Mirai Natsume - Japão, Tóquio, dia 31 de Março de 2017.
''Escuridão. É apenas o que sobrou para mim. A dor de perder outra pessoa e se afastar de sua alma gêmea é algo totalmente doloroso, como se seu coração fosse arrancado de forma vagarosa. Eu perdi outra pessoa e me afastei de Ayato... Eu não posso mais sonhar com nada. Não posso mais pensar em nada... Eu quebrei por completo. Agora, quando durmo, vago no vazio. Penso se quando morrer será assim também...
Enquanto vagava pela escuridão, percebi algo de diferente no cenário, era sangue. Uma grande e avermelhada poça de sangue se esparramava pelo chão negro do local, que aos poucos ia se transformando. Era o caos total. Era a pior cena que eu já havia visto na vida. Pessoas, muitas pessoas, todas elas mortas de forma brutal, como se um animal selvagem tivesse as atacado de forma insensível e psicótica. Crianças, mulheres, idosos... E os irmãos. Todos eles.
No fundo, percebi duas outras pessoas. Éramos nós, aqueles que haviam se ligado pela fita do destino. Ayato e eu. Eu chorava, e parecia implorar para o ruivo - que mais parecia um demônio selvagem - para que não me matasse. E ele o fez. Enfiou suas mãos cobertas de sangue em meu peito com total brutalidade e selvageria, porém, pude perceber que ele chorava.
De repente, tal imagem simplesmente desapareceu, dando lugar a outra. Continuava escuro, mas dessa vez, estávamos sós, apenas eu e ele. Algo escuro tomava conta de meu corpo e Ayato estava chocado. Era a mesma coisa que havia se apossado de seu corpo na outra visão, mas dessa vez, estava em mim. Parecia doer, parecia comer minha alma aos poucos... Era assustador. Mas eu estava feliz. Eu havia salvado ele, e várias outras pessoas.
Até que eu desapareci.''
Acordei em um pulo, assustada. Era um de meus primeiros sonhos em meses, e foi um sonho um tanto quanto extravagante. Levantei-me e olhei-me no espelho, e percebi que minha aparência estava péssima. Olheiras, palidez e boca ressecada. Eu parecia uma doente terminal. Corri para o banho e fiz tudo o que deveria fazer antes de ir para escola.
***
O dia seguiu normalmente, já havia me acostumado com os comentários sobre a morte de Asuna. Não que tais comentários não doessem, mas acabo ignorando todos eles. Durante a aula, Ayato me olhou de relance várias vezes, mas não consegui reagir, apenas fingir que não vi. Eu não consigo mais olhar no rosto dele. Não por raiva, mas sim por vergonha, vergonha de não poder proteger ele e nem Asuna.
Eu precisava escrever. Peguei os materiais necessários e comecei.
'' Eu não sei como devo começar essa carta.
Pedindo desculpas, talvez? É, acho que isso serve.
Me desculpe.
Me desculpe por ser tão fraca e não conseguir proteger nem você nem Asuna.
Me desculpe por ter me afastado de você.
Eu sinto que deveria morrer.
E eu sei que vou.
E farei isso para lhe proteger.
Devo parar por aqui, ou começarei a chorar.
Eu... te amo.''
Após terminar aquela carta, que, apesar de simples, expressava todos os meus sentimentos naquele momento - e sentimentos que eu possuo a muito tempo -, recebo um SMS de um número desconhecido.
'' Quero te ver.
Me encontre atrás da escola.xx''
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