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História Carnalismo - Capítulo IV


Escrita por: LittleStar15

Notas do Autor


Pessoas, primeiramente, vamos a alguns avisinhos - desculpinhas também, pq né:

*Mil vezes desculpas com a demora! Como sabem, o mês de janeiro é meio movimentado com essa coisa toda de vestibular/sisu, e eu realmente não tirava minha cabeça desse processo. Não só Carnalismo, como Remember When não tiveram capítulos novos :(
*Eu tenho o costume de, quando termino de assistir uma anime, escrever uma one-shot, geralmente song-fic sobre ela e em 2016 eu não postei nenhuma mesmo. Pretendo mudar isso, mas conto com vocês para uma surpresinha :D
*Música do cap:
*Vilarejo - Marisa Monte
*E pra finalizar um gigante MUITO OBRIGADA A VOCÊS, leitores, em especial aos novos: ~pifranco ~BunnySuicidal ~kia_hatake ~maria123457 ~AngelInfernal ~cassiaborges19 ~Crys_Valentine ~Lexuni ~ScaryLou11 ~Danny-Hinamori1 e a ~pifranco ~kia_hatake por comentarem *---*

Boa leitura.

Capítulo 4 - Capítulo IV


Acordei com o sol no meu rosto pela manhã. Meus olhos se incomodaram com a claridade e eu grunhi, me arrependendo um segundo depois. De fato, poderia ser incômodo se fosse um fato isolado, mas o youkai ao meu lado tornava isso tolerável. Altamente tolerável.

Não me recordava a última vez em que realmente havíamos dormido juntos de verdade. Seus olhos abriram em duas fendas estreitas e eu suspirei dando um beijo em seu nariz, fazendo-o revirar os olhos e tirar os cabelos do meu rosto.

Acho incrível sua capacidade de dormir e acordar com os cabelos do mesmo jeito! Sério isso com certeza é uma das coisas que mais me dá inveja nos youkais. - Ele ignorou minha fala e fitou o nada durante alguns segundos, sua mão em minha cintura. - O que te aflige, ó Romeu?

- … tenho uma reunião mais tarde com os líderes das frentes de batalha. De todas as frentes que já mandamos. - Ele franziu a sobrancelha, e eu decidi esperar mais um pouco para que continuasse.

- E isso é bom…? Quero dizer, se eles voltaram, devem ter alguma informação útil para compartilhar, você não acha? - Eu disse o óbvio para que ele se sentisse mais seguro. Foi a minha vez de franzir as sobrancelhas. Por acaso Sesshoumaru realmente ficou inseguro com uma coisa dessas? - Ok, presta atenção um pouco. Quando eu tenho que limpar o laboratório depois de um acidente no Centro de Pesquisa da Universidade, tento não pensar exatamente na bagunça, que sempre tem haver com algum experimento que deu errado, mas no progresso que os estudantes conseguiram. Mesmo que tenha sido mínimo. - Finalmente voltando a olhar para mim, eu sorri.  - Parece que vou ter que ir lá mesmo.

    Talvez pelo fato de mal ter acordado corretamente, ou pelo sua personalidade, ele demorou um pouco mais para me responder, voltando os olhos dourados para mim, decididos.

- Não era esse o motivo de eu estar sendo cauteloso, Kagome. Temo que eles ouviram boatos sobre a nossa relação enquanto estiveram fora e quando voltaram. Por isso - Eu congelei-me no lugar, tentando voltar aos meus sentidos e convencer meu corpo a responder.  - Sua resposta.

    Ele levantou da cama sem dizer mais nada. Sabia por si mesmo que a única coisa que poderia dizer para qualquer um de fora era que tinha uma relação do tipo casamento comigo. Meu coração se apertou. Do fundo da minh’alma, eu gostaria que nós dois tivéssemos mais tempo para aproveitar esse momento, como qualquer outro casal do século XXI. Ri sozinha.

Não é como se eu e o Sesshoumaru fôssemos dois adolescentes imaturos. Eu tenho vinte anos e ele… bom, com certeza mais.

Eu já tinha minha resposta.

☆☆☆

Cantarolei bastante no banho naquela manhã. Era bastante palpável minha alegria, embora eu soubesse que ainda haviam muitas coisas a serem esclarecidas entre nós dois antes do momento principal. E uma delas incluía ele não saber que eu usava métodos contraceptivos da minha Era.

E se ele se arrepender de qualquer coisa mais tarde? Como, por exemplo, conceber um filho meio-youkai semelhante a seu irmão?

Senti uma pressão incômoda no peito e vesti rapidamente o kimono caro. Eu havia deixado claro não querer nenhum tipo de empregada para me vestir mais cedo, assim com Liz, que só usava a dela como menina de recados ou qualquer coisa assim.

Fiquei aérea por uns dois minutos e uma coisa sobre minha bancada de perfumes chamou minha atenção, brilhando estranhamente. Era o relógio de bolso. Levantei da cama em dois passos rápidos e peguei o objeto, analisando as pequenas letras encravadas.

Te levará somente onde deve estar. Não o use com propósitos egoístas, viajante, ou uma presa do tempo se tornará.”

- Uma presa do tempo? Mas que merda… - Em um segundo, uma fumaça com odor de incenso brotou de algum lugar. Era forte, me deixando aérea. Minhas mãos apertaram o relógio e minhas pupilas dilataram.

Conta um grito enquanto eu era transportada para algum lugar. Meus pés mal tocavam o chão naquele túnel negro de imagens e épocas que passavam pelas paredes do túnel, como quadros de família. Havia milhares deles, às vezes mais de um de um mesmo lugar.

Depois de uns dez segundos e com uma rápida aceleração promovida pelo vácuo ou sei lá o que me transportava,  cheguei ao final do corredor. Havia uma porta de quase três metros de altura por dois metros de largura. Foi inevitável eu arfar ruidosamente de espanto e apreensão, além de ter perdido o fôlego com a “corrida”.

Bati duas vezes, assim como fazia em casa. A porta se abriu sozinha.

Não sei de onde tirei mais forças para me impressionar com o que estava acontecendo. O lugar era simplesmente enorme, escuro, e com somente um divã e duas cadeiras de couro vermelhas. Havia também tochas com uma espécie de chama azul. Mordi o lábio inferior.

Fogo de raposa.

- Vejo que acabou de chegar, Higurashi Kagome-san. E bem - A figura apareceu sentada na cadeira. Era alta, esguia, e tinha cabelos longos, os quais saíam em tufos do capuz. Na verdade, estava toda coberta, excetuando-se as mãos pálidas e os olhos. De um verde esmeralda. - na hora.

Foi aí que notei que segurava um relógio. Igual ao meu.

Engoli em seco antes de responder.

- Onde eu estou? Q-quem é você? - A figura abaixou o capuz, revelando o rosto, que agora eu reconhecia pertencer à uma kitsune, e sorriu.

- Eu sou a Época. O Aqui e Agora são frutos somente de uma convenção criada pelos habitantes do Cosmos. Fui designada para esse trabalho, fiscalizar os seres terrenos em suas mais distintas jornadas, pelo meu pai grego, Cronos, o Tempo. - Ela andava pela sala grande acendendo mais e mais chamas translúcidas e falava calmamente, como um sopro das folhas de uma árvore com uma brisa. Eu assenti, e esperei pacientemente para que continuasse. - Para isso, crianças de épocas distintas nascem com o poder de viajar entre Eras por um propósito a se cumprir… ou por uma amor destinado. Quando as recruto, elas tornam-se meus olhos e ouvidos, meus viajantes. A tarefa é vitalícia.

- Eu não sei o que dizer, eu… - As palavras sumiram dos meus lábios enquanto pensei na minha vida e do papel que desempenhara nos anos antigos. Realmente, assim tudo se encaixou mais precisamente. Respirei fundo e decidi prosseguir. - Mas o que eu tive de tão atrativo a ponto de me envolver nisso? Não tenho como escolher?

Seus olhos tomaram um brilho estranho, e, por um mísero instante, pude ver a sombra de um sorriso nele.

- Acho interessante sua pergunta, porque sei que você mesma já se perguntou a mesma coisa várias vezes, no passado. E agora é a minha vez de responder: não mais. Foi somente o seu amor, Kagome, e sua compaixão pelos seres que ajudou pelo caminho. Eles nunca te deixaram dizer não. - Ela sentou se novamente, agora com as duas mãos sobrepostas em seu colo. - Tenho a certeza de que já sabe sua resposta. Deixo você com o James.

    Estava meio incomodada com alguma coisa em seu jeito de falar, de andar, ou talvez fosse somente por aquilo tudo ser muito novo para mim; como se somente parte de mim estivesse ali, como a kitsune que agora descobri ser a própria ‘época’.

Como se minha vida já não tivesse confusão o suficiente, agora virei mensageira de uma espécie de deusa travestida de Shippo.

- Há algum outro nome que você tenha? - Apertei uma mão na outra, de repente constrangida pela presença dela, que me olhava com uma calma tão grande que quase chegou a ser desinteresse.

- Lorry-sama para os Viajantes. Nos veremos em breve, sacerdotisa.

    E sumiu, literalmente, me deixando sozinha com meus pensamentos por pouco tempo, pois dois minutos depois o cara de fraque inglês estava à minha frente com um sorriso que não cabia em seu próprio rosto.

- Seja bem-vinda à turma dos viajantes, senhorita Higurashi! Irá logo se acostumar a ser chamada assim, garanto-lhe. - Ele deu um risinho ao final e foi caminhando para a porta da sala, que ficava em outro direção da que eu havia entrado inicialmente.

    Não ia muito com a cara ou os modos daquela pessoa nem estava com a mínima vontade de fazer uma coisa que eu nem sabia que consequências trariam para minha vida já tão confusa; então estanquei e cruzei os braços embaixo do peito e fechei a cara, fazendo-o virar para mim. Comecei, enumerando minhas perguntas.

- Antes dessa “acolhida especial” ou que quer que seja isso, só gostaria de informar: eu nunca consenti em participar disso ok? Eu fui invocada por aquela espécie de deusa greco-japonesa, e praticamente forçada! Minha vida já está perdida entre duas Eras, não acha o suficiente para uma pessoa?! Não sabe com quem eu estou comprometida?! Ele vai surtar quando eu fizer isso sem consultá-lo-

- Lorry-sama está ciente do conhecimento do Lorde do Oeste da nossa Missão. E sim, sabemos quem ele é. Sabemos quem você é, em contrapartida, e é isso o que importa, que nos ajude. - Ele pacientemente recomeçou a andar pelo corredor branco e entrou em uma sala grande, uma biblioteca como deduzi, e pegou três livros grossos e pesados.

    Sentou-se em uma das várias mesas circulares de madeira bem trabalhada e começou, abrindo o primeiro deles e um dos botões daquela roupa exagerada.

- Não somos escolhidos por ninguém, os Viajantes. Nascemos assim e só depois de aproximadamente vinte anos descobrimos a nossa capacidade, das mais variadas maneira. - Ele fixou seu pensamento em alguma coisa, em sua própria experiência talvez. Fiquei curiosa. - Não podemos simplesmente sair de um lugar evaporando por nossa própria conta, não. Usamos portais dos mais diversos para isso. Geralmente voltamos para lugares da nossa ancestralidade, do nosso país, como você sabe. Lorry-sama percebeu que essas pessoas humanas com capacidades de voltar no tempo poderiam ser úteis de alguma maneira, como olhos e ouvidos sempre vigilantes nos diferentes lugares. E é aí que somos recrutados para ajudar.

- E fazemos o quê, exatamente? Quero dizer, o relógio nos leva aonde ela decidir, é isso? - Ele assentiu, acrescentando.

- Ela decide e vamos lá. Não é tão simples assim, e vamos infiltrados, naturalmente. Por isso não é interessantes que os mortais saibam da nossa existência, porque, essencialmente, não morremos. - Engasguei na hora, surpresa demais para não paralisar por um tempo gigante.

- O que disse? Peraí, imortal, IMORTAL? Tipo, como um youkai? - Ele pareceu não apreciar muito a comparação.

- Youkais são criaturas egocêntricas e usam dessa imortalidade para arranjar mais confusão. Sempre querendo mais e mais poder e riqueza. Muitas vezes se suicidam ou são mortos de maneira mesquinha por não terem usufruído do valor de sua vida longa. Nós preservamos a nossa da maneira mais altruísta possível. Ajudamos quem somos designados para.

    Tive de concordar com alguns pontos de sua divagação sobre youkais, mesmo contrariada. Algo me dizia que isso talvez fossem algumas das tarefas deles, impedir ou limpar a sujeira dos youkais. Imaginei o rosto orgulhoso e prepotente de Sesshoumaru e de como aquilo era verdade, e de como eu gostaria de que ele fosse tão diferente assim da maioria dos outros.

    Borboletas sacudiram em meus estômago ao pensar que agora, de alguma maneira, no meio de toda essa confusão, poderia ser eternamente dele, e ele meu.

☆☆☆

Havia (óbvio) mais centenas de perguntas que eu gostaria de ter feito à James, mas ele somente informou-me que meu relógio iria levar-me para meu primeiro treinamento e que eu iria conhecer mais pessoas que também estavam envolvidas nisso, e que era ótimo e blá blá blá. Uma parte de mim, a mais desconfiada e revoltada, gostaria de gritar, f*da-se, não ligo!, mas logo depois a voz da razão convenceu-me de que eu ainda iria achar bons motivos para aprovar esse “estilo de vida” ou o que quer que fosse.

Voltei ao meu quarto somente dez minutos depois, embora tivesse se passado mais de uma hora que eu havia sumido.

Deve ser um dos truques de mágica dessa coisa, assenti, contrariada, terminando de me arrumar. Coloquei o relógio dentro de minha roupa de dentro para que ninguém mais soubesse ou desconfiasse disso e me lembrei da coisa mais importante: haveria de contar a ele sobre isso o mais rápido possível.

☆☆☆

Cheguei perto da porta onde seria o café da manhã e uma criada deslizou-a para mim. Fui anunciada em seguida por outro criado, e notei que isso era novidade. Foi então que lembrei: os oficiais de guerra de Sesshoumaru estavam ali para discutir assuntos com ele. E que eu serei apresentada formalmente também a eles em algum momento. Rodei meus olhos discretamente pela sala e notei que somente estavam presentes Sesshoumaru, um youkais de espécie desconhecida, que parecia mais uma ave; olhando bem, eram dois deles, quase iguais. O outro era claramente um Inu, mais menos imponente que o Senhor, e este me analisava de cara fechada enquanto eu sentava calmamente em minha almofada. A quarta pessoa era diferente. Possuía uma aura toda especial, que parecia esbanjar sabedoria, e eu quase me curvei diante dele, e talvez, só talvez, eu achei que ele sabia sobre o relógio dentro das minhas vestes.

Não me demorei muito fazendo uma análise com o olhar, pois logo começaram a servir a comida. Mulheres não poderiam falar alto, ou simplesmente falar sem que se dirigissem a elas, então fiquei na minha, esperando qualquer coisa. Quem falou primeiro foi o anfitrião.

- Essa é a sacerdotisa Kagome Higurashi, minha companheira. - Ele dirigiu um olhar rápido e discreto para mim e depois passou os olhos pelas expressões extasiadas e divertida de um dos dois youkais-aves, como eu os chamara. Foi exatamente esse que primeiro falou a mim. O Inu colocou algo em seu olhar que me incomodou um pouco e me fez ficar sem jeito, o que não deixei transparecer.

- Prazer, senhorita. Sou Takegahara, Tengu,Comandante da Terceira Frente do Oeste. Mas, me diga, fiquei sabendo de um boato um tanto quanto curioso de um dos meus soldados há algum tempo: é verdade que canta como um anjo em vôo? - Ele parecia realmente curioso e eu sorri timidamente com a pergunta, e Sesshoumaru tratou de respondê-lo, mas foi interrompido pelo homem com a aura especial.

- Acho que a Kagome poderá cantar para nós mais tarde, na cerimônia oficial de recepção. Será interessante, não acha, Sesshoumaru-sama? - Senti que o Taisho mandou um olhar que o outro fingiu não notar e o outro se apresentou. - Sou o Monge Shiro, orientador do Senhor Sesshoumaru. Estou profundamente satisfeito com a senhorita, que parece ser interessadíssima nas artes.

Os outros dois se apresentaram logo em seguida, o Tengu era o Segundo Comandante e se chamava Bakegahara, irmão mais velho do primeiro, e um pouco mais contido. Ambos os irmão tinham cabelos negros espessos e um rosto mais alongado, com roupas discretas. Não estavam com a armadura, mas tinha noção de que as usavam em todas as outras ocasiões. Foi então a vez do Inu.

- Sou Takishima Kaito, Primeiro Comandante. É realmente uma surpresa tê-la aqui, Sesshoumaru-sama nos falou brevemente de sua presença. Foi interessante. - Percebi que poupou palavras e que praticamente tudo que dizia gritava Não a aprovo aqui e não irei aprovar nunca.

- É uma surpresa agradável recebê-los, igualmente. - Forcei um brilhante, mas meu incômodo não passou despercebido por todos, e eu iria descobrir por porquê dele ter sido tão rude comigo. Tirando o fato de ser humana, ainda era sua Senhora, de qualquer maneira.

Não queria uma cena ali, então mandei um olhar para o dai-youkai não fazer comentários repreensivos para seu subordinado naquele ambiente e estragar ainda mais o clima. Afinal, ainda estávamos com fome.

☆☆☆

Depois daquela refeição desconfortável, deixei a sala com uma reverência educada e segui para fora, onde meus amigos já estavam sentados no quarto de Inuyasha jogando uma espécie de Mahjong mais rústico, obviamente. Eu nunca havia jogado, mas estava tão exausta pelos últimos acontecimentos que caí em cima do futon do meio-youkai, atirando as sandálias de madeira em algum canto do cômodo.  

    Liz me olhou curiosa, mas Miroku e Inuyasha continuaram a jogar por mais cinco minutos antes de virarem para escutarem o que aconteceu.

Tomei café-da-manhã com os Comandantes das Frentes de Batalha hoje. Haverá uma festa formal mais tarde para recebê-los e terei de cantar para os convidados. Estou com medo. - Não contei a parte em que também seria apresentada como companheira do Lorde por diversos motivos, o que também me fazia medo, mas de um jeito diferente. A ruiva suspirou.

- Eles não a tratam bem, é isso? Sabe que não deve satisfações a eles, amiga, você nem é daqui. O que espera provar para pessoas que nem vêem que homens e mulheres são iguais? - Ela tinha um ponto e defendia-o com firmeza. Liz sempre fora assim, decidida e racional, com o pé no chão, o que a fazia sempre questionar vários ângulos de suas escolhas. Também era um dos motivos de se envolver em tantos relacionamentos.

- Isso é verdade, mas mesmo assim. Não vou errar.

- Desde quando você canta, Kagome? Nunca a ouvi antes. - O hanyou parecia um tanto magoado, e se prendeu exatamente a essa parte da conversa, com os punhos cerrados em cima da pequena mesa do tabuleiro de Mahjong. O Monge me socorreu, meio distraído em seus pensamentos.

- Ela canta como uma brisa suave, a senhorita. Tive o prazer de acompanhá-la a algum tempo, em uma declaração para a Sango. - Seu olhar murchou com a menção da exterminadora e eu me segurei para não derramar algumas lágrimas. Também sentia saudades daquele dia, um dos dias mais felizes da minha vida. Mais ainda, sentia saudades da minha amiga, do pequeno filhote de raposa e da aniversariante, Rin-chan, que estava na Vila da vovó Kaede.

Vou colocar não só o que eu sinto na música de hoje, mas também cada nota será pensada na memória daqueles tempos tão dourados com os meus amigos tão especiais e que mudaram a minha vida.

☆☆☆

O dia passou rapidamente. Perto das quatro da tarde, criadas foram ao meu quarto, em que eu passara a hora anterior preparando a música, para me ajudarem a preparar para a ocasião. Cerca de quatro delas, pois a festa exigia isso. A líder delas começou a dar algumas ordens, uma senhora de cabelo metodicamente preso em um coque e com postura altiva.

- Coloque petálas e essência no banho da Senhora. - Eu deixei que escolhessem minha roupa e terminei meu banho em vinte minutos. Uma garota pequena, mais jovem que eu preparou meu cabelo de uma maneira que eu nunca sonhara que ele pudesse ficar, colocando uma espécie de apliquei e moldando-o para que ficasse no lugar bem no alto da cabeça. Finalizou com enfeites de flor que não deixavam minha franja continuar sobre os olhos.

    Uma outra trouxe o kimono mais lindo que eu já vira: ele tinha a cor azul bem clara com um tecido pesado e nobre. Possuía um desenho da metade de seu comprimento até a barra, um desenho de uma vila, com uma floresta, campos e pessoas ricamente vestidas, que descansavam numa casa grande e imponente. Eu fiquei tão extasiada que elas tiveram de chamar-me algumas vezes para que eu acordasse, e eu coloquei um sorriso iluminando meu rosto.

Passaram  uma maquiagem com pó de arroz em todo o meu rosto e eu insisti para usar minha própria máscara de cílios e batom que vieram comigo da outra Era. Estranharam, mas não estavam na posição de criticar, o que eu achei, naquela hora, bom.

    Ajudaram-me com as sandálias e eu pedi que levassem o violão do quarto de Rin para quando eu fosse cantar. Tocaria para eles para acompanhar a música.

☆☆☆

Havia pessoas em volta de toda a sala. Era um cômodo grande, com uma varanda e criados servindo comida e bebida em volta do “U” em que se encontravam dispostos os convidados. Sentados em suas almofadas, comiam, bebiam saquê e falavam alto e com certeza eu não conhecia metade dali. Meu, hã, como posso dizer, “noivo”(?), sei lá, o cara que por quem eu estava apaixonada e em um relacionamento sério estava sentado bem no centro do U, com o número igual de pessoas dispostas a suas direita e esquerda. Havia um lugar junto à ele para mim também.

Fui acenando discretamente com a cabeça para quem eu conhecia, pois eu não fazia ideia de como me comportar em uma ocasião assim. Não foi muito útil quando procurava pela jóia de quatro almas, definitivamente.

Algumas mulheres escancaravam a boca diante do meu kimono e eu me senti uma diva por dentro, mas murchei assim que vi alguns olhares de ódio e despreza quando me viram sentar junto ao senhor da casa. Muitas das youkais lindas certamente pensaram que eu fosse uma concubina ou algo do tipo pelos rumores e isso me deixava um pouco insegura.

- Você está deslumbrante, querida. - O youkai ao meu lado disse com carinho enquanto segurava minha palma e dava um aperto gentil. Ele colocou algo nela e prosseguiu cumprimentando todo tipo de convidado.

Ele está bem carinhoso hoje, que estranho.

Percebi a mudança de seu comportamento repentino, mas deduzi ser somente uma consequência da situação. Ele não nunca foi de dizer com palavras o que sente ou simplesmente me elogiar, mas me dei esse direito. Afinal, o amava.

Conhecer as suas mais diferentes faces talvez fosse um dos desafios que eu enfrentaria constantemente durante nosso relacionamento. Isso não me assustou de maneira alguma, entretanto.

(...)

- Parece diferente esta noite, Kagome. Como se não fosse você. - Inuyasha procurou me olhar nos olhos naquele instante e eu sustentei esse contato por pouco tempo. O ambiente não estava favorável para aquele tipo de conversa.

- Não sei do que exatamente você está falando, mas posso garantir que é impressão. Estou cansada de toda essa conversa e sim, eu tenho mais o que fazer aqui. - Contornei-o e voltei a conversar qualquer coisa com a esposa de um dos Sub-oficiais, que era humana como eu, na verdade uma princesa e herdeira de um volume considerável de terras ao norte do país. Ela parecia ser aquele tipo de pessoa que é linda o tempo inteiro e que nunca levante a voz ou os olhos.

Ugh, talvez só a personalidade dela seja assim. Ninguém é tão perfeito, não é?

Eu me afastei um pouco para observar mais pessoas sem parecer uma andarilha pela sala, mas fiquei cansada depois de passar duas horas sentada ao lado do dai-youkai. Isso porque minhas pernas ficaram dormentes e não conseguia encontrar mais desculpas do porquê estava tão corada para os convidados.

Você não está ao lado de uma criatura divinamente maravilhosa e não consegue parar de encará-lo enquanto o mesmo não está olhando para você.

- Na verdade, ela ri igual a uma hiena. Por que acha que mais nenhuma senhora conversa coisas divertidas com ela? - O irmão mais novo tengu se aproximou com uma porcelana pequena de saquê e seu bom humor.

- Eu já imaginava. Todas nós temos segredos obscuros. - Escolhi o momento errado para fazer uma piadinha. Agora ele poderia levantar essa última fala contra mim. - Claro que todas as regras têm exceções… ah, tenho que me preparar pra, sabe, a cantoria.

Deixei-o meio perdido e voltei para meu lugar ao lado dele. A criatura me olhava com divertimento e sarcasmo. Fiquei emburrada.

- Ótimo, você escutou tudo e agora vai rir de mim! Vá em frente, mas não espere que eu também não revide! - Cruzei os braços e comi um dos rolinhos que estavam no meu prato quase intocado. Ele tirou um pelinho invisível da túnica também azul clara como a minha e abriu um pequeno sorriso. Desviei o olhar, envergonhada. Não, não era nada fácil, apesar de tudo.

- Kagome, eu não quero que você cante para essas pessoas. - Ele forjou uma expressão neutra ao sugerir isso, mas eu sabia que ele estava chateado.

- Vai ser só uma música. Nós temos que agradá-los para que eles nos ajude, não vou doar nenhum membro vital para eles vai ser só… algumas palavras bonitas. E minha voz extremamente razoável. - Ele segurou minha palma possessivamente e eu tentei tranquilizá-lo. Aquilo não era hora nem lugar para uma crise de ciúmes, ou como eu chamava, Complexo de Lorde. Ri baixinho. - Vou lá, quero terminar logo com isso, hoje o dia foi muito cansativo e eu preciso de um descanso.

- Tem certeza de que não quer pular direto para o descanso? - Pude ver sugestões de outras coisas em seus olhos dourados hipnotizantes, mas decidi ignorar. EU também poderia fazer minhas próprias escolhas sem ser convencida do contrário. E a música era, definitivamente, uma das que eu não iria abrir mão por nada.

- Anuncie em cinco minutos enquanto eu vou pegar o violão. Seja simpático. - Ele revirou os olhos e fez questão de deixar claro que não recebia ordens minhas.

Nada novo, te garanto querido.

Kagome POV Off

☆☆☆

- Boa noite a todos, atendendo a um pedido educado, minha noiva, Kagome, cantará esta noite uma canção. - Sem ter medo de ter sido redundante ou por estar levemente irritado de ter de dividir sua noiva, suas canções de tocarem a alma, o youkai de cabelos longos e prateados foi sentar-se novamente. Ela estava perfeita naquela noite. Os seus olhos claros brilhavam como duas pedras de safira e sua forma atraía olhares naquele kimono tão diferente e único. Como ela era.

A sacerdotisa adentrou novamente a sala, radiante diante do comentário daquele por quem  estava e aceitava estar, perdidamente apaixonada. E foi assim que ela decidiu; que colocaria toda a gratidão, felicidade, amor e carinho que estava sentindo naquela música. Como no dia em que ela cantara diante dele pela primeira vez.

- Esta música chama-se Vilarejo e eu gostaria de compartilhar com vocês. Obrigada por escutarem. - Ela tirou um fio de cabelo da face e sua feição alterou-se em serenidade. Pois foi isso que Sesshoumaru pensou ao mirá-la diante da pouca luz ambiente antes que começasse com sua voz de anjo.

Há um vilarejo ali                                                                                                                                                                                                                  Onde areja um vento bom                                                                                                                                                                                                               Na varanda, quem descansa                                                                                                                                                                                                           Vê o horizonte deitar no chão

Pra acalmar o coração                                                                                                                                                                                                     Lá o mundo tem razão                                                                                                                                                                                                                     Terra de heróis, lares de mãe                                                                                                                                                                                                 Paraíso se mudou para lá

Sua voz preenchia o ambiente como luz em uma sala escura. Pessoas encantadas com o som simples e novo que saía do instrumento de cordas que a garota tocava. Anjo, ele pensou, mais uma vez.

Por cima das casas, cal                                                                                                                                                                                             Frutas em qualquer quintal                                                                                                                                                                                                               Peitos fartos, filhos fortes                                                                                                                                                                                                               Sonhos semeando o mundo real

Toda gente cabe lá                                                                                                                                                                                                     Palestina, Xangri-Lá                                                                                                                                                                                                                           Vem andar e voa                                                                                                                                                                                                                                 Vem andar e voa                                                                                                                                                                                                                         Vem andar e voa

O Taisho mais velho pôde identificar que ela cantara experiências de um passado tão querido e que uma angústia reprimida foi finalmente liberada. Tudo o que sentia e tocava ficou claro. Tudo era visível.

Lá o tempo espera                                                                                                                                                                                                            Lá é primavera                                                                                                                                                                                                                             Portas e janelas ficam sempre abertas                                                                                                                                                                                        Pra sorte entrar                                                                                                                                                                                                                                 Em todas as mesas, pão

Flores enfeitando                                                                                                                                                                                                              Os caminhos, os vestidos, os destinos                                                                                                                                                                                       E essa canção                                                                                                                                                                                                                             Tem um verdadeiro amor                                                                                                                                                                                                           Para quando você for

Para ela, cantar aquilo na frente de seus amigos que viveram tudo com ela fora mais do que ela planejara, inicialmente. Talvez porque a mensagem foi passada de maneira mais melodiosa.

Só que ela deixou implícito nos últimos versos. Algo a avisava que não teria tudo aquilo na mão outra vez. Que todo aquele amor que recebera de Sango, Shippo, da vovó Kaede, apesar deles não estarem ali fisicamente, os unia como um laço afetuoso.

Sim, ela esperava que, de algum jeito, eles também tivessem compartilhado disso com eles ali.

 


Notas Finais


Bom... é isso por hoje! Planejava postar ainda no dia 10, mas as coisas são assim mesmo :P
Pra quem ficou surpreso, emocionado, irritado, comentem, eu terei prazer em respondê-los!
Sobre as one-shots que eu comentei nas notas iniciais:
*Daqui a três dias é o dia dos namorados no resto do mundo e eu tenho algumas ones especiais quase prontas, e, se vocês quiserem, posso postar até cinco delas nessa semana!
Aqui estão as categorias de anime que eu tenho alguma coisa encaminhada:
- SesshyKag, Inuyasha;
- YatoxHiyori, Noragami;
- TwelvexLisa, Zankyou no Terror.

Se quiserem algum anime especificamente, podem pedir também, farei se tiver assistido (óbvio rs) e responderei imediatamente.

Até a próxima!!


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