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História Cannibal - Capítulo único


Escrita por: MidoriShinji

Capítulo 1 - Capítulo único


Rize Kamishiro, a misteriosa veterana solitária, era uma incógnita que Ken Kaneki gostaria de desvendar. Sempre andando por aí com um livro em mãos, ela poderia ser o perfeito retrato de uma estudante-modelo se não fosse por seu comportamento um tanto distante. Alguém que tinha a inteligência, a beleza e uma personalidade agradável ao seu lado não poderia estar sozinha como ela, era o que ele sempre pensara.

Era verdade que esse convite fora ajeitado por Hide mais do que tudo; o próprio Kaneki nem mesmo precisou fazer nada, com uma carta de confissão falsa assinada por seu nome e colocada no armário de Rize. Tudo que precisou fazer foi receber um aviso de Hide sobre isso, que lhe dissera que ele tivera a coragem que faltava a Kaneki. Embora nem mesmo soubesse que a carta não fora escrita por ele, foi isso que motivara Rize a ir até o estudante naquele fim de tarde, até o garoto que lia Dazai Osamu fingindo ter uma calma que não tinha. O gosto por literatura era comum a ambos e convergia em certos pontos, mas o escritor japonês não tinha muito a ver com o livro que ela tinha em mãos, uma biografia de Jeffrey Dahmer. A bem da verdade, Ken não era o mais entendido de celebridades ocidentais, e não viu nada de interessante na capa do livro que ela trazia, enquanto parara-o na calçada a poucas quadras do colégio, de frente a um pequeno café.

— Eu recebi sua carta, Kaneki-kun. Achei muito bonita, eu gosto muito de poesia. — ela disse, com uma voz mansa.

— E-eu i-imaginei… — ele murmurou, sem convicção.

— Eu aceito seu convite para tomarmos um café hoje.

— Mesmo? Eu não posso acreditar! — Kaneki respondeu, surpreso. A gargalhada contida dela foi suficiente como resposta, e o café foi comprado de imediato, para viagem, enquanto caminhavam rumo à casa de Rize. O conhecimento que ela tinha sobre a natureza humana era impressionante, tinha que dizer, uma sabedoria além de seus anos. Ele se lembrou de pensar no quão linda ela era, ao ponto de parecer ilusão, fechando os olhos para imaginá-la. A garota Kamishiro prendia-o tanto aos seus sonhos que em determinado ponto, tornou-se impossível acordar.

(...)

Tudo poderia não ter passado de um sonho, se Kaneki não tivesse acordado amarrado a uma cadeira numa sala de jantar que, embora elegante, não lhe era familiar. A mordaça o impedia de gritar, e o medo em seus olhos era suficiente para que transmitisse o seu medo. O pânico o atingira como um tsunami de ondas gélidas, que congelavam o seu sangue enquanto tentava se soltar desesperadamente.

Sentada de frente a ele, estava Rize.

A faca em sua mão indicava que ela planejava algo de muito ruim, que contrastava com o doce sorriso em seu rosto. A mesa estava posta para dois, com talheres de prata e louça de porcelana decorada, mas sem panelas. A verdadeira refeição ainda não estava sendo preparada. Um belo vaso de peônias brancas separava a mesa em duas metades.

— Ah, que bom que acordou, não gosto que meus convidados durmam durante a refeição. — Rize disse, no mesmo tom lânguido de sempre. A luz incandescente que iluminava seu rosto fazia com que seus olhos parecessem atipicamente vermelhos, de modo quase sobrenatural. Ela se levantou, tirando dele a mordaça — Pode gritar, todos os cômodos têm isolamento acústico. Isso aqui é apenas pela estética. Não iriam te ouvir mesmo que você estourasse seus pulmões de tanto gritar, mas não queremos isso, queremos?

O sorriso que exibia era ameaçador, ainda mais por conta da faca que pressionava suavemente a pele pálida de Kaneki, como um beijo. — O q-que você quer? — ele perguntou.

Sua gargalhada não era maligna, era de genuíno divertimento. Ele parecia não ter entendido ainda a gravidade da situação, mas ah, em pouco tempo com certeza iria perceber. — Você é meu tipo preferido, Kaneki-kun. Tão doce, tão inocente, tão puro… Além do mais, eu prefiro os magros, preciso manter minha forma.

— Não estou entendendo…

— Ainda não? Francamente… Nunca ouviu falar de Jeffrey Dahmer? Issei Sagawa, Andrei Chikatilo, Albert Fish…? Nenhum desses? — Rize listou, com verdadeiro divertimento, ao passo que Kaneki parecia cada vez mais confuso — Sabe, canibalismo não é tão incomum assim… Em muitas tribos, ele é praticado como um ritual sagrado. Consumir a carne de uma pessoa é possuir suas características, e guardar para sempre uma parte da sua alma consigo.

O calafrio que ele sentiu nesse momento não poderia ser descrito por palavras, de tão intenso. O brilho obscuro nos olhos daquela mulher tinha algo de tão maligno que sequer poderia descrever como humano. Sua voz, outrora tão atraente, era um sussurro tão perigoso quanto o canto de uma sereia. — N-não, por favor, eu…

— Shhhh… Vamos começar com o chá. É melhor ficar quieto, porque eu não quero fazer bagunça no carpete novo quando for cortar os seus dedos. Dedos indicadores são os melhores para mexerem o chá, porque têm o mesmo comprimento de uma colher, mas sempre deixam um toque especial. O ferro do sangue contrasta bem com a doçura do chá de hibisco, você vai adorar. — ela disse, entusiasmada. Ver o verdadeiro terror nos olhos daquele menino franzino lhe dava um prazer imensurável, enquanto se aproximava do rosto dele, ficando a tão poucos centímetros que sentia sua respiração ofegante mexer alguns fios de seu cabelo — Ah, eu não te disse? Aqui em casa, eu nunca faço uma refeição e deixo um convidado com fome… É falta de educação. Espero que goste do menu, Kaneki-kun.


Notas Finais


Estou de volta com uma one para botar ordem na casa, hehe. Um leve universo alternativo, pode-se dizer. Falando em botar ordem, e eu que escrevi uma long fic de mistério/terror de 36 capítulos >em menos de uma semana<, e NÃO É DE NARUTO? *gasp*

O título vem da música "Cannibal", da Ke$ha, referenciada bem de leve no finalzinho. Link: https://www.youtube.com/watch?v=mp0o3xjmHnQ


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