-Onde estou!? – Shu acordou sobressaltado sentando-se no sofá, fazendo seus irmãos se afastarem abruptamente.
-Calma. – respondeu Subaru tocando o ombro do irmão e o fazendo deitar novamente. – Trouxemos você para casa.
-Ele a levou. A levou! – disse o loiro nervoso, era a primeira vez que agia daquela forma. – Reiji vai ficar uma fera. Ele já sabe!?
Shu olhou a sua volta e percebeu que estava na pequena casa a beira do lago em meio a sala destruída. Ayato sentou-se no chão encostando no sofá, trouxe as pernas para perto do corpo abraçando-as e abaixando a cabeça.
-É tudo minha culpa. – sussurrou o ruivo.
-Ainda bem que você sabe. – disse Subaru encarando-o friamente. – E não Shu, Reiji não sabe. Ainda.
Os vampiros ficaram em silêncio, não sabiam o que fazer. Shu levantou-se e disse:
-Alguém precisa avisar a ele. Vamos para a mansão.
-Eu vou ficar, irei procurar a Panqueca. – disse Ayato ainda na mesma posição.
-Acho que você já fez o suficiente para uma noite. – disse Subaru praticamente cuspindo as palavras cheias de veneno para o irmão, o agarrou pela gravata que usava levantando-o violentamente. – Vamos embora.
◇◇◇
Yui acordou em um quarto escuro iluminado apenas por velas, as paredes eram de pedras cobertas por cortinas no estilo palácio medieval. A cabeça da garota doía, suas presas latejavam e pela primeira vez em sua vida sentiu fome, precisava se alimentar, queria sangue. Quando ia levar a mão a cabeça, percebeu que estava presa, suas mãos estavam acorrentadas a cabeceira da cama em que estava, em seus antebraços haviam dois cortes verticais profundos ainda sangrando, o cheiro de ferro que o sangue exalava a deixava com água na boca e incoerente. Sua atenção foi chamada quando escutou a pesada porta de madeira do aposento ranger; um homem entrou no quarto e a olhou, abrindo um sorriso.
-Fico feliz que tenha acordado.
Ele estava com a adaga de Subaru em mãos, Yui não respondeu a ele. O homem se aproximou dela, agora mais próximo Yui percebeu que era o mesmo que a havia abordado na cidade.
-Desculpe-me por isso. – disse ele apontando com a adaga para os cortes profundos. – Mas era necessário deixar-lhe fraca, assim sua presença não atrairia eles e assim você também não pode fugir.
A garota voltou a olhar os cortes e estremecia ao pensar no sabor, ela precisava se alimentar urgentemente.
-Creio que você já saiba quem eu sou, Eve.
O rapaz sentou-se na cama ao lado dela, Yui tentou se afastar, mas as correntes a impediam, ele passou a mão por trás do pescoço dela a puxando para si encostando suas testas.
-Eu senti tanto sua falta, meu amor.
O hálito com odor de sangue dele fez a mente da garota girar, ela entreabriu os lábios e o aproximou dos dele, ela necessitava daquele doce sabor, era uma fome que a queimava por dentro, como se estivesse morrendo aos poucos. O moreno afastou-se dela e abriu um sorriso maldoso.
-Você está com fome. A mutilação fez isso com você. Ah minha querida, o sangue que saiu de ti precisa ser reposto, mas você entende que isso é perigoso para mim, não é?
Ele perfurou o dedão, uma grande gota rubra começou a se formar.
-Mas, como eu te amo, farei sua vontade. – ele passou o dedo pelos lábios de Yui manchando-os de vermelho, afastou o dedo e lambeu a pequena ferida.
Yui passou a língua pelos lábios e gemeu ao sentir o doce sabor, contudo precisava de mais, muito mais.
-Esta adaga pertenceu a primeira vampira original, é a mesma adaga que tirou-lhe a vida, acho até irônico ela estar novamente em sua posse. – ele esperou a resposta da garota, porém esta continuava no mais profundo silêncio, ele soltou uma risada forçada, agarrou-lhe firmemente o queixo fazendo-a encarar-lhe – Não vai me responder? Querida, acho melhor acostumar-se a minha presença, pois você não irá embora.
A última frase foi dita num rosnado raivoso, ele empurrou-a com força contra a cama, deu-lhe as costas e ia em direção a saída, porém parou ao ouvir a voz da garota.
-Onde estou?
-Onde as ondas quebram na encosta. – respondeu ele saindo do quarto e encerrando o assunto.
◇◇◇
-O que vocês estão fazendo aqui? – perguntou Reiji ameaçadoramente entrando na sala vestindo sua habitual roupa formal.
Shu, Subaru e Ayato estavam jogados no sofá do cômodo, kanato e Raito já se encontravam lá.
-Hahaha eles tem ótimas notícias! – disse Raito ironicamente, batendo palmas. – Digam, digam, digam!
Subaru ignorou o irmão, fitou Reiji e disse em voz alta e clara:
-Ela foi levada.
-Ela o quê? – perguntou Reiji num sibilo ameaçador.
-Adam a levou.
-E como isso aconteceu!? – gritou o vampiro visivelmente furioso.
Subaru apenas olhou para Ayato, este continuava calado imerso em pensamentos. Reiji aproximou-se do ruivo agarrando-lhe o pescoço sufocando-o.
-Ayato, seu merdinha, o que você fez!?
O ruivo continuou calado, Reiji o puxou agressivamente derrubando-o no chão.
-Eu sabia dos seus sentimentos por ela, por isso o mandei para protegê-la! Mas, você tinha que arruinar tudo! – gritou o moreno agachando-se no chão ao lado do ruivo ainda deitado olhando o vazio. Reiji agarrou-lhe os cabelos virando o rosto de Ayato de forma que pudessem se encarar. – Olhe para mim! Foi por causa de ciúmes!? Você não se sentiu o suficiente e decidiu mostrá-la que era menor que você!?
Ayato tentou virar o rosto, mas Reiji segurou-lhe firmemente.
-Você pertence ao pior tipo de escória que existe. Não conseguiu fazer algo simples por mero capricho. Ela tinha razão em preferir Subaru.
-Como você... como você sabia disso Reiji? – perguntou Subaru confuso.
-Poupe-me. Todos nesta casa enxergavam a batalha interna de vocês três. Agora vejo que foi um erro mandá-los com ela.
Reiji levantou-se, passou a mão pelos cabelos, pegou um jarro no centro de mesa espatifando-o na parede.
-Precisamos encontrá-la antes que Adam comece a usá-la, ou todos estaremos perdidos. – disse Reiji ofegando após seu surto de raiva.
O moreno saiu da sala a passos pesados, após alguns minutos retornou trazendo consigo uma pilha de livros e mapas.
-Para onde iria um vampiro antigo com complexo de rei ainda preso a memórias passadas? – perguntou o jovem.
-Teddy disse que, se fosse ele, gostaria de ir para algum lugar que remetesse sua época, como forma de trazer o tempo passado de volta. Como um castelo. Né, Teddy? – disse Kanato conversado com o próprio urso.
-Procurem os castelos nas proximidades da cidade, agora! – disse Reiji espalhando os papéis sobre o centro.
Após algumas horas de pesquisa, encontraram cerca de oito lugares que serviriam como possível esconderijo, desses oito escolheram seis, cada vampiro iria a um lugar em busca da garota. Reiji deu a cada irmão um aparelho celular para se comunicarem caso encontrassem algo.
-Lembrem-se, não ataquem sozinhos. – disse Reiji antes de se separarem e ir em busca da garota.
◇◇◇
Kanato chegou a praia, o cheiro de maresia invadia-lhe as narinas, ele cobriu o nariz com o urso e continuou andando até o castelo acima de uma encosta, as ondas do mar batiam com força nesta, levando consigo grandes pedras quando retornava ao mar. A areia da praia prendia nas botas do garoto, ele havia escolhido o canto mais afastado e sombrio, se um dia sequestrasse alguém, levaria sua presa a um lugar assim. Quando se aproximou o suficiente, viu Adam na sacada da torre mais alta, sua silhueta iluminada pela luz da lua.
-A encontramos, Teddy. – disse o rapaz pegando o celular.
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