Subaru observou toda a cena do andar mais alto da mansão, estava sentado no parapeito da sacada e viu quando Yui saiu para o jardim, ela usava sua típica roupa, bermuda marrom com um sweater que deixavam os ombros a mostra. Viu quando Kanato se aproximou dela a surpreendendo e tirando o que ela tinha de mais precioso. Notou quando ela fraquejou e finalmente desmaiou, talvez se ela ainda fosse humana Subaru tivesse impedido que Kanato chegasse nesse ponto, mas Yui agora era vampira e estava na hora dela aprender a ser forte e a não depender dos outros para ser salva. Ele via que aos poucos ela criava uma aura de poder, aos poucos ela estava mudando, mas ainda era frágil e sem eles não sobreviveria um dia nesse mundo de escuridão.
Quando Kanato a deixou jogada no chão e adentrou na casa, Subaru agiu. Foi até onde o corpo de Yui estava, sua respiração era lenta, os lábios, geralmente de um rosa brilhante, estavam pálidos. O jovem de cabelos brancos a pegou nos braços a aninhando como uma criança dormindo e a levou para o próprio aposento, pois lá ninguém iria a procura dela, oferecendo-lhe assim uns minutos de paz.
O quarto de Subaru era uma grande confusão, havia buracos na parede feitos por socos, papéis rasgados no chão, as cortinas na grande janela não passavam de tiras retalhadas, a estante de livros quebrada deixava espalhado no chão uma imensa quantidade de livros, a única coisa intacta era a cama.
Subaru deitou o corpo inerte de Yui ali, e a observou por um longo momento. Acima do criado mudo ao lado da cama estava a adaga de prata que havia ganhado da mãe, a um tempo atrás essa mesma adaga havia sido temporariamente de Yui, Subaru a deu como uma forma de proteção mais eficaz do que a cruz que ela sempre carregava. Mas pouco depois da transformação Yui o devolveu a adaga, não queria machucar ninguém com ela, não queria virar um monstro além do que ela já era.
Subaru observou o rosto sereno da garota que dormia em sua cama, retirou os fios de cabelo que insistiam em atrapalhar sua visão, ele sentia algo por ela, não sabia o quê, mas nesse mundo ela era uma presa fácil, então a decisão se fez presente em sua mente, ele a treinaria, a ensinaria como se cuidar e se proteger em meio a feras.
Seu rosto estava bem próximo do dela, repentinamente Yui despertou, revelando para ele grandes orbes vermelhos, ela se sobressaltou e Subaru se afastou dela lhe dando espaço, um misto de medo e confusão passou por seu olhar, ela tocou a cabeça como se tentasse lembrar de algo, ela olhou ao redor tentando reconhecer o local e a cada segundo que passava parecia mais assustada.
-Subaru-kun, por que estou aqui?
-Preferia que eu te deixasse na terra fria? -respondeu o garoto com indiferença, levantando todas as suas armaduras, para impedi-la de ver todos os sentimentos que haviam por trás da pose de rebelde.
-Obrigada. -respondeu Yui.
Subaru sentou ao lado dela na cama e a viu se encolher, ele apoiou as mãos na cabeceira da cama a prendendo no meio, a jovem parecia cada vez mais assustada.
- Você tem medo de mim Yui!? Eu te ajudo e é assim que você me retribui, se encolhendo. Sabe porque fazemos isso com você!? Porque você deixa. Sinceramente, no fundo talvez até goste. Se quiser que isso pare precisa amadurecer, e não se recolher como um coelho sempre que algo te apavora.
Ele pegou no braço dela e a tirou com violência da cama.
-Fora daqui. Agora!
Subaru a empurrou de encontro a porta, a garota saiu correndo assustada, foi para o único refúgio que conhecia, o próprio quarto. O adentrou com pressa, fechando a porta atrás de si e se deixando cair no chão. Em sua pressa nem havia notado o ruivo deitado na cama.
-Demorou demais! Já estava sedento de sangue e você sabe que odeio esperar. -disse Ayato brincando com a gravata, quando olhou em direção a Yui percebeu que algo estava errado.
-Panqueca, o que você fez dessa vez?
- Na... nada. -respondeu Yui tentando manter a calma.
- Qual deles fez isso com você!?
Ayato já estava ao lado de Yui a prendendo no chão, estavam tão próximos que a respiração dos dois se misturavam.
-Sai daqui! - Yui o empurrou, e nesse momento Ayato sentiu o cheiro e sussurrou.
- Subaru.
Saiu do quarto antes que Yui conseguisse entender o que havia acontecido.
Subaru estava em seu quarto, socava a parede, achava que talvez tivesse pegado um pouco pesado com as palavras que dirigira a Yui. Seus dedos sangravam, e a dor de certa forma o acalmava.
A porta se abriu num rompante e um Ayato furioso adentrou no quarto.
- Quantas vezes eu vou precisar dizer pra ficar longe dela!
Este foi em direção a Subaru pronto pra socar-lhe a face. O outro segurou a mão do irmão antes que essa se aproximasse o suficiente.
- O que você quer Ayato?
-Fica longe dela Subaru.
- Você se acha o protetor da Yui, mas quem a tirou do jardim depois que o Kanato acabou com ela, fui eu. Então me poupe desse showzinho.
-Ela é minha! -gritou Ayato.
- Não é! Para de ser idiota! Todo mundo aqui faz o que bem entende com ela! Você é só mais um.
-Ela é minha... -repetiu num sussurro mais baixo.
Subaru aproximou a boca do ouvido do irmão e sussurrou.
-Então prepare-se para lutar, porque eu também a quero.
Subaru saiu do quarto antes que o ruivo o respondesse, deixando um Ayato solitário e perplexo.
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