Annabeth –
Annabeth colocou a mochila do colégio delicadamente ao lado da sua porta, sem tirar os olhos de Atena que ainda estava parada, segurando a foto que lhe pertencia.
- O que você está fazendo aqui? – foi a primeira coisa que falou, antes que pudesse manter a boca fechada.
- Sinceramente! Você não vê sua mãe por tanto tempo e é assim que reage a minha chegada?! – esbravejou ela, com o sorriso imediatamente sumindo do rosto.
- Desculpe... é que foi uma surpresa você estar aqui tão... de repente – Annabeth sentiu que deveria dar um abraço na mãe, mas algo no clima lhe dizia que aquela não era a hora – E o que foi aquele telefonema misterioso?
- Sinto por isso. Só queria fazer uma surpresa – Atena deu um sorrisinho – Como tem sido seus primeiros dias aqui? Passou-os bem?
- Sim, ótimos... – começou a loira
- Fantástico. Com quem você tem andado ultimamente?
Annabeth parou para analisar a situação. Tinha um leve ideia de onde exatamente sua mãe gostaria de chegar com tudo aquilo. Encarou-a por alguns segundos. Atena estava sendo bem direta e nada delicada. A sua postura, porém, não indicava nenhum resquício de tensão. Agora tinha uma mão sobre a cômoda e tinha jogado a foto de qualquer jeito na gaveta. Annabeth era incrivelmente parecida com Atena. As feições, os olhos, a estatura...
- Com minhas amigas – agora a garota tinha assumido um tom mais duro, como o de quem quisesse encerrar um interrogatório indesejado – E você, mãe? Como tem passado? – desviou Annabeth
- Ah, eu estou ótima, filha! Mas eu não sou a questão aqui. Pouco são interessantes minhas novidades. Conte-me mais das suas! – rebateu sua mãe sorrindo.
Sabia que Atena já tinha todo um esquema para encurralar Annabeth e persuadi-la (ou forçá-la) a contar o que ela quisesse.
- Não tem nada de interessante a ser dito – a loira deu de ombros.
Nesse momento, o celular tocou mais uma vez. Lentamente, ela moveu a mão até o bolso. Droga. Era Percy. Imediatamente bloqueou a chamada.
- Quem era? – perguntou a mãe, ainda com uma postura calma.
- Erro. Estão me ligando errado direto. Tenho que bloquear esse número – disse o mais convicentemente que pôde, virando as costas para a mulher e procurando uma roupa de casa para vestir.
- Certamente – falou Atena com um leve tom de sarcasmo na voz – E onde estão suas amigas? Pensei que viria com elas.
- Ah, elas me deixaram de carro aqui e foram para o shopping - mentiu Annabeth
- Verdade? Uau, eu poderia jurar que vi você chegando aqui a pé pela janela – murmurou a mulher, com um certo quê de impaciência na voz.
- Mãe.
- Sim?
- Será que você poderia ir direto ao ponto? Daí quem sabe eu fosse também – cruzou os braços
- Imagino que esteja andando com os meninos – começou Atena, fechando a gaveta da filha
- É, você está certa – confirmou Annabeth, sem mais delongas.
- Penso que poderia adivinhar com quem você possivelmente estava agora – continuou – Você estava com o filho de Poseidon, não é?
Pronto. Aquele era exatamente o “x” da questão. Era exatamente naquele ponto que a loira sabia que chegariam. E agora ela teria que ser sincera... ou mentir. Mas mentir não adiantava muito com a sua mãe. Ela era inteligente. Não era fácil de se enganar. O máximo que Annabeth fez foi acenar com a cabeça ligeiramente. Atena não pareceu surpresa, mas um tanto indignada, sim.
- Aquele garoto não é o tipo que eu gostaria que você convivesse – disse por fim
Seria uma ótima hora para as meninas chegarem agora. Uma ótima hora. – pensou
- Isso não é uma novidade – respondeu Annabeth secamente – Você nunca aprovou nossa amizade.
Atena não falou nada, só olhou para a filha, séria. Os olhos confirmavam o que a garota estava dizendo.
- Afinal, por quê tanto ódio do pai de Perseu? – revoltou-se
- É um homem tolo – respondeu a mãe, com raiva – Desrespeitoso.
- Será que você não poderia considerar o fato que Percy sempre foi um ótimo amigo para mim? – recomeçou Annabeth, sacudindo os cachos louros, indignada – Não me importa se você odeia o pai dele, ou quer pular em seu pescoço. Isso não tem nada a ver conosco. Então acho que seria melhor você não descontar nas pessoas erradas.
- Já que você acha... – disse Atena com um tom claro de desaprovação.
A campainha soou, tilintante. Ótimo. Eram as meninas para a salvarem desse momento. Annabeth correu até a porta e abriu-a, se sentindo aliviada. Mas a felicidade passou em um segundo. Não eram suas amigas e sim Percy! Annabeth sentiu vontade de gritar. Será que poderia ficar pior?
Nota: Nunca dizer esta frase. Poderia sim ficar pior a cada vez que você fala.
Antes que Annabeth sussurrasse para Percy ir embora - porque aquela não era uma boa hora - , Atena inclinou-se o suficiente na sala para ter uma visão do corredor até a sala. Sua expressão se fechou. Ela se encaminhou até a porta.
- Quem...? – confundiu-se o garoto, olhando surpreso para mulher que agora estava parada na sua frente – Ah! Olá, Sra. Atena, como vai?
Percy pareceu muito nervoso por instante, e Atena não lhe deu nenhum sorriso, nem mesmo o respondeu. Ela lançou mais um olhar a Annabeth.
- Se é o que você quer...
- Confie em mim – pediu a garota
- Eu confio em você – respondeu a mãe, sincera – Eu não confio nele.
O menino que estava escutando e olhando para as duas tinha uma expressão atônita. Atena passou por ele e antes de sair definitivamente do apartamento, encarou-o com uma expressão gélida:
- Cuide bem da minha filha... ou você vai se ver comigo.
Com essa frase amável, a mulher se retirou e Annabeth rapidamente fechou a porta. Percy continha um rosto de assombro, com a boca levemente aberta. Engoliu em seco, antes de se virar para Annabeth:
- Ela nunca gostou muito de mim, não é mesmo?
A garota mordeu o lábio, não sabendo ao certo se deveria rir ou sentir pena.
- Não se preocupe com minha mãe – disse.
- Seria seguro te roubar um beijo agora? – interrogou Percy com um sorrisinho.
Annabeth sorriu, passando os braços no pescoço dele e se aproximando, mas quando seus narizes estavam praticamente encostados, a porta abriu mais uma vez. Eles se separaram depressa, cada um saltando três metros para trás, ao mesmo tempo que todos seus amigos e amigas entravam na sala.
Todos pareciam bem animados. Estava uma gritaria só. Eles nem notaram o fato de que Annabeth e Percy estavam segundos antes sozinhos em uma mesma sala. Piper tentava acalmar os amigos, mas parecia tão animada quanto.
- Ei – chamou Annabeth, virando as atenções para ela – Desculpem, mas o que exatamente estamos comemorando?
Os amigos começaram a falar todos ao mesmo tempo.
- Um por vez! – riu Piper. – Calem suas bocas!
- O que está havendo? – interrogou Percy, ansioso
- É uma grande novidade! – exclamou a garota feliz – Prontos?!
Os dois assentiram.
- Nós vamos para Miami!
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