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História Camp Jones - Canoagem


Escrita por: parker__ e goodwolf

Capítulo 11 - Canoagem


Kyle

Eu, Cale, Rodrick, Elliot, Noah, Hayley Harper, os irmãos Fletcher e o novato italiano. Essas eram as pessoas que compunham a mesa em que eu estava, possivelmente juntos por terem participado do verdade ou desafio na noite anterior, mesmo que eu não me lembrasse de tudo que tinha acontecido.

Era interessante observar aquela mesa. Era como se vários pequenos grupos tivessem se juntado ali por acidente, pois cada um tinha alguém para justificar estar sentado ali. E eu gostava de onde aquilo estava indo. Cale estava interagindo como nunca antes, principalmente com os meus amigos, onde três palavras eram muitas sendo trocadas entre eles quando estávamos na escola. Abraham parecia alguém na qual ele possuía facilidade de conversar também.

Elliot, Abraham e ele trocavam argumentos acirrados sobre coisas na qual eu não prestava atenção, enquanto Rodrick conversava sobre a noite anterior com Hayley e Ashley, sobre os desafios que as garotas haviam proposto para ele. Noah prestava atenção em ambas as conversas em silêncio, assim como o italiano (seu nome me falhava a memória). E eu, que estava um pouco alheio a situação até ser chamado a realidade novamente. Da forma mais desconfortável possível.

– Você se lembra disso? – Rodrick perguntava pra mim.

– Me lembro do quê?

As garotas me encaravam agora, como se eu tivesse me esquecido de algo extremamente importante.

– Tu beijou o Logan Lemasters, aquele novato de cabelo grande. E foi mó beijão.

Olhava para Cale, que retribuía o olhar e desviava na mesma hora. Eu me lembrava do beijo. Mas não de que havia sido com um cara.

– Eu não fujo de um desafio, né – Desconverso, rindo. Uma risada não tão convincente.

– Mas você gostou? – Hayley perguntava, fazendo o assunto da mesa se tornar esse do nada, inevitavelmente me deixando constrangido.

– Bom… eu nem sequer lembro direito. – Coço a cabeça, querendo desesperadamente mudar de assunto. – Então sei lá. – Dou de ombros. Era difícil fingir não se importar com aquilo.

Elliot tenta mudar o rumo da conversa, notando meu desconforto.

– Pelo menos vocês beijaram alguém… a única coisa que me fizeram fazer foi beijar o chão. – Ele olhava para Rodrick, o responsável por aquilo.

– Não me arrependo de nada. – O sorriso, quase orgulhoso, visível em seu rosto.

Mudava meu olhar e atenção para Noah por um tempo sem que ele percebesse. O garoto agora entrava no assunto da mesa ao saber das coisas que tinham acontecido com todos ali na noite passada. No caminho para o refeitório ele tinha reforçado algo que conversamos no chalé sobre Rachel e ele, sobre eles só estarem se beijando na piscina e que nada mais tinha acontecido como Vincent havia intensificado.

Disse que acreditava nele. Seria o auge da filha da putagem transar com a irmã de um amigo no meio de um lugar como a piscina do acampamento da família. De qualquer forma, não é como se tivesse sido menos desrespeitoso, mas tornava tudo aquilo menos preocupante ele saber disso.

Espero que essa história tenha acabado por aqui. Não vou cuidar de amigo nem de irmã minha por essas besteiras e não queria que aquilo se tornasse um problema ainda maior. 

A conversa depois de alguns minutos me impressionou bastante. Todos estavam interagindo como se já se conhecessem há muito tempo. 

– O Mauricinho te acertou de jeito, hein – Noah falava com Abraham, que estava com o nariz inchado, coberto por um band-aid, que não cumpria a tarefa de esconder o machucado.

– Pois é, você também. – Abraham ri, ao considerar que ambos estavam com feridas na cara por culpa de Vincent. – Droga, quando eu rio dói.

– Como que ele conseguiu fazer um estrago na sua cara sem querer, mas não consegue medir a força de um soco… 

– Okay. – Interrompo os dois me levantando. – Já que tá todo mundo aqui, o que vocês acham de andar de canoa até o fim do lago? – Finalizava o assunto. Eu não aguentava mais o assunto ser sobre o Vincent.

Ashley

Eu adorava canoagem. Na verdade, gostava mesmo era de andar de barco, principalmente pescar. Nosso tio Gerald tem uma casa em Long Island e ele é fissurado em pesca. Ele costuma sempre contar histórias de marinheiro quando estamos juntos, que na maioria das vezes são todas inventadas, mas valem muito a pena ouvir. 

Todos gostaram da atividade, o que deixou feliz sem perceber, por ter gostado tanto do tempo que passei até agora com aquelas pessoas. Rodrick e Elliot eram extremamente engraçados, principalmente implicando um com o outro e eles eram ainda mais legais sóbrios. Já Cale, era adorável. Uma conversa com aquele garoto e eu queria guardá-lo e protegê-lo de tudo. 

E cada vez mais aprendia algo sobre a minha colega de quarto, Hayley, na qual tornava ela mais interessante. Ela era de Los Angeles e estava estudando para ser atriz. Ela inclusive chegou a fazer voz de figuração em alguns jogos de videogame. 

Aparentemente Hayley tinha um passado pesado na família, mas não chegou a explicar bem sobre isso.

– Certo pessoal, só duas pessoas por canoa então façam suas duplas. – O monitor John Norton avisava, repetindo a mesma coisa com um megafone em seguida. Ele estava encostado em um dos postes de madeira do píer e usava um chapéu de pesca beje bem esquisito.

Enzo olhou para mim na mesma hora do anúncio, mas era visível a hesitação. Ele não tinha falado tanto na mesa, o que foi estranho, pois o garoto era bem tagarela (até onde o conheci). Ele olhou para Abraham ao seu lado, mas Elliot já havia o convidado para ser sua dupla. E assim que penso em chamá-lo para ser a minha, ouço a voz de Hayley. Como Cale acabou indo com Jones e Rodrick com Noah, ele acabou ficando sem um par do grupo, acabando junto de um garoto – que eu não conhecia.

Depois de algumas instruções de John e de vestirmos os coletes, já estavam quase todas as quinze canoas no lago, remando desastrosamente. Abraham e Elliot ao nosso lado proporcionavam um dos melhores momentos do dia ao ver o grande esforço para remar em sincronia.

– VOCÊS VÃO BATER NO CAIS… meu pai amado… – Hayley gritava tentando avisar os dois.  

Mas eles pareciam não ter escutado.

– Qual será a profundidade? – Perguntava, remando para desviar de uma das canoas à nossa frente. 

– No meio, algumas partes são meio fundas, tipo uns quatro metros mais ou menos. – Hayley explicava. – Mas dá pra nadar numa boa. Você sabe nadar, né?

– Pff… isso é insultar a minha inteligência. – Dizia, soando convencida sem querer.

– Desculpa ai, boladona. Mas realmente seria absurdo você saber consertar a fiação de um secador, mas não saber fazer movimentos na água para não se afogar. Vamos nadar depois disso, então? 

Confirmo com a cabeça, parando de remar para limpar o suor da minha testa. O calor do sol aumentava ao que a tarde começava a chegar.

– Elliot!

Ao olhar para o lado novamente, vejo os dois com a canoa virada, se segurando no casco de madeira, reproduzindo Jack e Rose em Titanic. Abraham olha pra mim, enquanto passávamos perto deles e faz um sinal positivo, indicando que estava tudo bem.

Rodrick

– Nunca tinha percebido o quanto esse lago é extenso. – Dizia para ninguém enquanto remava, pois Noah claramente não prestava atenção em mim.

– Entendo…

– Entende o que porra? 

– Ahn? O que tu disse, ué!

– Tu nem sequer ouviu o que eu disse. 

– Tanto faz – Ele dá de ombros.

Era difícil ter uma conversa com Noah quando ele entrava dentro da própria cabeça. Ele já era egocêntrico por si só, imagine quando preso em seus pensamentos. Eu podia jurar que aquela cabeça era oca, mas esses momentos de stand by dele me provavam o contrário. Ou talvez ele ficava assim naquele grande vácuo achando que ia encontrar algum sinal de vida.

Éramos uma das canoas na frente de todo mundo, quase chegando ao final do lago. Não que isso fosse uma competição e as pessoas quisessem chegar até lá, mas talvez elas tivessem o interesse se soubessem da pequena ilha que existia no meio do lago, com uma casa na árvore e algumas tirolesas penduradas, que davam direto pra água.

O que havia no final do lago? Um matagal extenso e uma pequena trilha não tão confiável no meio dele. E depois de mais alguns metros acabaríamos no Lake Knights, um acampamento vizinho, mas nada amigável. Existia uma rixa entre o Camp Jones e eles e eu nem sequer sabia o porquê exatamente. Mas nas competições de acampamento era sempre um inferno.

 – Já quer ir virando? Ou quer parar na ilha? – Perguntei para Rodrick, que tinha a visão do que estava à nossa frente, na outra ponta da canoa. 

– Tanto faz. – Ele dá de ombros novamente, me tirando do sério.

– Você quer me contar o que cê tem ou vai continuar com palhaçada? – Perguntei por fim, largando os remos no suporte. 

Noah me olha surpreso, mas ficando sério novamente, aceitando que era normal me ver de saco cheio. 

Ele suspira. É possível ver uma exaustão em seus olhos.

– Eu acho que gosto de verdade da Rachel. – Diz ele, decidindo me contar afinal.

– E dai? Isso não é bom?

Ele ataca algo que eu não consigo ver dentro da água. 

– Ela não tá a fim de relacionamento. E nem eu estava quando a gente tinha combinado esse negócio causal. – Ele respira fundo para voltar a falar. Nunca vi Noah soar tão sério em minha vida. – Mas… eu não sei, talvez eu tenha mudado de ideia e tudo tá uma merda porque é impossível ser amigo do Kyle e namorar a irmã dele tipo eu não quero fazer parte da família, sabe? – Ele falava as coisas uma em cima das outras, se confundindo.  

– Cara… nunca pensei que veria você apaixonado. – Não escondo a ironia da fala.

– To falando sério. Só ficar casualmente com a Rachel é uma coisa pro Kyle porque ele sabe como eu sou. E a irmã dele também. Mas me tornar um Jones? Tenho certeza que ele não ia ficar tão legal quanto isso. Sem contar ao pai dele que eu tenho certeza que me detesta. – Ele fica em silêncio depois de bufar decepcionado. – E eu to pensando nisso tudo e nem sei se ela gostaria de um relacionamento comigo.

Não sabia muito bem o que dizer para ele naquela situação, pois nunca tinha o visto nela. E principalmente porque a minha não era tão diferente com a Dana.

– Eu entendo. – Digo por fim. Só agora eu notava que apenas a nossa canoa estava ali, com o pessoal lá no fundo tentando remar para algum lugar. Apenas o som da floresta e do casco do barco na água era o que eu ouvia. – Você está se apaixonando e não quer, pois não sabe se ela tá a fim e se você mesmo está pronto pra isso. 

Ele confirma. Eu literalmente só havia repetido o que ele me disse de forma resumida.

– Talvez você devesse falar com Rachel. Sei que você é péssimo com qualquer coisa que envolva sentimentos, principalmente os de uma mulher…

– Ei!

– Mas não custa tentar. – Continuo. – Afinal se não for algo recíproco, pelo menos você pode desencanar e não continuar alimentando sentimentos por ela.

Ele expressa um leve sorriso em seu rosto ao que eu termino de falar. Não sei exatamente porque. 

– O que? – Pergunto.

– Eu sinceramente achei que você não ia se importar. Nunca pensei que veria você como o Hitch, conselheiro amoroso.

Principalmente considerando a leve hipocrisia que eu sentia ao dá-lo conselhos que nem mesmo eu estava seguindo com a minha vida amorosa.

– Escuta aqui, você pode ser um cuzão na maioria das vezes, o que não significa que eu vou te tratar como tal. Não tô cagando pra sua vida… pelo menos não a todo tempo.

Ele cruza os braços e pisca, movendo sua cabeça levemente para baixo. Um sinal de agradecimento. 

– Talvez devêssemos ir na ilha. – Ele diz, vendo algumas canoas se aproximando.

Pego os remos novamente.

– Era o que eu queria ouvir. 

 Cale

Kyle parecia nostálgico. Aquele momento parecia lembrá-lo de quando o pai dele nos levava para andar de barco em Oakland, sempre tentando achar algum fato sobre o oceano que desse uma desculpa para um passeio educativo e não só porque ele conhecia uma parte da baía extremamente paradisíaca para nadar.

Enquanto comentava sobre essas memórias, seu olhar parecia distante, como se Kyle estivesse perdido em um retroprojetor, perdido enquanto remava. Algo que ele costumava fazer.

Ele tinha ficado da mesma forma no refeitório ao perguntarem sobre o beijo de ontem. 

Ainda era estranho pra mim, mesmo sabendo que Kyle é bem cabeça aberta com diversas coisas. O tipo do jovem que falaria gratidão ao invés de bom dia, se pudesse. Mas sempre achei que ele fosse totalmente hétero. Ou talvez… ele fosse ainda. Um hétero que não tinha problemas de masculinidades frágil, talvez. 

Agora pensar nisso enquanto olhava para ele me deixava desconfortável. Porque eu me importaria, afinal?

Tirava aquele pensamento fútil sobre a sexualidade do meu melhor amigo da cabeça, voltando minha atenção ao ambiente enquanto havíamos parado de falar, apenas remando. Era possível ouvir as vozes das outras pessoas nas canoas espalhadas pelo grande lago, abafadas pela distância. E as de Elliot e Abraham voltando para a superfície com a canoa após terem a virado.

A água que batia contra o lago e os remos faziam um som leve, quase inaudível. A floresta que engolia o acampamento toda envolta de nós, amedrontadora de noite e convidativa de dia.

Uma grande nuvem passava pelo sol, dando-me um descanso por alguns minutos esvaídos por suor.

Kyle parecia compartilhar dessa calmaria harmônica do ambiente, enquanto levávamos a canoa mais adentro do lago, nos distanciando de todos. Ele mantinha o silêncio agradável.

Silêncio este, que acaba sendo interrompido por um grito que fez ambos, Kyle e eu, pularmos de tamanho susto.

– JERÔNIMO PORRA! – Noah gritava acima de nós, escorregando rapidamente em uma tirolesa. Ele continua gritando até se jogar dentro da água. 

Logo depois, Rodrick aparece logo atrás. 

– UUUUHUUL! – E então se joga na água, caindo de barriga.

– Ai… – Kyle grunhiu, sentindo a dor dele.

Depois de alguns segundos, Rodrick emergiu da água em silêncio e olhando para Kyle e eu.

E então ele gritou de dor, junto de alguns palavrões.



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