História Carpe Diem - Estou fazendo algo errado?

Percy –

Percy piscou, sendo incomodado pela luz do sol que vinha da janela do cômodo apertado. Ele estava enrolado em algum tipo de pano cheiroso, deitado em sua cama, em seu apartamento. Esfregou um dos olhos, tentando fazer a visão que estava embaçada ficar melhor.

- É o casaco de Annabeth – murmurou para si mesmo, enquanto erguia o tecido.

Lembrava-se vagamente da noite anterior. Eles estavam em um restaurante, um pouco depois de Percy ter vencido o campeonato de natação. Sim... ele e Annabeth estavam lá. Não! Ele e todos os amigos.

- Você bebeu muito vinho ontem – disse uma voz.

Ele ergueu a cabeça levemente, procurando pessoas no cômodo. Sua namorada estava parada ali, com os braços envolta do corpo. Percy começou a sentir frio.

- Mas ficou com dor de cabeça e quis voltar para casa, só isso – explicou a garota, se aproximando dele.

O garoto assentiu.

- Venha cá – chamou ele, sentando-se e batendo no lugar vazio na cama ao seu lado.

Annabeth parecia pensativa e séria. Afastou o cabelo do rosto, deitando a cabeça no ombro de Percy enquanto ele começou a acariciar sua cabeça.

- A noite foi divertida para você ontem? - Percy tentou puxar assunto

- Foi... - falou ela com não muita segurança - Pensei que seria um jantar a dois, mas não faz mal.

- Ah.... - ele não sabia o Annabeth queria. Se sentiu idiota - Você dormiu aqui no apartamento? – interrogou Percy

- Não, mas assim que acordei vim vê-lo – respondeu calmamente

- Obrigado por se importar comigo – ele sorriu e inclinou-se para lhe dar um beijo. Annabeth retribuiu de bom grado – Hoje é sábado! Nós poderíamos ver algum filme agora ou algo assim...

Porém, o celular da garota tocou, e eles tiveram que se separar para ela atender:

- Oi, Rachel – Annabeth escutou por uns segundos, até que franziu as sobrancelhas – O que você quer dizer com uma quantidade de água considerável?

Percy ergueu-se um pouco mais com os cotovelos, tentando ouvir a conversa. A namorada desligou e se levantou rapidamente.

- Tenho que ir.

- Ah, não! Mas já? – resmungou o menino, segurando as mãos dela, impedindo que fosse muito longe.

- Sim, Percy. Sinto muito. Mas ao que parece Rachel e Thalia inundaram a casa.

Ele se levantou também, erguendo o dedo indicador.

- Só mais um beijo.

A loira deu um pequeno sorriso, como se sentisse dó dele. Sem dizer nada, foi até o armário do garoto e pegou uma roupa, uma calça e um tênis.

- E você vem comigo.

Percy mal conseguiu nem concordar. Quando Annabeth sorria, covinhas apareciam em sua bochecha, e seus olhos eram hipnotizantes e o cheiro de sua pele maravilhoso. Além disso, ela sabia se virar completamente sozinha e era inteligente, divertida. Que mulher.

Ela saiu para ele se trocar. Percy percebeu que ainda estava com a roupa que usara no jantar. Jogou-a em qualquer lugar do quarto não muito arrumado. Annabeth bateu na porta e entrou novamente, dizendo que tinha esquecido de pegar a sua bolsa. Percy ainda não tinha posto a camisa, seu abdômen estava completamente nu, e Annabeth pareceu ter notado bem isso, pois seus olhos se grudaram naquele local. Ela balançou a cabeça para sair do transe.

- Afinal, onde estão os garotos? – perguntou Percy, sem prestar atenção no que estava acontecendo.

Annabeth esperou ele colocar a roupa para responder:

- Estão na cozinha. Consegui fazer um café para eles. Eu também fiz café da manhã para você. Está em cima da mesa, se Leo ainda não tiver devorado – ela o esquadrinhou com os olhos – Fiz panquecas azuis, com calda. Sua preferida.

Percy sorriu e agradeceu imensamente, já se sentindo mais animado. Teve que comer excessivamente rápido para saírem logo. Jason, Leo e Frank foram com eles. Jack estava cansado demais para sair, além de que parecia estar doente.

Quando chegaram no apartamento das garotas, havia água por todo lado. Percy achou isso ligeiramente agradável, mas Annabeth preferiu enxugar.

- Afinal, o que aconteceu? – interrogou Annabeth para Rachel e Thalia

- Thalia estava... – começou Rachel

- Eu estava? Não, não estava! Rachel que começou com isso... – rebateu Thalia

- Mas eu simplesmente não fiz nada!

- TUDO BEM – encerrou sua namorada – Isso não faz diferença mesmo.

Depois de conseguirem enxugar toda aquela água, Percy e Annabeth sentaram no sofá para assistir um filme e passar um tempo juntos, mas Rachel decidiu jogar no seu console que se encontrava na televisão da sala.

- Ah, vamos Percy! – chamou Rachel – Você não lembra dos velhos tempos, quando jogávamos o tempo inteiro?

O garoto sorriu e sentou ao lado da garota. Eles sempre foram grandes amigos. Houve um certo tempo em que as coisas ficaram bem esquisitas entre os dois, por alguns motivos... Mas agora estava tudo bem. Percy realmente não jogava a muito tempo e ficou animado com aquela sensação.

Rachel empurrava ele quando o garoto ganhava e brincava dizendo que fora pura sorte, mas na maioria das vezes era ela quem ganhava e Percy tentava superá-la a todo custo.

- Você está roubando – protestou ele

- Não, não estou – riu a menina, saindo vitoriosa pela décima quinta vez.

Depois de acabarem o jogo, Thalia o convidou para ouvir uma das suas músicas preferidas – e barulhentas – enquanto comiam um sanduíche de manteiga de amendoim. Depois, as duas amigas ficaram conversando de coisas de garotas que Percy não poderia compreender. Aquela típica linguagem feminina, quase como uma língua própria.

O rapaz pegou um copo de refrigerante. Estava esquecendo de alguma coisa. Ah é! Annabeth! Ele foi procurar a menina na sala, mas ela não estava mais lá. Foi até o seu quarto e viu que a porta estava fechada. Lá dentro ouviam-se vozes. Annabeth parecia estar conversando com alguém. Percy colocou o ouvido encostado na porta.

- É, tudo bem mãe – ouviu a voz da garota – Você já me disse. Sim, eu sei o que estou fazendo. Não, Percy não vai interromper meus estudos. Ainda mais agora – a voz dela parecia meio tensa e cansada - Tudo bem. Tenho que desligar agora... sabe como é, tenho que me dedicar aqui. Tchau.

Ele pensou na possibilidade de bater na porta e entrar, mas achou melhor não a incomodar naquele momento. Porém, antes que saísse dali, Annabeth abriu a porta. Ela se surpreendeu dele estar ali.

-  Por que estava parado aqui? – perguntou com desconfiança

- Eu só ia te chamar para... fazer alguma coisa, não sei – ele pegou a mão dela, nervoso, sentindo a boca seca.

- Eu sinto muito, Percy – ela retirou a mão da dele – Eu tenho que fazer outras coisas agora.

E dizendo isto, se dirigiu para outro cômodo, deixando o menino ali, sem saber o que fazer, nem o que dizer ou sequer o que teria feito de errado.