Mirai Natsume - Japão, Tóquio, dia 03 de Fevereiro de 2017.
Minha semana mal começou e está toda esquisita. Pensei que me mudando para a grande Tóquio com meu pai seria no mínimo diferente, mas estou estranhando muito, é uma cidade grande demais. No momento, estou caminhando pelo centro à procura de uma papelaria com preços bons.
Enfim, uma das coisas boas do colégio onde estou é o fato de terem bailes. Ao menos existe alguma semelhança com alguns costumes americanos. O baile seria daqui uma semana e eu estou encarregada de alguns materiais e decorações para o salão. E adivinhe quem é meu parceiro no grupo de decorações e arte? Se você pensou Ayato, você acertou. Ótimo.
- Por quê não podemos simplesmente comprar em qualquer papelaria? Tsc. - Ayato reclamou, cruzando os braços atrás da cabeça.
- Pois temos uma cota, não podemos gastar tudo igual dois doentes. - Idiota. Ele não sabe usar a lógica? - Enfim, existe uma com bons preços ali na próxima esquina.
Depois dessa breve briga, fomos até a papelaria e compramos tudo. Sugeri para irmos até minha casa para organizarmos o material e começar algumas coisas antes de ir para a escola. E sim, teremos aula a noite. Sabe o que isso significa? Que Ayato passará a tarde toda em minha casa, e eu não estou nada feliz com isso e pelo que vejo, Ayato também não. Caminhamos até o metrô e fomos até a estação próxima a minha casa, onde paramos e caminhamos até a mesma.
- Seus pais não irão achar ruim de um belo garoto como simplesmente aparecer em sua casa? - Perguntou Ayato. Eu tentei não parecer incomodada com a pergunta, mas logo relaxei.
- Não. Meu pai nem vai perceber sua presença. - E nem a minha, pensei. - Mas enfim, chegamos.- Parei em frente a minha casa. Não era nenhuma mansão nem nada, mas era uma casa de alto nível, por assim dizer.
Entramos em casa, e logo subimos para meu quarto. Não pense coisas erradas, Mirai, não pense coisas erradas, não pense coisas erradas...
- Ehh? Um quarto bem bagunçado para uma garota. - Lancei um olhar mortal para Ayato. Colocamos as coisas que compramos sobre o carpete e começamos a trabalhar.
- Então... Eu soube que você tem irmãos...- Comentei, tentando puxar assunto. Ayato parou de cortar uma flor de seda por um momento para poder me encarar, e logo voltou ao trabalho.
- Tsc. Aqueles idiotas? Sim. E você? - Perguntou e eu pensei se realmente deveria responder. Odeio falar sobre família.
- Tenho uma irmã, mas ela mora na Alemanha faz alguns anos já. - Respondi. Por um momento, encarei Ayato... Ele é muito bonito, preciso admitir. Quando percebi, acabei cortando o dedo com uma tesoura sem ponta. É, Mirai, você acaba de receber o prêmio de pessoa mais idiota do mundo. Se mate, por favor.
- Tsc, idiota...- Ele virou o rosto, parecia não querer encarar o sangue. A grande questão é: como ele percebeu que eu cortei o dedo? Eu mal reclamei! - Conseguiu se cortar com uma tesoura sem ponta... Você é bem lerda, no fim das contas...- Bufei. Antes que eu pudesse perceber, Ayato se aproximou rapidamente, pegando o dedo que eu havia cortado. Com os olhos fechados, o ruivo lambeu o pequeno filete de sangue que escorria pelo meu dedo. Eu entrei em um pequeno estado de choque. - Hmmm, você tem um gosto bom, M - i - r - a - i - san.
- O-O-O... O que raios você está fazendo?! - Corei, depositando um tapa forte na cabeça do garoto. - Tsc, vou pegar doenças por sua causa agora. Melhor eu lavar isso. - Falei e sai correndo do quarto, em direção ao banheiro.
Meu coração está batendo tão rápido, acho que vou explodir.
Aquele garoto... Ele está brincando com fogo.
***
Após o incidente vergonhoso, voltamos ao trabalho, terminando rapidamente o que precisaríamos fazer. Depois disso, fui ao banheiro trocar para o uniforme do colégio para ir até o mesmo com Ayato. Caminhamos o resto do caminho em silêncio.
- Vou levar os materiais para os líderes e vou depois pra sala. Até.- Falei, correndo e acenando para Ayato.
Corri para a sala, e umas garotas acabaram esbarrando em mim no meio do caminho. Foi proposital, eu sei. Por sorte, nada caiu no chão.
- Olhe por onde anda, novata! - A mais alta das três garotas disse. Eu lancei um olhar para a mesma. - E olhe com quem anda. Se continuarmos vendo você com Ayato-sama , você pagará por isso. - Agora sim me sinto nos EUA. As típicas patricinhas de sempre, pensei.
- Ah, você diz Ayato-chan? Peça para ele parar de correr atrás de mim então. - Respondi, no mesmo tom que a garota usou comigo. Vi a mesma corroer em ódio. Eu adoro fazer isso. - Até algum dia, dear!
Pelo menos algo não tão estranho está acontecendo hoje, huh. Enfim, andei até a sala e entreguei os materiais ao líder presente e me sentei em minha carteira. Vasculhei minha bolsa atrás daquilo... Sim, minha caneta e meu papel de carta. Peguei-os e comecei a escrever.
'' Hoje foi um dia estranho. Como todos os dias tem sido ao seu lado, Ayato.
Esse nome, tão misterioso. Acho que combina com você, afinal, você continua sendo o Sr. Desconhecido.
Ayato, sinto que hoje ficamos mais próximos... Espero que tenhamos outros dias assim. Aquela hora que me feri com a tesoura e você bebeu meu sangue, tive algumas sensações que nunca tive antes. As vezes fico me perguntando o que realmente está acontecendo comigo.
Quando aquelas garotas estranhas vieram tirar satisfações comigo, senti a necessidade de passar uma mensagem para elas, a mensagem que não deixarei ninguém tê-lo além de mim.
É como se nos conhecemos à anos, mas ao mesmo tempo, apenas à três dias. É tão confuso...
Mas algo não é confuso para mim. Eu sinto realmente que a cada dia que passa, mais próximo meu fim fica. É como se estivéssemos destinados a algo... Algo que ninguém pode mudar.
Agora, me diga, no fim de tudo, ficaremos sempre juntos, Ayato?''
Li e reli a carta, até o professor entrar em sala. Dobrei a carta e coloquei em um envelope, logo guardando a mesma em meu caderno.
Fico pensando... O que está acontecendo comigo?
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