História Carpe Diem - Agora tudo está arruinado. Novamente.

PERCY –

Percy estava bastante animado. Aquela curta conversa com Annabeth lhe dera expectativas. A garota parecia perto de pelo menos conseguir conversar com ele sem fazer uma cara de nojo. Não a culpava por nada. Ele tinha plena consciência de que havia sido um idiota, mas aquilo já estava feito. Agora, teria que reconquistá-la e provar ser melhor.

Em um breve momento, quando falou em como sentia... ela a olhou de um modo diferente. Quase como se estivesse prestes a voltarem a se falar e tudo ficar bem. Infelizmente, Thalia e as outras haviam interrompido aquilo (não intencionalmente, é claro) , então decidiu se arrumar e ir até a casa delas. Poderia convidar Annabeth para jantar, e dessa vez fazer certo. Só os dois, pela primeira vez.

Percy se arrumou, quase tão bem quanto no dia que a pedira em namoro. Quando achou que estava adequado, olhou-se no espelho e suspirou. Sem notar, deu um pequeno sorriso.

- Algumas coisas dando certo, hein? – interrogou Jason, surgindo na porta, com os braços cruzados e os dentes a mostra

- Podemos dizer que sim. Posso tentar... Hoje pode... Pode ser o dia que tudo vai ficar bem de novo. Não precisamos viver uma novela, é só... Sermos sinceros uns com os outros. É, acho que isso vai bastar – respondeu ele, ajeitando a camisa

- Só posso lhe desejar boa sorte – o amigo pôs a mão em seu ombro e bateu duas vezes, lhe lançando um olhar brincalhão – Não vá estragar tudo dessa vez.

- É a minha especialidade – riu Percy, tentando não ficar nervoso

Pegou seu carro e comprou um Milk Shake para Annabeth, o seu favorito. Quase não ouvia a música que tocava no rádio, pois seus pensamentos pareciam falar mais alto, ocupando sua mente e se policiando do que fazer e do que não fazer. Não poderia se apressar demais. Tinha que ir com calma, para ela não se sentir forçada a sair com ele.

Percy amava aquela garota. Ele sabia disso. Tanta coisa acontecera depois que todos se mudaram e mesmo assim... ela ainda estava lá, em sua mente. Várias noites e na maioria dos sonhos. Passaram por bons bocados juntos.

Chegando no apartamento, tentava ajeitar o cabelo e parar de querer vomitar o almoço. Finalmente, no andar delas, ergueu a mão para bater três vezes na porta. Porém, aquilo não seria necessário. Naquele exato momento, a porta branca se abriu sozinha.

- Annabeth! – exclamou Perseu, notando que a menina quem saía do local – Você...

Mas parou ao ver seu jeito. A loira estava com uma cara contorcida, talvez de raiva ou de tristeza, ele não saberia dizer. Ergueu os olhos rapidamente para olhá-lo e falou secamente, com a voz falhada:

- Desculpe. Eu realmente não quero falar agora.

- Não... O quê aconteceu?! Annabeth!

A moça saiu sem nem mesmo hesitar, deixando-o plantado na frente da porta, sem entender absolutamente nada, como normalmente. Thalia estava parada ali na frente, com a boca entreaberta. Rachel surgiu na entrada do apartamento, afim de sair também. Parecia desesperada.

- Annabeth, volte aqui! – ela chamou. Antes que pudesse dar mais um passo, Percy a segurou pelo braço firmemente

- Rachel. Você poderia me dizer o que diabos...?

- Ela soube. Ela viu uma foto... De nós... – a garota encarou o outro – Eu preciso ir atrás dela. Com licença.

Por alguns segundos, ele não fazia ideia do que exatamente a ruiva estava falando. Porém, depois de um tempo, ligou os pontos. Virou-se bruscamente, procurando as duas, como se ainda estivessem paradas ali, esperando por ele. O corredor estava vazio. Thalia ainda estava encostada na porta com uma expressão chocada. Percy virou-se para ela:

- Thalia, eu nunca quis...

Sua prima só balançou a cabeça negativamente e bateu a porta em seu rosto.

Realmente, agora estava na pior. Por que tudo sempre dava errado para ele? Estava cansado de fazer besteiras, todas elas tinham um preço. Ele lembrou daquele dia...

Rachel havia voltado para Nova York para vê-los, passando cerca de uma semana lá. Naquela altura, Percy estava com seus quatorze ou quinze anos. Aquela foi a época que mais se comunicara com Annabeth por redes sociais, por isso não deixava de pensar nela.

Rachel e ele foram para um dos lugares favoritos da loira em toda Nova York um certo dia (tudo naquele lugar o fazia lembrar-la) , e então sentaram-se em um banco. Tudo estava bem, até que o clima ficou diferente. Perseu não poderia negar: Rachel era bonita. Tinha um dom artístico e sempre falava o que pensava, aquilo era realmente muito bom na maioria das vezes. Ela sempre o fazia rir. Até lá não pensara muito nela com intenções românticas.

A menina sabia que Annabeth havia ficado com um pouco de ciúmes, mesmo longe, dessa amizade entre os dois. Que algo a mais estava escondido ali. Do mesmo jeito, simplesmente aconteceu. Percy e Rachel se beijaram. Só não sabiam que estavam sendo vigiados. Alguns de seus colegas simplesmente estavam espiando através de uma moita, e conseguiram tirar uma bela foto da cena.

Depois, ela foi espalhada em todas as redes sociais possíveis. Perseu tentava aniquilar todos os vestígios daquela história, e naquela altura, aquilo já tinha parado de persegui-lo. Porém agora, estava de volta. Naquela idade, não pensara muito no significava beijar Rachel. Foi só uma vez e nunca mais se repetiu. Depois, ela voltou para Nova York e lhe deu meio que um fora, mesmo não tendo começado muitas coisas. Após isso, viraram amigos de antes, e aquilo tudo caiu em um mundo de esquecimento.

Desde então, jamais pensara em Rachel com segundas intenções que não fosse amizade. Não sabia como Annabeth poderia ter descoberto, mas aquilo seria muito ruim, ele sabia. Uma de suas amigas, beijando um rapaz que ela talvez... Só talvez, estivesse começando a gostar. Annabeth deveria estar se sentindo traída, independente de ela e Percy não terem nada complexo (nem poderiam) naquela época. Provavelmente já havia um sentimento mútuo.

E agora... tudo estava arruinado. Percy jamais poderia explicar aquilo, até porque não havia muito o que dizer. Só aconteceu e depois não foi mais lembrado.

Ele só sabia de uma coisa: Isso não seria esquecido por Annabeth tão facilmente quanto ele pudera esquecer. Com razão...