História Carta para mim, você e nós. - Carta para o estranho com quem compartilho memórias

Carta para mim, quem nunca fui, nem sou, muito menos penso que serei. Preciso contar que as coisas andam caminhando tropegamente, sabe? À pernas tortinhas, meio bambas, ébrias nos vazios, dores, desvarios e dessabores, nesses passos de bêbado sem teto, já que sou desabrigado de um abraço ao qual pertenço. Acho que me perdi nessa tarefa de me encontrar; me deixei por aí, tentando me libertar. Quem sabe um dia ainda chego lá.

Carta para você, Jongin, quem fez do nada de mim um tudo só seu; quem revirou os avessos da minha alma e me fez colocar a cara de quem eu realmente era no sol do teu sorriso. Quem transformou um leque de medos, inseguranças e solidões em um livro aberto que contou sobre tudo que senti por você. Quem fez de si mesmo lar para onde minha alma boêmia sempre pôde voltar.

Carta para nós que existimos tão perto dentro de nós mesmos ainda que tão distantes entre as milhas que nunca seríamos capazes de vencer, ainda que elas sequer parecessem fazer diferença quando eu te tinha tão próximo em cada batimento no meu peito.

Carta para um eu e você de um futuro que nunca chegou, de um felizes para sempre que jamais aconteceu; para a chama que deixamos esvanecer até não mais nos aquecer diante da frieza que nos tornamos; para os erros que insisti em cometer, para as vezes que você não conseguiu compreender, para o erro mais certo que fomos eu e você.

Carta para o estranho com quem compartilho memórias, algumas fotografias, mensagens de amor no meio da madrugada, canções correlacionadas, poemas amadores, camas de solteiro, um contato decorado na minha agenda e sentimentos quebrados dos quais fiz uma colcha de lembranças que é pura remenda.

Carta para aquele cujo amor me fez ser livre como quem corre num campo aberto gritando a plenos pulmões.

Carta para quem me ensinou a viver.

Carta para a saudade que eu ainda sinto de você.