelo menos para Eren, o Capitão parecia bem entretido com uma mancha que achou na parede), então antes que seu cérebro chegasse a sábia decisão de ‘sim, Eren, vamos ficar calados,’ a boca os traiu e ele disse,

“Você gosta de limpar, Capitão?”

Milagrosamente o homem em questão não virou para encarar Eren como se ele fosse retardado, e respondeu de maneira completamente natural, a mancha que estava tentando tirar ainda parecendo ser seu maior foco de atenção. Talvez aquela pergunta não fosse incomum para ele. “Surpreendentemente, não. Eu gosto das coisas limpas, é diferente. Gostar do resultado não necessariamente quer dizer que me divirto com o processo.”

Eren fez um som de concordância, refletindo como essa última frase poderia ser aplicada a muitas coisas na vida além da limpeza. Algo que sua mãe costumava dizer veio em sua mente e ele sorriu um pouco.

“Mas senhor, é importante também o processo de limpar, não é? Te faz mais responsável quando é você que toma conta da própria sujeira. É por isso que dizem que a organização do lugar onde uma pessoa vive é um reflexo da sua própria vida... Pessoas desorganizadas tendem a ser as mesmas que vivem procrastinando, adiando tarefas que consideram difíceis no dia a dia.”

Eren limpou por mais alguns segundos lembrando como sua mãe costumava insistir que ele ajudasse nas tarefas domésticas de casa, antes de perceber que o Capitão tinha parado o que estava fazendo para o encarar sobre o ombro.

Um pouco tenso Eren segurou o olhar esperando que ele dissesse alguma coisa. Mas o Capitão só encarou por mais alguns segundos e depois voltou a esfregar a mancha sem dizer mais nada.

Antes que Eren pudesse ficar mais nervoso, ele finalmente disse depois de longos instantes, “Um pensamento bem incomum na sua idade. Um dos muitos fatos pelo qual não gosto de treinar recrutas mais jovens é esse, parecem porcos que rolaram do chiqueiro e caíram direto em equipamentos 3DMGs. É difícil para eles entenderem o conceito de higiene.”

Eren lembra das tendas que compartilhava com seus colegas na época de treinamento militar e faz uma careta. Meninos adolescentes definitivamente só eram considerados seres humanos por educação de algum cientista. (Eren era um garoto adolescente, mas ele não era humano por outra razão. Ah, e claro que ele tinha umas atitudes nojentinhas aqui e ali – quem nunca tirou uma meleca do nariz e limpou em algum móvel que atire a primeira pedra – mas nada se comparava ao horror do que ele presenciou em todos esses anos nas barracas).  

“Ah, isso é com certeza verdade. Me lembro dos meus dias de treinamento, mais de dez garotos pré adolescentes espremidos juntos. Fiquei sem senso de olfato por um tempo, e também chegava ao cúmulo de esconder minhas cuecas debaixo do saco de dormir para que ninguém tentasse usá-las. Enganos ou não, acontecia o tempo todo.”  Quando a fala acabou de sair ele registra que acabou de falar sobre cuecas com Capitão Levi. Felizmente, a parte da meleca não escapou.

“Isso soa realmente nojento.” Foi o que o Capitão comentou e Eren percebeu que não deveria se preocupar, aquele ali era alguém que não teria frescuras pra se falar de algumas coisas que poderiam facilmente ser taboos para outros.

Uau, seu tempo sozinho com seu ídolo de batalha e eles falaram sobre limpeza e hábitos nojentos.  Mas Eren ficou feliz com o resultado, que eles conseguiram conversar sobre algo já era uma vitória.

Eu tenho mais tempo. Algum dia ainda vou perguntar a ele sobre coisas que realmente me interessam.

O jantar felizmente é salvo e Gunther também, porque a cozinha está impecável.

E mesmo que Eren sente na cadeira mais distante da do Capitão, ele definitivamente se sente mais próximo agora.

 

 

 

Naquela noite Eren não sonha.

Ele apaga por algum tempo e acorda novamente, um ciclo constante, a ansiedade que normalmente o persegue quando cai à noite fazendo sua típica aparição.

Mas não é de tudo ruim. Sempre perambulando na tênue linha do sono e da consciência, ele espera e anseia sobre o que sua entrada nessa Tropa irá trazer.  


Notas Finais


Badutsss~~Então sim, eu joguei um pouquinho de aula de literatura nisso tudo com essa coisa de personagem plano ou circular XD
Fato curioso: Os dados da contagem de titãs que Petra matou são de verdade (pelo menos de acordo com onde pesquisei xD Onde tristemente não fala a quantidade do Levi. Talvez ele matou demais pra ser registrado.)

Eu escuto quando estou escrevendo o álbum do U2 Songs of Innocence que você pode achar aqui -> https://play.spotify.com/album/5tWSTNTqzqZhKo7FCyLwPk?play=true&utm_source=open.spotify.com&utm_medium=open (tem de músicas empolgantes até as tristes e românticas) e uma playlist da Lana del Rey aleatória no Youtube pra escrever essa história, se alguém estiver interessado em pesquisar :)


Bem, e o que vocês pensaram do Eren, bem, pensando nesse capítulo? Haha. De qualquer forma, por enquanto vamos acompanhá-lo daqui pra frente nesse tempo que o Erwin estava fora e até um pouquinho depois.

Um beijo e até o próximo!


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