História Carpe Diem - O pedaço de papel

Percy –

Percy estava sentado olhando Will e Annabeth rirem juntos. Annabeth e ele tinham terminado. Não poderia acreditar. Nunca pensou que isso aconteceria, uma vez que se unissem. Porém, lá estava ele, vendo sua ex namorada conversando com um cara provavelmente bem melhor do que ele.

Ainda poderia ouvir os gritos de Annabeth com ele, e também o seu rosto, com o nariz e testa franzidas, com uma coisa que chamaria mais de mágoa do que raiva. Realmente fora um completo idiota. Sempre que a garota o chamava para sair inventava ou procurava marcar todos os compromissos possíveis para lhe dizer não. O motivo? Puro medo.

Percy tinha medo de que errasse, levando em conta que era desastrado, sem jeito e que Annabeth nunca deveria ter namorado um cara como ele. Era maravilhosa, tinha cabelos lindos, olhos lindos, tudo... era perfeita. E já ele... era só... o Percy. E se em algum encontro qualquer ela percebesse que ele não era tudo isso? Que não era o suficiente para ela? Annabeth poderia mudar de ideia a qualquer momento. Ele tinha medo. Por isso, nunca saia com sua própria namorada. Mas isso também não fora nem um pouco inteligente de sua parte. Annabeth não merecia aquilo, e tinha toda razão em estar brava.

Os amigos de Percy já sabiam de toda a história, mas não tinham o apoiado nem um pouco.

-Tudo bem cara – havia dito Jason – Eu entendo o seu lado. Mas não é por isso que deixaria Annabeth completamente sozinha, recusando TODOS os seus convites! Eu também me sentia nervoso com a Piper, afinal olhe para ela! É perfeita! Mas decidi que seria melhor tentar, invés de correr o risco de abrir mão da garota que amo.

Todos estavam certos. Percy tinha sido idiota. Não pensara por esse lado. Em sua cabeça, se não aceitasse os convites para sair, manteriam um relacionamento saudável. As garotas também não pareciam muito inclinadas a conversar com ele. Menos Rachel. Ela estava falando com ele normalmente. Mas Percy não queria conversar.

Annabeth e Will , pelo contrário, conversaram o dia inteiro, como se aquilo acontecesse a anos. O garoto não conseguia parar de sentir aquela pontada no peito que era o ciúmes. Tentava ignorar a situação, mas era impossível. Sabia que Annabeth estava com raiva dele, e não tentaria conversar com ela agora. Provavelmente nem mesmo o ouviria.

- Você foi um tremendo idiota, sabia disso? – Thalia virou-se para ele em uma aula entediante de história, com uma cara séria

- Me conte alguma novidade... – respondeu o rapaz, desanimado, mal querendo olhá-la nos olhos.

- Sabe o que tem que fazer, não é? – interrogou sua prima, não esperando a resposta – Você tem que concertar os seus erros. Se você ama mesmo Annabeth, demonstre isso para ela.

- E como eu poderia demonstrar?

- Do jeito que deve – dizendo isso secamente, Thalia voltou-se para frente novamente

No intervalo, Rachel ficou conversando com Percy. Só um determinado momento a menina resolveu perguntar:

- Você está bem?

- Não exatamente... – falou ele

- O que aconteceu? – ela segurou sua mão com delicadeza – Sabe que pode me contar qualquer coisa.

- Não gostaria muito de falar sobre o assunto – disse Percy

- Ás vezes colocar para fora é bom – insistiu a ruiva

- Não é nenhuma novidade – afirmou o menino – Todos vocês já sabem.

- Já sabem de quê?

- Que eu e Annabeth terminamos – falou Percy, um tanto incomodado

Rachel arregalou os olhos e pôs a mão na boca:

- Como assim vocês terminaram?!

- Achei que já sabia. Quero dizer... todas as meninas sabem – ele deu de ombros – Esquisito elas não terem te contado.

- Por que? – a garota estava atônita

- Annabeth reclamou que eu recusava sair com ela – o que é verdade – E que eu não lhe dava atenção, que ficava mais com meus outros amigos e... – Percy olhou para Rachel com o canto do olho – Com você.

A menina parecia pior ainda depois daquilo.

- Eu não sabia disso – ela tentou parecer tranquila, mas seu lábio inferior tremia – Annabeth deve estar com raiva de mim... Meu Deus... Eu tenho que ir, tenho que encontrá-la e falar com ela, custe o que custar.

- Provavelmente não dará certo – avisou o menino – Annabeth não está querendo conversar com ninguém... a não ser com Will, é claro – e deu um muxoxo de desaprovação.

Porém Rachel não ouvia mais. Antes de ir embora, disse rapidamente:

- Tentarei falar com ela agora. Se não a encontrar, será no nosso apartamento.

A garota se virou e saiu correndo pelos gramados da escola. Percy só conseguia ouvir ela murmurando consigo mesma: “Se eu soubesse...” Até que se distanciou o bastante para sua voz não ser ouvida.

Percy levantou-se também, e sem nem mesmo perceber, seus pés o guiaram para onde estava a grande árvore que Annabeth costumava ficar, lendo seu livro. Até que tropeçou em alguma coisa e caiu de cara na grama verde.

- Caramba... meu nariz – gemeu o rapaz, colocando os cotovelos no chão para se levantar.

Olhou em volta para ver o que estava no caminho. Avistou um livro a alguns metro de distância. Arrastou-se até ele e pegou com uma das mãos.

- O livro de Annabeth... – murmurou ele – Ainda está aqui. Ela estava tão brava que nem mesmo veio pegar...

Desolado, sentou-se com as costas encostadas na árvore, abrindo o livro que por sinal tinha um cheiro muito bom. Folheou-o, sentindo o perfume doce da garota sair das páginas também. Depois de um tempo nisto, percebeu que uma das folhas estavam soltas. Por um segundo ficou chocado pensando que tinha arrancado sem querer, até que viu que era um pedaço de papel com um desenho.

O desenho era uma casa muito bem feita, toda arquitetada. Um lugar que qualquer pessoa gostaria de morar e constituir uma família. Ao lado, em um canto mais escondido do papel, tinha o esboço de dois adolescentes, com as mãos entrelaças e rostos próximos, sorrindo, mais felizes que nunca. Estranhamente... aquele garoto parecia muito com o próprio Percy. O menino notou isso e mesmo não tendo certeza, deixou o livro em pé, na casca da árvore, como uma lembrança que eles deveriam estar ali, juntos.

Pegou o papel, dobrou e pôs no bolso da calça, sentindo o peito encher de tristeza, querendo que aquele pedaço de papel fosse a realidade atual.