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História Casada com um selvagem - Arco V: Natureza sobre-humana parte 4


Escrita por: BlackCat69

Capítulo 36 - Arco V: Natureza sobre-humana parte 4


~NH~

~27 de abril~

~Meado da manhã~

~NH~

 

Naruto e Neji ocupavam o escritório do Senhor.

Os sândalos nas paredes faziam Neji sentir um pouco da presença de Hiashi. Esperava que Naruto não apagasse todas as características deixadas pelo tio.

Os dois conversavam algo importante, um assunto iniciado pelo líder do clã.

Membros do clã Hyuuga deveriam peregrinar e retornar ao feudo antes do término de abril.  

Inexistia uma data especifica, o único fato constante era que peregrinavam na primavera.

Infelizmente, por conta da ameaça de guerra, mais uma tradição teria de ser sufocada.   

O assombro sobre a tragédia ocorrida na peregrinação do ano anterior, retornava à mente do líder do clã.

Sentado à mesa, à direita do Senhor, cruzava os braços na superfície rígida, expunha seus pensamentos ao Selvagem:

— Mesmo que a causa do sumiço deles tenha sido, por conta de um desastre natural, não acha coincidência acontecer justamente no momento que os Hyuugas atravessavam o desfiladeiro? 

Naruto sentado de lado na cadeira, descansava o braço esquerdo sobre o encosto do assento e tamborilava os dedos da mão direita contra a mesa.

Arqueou uma sobrancelha, questionando-o:

— Supõe que seja um plano inimigo?

— Por que não? Não seria difícil um exército causar um desmoronamento.

— Não seria mesmo. — Concordava o Uzumaki, mas levantou um porém: — Só que depois da tragédia, o feudo Hyuuga não foi invadido por nenhum exército. Quando você partiu para Suna, levando consigo grande parte dos Hyuugas, tornou-se a oportunidade perfeita. Mais perfeita ainda depois da invasão Selvagem, quando levei Hinata e meu exército. Por que o responsável pelo desmoronamento não invadiu o feudo em nenhum momento? Chances não faltaram.

O Hyuuga descruzou os braços, apoiando-os pelos cotovelos na mesa e esfregando as têmporas.

Persistiu:  

— Talvez não tenha sido um plano inimigo para invadir e dominar o feudo. Apenas... inveja.

— Inveja? Hiashi colecionou muitos inimigos? — Naruto interrompeu seu tamborilar, e se virou, sentando-se de frente pra mesa.

De antebraços contra a superfície amadeirada, encaixou suas mãos.

— Não exatamente Hiashi, mas o clã Hyuuga. Com o histórico de nossa linhagem, é comum que outros clãs, especialmente, os menos reconhecidos sintam inveja de nós. Até mesmo reis e Senhores cujos domínios se destituem de clãs, comumente acusam o Conselho Continental de favorecer membros da Aliança Continental que possuem clãs.

— Então pode ser qualquer um do continente. — O Uzumaki resumiu.

— Eu sei... é difícil tomar alguma atitude se não tem provas... mas... — Praguejou baixo. — Apenas não consigo deixar de pensar no quanto foi estratégico o desmoronamento ocorrer, em uma região na qual precediam inúmeros buracos daquela profundidade!

Contra a mesa socou usando o lado do punho cerrado, da mão direita.

Os responsáveis consideraram que ninguém desviaria de todos os buracos, enquanto fugisse de um desmonte de terra.

O cansaço de quase um dia de peregrinação, contribuiria para as vítimas caírem mais rápido.  

Assim pensava o Hyuuga.  

Empós um momento silencioso, de sete segundos, o Selvagem decidiu: 

— Por que não faz uma lista? Liste quem mais demonstrou rivalizar com os Hyuugas. Providenciarei uma investigação sutil, depois de resolvermos esse problema de Otsutsuki.

O líder do clã se fixou de lábios entreabertos, suas pálpebras se esqueceram de piscar.

— O que há? — Naruto perguntou, estranhando-o.

— Não esperava que o Senhor me ajudasse.

Uma sobrancelha loira foi arqueada.

— Então por que começou a falar sobre sua suspeita?

Com os analíticos azuis rotundos sobre sua imagem, o líder do clã não sustentou o olhar.

E abaixou a cabeça, meneou o rosto de leve, em um “não”.

Sem palavras.

— Era um desabafo. — O Uzumaki compreendeu.

Neji pensando naquilo, não discordou. Revelara-se a si mesmo que era verdade.

Desabafara com o Selvagem.

— Agradeço Senhor, por atender minha vontade. Aviso que os nomes que colocarei na lista são de membros que fazem parte da Aliança Continental.

— É o esperado. — Naruto dissera, despreocupado.

— Providenciará uma investigação sutil contra membros da maior organização do Continente Dos Reinos.

Naruto espalmou as mãos contra a borda da mesa, e empurrou seu corpo para trás, juntamente, com a cadeira.

Ao se levantar, vagou pela sala, dizendo-o:

— Eu enviei uma mensagem ao Conselho Continental, quis entender porquê o feudo não recebeu nem cor de alguma ajuda deles durante o ano passado. Não enviaram nem mesmo contra a invasão Selvagem.

— Acredito Senhor que tenha sido por causa da “ajuda” do príncipe. Se as terras receberam ajuda de um imenso reino como Otsutsuki, o Conselho não viu necessidade de intervir. 

— Ainda assim, seria de esperar pelo menos um pequeno exército de reforço, por consideração. Mas sabe qual foi a resposta?

As sobrancelhas do Hyuuga se elevaram, na expectativa.  

— Dedicaram reforços para combater Suna que causava problemas maiores em vários lugares nos quais faz fronteira com o Continente Dos Reinos. E ainda assim, não serviu merda nenhuma combaterem os estragos de Suna, receberam uma grande derrota. E quanto a você, não precisou de ninguém do Conselho, quem o trouxe de volta foi uma pessoa que sequer mora no continente.

Neji visualizando a imagem de Tenten, recebeu um aperto no peito.

Fechou as pálpebras de forma forte, no durar de dois segundos, livrou-se das saudades.

Focou-se no que o Selvagem disse a seguir:

— O feudo Uzumaki-Hyuuga se tornou meu lar, levantar uma investigação sutil é o mais leve que posso fazer contra membros de uma organização que cagou e andou para “um membro importante” da Aliança Continental. Inclusive, deveria falar sobre isso pra quem acusa o Conselho de favorecer membros que possuem clãs. Se vissem o quanto o Conselho "se importou" com os Hyuugas.... mudariam de pensamento.

— Seria inútil, Senhor. Normalmente, homens assim acreditam que mesmo quando um território com clã sofre algo, é recompensado às escondidas, confiam cegamente que há uma combinação entre Conselho e clãs, por trás da Aliança Continental. Estão na incansável espera de provar a veracidade dessa acusação.

Conselho Continental ou Aliança Continental. Os dois nomes pertenciam a mesma origem de organização. Popularmente, usados como sinônimos, mas existia uma pequena diferença.

Os membros do Conselho, quando necessários, serviam como intermediários nas negociações entre os membros da Aliança Continental, os quais eram reis e Senhores.

— Espero não lidar com nenhum deles diretamente. — Naruto findou, parando na frente de um sândalo, nada mais a acrescentar, sua decisão foi tomada. 

— Sendo assim... — Neji se alçou. — O Senhor poderia aproveitar para enviar um novo grupo de verificação na região onde os Hyuugas desapareceram.

— Por que na segunda vez seria diferente? — manteve-se de costas ao líder do clã.  

— Os buracos que há depois de Hagemashi são muito profundos, se todos os Hyuugas caíram no fundo, não há como recuperar algum deles, mas existem superfícies nas paredes pedregosas... como degraus desregulados, nos quais alguns corpos devem estar. 

— Os homens que verificaram a região, acredito que pensaram nisso também. Teriam resgatado se fosse possível.

Neji cerrou os punhos, rangendo os dentes, a sensação de impotência novamente o atacava.

Quieto aguardava que sua cabeça esfriasse, o Senhor já fazia muito ao pretender uma investigação.

— Mas claro, não me meterei em assunto exclusivamente Hyuuga, se quiser ir com alguma equipe de sua linhagem...

Para a surpresa do líder do clã, o Selvagem sugeriu.

Os orbes pratas do Hyuuga brilharam no durar de dois segundos.

— Agradecido, Sen...

As batidas na porta quebraram o contato visual entre os dois.

Naruto rumou à porta, e depois de abri-la, Ayla estava ali e o avisou da chegada do monarca de Takigakure. 

 

~NH~

 

A carruagem de Shibuki Chiba chegava ao feudo escoltada pela cavalaria Real de Takigakure.

A visita do monarca era inesperada naquele momento caótico, Naruto achava.

Ao recebê-lo nos portões das muradas do castelo, tentou não aparentar tanta seriedade além do seu natural.

Mandou que Ayla guiasse os cavaleiros Takis ao hall do castelo, o ambiente também podia ter a mesma utilidade que o salão de festas, mas para aquela ocasião comportaria o exército de Shibuki Chiba, somente para as refeições e descanso. Diferente do salão de festas, o hall dispunha de uma imensa lareira e de mais mesas e lugares, enquanto o salão de festa era mais espaçado, priorizando mais conforto para quem gostava de dançar muito.

Medindo o timbre, Naruto falou ao rei:

— Não entendo o motivo de sua vinda, respondi-o que a situação não estava favorável para o festival de primavera. Inclusive, iniciei a preparação do meu exército, hoje mesmo estaremos prontos para partir.

— Eu não esperava uma festa, resolvi prestar ajuda nesse problema contra o reino Otsutsuki.

Uma sobrancelha loira se arqueou, Naruto perguntou:

— Em troca de quê?

— Nem sempre aliados precisam cobrar algo. — Shibuki respondeu, expressando-se ofendido. — Sabe, como meu reino está famoso pelo continente, por ser o lugar onde morreu o líder de uma imensa legião de seguidores de Indra, será útil me ter ao seu lado, não acha?

O loiro reflexivo, considerou. Como pretendia dialogar com os aliados, ou melhor, ex aliados de Otsutsuki, seria bom ter uma boa influência ao seu lado.

— É uma boa ideia, agradeço pela ajuda, rei Chiba.

— Me chame pelo primeiro nome. — Shibuki pediu. — Agora que estamos resolvidos, onde posso me acomodar até partirmos? — rumou ao castelo.

Acelerando os passos, Naruto o alcançou e tomou à frente do monarca.

— Estou em meu escritório, conversando com o líder do clã Hyuuga.

As sobrancelhas do monarca se sobressaltaram e repreendeu um sorriso que existiu durante um segundinho.

Utilizando timbre casual, Shibuki comentou:

— Falando em clã, fiquei sabendo que os Hyuugas se separaram.

— Sim.

— Interessante. Interessante. — Calmamente, pronunciou duas vezes. Após quatro passos, perguntou: — Os que ficaram não seguirão mais a tradição?

— Seguirão. Discordarem do posicionamento do Conselho dos anciões, não significa abandonarem as práticas da crença à qual são adeptos. 

— Entendo... — Shibuki cerrou os punhos, fortemente. — Esse ano terá casamento então? Tipo, lembro que o líder do clã há de se casar com uma herdeira do antigo Senhor.

O Selvagem revirou os olhos, passando a entender o interesse do monarca sobre os Hyuugas.

Hanabi.

O Chiba não a esqueceu.

— Provavelmente, a menarca dela chegou esse mês. Entrou na idade para casamento.

Shibuki parou de andar, empalidecendo, seus punhos tremiam.

O Selvagem ao não escutar mais os passos do rei, volveu-se a ele.

Perguntou-o:

— Algum problema?

— Não, nenhum. Apenas fiquei pensativo. — Shibuki retomou a andança, seu coração acelerado anormalmente.

Naruto também avançou, retornando a fixar os esféricos azuis no caminho.

— Não me perguntará sobre no que fiquei pensativo?

— Não acho que seja de minha conta.

— Está tudo bem, vou falar assim mesmo. Penso que com a separação do clã, a tradição não seja mais obrigatória. O Senhor poderia esclarecer isso aos Hyuugas. 

— Eu não interfiro nos assuntos do clã, deixo que eles mesmo se resolvam, contanto que não atinjam meu papel de Senhor. Fiz um juramento quanto isso.

Atrás dos lábios espremidos, o Chiba cerrava fortemente os dentes.

Questionava-se o Selvagem se o objetivo por trás da “ajuda sem compromisso” do rei era futuramente ele conseguir noivar com Hanabi.

Ir contra um reino poderoso como Otsutsuki para casar com uma herdeira do clã Hyuuga?

Shibuki era obsessivo a esse ponto?

Bem, não seria problema seu.

Hinata desgostava de ver o jovem rei cercando a irmã daquela forma, o Chiba que lutasse para conseguir a aprovação dela. 

 

~NH~

 

Regressando ao escritório, o Uzumaki entrou na companhia do Chiba.

Shibuki, assim que viu o Hyuuga, aguardou que o cavaleiro se levantasse da cadeira e o encarasse, assim Neji fez.

O Hyuuga se curvou, apresentando-se. E na mesma formalidade, o monarca se apresentou.

Shibuki avaliou a presença de Neji, guardando em pensamento, o que achou:

— “Posso estar longe do físico do Selvagem, mas já alcancei esse aí.

— “Ele veio para um desfile?”

Pensou o líder do clã, vendo a capa azul do rei com uma grossa borda de ouro, tal como o símbolo de Takigakure com rotundas pedras de diamantes no lado esquerdo do peito, e na fivela grande do cinturão de monarca. Enfeites grandes demais. Próprios para serem exibidos em um festejo. 

O Chiba perguntou:

— Retornou de uma batalha recente, Sir Neji?

O Hyuuga sabendo que ele se referia sobre os cortes em sua pele, respondeu-o:

— São marcas de treino. — Passou o dedo indicador levemente sobre o risco no lado direito de sua cabeça, próximo da orelha.

Sabia que havia um abaixo do lábio inferior, quase dividindo o queixo ao meio.

— Consegui quebrar o elmo dele. — O Selvagem se vangloriou pela lembrança. Neji se tornara um oponente à altura.

— Vocês treinam juntos. — Shibuki criou inveja. 

— Nos habituamos. — O Selvagem sentou ao seu lugar, atrás da mesa. Com as mãos segurando a borda da mesa, resolveu mudar de conversa, atualizou o rei: — Tomávamos as decisões finais, antes de partirmos. — Não citaria a pretensão de elevar uma investigação contra membros da Aliança Continental. — Estou na espera do líder do clã decidir o que fará com os cavaleiros da linhagem.

— O Senhor tem que esperar pela decisão do líder do clã? — Shibuki questionou, nutrindo mais inveja.

— Nesse caso, em particular, sim. É uma questão completamente Hyuuga. Com tanta redução que a linhagem sofreu no feudo, concederei que decidam se ajudarão na guerra contra o reino Otsu, ou se preferem se manter na defesa das terras, o que é mais seguro. 

— Uma guerra não é o que eu esperava tão rápido após o clã sofrer uma separação. — Neji passou a mão pela testa, arrastando uma camada de suor. — Mas não perderei mais tempo. — Espalmou as mãos na mesa e se levantou. — Dividirei os Hyuugas em dois grupos: os que farão a defesa, e aos que querem partir para Otsutsuki.

— E se nenhum deles partir para Otsutsuki? — Shibuki cruzou os braços.

— Serei o único Hyuuga a acompanhar o Senhor.

Depois de responder, o líder do clã se curvou em uma rápida despedida e se retirou do cômodo. 

Sobrando a cadeira para o Chiba, o loiro apontou-a com sua palma, convidando-o a se acomodar no assento.

Shibuki se sentou, ficando de frente ao loiro, com a mesa os separando. 

Após a partida do Hyuuga, a metade de um sorriso se desenhava na face do loiro.

Shibuki percebeu aquele meio sorriso, sua inveja com a proximidade entre os dois homens o entalava.

O líder do clã tinha mais chances de casar com a segunda herdeira de Hiashi, lamentava o Chiba.

— Conhece Kume Soraya?

Naruto perguntou.

Shibuki fez um esforcinho para manter sua voz natural:

— Sim, o conheci quando meu pai era o rei de Taki. Aposto que ele deve estar se achando só porque Ikki agora é um reino. Ele é do tipo que faz tudo para elevar sua imagem.

— Eu conheço pessoas assim. — O loiro mirou o monarca de um modo que só faltava pegá-lo pelos cabelos compridos e esfregar a cara dele em um espelho. — O que acha que o Conselho Continental fará?

Shibuki hesitou durante dois segundos, respondeu-o:

— No momento, nada. Tratando-se de Otsutsuki, todos os envolvidos são aliados, os membros do Conselho não intervirão.

— “Que surpresa, mais uma vez o CC fazendo merda nenhuma.” — O Selvagem pensou irritado. Desagradado, comentou: — Então vão deixar os aliados se afundarem em guerra.

— Se os ânimos já estiverem bem agitados. — O Chiba confirmou. — Caso não, se o CC por acaso estiver tentando algo, algum membro do Conselho deve estar sendo o mediador da situação, mas servirá apenas para ganhar tempo. 

Ganhar tempo.

Era o que o Selvagem mais queria.

— Se conseguirem invadir, e guerrearem juntos contra o exército da rainha, o Conselho Continental estará lá para nenhuma das partes dominar o território posteriormente. — Shibuki acrescentou. — Por que não entra em ação apenas nesse momento?

— Por que o príncipe avisou que minha esposa é o alvo da rainha. Não ficarei parado, de jeito nenhum. 

O Chiba entreabriu os lábios, surpreso.

— Não me diga que ela culpa sua mulher pelo que aconteceu com o filho. Foi ele quem agrediu e tentou casá-la a força com outro Otsu, não foi isso que aconteceu?

— Sim, ela é louca. Há mais motivos para eu ir. Pretendo contar tudo quando... chegarmos lá. Tenho que falar na presença dos aliados, ou melhor, dos ex aliados da rainha.

— Como queira, mas se quiser falar antes, durante a viagem, eu não me importaria.

Shibuki disse, a curiosidade fazia sua cabeça coçar.

O Uzumaki se trancou em sua mente, prevendo a chacota que seria quando revelasse sobre hipnose.

Antecipadamente, seria julgado por ser o líder dos Selvagens, mesmo sendo o atual Senhor do feudo Hyuuga, tudo o que os reis e Senhores veriam, seria o líder dos Selvagens. Kume Soraya provou isso, com a mensagem que enviou ao feudo Hyuuga-Uzumaki.

Tsunade no momento se ausentava, partira em viagem, com seu disfarce de Godaime, e escoltada por um quarteto de Selvagens.

Conhecia ela, uma região onde pudesse conseguir um livro sobre hipnose, assim ela assegurou.

Ela não necessariamente pretendia aprender a técnica, priorizava apenas encontrar fraquezas da hipnose e saber como se defender da própria.

Ela afirmou ao Senhor que assim que conseguisse o livro, o leria durante a volta.

Especulou que estaria de volta em quatro ou cinco dias. Claro, se não fosse descoberta.

O Godaime não deveria ser pego pelas autoridades segurando um livro de hipnose.

Nem mesmo um médico famoso poderia usar livremente um livro daquela natureza. 

Naruto deixou-a avisada que se dirigisse diretamente ao reino Otsutsuki quando retornasse, pois era lá que ele estaria, e que ela fosse preparada, porque as chances de chegar em um cenário de guerra eram altas.   

“Não estou cobrando pelo serviço, isso farei de graça. Depois de ver o que essa rainha é capaz de fazer, todo o continente estará em perigo, se ela aperfeiçoar.”.

As palavras da médica se frisaram na mente do Selvagem.

Ele objetivava trazer seu herdeiro para um mundo seguro.

 

Toc

Toc

Toc

 

O Selvagem se movimentou depressa, atravessando o cômodo.

Shibuki estranhou, teve a impressão que o Senhor se assustou com o barulho.

Naruto ao puxar a porta, deparou-se com Ayla nervosamente o avisando:

— A Senhora insiste por sua presença. Ela não me explicou o mot...

Por causa do nervosismo da serva, o Uzumaki não perdeu tempo em correr ao seu quarto.

Bastava-lhe saber que tinha a ver com sua esposa.

Empurrou a porta e visualizou sua pequena mulher sentada ante a janela, as suavizadas mãos descansadas no ventre.

A bela morada de seu herdeiro.

— Querido... — A Uzumaki pronunciou quando o Selvagem se encontrava a três passos distantes, fazendo-o parar. Mantendo os perolados esféricos no céu azul e branco, continuou: — Eu peço perdão.

— Perdão?

Naruto avançou um passo e se colocou ao lado, percebendo a lágrima umedecendo a face da pequena mulher.

Imediatamente, abaixou-se e pousou uma mão sobre a dela.

A Uzumaki retirou a mão sob a de seu marido, apertou os dedos dele, pondo-os em seus seios.

— Hinata...

— Estive preocupada nas últimas semanas, ou eu me alimentava de positividade para fugir da preocupação. Mas... um momento ou outro, eu chorava. Pois eu não sentia o bebê mexer. Quando me banhava, deixava minha lágrima se disfarçar entre a água.

O Uzumaki gelou interiormente.

Um abismo se criava sob seus pés, e uma realidade de novas tristezas assombraram a mente do Selvagem.

Ele não perguntava se o bebê mexia, porque acreditava que quando acontecesse, ela o diria.

Levou sua outra mão para enxugar as feições delicadas.

Enquanto passava o polegar pela pele fina e alva da esposa, dizia-a:

— Eu amo nosso filho, não importa como ele venha ao mundo. Se ele não vier vivo... — Sua garganta se estreitou. Eram palavras perigosas. — ...nos despediremos dele, do jeito que ele merece. E continuaremos fortes. — Petrificou-se um momento, a noção de que já se despedia de seu herdeiro, machucava-o. — Tudo o que já imaginei sobre ele... são “lembranças” preciosas, Hinata.  Ele me fez feliz antes mesmo de vir ao mundo.

A Uzumaki chorou mais e meneou o rosto, em negação.

E aos poucos sorriu.

Ela colocou as duas mãos do marido sobre seu ventre.

As pequenas mãos descansavam em cima das grandes.

E no decorrer de quatro segundos, o Selvagem recebeu um presente.

Um movimento sutil.

— Hinata...

Mais um mexer.

E agora o Selvagem compreendeu o sorriso da esposa.

Seu bebê realizava seus primeiros movimentos.

As íris azuladas se umedeceram. E o loiro não impediu quando uma lágrima desceu por sua rígida feição.

No primeiro momento considerando a morte de seu filho para no segundo momento, seu herdeiro mostrar que vivia.

O alívio adquiriu uma imensidade capaz de tirá-lo lágrimas de alegria.

— Eu sinto muito meu amor. — A perolada lamentou. — Eu deveria ter dado logo a notícia. — Seu sorriso se alargava, emocionada. Emocionava-se mais por ver seu esposo lagrimando.

O Selvagem meneou a cabeça, negando, não queria conversar, apenas sentir seu herdeiro.

A esposa limpou o rosto do marido que fechou os olhos contando a quantidade de chutes que seu filho desferia.

— Ele está feliz por conhecer o pai dele.

Hinata moveu as mãos aos cabelos loiros, guiou a cabeça do marido para ele deitar a orelha contra os chutes do bebê.

Naruto fechara as pálpebras. 

 

~NH~

 

A primavera poderia ser a mais bela que acontecera.

A paisagem da floresta seria o cenário perfeito para um conto de fadas, todavia, a beleza encontrada no caminho não distraiu a pressa de Tenten.

Seus lábios pronunciavam um mudo “u” pelo qual expelia fortes sopradas.  

Olhara pra trás confirmando a ausência de perseguição, entretanto, precavida não reduziria a velocidade.

Muito diferente da última vez que foi vista, a Mitsashi se cobria com um manto marrom e seus cabelos estavam curtos.

Pedaços de corda apertavam sua calça preta, acima dos tornozelos; cinto grosso com fivela feita de chifre de boi, camisa de pelagem curta e cinzenta; mangas compridas e na altura dos punhos prendidas por porções de corda; calçados leves, sandálias de várias tiras cruzadas em “X”.

Carregava um odre e o que restava de água dentro dele, jogou contra a própria cara, refrescando-se.

Visto que logo chegaria às terras Hyuugas-Uzumaki, despreocupara-se em manter sua pequenina fonte de abastecimento.

Posteriormente, realizadas três pausas para descanso, enfim chegou ao território do Senhor e Senhora Uzumaki.

A surpresa abrangeu Tenten quando chegou aos portões da cidade e nenhum dos guardas a reconheceu.

Primeiro pensou que era pelo seu novo visual, contudo ao se passar mais de meia hora, eles não atenderam ao seu pedido de entrar na cidade principal.

A Mitsashi não se lembrava de conhece-los, considerou que fossem novos guardas.

Insistia-os:

— Eu sou praticamente amiga da lady Hanabi, sou a mulher que salvou o líder do clã Hyuuga. Preciso falar com o Senhor imediatamente.

Os guardas se entreolharam.

Um deles revelou:

— Somos sekyus da aldeia sul, é a primeira vez que trabalhamos nos portões da cidade principal do feudo. Ficamos sabendo de uma mulher que salvou o líder do clã, mas nenhum de nós dois chegou a vê-la.

— O exército está de partida hoje, aproxima-se uma possibilidade de guerra. — O outro guarda avisou. — Ainda que seja quem diz ser, é um péssimo momento para falar com o Senhor.

— Então deixem-me falar com o Senhor antes que ele parta. Vocês não me viram antes, mas quase todo o povo da cidade principal me viu, muita gente vai me reconhecer!

Os guardas se entreviram uma vez mais, um deles se distanciou, indo montar.

O guarda que continuou parado, avisou à Mitsashi:

— Ele chamará o Senhor.

Tenten bufou, cruzou os braços e foi se sentar no solo, não era daquele modo que imaginou ser recebida.

 

~NH~

 

— Faz algum tempo que o Senhor ainda não regressou. — Shibuki informou ao guarda que queria avisar ao Senhor sobre a chegada da Mitsashi. E prosseguiu: — Acho que demorará, ele saiu bem apressado daqui, é algum problema com a esposa dele.

Neji regressava ao escritório e chegou a tempo de escutar a fala do Chiba que o preocupou, correndo até parar ao lado do guarda, questionou ao rei:

— O que há com Hinata-sama?

— A serva não especificou. — O Chiba respondeu.

O guarda se curvou ao líder do clã, avisando-o:

— Sir Neji, uma mulher aguarda nos portões da cidade, diz ser a hóspede de honra que salvou sua vida. Eu não posso permiti-la entrar sem uma confirmação. Ela não tem placa de identificação, e está com uma aparência... — Tentou não escolher palavras que soassem grosseira, temendo que de fato aquela estranha fosse a heroína do líder Hyuuga. Completou: — Nada convencional para uma mulher. 

O Hyuuga disparou do corredor. Seja o que acontecia com Hinata, sabia que o Selvagem não permitiria que nada de ruim acontecesse com ela. Então, foi logo verificar se era a Mitsashi, a tal sujeira descrita pelo guarda sekyu.

Neji atravessou a cidade principal sobre seu cavalo branco, seu corpo subia e descia de maneira forte, tamanha era a velocidade usada para chegar ao destino.

O guarda que restou nos portões, passou a abri-los conforme distinguiu a vinda do líder do clã Hyuuga.

Da feita que, quando Neji desmontou, caminhou direto pra fora das muradas.

Tenten se levantou assim que escutou o barulho dos portões.

Reclamou-o:

— Se eu soubesse que ficaria plantada aqui, não dispensaria toda minha água antes de chegar. Estou com a sede de um cavalo!

Neji entreabriu os lábios, seus prateados percorreram o corpo feminino e se deteve nas feições delicadas que por baixo da sujeira e suor não ocultavam a beleza. 

— Ficará mudo?

Tenten perguntou, riu da cara boba dele. E verbalizou:

— Sei o que tá pensando, devo parecer mais como homem com esse corte de cabelo.

Passou a mão na região posterior da cabeça, sentindo as pontas dos cabelos arrepiados.

Neji percebia no quanto ela exalava de beleza exótica naquele visual.

Repreendeu qualquer comentário a respeito, não era momento para aquilo.

— Estou pensando no por quê você retornar, desistiu de sua jornada, Sra. Mitsashi?

— Jamais, estou aqui porque tenho uma conversa séria a tratar com o Senhor.

Retirou o manto e dobrou-o, pondo-o por cima do ombro direito.  

— Trate o assunto comigo, repassarei a ele assim que puder. Ele no momento resolve um problema pessoal.

— Esperarei, tenho que falar na presença dele. — Espreguiçou-se um momento, e perguntou: — A água vai rolar ou não?

— Claro, siga-me. — Neji respondeu, recebendo um pouco de irritação.

Queria ouvir o que ela tinha para dizer, logo.

O líder montou em seu cavalo, a Mitsashi subiu sem ajuda, em um único movimento.

Nos primeiros galopes, o guarda que havia ido avisar sobre a chegada da Mitsashi, regressava e passou ao lado deles.

Tenten mirou o guarda, com uma careta de “EU NÃO FALEI QUE ERA EU?”

As mãos femininas seguravam os lados da cintura do Hyuuga.

Neji comentou:

— Não deveria partir sem se despedir, eu não a impediria. Ninguém iria.

— Não curto despedidas.

— Sei, Hanabi-sama contou. Não sou meloso, garanto.

— É, não é difícil acreditar. Vou pensar da próxima vez. — Tenten percebia que as pessoas que dirigiam olhares aos dois, não a reconhecia.

E eram poucos quem mirava-os, ela notava que a agitação tomava conta da cidade.

Uma agitação nada boa.

Claro, ninguém se animaria com a possibilidade de uma guerra.

— Hanabi-sama desconfiou que algo aconteceu entre nós.

— Não aconteceu nada entre nós.

— Mas chegamos perto. Hanabi-sama disse que se soubesse, diria a você que não havia problema. Ela gosta muito de você.

— Não parti por isso, deixei claro o porquê de ir embora.

— Hanabi-sama acredita que foi um dos motivos, um motivo que impulsionou sua decisão. Mesmo que diga que não foi.

— Não deveria ter contado a ela. — Tenten comentou, um pouco irritada.

— Não contei, ela deduziu. Eu declarei que não sou digno de casar com Hanabi-sama, publicamente. Mas não revelei o porquê. E com sua partida um dia antes do pronunciamento, ela ligou os pontos.

Com mais força, os dedos femininos pressionaram a cintura do Hyuuga.

— Não deveria ter falado nada, mesmo assim.

— Eu fiz o que era certo para mim, assumi meu erro sem entregar ninguém. Não sinta que deva desculpas a Hanabi-sama, como eu disse, ela não a culpa de nada. 

Após alguns segundos de silêncio, Tenten estabeleceu:

— Vamos esquecer esse assunto, temos preocupações maiores. 

Neji galopou com maior afinco, todavia com um aborrecimento contaminando-o.

Não queria esquecer.

Queria conversar com a Mitsashi.

Mas ela estava certa, o que piorava o estado dele.

Estava querendo sobrepor um assunto pessoal naquele presente de temor que envolvia todas as pessoas do feudo.

Reconhecia as várias expressões de medo nos cidadãos avistados no caminho.

 

~NH~

 

Naruto ainda anestesiado, pelo contato indireto com seu filho, afastou-se de sua esposa com um profundo pesar, seu dever o chamava.

— Eu entendo por quê nunca vai me amar, querido. — Hinata dissera, retornando a pousar as mãos em seu ventre, nunca se cansaria de receber os chutes de seu rebento. — Continuo escondendo coisas importantes de você, eu não mereço você, não consigo melhorar. — No seu timbre de voz, revelava o quanto se feria.

— Pare com essas bobagens, mulher.

Bruto, ele mandou.

Ela abaixou o rosto, prendendo os lábios pra dentro da boca.

Ele prosseguiu:

— É claro que eu preferia que você me contasse antes. Mas por causa do que acontece, deixarei passar. — Nervosamente, amassou seus cabelos com a mão. — Não, quem eu quero enganar? — afastou-se mais dela, e andou de um lado a outro, no meio do quarto.

— Querido... — Os perolados rotundos se preocupavam com o nervosismo evidente do esposo.

Parando, Naruto encarou parte do seu reflexo no espelho.

Disse-a:

— Ainda que estivéssemos em um contexto de paz, eu não sustentaria minha raiva por causa dessa ocultação. — Meneou o rosto, de pálpebras cerradas. — Você entende o poder que tem sobre mim? É contra isso que eu vim lutando.

— Está falando... que teme ser submisso a mim?

— O que mais devo temer? — reabriu as pálpebras, encarando o chão. — Com você, não consigo mais ser impiedoso como quando era sendo apenas um líder Selvagem. É doloso para mim pensar na punição de Kakashi e Menma, não porque lembro deles como Selvagens que foram desleais a mim, mas porque sei que você sofre quando pensa neles. Quando me tornei isso? Foi algo fora do meu controle.

Ele mencionou o nome de Kakashi.

De coração dolorido, ela perguntou-o: 

— Querido, quer voltar para sua vida de antigamente?

Ele a observou, contemplativo. E se reaproximou, ajoelhou-se, pousou a mão na barriga dela, retornando a apreciar os movimentos do seu filho.

Sem a quebra do contato visual com as íris de perola, ele verbalizou:

— Sem você? Sem o que concebemos? Nunca. Eu só temo o que sinto. É algo que não senti nem pela Sara.

O coração da esposa se acelerou, ela pousou as duas mãos sobre a dele espalmada em sua barriga.

O loiro dizia:  

— É confuso eu sentir o prazer de tê-los e ao mesmo tempo o temor interior me devorar cada vez mais, porque não conseguirei viver sem vocês. É diferente de perder algum amigo, algum leal a mim. Eu presenciei tantas perdas. Por isso, relutei tanto a aceitar o que sinto, porque de uma certa forma, eu ganhei uma imensa fraqueza.

— Então... — A pequena mulher percorreu uma das mãos pelo antebraço do esposo. — ...não considere uma fraqueza, veja a gente como o motivo para se tornar mais forte, para nos proteger. Consegue me prometer isso? Ou não é Selvagem o suficiente, para cumprir uma promessa?

Os azuis vívidos devoraram-na.

— Não é somente isso que prometerei, Hinata.

— Prometerá mais o que? — ela conduziu a mão do antebraço até o queixo do esposo.

— Não temerei mais falar o que sinto, e direi tudo quando eu retornar de Otsutsuki.

Ela prendeu o lábio inferior com força.

Ele acrescentou:

— Não será justo falar agora, porque parecerá uma despedida. E não é. Eu não morrerei em Otsutsuki, eu voltarei Hinata. Voltarei e direi as palavras que eu já devia tê-la dito.

— Po... — Ela retornava a lagrimar. — ... poderia me beijar?

Sério, ele moveu o rosto até o dela, e seus lábios se uniram durante um minuto e meio.

Ao repelirem-se, os seios da pequena mulher subiam e desciam de modo intenso, buscando fôlego.

O marido fez menção de recuar, mas sua mão não foi solta pela mão de sua mulher.

— Be... — Hinata inspirou e expirou de intenso modo. — Beije seu filho antes de ir.

O loiro atendeu o pedido da esposa, colocou um selinho no ventre, por cima do vestido.

E então teve sua mão liberada, afastou-se.

— Chamarei sua irmã.

— Obrigada, querido.

O Senhor se retirou do quarto, a caminho do quarto de Hanabi, encontrou uma serva e encarregou-a de chamar a lady.    

Mudou seu rumo, indo à sala de reunião.

— “Eu vou voltar, Hinata.”

Era a sua certeza, e não temeria mais abrir seu coração para admitir seu amor.

 

~NH~

 

Antes de abrir a porta de seu escritório, respirou fundo, dispersando a doce sensação deixada pelo seu momento com a esposa.

Após empurrar a porta, sua feição se tornou analítica, notando a presença do líder Hyuuga, e mais um homem.

No entanto, ao se aproximar da mesa, e ver o estranho de perto, reconheceu-o.

— Eu sei. — Shibuki sentado, servia-se de um pouco de água. Achou acertar o que se passava na mente do Selvagem: — Também me assustei quando percebi que era mulher.

Ignorando o Chiba, a Mitsashi manteve a visão firme na direção do Selvagem, alertando-o:

— Resolvi ir ao convento onde Hanabi estudou.

— Por que isso? — Naruto ergueu a sobrancelha direita.

— Porque mesmo que tenha ocorrido a verificação que ela desejou, percebi que se sentiu insegura com o resultado, ela tentou esquecer, fingia não ligar, mas nada escapa de mim. E ela me contou o porquê da desconfiança, e até eu me surpreendi pela verificação não ter dado em nada. Existia algo de suspeito no convento, e eu tive que ir ver o que era.

— E achou que obteria um melhor resultado que uma equipe Hyuuga. — Comentou o Selvagem, cruzando os braços.  

— Sim, e consegui descobrir algo grave: as abadessas de lá, dão um jeito de mexer com as mentes das alunas.

As faces de Naruto e Neji se enrijeceram.

Shibuki terminou de beber sua água, interessado em ouvir.

— Impossível... verifiquei com meus homens, tudo o que pudemos. — O Hyuuga verbalizou, incrédulo.

— Tenho certeza que não sou surda, nem cega. Usei um dos vestidos que me foi emprestado, enquanto fiquei hospedada aqui no castelo. Fingi que era uma jovem perdida e sem memória. — Colocou a mão no canto esquerdo da testa. — Causei um inchaço bem aqui, para convencer de que sofri algum acidente. Fui acolhida no convento. Então começou minha espionagem. Em um momento, quando me fingi de inconsciente, escutei “Ela não parece ser de uma família importante, se ninguém aparecer procurando por ela, depois de uma semana, faça o procedimento nela.” Elas examinavam meu corpo com as mãos, diziam que eu era quase perfeita, e que eu poderia servir. Quando eu estava acordada, me tratavam normalmente, arranjaram-me papel de limpeza. A rotina das abadessas durante a madrugada, era assustadora. Quando as meninas dormiam, as abadessas entravam nos quartos delas e sussurravam baixinho ao lado das camas. Cada abadessa possuía um pêndulo, elas o deixavam em movimento enquanto sussurravam nos ouvidos das alunas.

Esticou o braço para o lado, e abaixou o antebraço, moveu sua mão imitando o movimento pendular.

— Hipnose. — Naruto falou, imediatamente.

— Hip o que? — Shibuki perguntou.

Neji cerrava os dentes, a Mitsashi não tinha o porquê de mentir quanto aquilo.

Sua prima estudou em uma instituição perigosa, durante todos aqueles anos!

Até agora, maior parte da vida de Hanabi, ela correu grande risco.

Tenten seguia contando tudo:

— Havia um espaço especial no convento, onde existiam vários memoriais.

— São homenagens para mulheres que morreram, ou desapareceram. — O Hyuuga se lembrou de ter verificado tal lugar com sua equipe. — Todas quando mais jovens estudaram no convento. Quando o convento recebe a notícia de que alguma ex aluna morreu ou é considerada morta, dedica uma homenagem.

— Eu fiquei curiosa para saber como elas morreram. Mas quando perguntei para alguém, apenas recebi a resposta de que as famílias nunca detalharam as causas. Fiquei intrigada.

— Algo está fazendo sentido. — Neji interligava os pontos. — É por isso que nunca soubemos de algum rapto de aluna antes de acontecer com Hanabi. Acontecem com as alunas, depois de concluírem os estudos no Coração de Ashura, assim, o convento não tem seu nome veiculado aos raptos.

— Mas e as famílias dessas vítimas? — Naruto perguntou.

— Mande alguém ir atrás de todas. Descobriremos o porquê não detalharem sobre as perdas dessas mulheres. — O suor de Neji se tornava nítido aos outros presentes.

— Você foi atrás de alguma dessas famílias, Mitsashi? — Shibuki perguntou, com dificuldade em compreender o que ocorria. Seu objetivo era se entrosar.

— Não tive tempo para isso. Meus dias de espionagem acabaram, elas me fariam passar pelo procedimento. Fugi bem cedo, no amanhecer do meu último dia no convento, me disfarcei de homem quando cheguei em uma cidade, e trabalhei em um grupo de carregadores de lenha por um curto período de tempo.

O que explicava seu visual atual.

— Uma merda que Tsunade já tenha partido. — Naruto falou. — Esse convento pode nos ser útil.

O Selvagem saiu correndo da sala, sob o olhar curioso do rei.

Tenten pegou a jarra e bebeu o que restava de água dentro do recipiente.

Neji já imaginava o que o Senhor pretendia.

 

~NH~

Ainda 27 de abril

Terça feira

~NH~

 

No meado da tarde, na frente dos portões da cidade, Tenten e Neji observavam os exércitos das terras e de Takigakure preparados para a partida.

A Mitsashi usava vestido carmim cobrindo os pés calçados em confortável couro macio, mangas ajustadas aos punhos e o decote circular.

No tecido acetinado, o desenho de raízes verdes claras formando espirais foi o detalhe que cativou o gosto da morena. 

O perfil do rosto dela entrara sob a observância do Hyuuga.

— Você continua linda.

Ele soltou, e quando percebeu que seus pensamentos saíram em voz audível para ela, um tom vermelho consumiu sua face.

Tentou se justificar:

— Eu... quero dizer...

— Obrigada.   

Tenten o interrompeu, em voz calma.

Ela pusera a mão na cabeça, na parte de cima, onde os cabelos estavam mais cheios. Na parte detrás os cabelos jaziam ralos.

A Mitsashi verbalizou:

— Eu sou péssima pra cuidar de cabelos longos, mas eu gostava de tê-los.

Tokuma segurava seu elmo sob o braço direito, sua outra mão puxava seu cavalo pelas rédeas e passou ao lado do Hyuuga.

Deteve-se avisando ao líder:

— A guarnição do convento o aguarda, Neji-meishu.

O líder disse:

— Só mais um momento.

Tokuma o assentiu e se encaminhou ao grupo do exército misturado de Hyuugas e takis, aguardando-o vinte e cinco metros à frente.

Graças a vinda do Chiba, possibilitou-se separar uma boa guarnição para ser enviada ao Coração de Ashura.

A ordem de Naruto foi clara e objetiva: invadir a instituição e capturar as abadessas.

Elas seriam interrogadas, e delas seria extraído o máximo de informação possível sobre hipnose, destituía-se o Selvagem de dúvidas de que era hipnose o que elas praticavam contra as alunas.

Neji também não duvidava, estava claro como água que se tratava de hipnose. Se fosse necessário, daria um jeito de obrigar as abadessas a combaterem a hipnose de Kaguya.

— Me conta aí esse problema que ainda não entendi, chamaram o que as abadessas faziam de hipnose?

Tenten quis detalhes.

O Hyuuga se dispôs a explicar tudo para a Mitsashi, incluindo seu objetivo na sua missão ao convento.

No final, a morena jazia pensativa e resolveu resumir o que escutou: 

— Então a rainha descobriu um modo de atingir a mente das pessoas e vocês acham que as abadessas podem servir de chave contra o poder da mulher louca.

Ele julgou a expressividade da Mitsashi:

— Sua cara não está tão confiante.

— É apenas cansaço, quis tirar um cochilo mais cedo, porém sua prima ocupou meu tempo. Não é uma reclamação.

Tenten se explicou, aprovando a emoção com a qual a lady a recebeu. Realizaram um belo almoço juntas, no quarto da Hyuuga.

Hanabi teve muito o que dizer sobre os treinos, Tenten precisou interrompê-la para avisá-la que precisava visitar Hinata, a recepção da Senhora foi mais tranquila.

Concentrando-se no assunto, Tenten citou:

— Mas… pensando bem, seu plano de obrigar as abadessas a combater Kaguya me traz algumas questões.

— Pode lista-las.

— Deve elaborar logo o modo como fará isso. Elas serão vigiadas vinte e quatro horas, mas e quando chegar o momento de combaterem Kaguya? Como ter certeza de que no momento que terem a liberdade de usarem a hipnose, não usarão contra vocês?

O Hyuuga cerrou os dentes.

E era somente um dos inúmeros problemas.

Tenten citou um deles:

— O método utilizado nas alunas, era propositalmente lento, elas faziam todas as madrugadas para ficar gravado no inconsciente das meninas, construíram uma mensagem subliminar. Assim as colocavam sob hipnose sem levantarem suspeitas. Me parece profissional, então há chances de elas conhecerem um método de hipnose mais rápido, muito mais rápido.

Veias grossas se desenharam na testa do líder do clã que dissera: 

— Eu pensarei em algo, mas não posso ficar parado, o tempo não parará por mim.   

— Se você se estressar, não adiantará muito. — Tenten falou, pondo uma mão no ombro dele. — Eu consegui fugir delas, então se você se sentir sem saída, não receie em escapar. O importante é se manter vivo, e repassar as informações que conseguiu.

— E se eu não conseguir nenhuma, do que adiantará eu fugir? Serei apenas um covarde.

— Não será não, é bem melhor se manter vivo para tentar outra vez, do que deixar sua mente ser controlada.

Ela afastou a mão.

Neji observou o solo, já se sentia sem saída, não sabia o que esperar das abadessas.

"É medo o que estou sentindo…".

O pensamento o atordoou durante um segundo, tratou de endurecer a face. Lembrando-se de algo, provocou-a:

— Mas e aquela história de não temer a morte? Agora você prefere fugir, Sra. Mitsashi?

— Completamente diferente! — ela bradou. — Eu fugi do convento, não fugi? Priorizei trazer informações. Se eu não testemunhasse nada de importante, eu teria viajado por aí, pensando no que fazer.

Neji se incomodou, em seu imo. Não a queria viajando por aí...

Meneou seu rosto, com fortes sacudidas.

Concentrando-se na missão, espantou seu medo.

Um Hyuuga vai contra seu medo sempre!

O lema do clã repercutia em sua mente. 

— Boa sorte.

Tenten desejou, atando um meigo sorriso.

O Hyuuga a fitou, e inexplicavelmente, sentiu-se bem.

Seus traços faciais se suavizaram.

Notava a sinceridade na preocupação dela. 

Afastou-se da Mitsashi indo pegar seu cavalo ao lado dos portões, o elmo se pendurava na bagagem traseira, pegou-o, mas antes de pô-lo, escutou a voz de sua prima mais jovem. 

Hanabi segurava a saia do vestido pelos lados e soltou o tecido somente quando foi abraçar o primo. E sem desgrudar o lado do rosto do corpo dele, perguntou-o:

— Não vai se despedir da nee-san?

— Não. Estou atrasado, minha guarnição aguarda.

A lady recuou um passo, cruzou os braços e encarou o primo.

Neji suspirou após ser detonado pelo olhar da caçula.

Ele colocou o elmo, mas não cavalgou à guarnição, a galope retornava ao castelo.

Tenten riu, punha sua vista nas costas do Hyuuga enquanto ele se distanciava.

Hanabi se aproximou da morena e agarrou a mão dela, olhando também para seu primo.

A Mitsashi perguntou: 

— Com medo que eu vá embora?

— Não, estou apenas muito feliz por estar de volta, mestra.

Tenten se encabulou ao ouvir ser chamada daquela forma.

Assistiam a movimentação dos cavaleiros.

Enquanto uma guarnição iria ao convento, outra se encaminharia ao reino Otsu.

Neji queria participar das duas ao mesmo tempo.

Mas como o Senhor estaria indo para Otsu, honrando Hinata, o Hyuuga resolveu ir ao Coração de Ashura, pela honra de Hanabi. Assim que acabasse lá, pretendia ir direto ao reino Otsu.

A habitante das ilhas não pretendia ir para nenhuma das missões, depois de sua última aventura, gostaria de um belo descanso, preferivelmente, deitada, enquanto a lady Hyuuga lesse uma história. 

Hanabi soltou a mão de Tenten somente quando apareceu a figura de seu cunhado montado em Spirit.

Ela acariciou a cabeça do cavalo e desejou boa sorte ao Uzumaki que apenas a assentiu.

Atrás de Naruto, um empolgado rei desmontou.

Shibuki se curvou diante a lady, pegou a mão dela, beijou-a nos dorsos dos dedos, e ao soltá-la elogiou:

— Tão linda quanto sua irmã, aceite meu presente.  

Estendeu-a uma caixa cubica, prateada. Cabia no “M” de sua palma.

Hanabi curiosa segurou o objeto.

O rei havia encarregado um de seus homens a percorrer pela cidade principal e conseguir uma joia, um presente de última hora, porém que achou caprichado.

— Parabéns pela sua nova fase, lady Hyuuga. — Ele desejou. — Já é a mulher mais bela que conheço.

— Obrigada. — Ela agradeceu após abrir a caixinha e ver um losango de quatro cores. — É bonito.

— Que bom que gostou. — Um pouco corado, Shibuki esfregou o indicador abaixo do nariz, e ao ver que o líder Selvagem já se encontrava longe, volveu-se à sua montaria. — Quando eu retornar, adoraria vê-la usando, sei que ficará linda com ela.

— Talvez. — Hanabi não era chegada a joias. — Tome cuidado.

— Tomarei! — Shibuki respondeu, convicto. E partiu, indo alcançar Naruto.

— Quem era ele? — a Hyuuga perguntou, chegando perto da Mitsashi novamente.

Os orbes acastanhados da morena se prenderam à joia dentro da caixinha.

— Era um rei, desse exército que está acompanhando o exército do feudo.

— Ah, ele é o rei de Takigakure. — Hanabi se surpreendeu.

— Na sua visão, você aceitava presente de um estranho? — Tenten colocou uma mão na cintura, achando engraçado.

— Nee-san disse que como Neji se declarou publicamente indigno de ser meu noivo, eu receberei muitos cortejos daqui por diante, me orientou a ser educada com todos. — Suspirou, segurava a caixinha com as duas mãos, abaixo do busto. — Mas não estou interessada em joias e pretendentes, estou muito afim de ler agora.

— Eu adoraria ouvir sua voz enquanto deitamos no colchão macio de seu quarto. — A Mitsashi colocou uma mão no ombro da lady, e as duas caminharam para dentro da cidade.



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