História Canção da Meia Noite - Dominador em Meio as Sombras

Esta noite o clima no carro estava tenso, era como se o ar no veículo os comprimisse, todos pareciam de certa forma irritados e com pressa para chegar ao colégio, Ayato e Subaru que geralmente sentavam-se lado a lado estavam afastados, um olhava pela janela, o outro alisava toda a extensão da adaga de prata.

Yui estava sentada entre Shu e Raito, o primeiro parecia dormir com a cabeça jogada para trás no encosto do banco, dos seus fones soava em baixo tom uma melodia clássica instrumental, já o ruivo com chapéu espreguiçou-se no banco passando um dos braços em torno dos ombros de Yui.

- Já notou como o céu está sem estrelas essa noite Bitch-chan? Perfeito para se esconder de olhos curiosos. Que tal matarmos a aula hoje para nos divertimos? – A última  frase Raito sussurrou no ouvido de Yui, enrolando um de seus dedos em uma mecha do cabelo dela.

Ao ouvir tais palavras Yui afastou-se sobressaltada do jovem batendo seu corpo em Shu, este apenas a olhou com desprezo e voltou a fechar os olhos. Raito caiu na gargalhada vendo a atitude da garota, enquanto isso Ayato bufou em seu acento sem tirar os olhos da janela.

- Calma Bitch-chan, prometo ser bonzinho se você se comportar.
A loira apenas corou e se encolheu tentando se afastar do ruivo que a avaliava da cabeça aos pés como uma mercadoria que estivesse ansioso para comprar.

Ao chegarem no local todos se espalharam, cada um indo para um canto diferente, Raito percebeu que algo estava estranho quando viu Ayato olhar raivoso para Subaru e este apenas ignorar, os dois entraram no colégio e pareciam totalmente perdidos em pensamentos. Yui ficou sozinha, o ruivo decidiu segui-la, talvez hoje cumprisse o plano de diversão que tinha proposto no carro.

Nas duas primeiras horas, a garota foi para todas as aulas, era tão certinha e esforçada que em poucos minutos Raito já estava quase desmaiando de tédio, tentava entender o porquê de seu irmão ter se interessado por ela, a garota simplesmente não tinha nada de especial, era apenas um brinquedo muito saboroso. Cansado, deixou-a de lado e foi andar pelos corredores da escola, procurar alguma diversão, escutou o sinal tocar e foi em direção ao refeitório, ao chegar no alto da escada que dava para o saguão de entrada viu uma cena interessante, Yui parecia discutir com Ayato, ele se aproximava e gesticulava muito com as mãos e a todo momento ela se afastava, ele segurou o pulso dela, esta o puxou de volta dando as costas ao garoto e subindo as escadas correndo, Raito se encostou no pilar de mármore e sentiu o cheiro do sangue de Yui quando ela passou por ele com tanta pressa que nem notou sua presença. O ruivo olhou para o saguão e encontrou os olhos do irmão, acenou abrindo um sorriso e tomou uma decisão, decidiu seguir a loira e aproveitar essa noite sem estrelas.

Yui seguia por um corredor deserto na ala que dava acesso as salas de educação doméstica, do nada ao passar por uma das portas abertas a garota foi puxada, tropeçou nos próprios pés e só não caiu porque se segurou em uma bancada, estava em uma das salas de culinária, olhou para trás quando ouviu a porta bater com estrondo.

Um ruivo de chapéu se encostava na porta impedindo-a de ser aberta, ele levantou o olhar para que a garota pudesse ver sua face, passou a língua pelos lábios os umedecendo mordendo o inferior em seguida.

-Que tal começarmos a brincadeira Bitch-chan?

Em um piscar de olhos ele estava em frente a garota, aproximou o rosto do pescoço dela inalando seu cheiro e roçando os dentes de leve um pequeno arranhão foi deixado por onde escorreu um filete de sangue que Raito lambeu com prazer. Ele sentia Yui tremer abaixo de si e achava isso hilário, pois era tudo o que ela podia fazer, sentir medo.

-Raito, não! Por favor. -protestou Yui, mas o outro apenas a ignorou.

Ele pegou-a sentando-a na bancada, afastou-se um pouco olhando a garota da cabeça aos pés, cruzou um dos braços e apoio a outra mão no queixo.

-Tsc. Tsc. -estalou a língua- Por onde vamos começar...?

Aproximou-se novamente da garota e retirou a gravata borboleta que ela usava, enquanto o garoto estava distraído mexendo na gola de sua blusa, Yui tateou atrás de si procurando um meio de se defender, estava apavorada, dos seis irmãos Raito era quem mais a assustava. Sua mão rodeou o cabo de uma faca de cozinha, a essa altura Raito acariciava seu pescoço procurando um bom lugar para cravar seus dentes e causar muita dor.

Quando o ruivo aproximou o rosto do pescoço da garota, esta cravou-lhe a faca no ombro soltando um grito no processo, o garoto afastou-se dela e olhou incrédulo a faca enterrada até a metade em seu ombro, retirou o objeto largando-o no chão e tocou o sangue que saia da ferida, olhou para Yui e de volta para o ferimento, soltando uma risada alta.

Yui pulou da bancada e correu em direção a porta, mas antes que sequer tocasse a maçaneta foi puxada para trás pelos cabelos. Raito a jogou no chão violentamente, ela respirava com dificuldade, tentou se levantar, no entanto Raito ajoelhou-se ao seu lado segurando em seu pescoço mantendo-a presa no chão.

- Eu não acredito nisso. Bitch-chan você está se rebelando!? -outra risada escandalosa se fez presente.- Juro que ainda estou tentando acreditar que você realmente tentou me ferir. Tsc. Tsc. Má garota.

Raito apertou o pescoço dela com força, sufocando-a.

-A... Aya...-disse Yui com esforço.

- Está tentando dizer algo Bitch-chan? Não estou ouvindo, repete.

Ele apertou com ainda mais força, Yui se debatia arranhando suas mãos.

-Ay... Ayat...Ayato... -disse Yui com todas as suas forças.

Raito arregalou os olhos, soltou-a se pôs de pé aplaudindo e rindo. Yui massageou o pescoço respirando com dificuldade em busca de ar.

-Ora essa! Não estou acreditando nisso! Eu nem lhe fiz nada e você já está chamando pelo Ayato! Não sabia que você gostava de diversão em trio Bitch-chan. Menina danadinha! -exclamou o ruivo sarcasticamente. -Então meu irmão é seu herói. Hm, que tal fazermos um showzinho para ele? Não se preocupe, serei o vilão e você pode chamar por ele a vontade e veremos se o seu salvador de presas vem te pegar.

Nesse momento Raito pegou-lhe pelo braço pondo-a de pé e começou a arrastá-la para fora da sala, Yui puxava o braço tentando se soltar, mas isso só fazia o ruivo intensificar o aperto.
Eles subiam lances e mais lances de escadas, Yui tropeçava nos próprios pés, quase caindo, depois do que pareceu uma eternidade passaram por uma porta que dava acesso ao terraço da escola, Raito a puxou até a sacada do local, o vento frio os açoitava.

-Não devia ter usado aquela faca. -disse Raito em um tom de voz baixo, empurrando-a de encontro a grade que ficava na altura da cintura. – Vai, grita por ele agora Bitch-chan, chame-o para a festa!

Yui manteve-se calada, sentiu Raito soltar seu braço e puxar-lhe os cabelos da nuca, apenas gemeu de dor.

-Oh, desistiu? Tudo bem, se você não quer chamá-lo eu chamo. AYATO! -gritou o ruivo para o pátio vazio. -Logo ele aparecerá, que tal fazermos ele se apressar, com certeza se ele ouvir sua bela voz se juntará rapidinho a nós.

Raito afastou Yui da sacada, virando-a de frente para ele, a garota tinha lágrimas nos olhos, o ruivo desabotou os dois primeiros botões da camisa da garota e abaixou-a juntamente com o blazer deixando a clavícula a mostra. Yui sentiu os dentes do garoto penetrarem-lhe a carne com violência e gritou de dor, ele sugou seu sangue por alguns segundos e olhou-a, um filete de sangue escorria por seu queixo.

-Isso! Grita! Boa garota! Mas ainda não foi o suficiente Bitch-chan.

Dessa vez ele foi em direção ao ombro, rasgando-lhe a carne de modo a fazer estrago, mais uma vez Yui gritou, nesse momento a porta do terraço abriu com estrondo, Raito colocou Yui em frente ao seu corpo abraçando-a por trás, prendendo-a a si e encarou o irmão gêmeo que o observava estupefato.

-Wow, ele realmente veio! Bitch-chan, você é uma garota de sorte!

-O que está fazendo com ela Raito? -perguntou Ayato ainda observando a cena incrédulo.

-Calma irmão, é só um showzinho pra você. Gostou? – respondeu Raito retirando seu chapéu e colocando na cabeça de Yui. – Ela não fica linda assim!? Me deixa até excitado.

O garoto soltou uma gargalhada, Ayato começou a se aproximar.

-Parado aí ou arranco o braço dela! -respondeu Raito ficando repentinamente sério.

Ayato obedeceu a ordem do irmão, sabia que ele era realmente capaz de fazer aquilo.

-O que quer com isso Raito?

-Mostrar-lhe o quanto ela não é nada! Sabia que quando estávamos no começo da diversão ela chamou por você!? Nossa, aquela cena foi linda. Ayato, não seja um tolo, essa garota só vai gerar problema, ela quase causou a morte de um dos Mukami, lembra dos lobos? Você quase morreu meu irmão! Use-a, depois jogue-a. É o que todos fazem. Você diz que ela é sua propriedade... okay, então deixe-me lhe mostrar a presa que ela é e como pertence a todos.

Nesse momento Raito afastou o cabelo de Yui do pescoço e mordeu-lhe, ela deixou escapar um gemido de dor, esse som foi o suficiente para tirar Ayato do topor aterrorizado em que ele estava preso, este foi em direção ao irmão pronto para machucá-lo, contudo, antes que Ayato se aproximasse o suficiente Raito jogou Yui no chão e já estava em pé na grade do terraço de posse do seu chapéu, colocou-lhe na cabeça e disse:

-Espero que tenha aproveitado.

O ruivo pulou para a escuridão deixando Yui e Ayato no terraço, o garoto correu para a menina ajoelhada puxando-lhe para um abraço, sentiu as lágrimas molharem-lhe o peito nu por causa da camisa aberta.

-Está tudo bem agora. -disse ele em voz baixa.

Olhou sobre a grade em direção ao chão procurando sinais do irmão, mesmo sabendo que não o encontraria, porém em meio ao pátio do colégio havia um homem, este usava uma longa capa e tinha brilhantes olhos vermelhos, era o mesmo de seu sonho. O homem os encarava, e antes que Ayato pudesse proferir qualquer palavra o homem se foi, e o jovem sentiu... o perigo se aproximava.