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História Canticum - Seco


Escrita por: yehunnie

Notas do Autor


Olá meus amores~ Finalmente consegui atualizar alguma fic. Peço desculpas pela demora, mas eu estava em final de período e agora estou de férias lol Mas com as festas do final do ano, aconteceu muita coisa e eu tive que me dedicar em outras coisas. Enfim, o próximo capítulo será o último. Espero que gostem, e boa leitura <3
Um feliz 2017 a todos!

Obs: deixarei uma explicação lá embaixo!

Capítulo 3 - Seco


Junmyeon sentia o vento frio chocando contra o seu corpo.

Estava cada dia mais frio, e seus casacos grossos de inverno acabaram sendo divididos com o seu novo hospede. Era impossível não sorrir ao se lembrar de como Jongdae se enrolava como um gatinho nas cobertas sentindo frio. Contrário do que ele imaginava, o mais novo – o que acabou deduzindo pelo pouco que conhecia da história de Jongdae – sentia muito frio. As pontas dos seus dedos ficavam roxas com grande frequência (e ele se negava a usar luvas na maior parte do tempo) e também seus lábios, se transformavam daquela cor, que formavam um sorriso bonito de gato, o qual Junmyeon era encantado. Mas eram os olhos verdes do hospede o ponto que mais o atraia.

O Verde o atraia como um imã de polos opostos.

Nos últimos dois meses, pouco ele sabia do tritão, mas conseguia perceber a sinceridade e a ingenuidade que ele carregava em sua alma, muitas vezes ele não entendia algumas expressões e o sarcasmo em suas palavras, levando tudo sempre ao pé da letra. Ele também não sabia ler, muito menos sabia como funcionava equipamentos modernos, mas ele prestou muito a atenção quando Junmyeon comprou um aquecedor elétrico e o ensinou a ligar para manter o ambiente quente, como era do seu agrado. Porém, Jongdae era muito bom com trabalhos manuais.

Foi em um programa de televisão a cabo que Jongdae conheceu a carpintaria. Seus olhos verdes ficaram vidrados nas infinitas possibilidades que poderia fazer com madeira e quando Junmyeon percebeu, ele estava mexendo nas suas peças para concertar o barco procurando algo que fosse útil para mexer com a madeira, arrumar o armário da cozinha que rangia ou até mesmo construir um balcão melhor para Junmyeon na cozinha.

E em pouco tempo, Jongdae começou a “trabalhar para fora”. Quando o rapaz saída da pequena casa que dividia com o pesquisador, ele sempre conquistava um amigo novo, com as suas gentilezas e sorrisos fáceis, e sempre a boa vontade. O seu primeiro trabalho foi concertar a porta da sua vizinha, que acabou contando a outras pessoas como seu trabalho era bom e isso conquistou clientes, e Jongdae não sabia dizer não.

Quando eles menos esperaram, a oficina para o pequeno barco de Junmyeon, transformou-se também na oficina de Jongdae para marmoraria, e o pesquisador sentia os reflexos do trabalho quando o ser místico o abraçava com carinho todos os dias, e suas mãos estavam secas devido a madeira trabalhada.

A pesquisa de Junmyeon estava basicamente parada, as outras sereias e tritões tinham ido embora daquele local devido ao frio, e a temperatura das águas a cada dia estavam mais baixas, e aquilo de uma forma entristecia Jongdae, que todos os dias observava o mar por longos minutos, até mesmo horas.

– O que você tanto pensa? – Junmyeon questionou uma vez, sentando ao lado do mais novo na varanda de sua casa em frente ao mar.

Jongdae levantou-se do chão, deixando Junmyeon no local. Suas feridas tinham cicatrizado rapidamente, porém, ele ainda sentia falta do mar.

– Na saudade que eu sinto.

O pesquisador então achou melhor não falar mais nada, ele também se levantou e percebeu que o outro estava com vários agasalhos seus e deu os ombros, ele já estava acostumado com a presença dele, e no fundo temia que quando o verão voltasse e ele fosse embora.

Querendo ou não, Jongdae tinha colorido a sua vida com aqueles olhos verdes e sorriso bonito.

– Você é meu Suho. – O tritão confessou. – Meu guardião.

Seus braços se abraçavam em frio apesar daquela quantidade de roupas, e Junmyeon conhecia muito bem aquele gesto e queria empurra-lo para dentro da casa rapidamente para o aquecedor, mas ele não conseguia. Era como se aquela voz doce tivesse o paralisado.

– Obrigado por me manter em segurança. – Ele agradeceu, e foi surpreendido pelo abraço do mais velho.

E em momentos como aquele, Jongdae se esquecia da sua origem e Junmyeon esquecia da natureza do outro.

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Tanto Pandora, quanto Jongdae, detestavam dias muito frios. Era engraçado acordar cedo e encontrar o aquecedor ligado no máximo, e a sua cachorra e o tritão dormindo completamente cobertos de edredons – os quais ele teve que comprar a mais, além de roupas para Pandora.

O frio estava muito forte para àquela região do país, principalmente por ser em parte da costa, mas os meteorologistas explicavam ser consequências do aquecimento global. E naquele dia, Jongdae não conseguiu se levantar da cama, Junmyeon se aproximou e observou os lábios rachados do mais novo, além do tremor do seu corpo.

Mesmo com o aquecedor ligado, não estava conseguindo cumprir bem com a sua função e o quarto estava frio.

– Jongdae? – o chamou baixinho, para não o assustar. – Jongdae?

A sua voz fez o outro resmungar baixinho algo que não compreendeu e seus olhos abrirem um pouco, e mesmo sem o consentimento dele, Junmyeon colocou a mão em sua testa e em seguida desceu até o pescoço e percebeu que a sua temperatura estava muito baixa.

– Jongdae. – Falou alto despertando o garoto. – Eu preciso te levar ao médico... Você está congelando.  

Ele estava desesperado, se a temperatura dele estivesse alta, poderia aplicar medicação para diminuir, porém, nunca tinha visto algo daquela forma... Jongdae estava congelando, a ponta de suas orelhas estavam azuladas, e em movimento breve, conseguiu observar a ponta dos seus dedos também azuladas e rachadas.

– Por favor, não. – Pediu, com o fio de consciência que ainda possuía. – Eu só preciso me aquecer, irei ficar melhor. Não posso ir ao médico.

Ele respirou fundo e olhou envolta, seu cérebro não estava raciocinando rapidamente ainda. Tinha acabado de acordar, e podia ver a sua cachorra – que tinha ido dormir com o outro na noite anterior – chorando na cama perto de Jongdae. Pandora tinha ‘aceitado’ a presença do outro, apesar de ainda implicar com o tritão, ela se mostrava bem amigável.

– Eu preciso te aquecer.

Disse mais para si. Seus olhos correram pelo quarto, e não encontrou nada mais ajuda-lo, e por fim, ele juntou as suas cobertas, panos dos sofás e até mesmo roupas em cima do tritão, fazendo uma camada de panos enorme.

Enquanto a água aquecia para um chá, Junmyeon pegou o secador de cabelo que mantinha para secar Pandora dos banhos e ligou embaixo das cobertas o ar quente para aquece-lo. O tempo estava muito seco naqueles dias, o que acarretou também em uma tosse no mais novo.

E aquela situação se sucedeu por três dias. Entre chás quentes, Jongdae comendo gengibre (o que Junmyeon tinha descoberto na internet que ajudava), fricção em cima dos panos para aquecer e dormirem abraçados durante as noite. Gradativamente, Jongdae aumentava a temperatura, porém, com muito custo.

Inconscientemente, Junmyeon começou a anotar as informações que tinha sobre o tritão. Como seu corpo sofria fortes alterações com o frio, quais os métodos que utilizou para ajudá-lo a controlar a temperatura, como a sua pele aparentava estar rachada nos últimos dias.

O que começou como um “prontuário médico”, acabou tornando-se uma análise sobre o comportamento de Jongdae, a sua pesquisa que estava antes parada, naqueles três dias, quando Junmyeon conseguia descansar um pouco sentado a beirada da cama do ser mágico, escrevia sobre Jongdae e a sua facilidade em aprendizagem, ou como ele possuía uma inteligência elevada – apesar de não ser um humano completo – devido a sua falta de conhecimento da civilização.

Sua mão com o lápis fez um esboço dos pés de Jongdae, e da sua perna torta ao lado de suas anotações no canto da página do seu caderno, aquela era única característica física que conseguia perceber no tritão em sua forma humana.  O formato dos seus dedos dos pés mais achatados e retraídos que os seus.

– Você devia descansar um pouco, Junmyeon. – A voz de Jongdae o despertou de suas anotações. – Já me sinto bem melhor.

As mãos do tritão deixaram as cobertas, e jogou algumas peças para fora da cama. O clima tinha melhorado nas últimas horas, esquentando tanto dentro de casa, como do lado de fora, mas mesmo assim, Junmyeon não desligaria o aquecedor, o clima também estava mais úmido, devido a chuva durante a madrugada, e isso tinha melhorado a respiração do mais novo.

– Estou descansado. – Afirmou convicto, observando o outro se sentando aos poucos na cama. – Não faça esforço, seu corpo ainda precisa de cuidados.

Junmyeon fechou o seu caderno, e o prendeu como de costume com um elástico que estava anexado. E mesmo com o outro afirmando que estava bem, pegou o termômetro e passou pela testa de Jongdae percebendo que a temperatura dele tinha normalizado, da mesma forma que a cor tinha voltado aos seus dedos e rosto.

– Eu estou bem, Junmyeon. – Jogou mais algumas cobertas para longe, e se sentou na beirada da cama. – Não aguento mais ficar assim.  – Seus olhos focaram seus pés fora da cama, e ainda em um sussurro pediu. – Pode me trazer um pouco de água, por favor?

O liquido revitalizou Jongdae, da mesma forma quando passava água sobre seus machucados e a aparência amenizava. Respirou fundo, cada dia seu corpo fraquejava mais e sua condição piorava, principalmente com o frio tão rigoroso.

Mas ele tinha que ser forte, não tinha como sobreviver fora dos cuidados de Junmyeon.

E ele também não queria abandonar o outro.

�� ~ ��  ~ ��

Junmyeon escondeu o seu caderno no fundo do armário.

Aquelas anotações, junto as fotos, poderia o deixar rico pela descoberta. A existência de sereias e tritões era algo que poderia mudar a história da humanidade, e abria uma grande brecha para a descoberta de outros seres mágicos ou fantásticos... E ele ganharia muito dinheiro com essa descoberta.

Entregar aquelas fotos significava expor Jongdae a todos. E mesmo sendo um pesquisador, Junmyeon conhecia as consequências que aquilo implicava, e ele poderia imaginar. A ciência fazia qualquer coisa para obter conhecimento, e isso poderia acarretar o aprisionamento do tritão e dos seus companheiros, ou pior, a morte deles.

Ele se sentou na beirada da cama, e observou a porta do armário. Naquele local estava todo o seu conhecimento de Jongdae que sabia, e de como conseguiu o localizar. Era possível escutar Jongdae cantarolando uma música infantil que o humano lhe ensinou, enquanto preparava arroz na panela elétrica.

Pandora o cutucou, seus pensamentos se dispersaram. O rumo da sua pesquisa tinha que mudar, ele teria que entregar algo concreto nos próximos meses, mas aquele não era momento para pensar nas suas obrigações. Ele seguiu em direção a cozinha – sendo guiado pela Pandora, e colocou um pouco mais de ração no seu potinho e trocou a água.

Seus olhos se focaram em Jongdae, que permanecia ao lado da panela elétrica mesmo sem a necessidade de vigília.

– Eu cortei os legumes. – Ele informou se voltando para o dono da casa. – Não queria te incomodar, e os coloquei para cozinhar junto na panela de arroz.

Junmyeon agradeceu, aos poucos o outro começava a ter maior liberdade e ‘raciocínio’ para algumas atividades, seu conhecimento e inteligência a cada dia parecia se desenvolver mais conforme também a dificuldade do que ele realizava na sua pequena marmoraria na oficina. O pesquisador se aproximou da pia, e lavou as mãos. De certa forma ele não conseguia encarar o outro... principalmente após pensar em entrega-lo junto a pesquisa.

E para a sua surpresa, Jongdae o abraçou por trás. Daquele jeito suave e inocente como sempre realizava suas ações, e mesmo que ele soubesse que o tritão tinha puras intenções, seu coração disparava.

Seus coração disparava e seu corpo o traia, seu corpo sentia-se atraído pelo outro, da mesma forma que marinheiros eram atraídos pelas sereias. Ele não tinha muita certeza que existia um encanto por parte do tritão, mas acreditava que não.

As pontas dos dedos ásperas tocaram a sua pele naquele abraço, e ele conseguia sentir como a pele era fina e frágil. A respiração do outro chocou contra o seu pescoço, junto a voz doce cantada no pé do ouvido.

– Deixa que eu faço o jantar. – E mesmo sem observar, ele sabia que Jongdae estava sorrindo. – Só preciso que me diga exatamente o que fazer... Descanse um pouco, você passou o dia trabalhando.

Eles se permitiram alguns segundos daquela maneira. Jongdae inalava o cheiro do humano, e desejava tê-lo mais próximo de si, ele sentia falta do carinho e do afeto de seus companheiros, e pela primeira vez se sentia seguro junto a um humano por completo.

Sua relação com os humanos era boa, porém, ele sempre estava em alerta sobre qualquer movimento ou ação... Desde muito novo aprendeu que os humanos poderiam ser muito cruéis com seu povo, mas ele acreditava que Junmyeon era diferente. 

– Jongdae... – Chamou baixinho, não queria atrapalhar aquele momento, mas precisava esclarecer melhor ao outro. – Você sabe que não pode fazer isso com todo mundo né? – Ele pode sentir o mais novo balançando a cabeça positivamente, fazendo seu corpo inteiro se arrepiar pela aproximação.

– Só devemos demonstrar carinho com pessoas que gostamos de verdade, certo? – Questionou meio incerto, e obteve a confirmação do humano. – Eu gosto de você Junmyeon.

O pesquisador não sabia o que falar. Existia mil significados para aquela frase, e ele só desejava que fosse um, o mesmo que ele sentia. Jongdae era um ser mágico, disso ele não tinha dúvidas quanto as lendas, poderia ser amaldiçoado também. Ele se virou de frente a Jongdae, se desvinculando do abraço, e pode ver a sinceridade nos seus olhos verdes. Foi natural como os lábios se tocaram.

As bocas se atraíram após semanas juntos, cuidados e carinho. Junmyeon cuidava de Jongdae como se fosse a mais rara joia encontrada no fundo do mar, e Jongdae alegrava e cuidava de Junmyeon do seu jeito, lembrando-o das refeições e até mesmo distribuindo sorrisos em momentos de irritação.

Jongdae agarrou-se na camisa velha de Junmyeon, quando o outro o envolveu como um abraço meio desajeitado. Tudo aquilo para os dois era novo. Era a primeira vez que o pesquisador sentia o seu coração daquela maneira por alguém, e também era a primeira vez que o tritão se permitia a ter um contato tão íntimo com alguém.

Conforme os seu corpo relaxava no abraço, Jongdae sentia-se cada vez mais mole, sentia-se flutuando, mesmo sabendo que estava caindo. Junmyeon percebeu quando o corpo fraquejou e caiu sobre si ainda mesmo durante o selar, e ficou surpreso quando observou que palidez que o tritão sustentava junto a veias azuis.

Não existia mais cor no corpo do tritão.

Era como se seu corpo estivesse toda a água removida.

– Jongdae... – Chamou, enquanto o deitava em seu colo no chão da cozinha. – Fala comigo, Jongdae... – o desespero tomou conta do seu ser, o mais novo tinha desmaiado em seus braços... Ele não parecia mais ser aquele que conheceu.

Junmyeon estava surpreso como ele tinha se modificado em um piscar de olhos. As bochechas salientes estavam fundas, junto com a palidez e as veias azuladas. Era como se ele tivesse sido desidratado...

Seus olhos se arregalaram em choque.

Pandora latia em seu lado, como se pedisse para que o outro levantasse, como todas as vezes que ele se adoentava, o que estava bem frequente nos últimos tempos. Junmyeon abriu a torneira da cozinha, e naquele momento jogou água no rosto de Jongdae, observando-a ser sugada pela pele. E ainda com a cachorra o seguindo, Junmyeon pegou o tritão no colo e o levou em direção ao banheiro.

Ligou todas as fontes de água do local, e depositou Jongdae na banheira velha que nunca tinha usado. E mesmo sem se preocupar com as roupas do mais novo, ou que aquilo poderia o adoecer, naquele momento era a sua única chance. Não sabia mais como fazê-lo voltar ao normal.

Conforme a água caia sobre o corpo de Jongdae, seu corpo ia aos poucos revitalizando, as bochechas iam ganhando saliência, fazendo-o resmungar aos poucos. Junmyeon encostou-se ao lado da banheira, no chão do banheiro esperando algum sinal de consciência do seu companheiro de casa e se surpreendeu com um grito que ele deu.

Jongdae berrava em dor, e quando ele observou, pode ver não mais os pés do tritão... Mas sim caldas.

Ele tinha se transformado em sua forma original.

 


Notas Finais


Feliz 2017 a todos <3 O que acharam do capítulo? O Jongdae se revelou, mesmo não querendo.

Enfim, o Jongdae estava desidratando devido a sua falta de contato com a água. Basicamente, ele só volta a forma de tritão quando há um contato direto e constante com a água (o que não ocorre efetivamente em um banho de chuveiro) e essa falta de contato com a água o adoeceu, além do seu corpo não conseguir se manter em uma temperatura constante (Isso também devido a falta de água), por isso ele precisa beber água a todo momento e ter uma 'rotina' junto a água. Aconteceu que quando ficou mais frio, ele não conseguia permanecer muito tempo na água (banho) e com o tempo seco, ele acaba perdendo (desidratando) por causa do clima e isso o faz perder temperatura.

Espero que tenham gostado! Qualquer dúvida, critíca e etc estou nos links:
https://twitter.com/yehunnie | https://curiouscat.me/yehunnie
Venham falar comigo <3 Beijinhos! Feliz 2017!!!!!!!!


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