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História Casada com um selvagem - Arco V: Natureza sobre-humana parte 5


Escrita por: BlackCat69

Capítulo 37 - Arco V: Natureza sobre-humana parte 5


 

Os exércitos do feudo Hyuuga-Uzumaki e de Takigakure, durante meado da noite, chegaram nas redondezas do reino Otsutsuki.

De onde estavam, avistavam o acampamento composto por dois exércitos.

Daquela distância, as fogueiras se resumiam a várias manchas amarela-alaranjadas espalhadas próximas de cada tenda.

Notava-se as silhuetas de homens formando rodas, alguns mudando de lugar, ou atravessando o acampamento.

Distantes, não conseguiam diferenciar as armaduras dos dois exércitos, mas souberam se tratar de mais de um, porque se avistava do lado esquerdo da extensão de terra gramada, uma cravada bandeira branca cujo símbolo era uma fênix de asas abertas e uma longa cauda de chamas contornando seu corpo. Do lado direito, bem distante da outra, uma bandeira branca cujo desenho exibia o colorido de uma rosa dos ventos. 

O espaço separando os dois exércitos acampados era o caminho reto e terroso entre os gramados, terminando nos portões das muradas do reino Otsu.

Os homens ocupando o turno de vigia, de ambos os exércitos, notaram a presença dos recém chegados.

Iruka imóvel sobre sua montaria, à direita e cinco passos atrás do loiro, foi o primeiro a comentar a respeito:

— Eles já sabem da nossa presença, quem nos receberá primeiro?

— Ergam a bandeira! — gritou Shibuki à esquerda do Uzumaki.

Um taki se apressando procurou uma boa região do solo, do lado esquerdo do caminho terroso.

Posteriormente, três minutos, acenou a outro taki o qual segurava duas metades de um cabo de bambu, ao encaixá-los, tornou-se uma sustentação de dez metros.

A bandeira foi erguida, e já sacudia fortemente pelo frio vento primaveril.

No tecido de linho azul claro, inseria-se o símbolo de Takigakure, em branco.

Com isso, os outros exércitos saberiam da pretensão deles em também acamparem pelas redondezas.

— Erga a nossa. — Naruto dissera.

Iruka recuou com seu cavalo, foi cumprir a ordem.

Com milímetros de diferença de altura comparada à bandeira taki, a bandeira Selvagem exibia a cor preta na qual se inseria a espiral alaranjada. 

No cantinho inferior esquerdo da bandeira, em proporção duas vezes menor que a espiral, o símbolo dos sekyus, e no canto inferior direito, o Hyuuga.

Durante um momento, Naruto observou a bandeira.

Seu passado miserável a ter pouco de felicidade visitou sua memória.

Em alguns momentos da sua atual fase, não havia como escapar de imaginar em como seu pai reagiria ao ver sua bandeira.

Sakumo Hatake, o pai que seu coração acolhia.

— “Eu cheguei tão longe mesmo sem ter planejar.” — refletiu. — “Eu lhe daria uma vida tão boa”.

Como gostaria de ver Sakumo apenas relaxando, recompensado pela árdua vida tida.  

— Senhor, os homens se organizarão para jantar. — Iruka cavalgou de volta à direita do líder Selvagem. — Ficarei na vigia, chamarei assim que perceber alguma aproximação.

O Uzumaki assentiu duas vezes, de leve, sem retirar a visão da bandeira.

Contemplou-a por mais um minuto, e então devagar deu meia volta com Spirit e cavalgou acampamento adentro procurando por sua tenda que sempre era a primeira a ser armada.

 

~NH~

 

Naruto e Shibuki jantaram juntos.

Durante a refeição, o Uzumaki repassou ao Chiba sobre o que Hamura revelou, também descreveu as duas mortes ocorridas na cela do calabouço.

Evitando olhar Shibuki diretamente, o loiro não tinha a certeza de que o monarca acreditava no mesmo que Hamura.

Uma hora mais tarde, um cavaleiro saía do exército representado pela bandeira da fênix.

Naruto e Shibuki, de volta à frente do acampamento Selvagem, observavam, frontalmente, as muradas do reino Otsu.

Um taki limpava os dentes cerrados do Chiba. O taki foi dispensado pelo rei, quando o cavaleiro do outro reino cessou a cinco metros de Naruto. 

— Sirvo ao rei Kume Soraya Terceiro, chamo-me Hide Horiyuke. Venho sozinho mostrando que Ikkigakure não tem intenção de atacar.

— Por enquanto. — Naruto comentou.

O ikki analisou a expressividade do loiro dominada pelo impassível.

Ignorou o comentário, estando ali apenas para cumprir a ordem de seu monarca, avisou-os:

— Minha majestade pretende saber qual a intenção de vocês.

O Uzumaki verbalizou:

— A mesma que a dele. Queremos que Kaguya pague pelos problemas que está causando. — Seu maxilar se enrijeceu. — Ela tem altas dívidas comigo, não somente questão financeira, também questão de honra.

— Todos os reis e Senhores, com seus respectivos exércitos que acampam em torno das muradas Otsu, aguardam que a rainha pague as dívidas dela. Ela deve a cada um. Nenhum dos ex aliados da rainha deseja dividir o espaço com mais alguém. Estão no limite, Senhor.

— Está dizendo para ele se retirar? — Shibuki arqueou uma sobrancelha.

— Não somente ele... — De resposta incompleta, o Horiyuke observou a figura do rei taki.

— Ficaremos. — O Chiba engrossou a voz, desgostado em ser convidado a se retirar. 

Naruto apertou as rédeas com maior força, avisando:

— O rei Shibuki adquiriu conhecimento sobre uma arma secreta de Kaguya. 

O Chiba se paralisou.

O loiro prosseguiu:

— Precisamos informar aos outros ex aliados da rainha. Será importante para quando invadirem totalmente as muradas e não serem pegos desprevenidos.

Curioso, Hide pediu:

— Poderia fornecer detalhes, Senhor.

— Não, apenas na presença de seu rei, e dos outros membros importantes de cada exército.

— Verei o que meu rei tem a dizer, retornarei hoje mesmo.

O ikki galopou de volta ao acampamento de Kume Soraya Terceiro.

— Deveria me avisar que usaria meu nome logo de cara. — Shibuki falou passando a mão em seus cabelos alongados e lisos. — Eu fingiria saber de algo. 

Naruto emudecido refletia se deveria entregar toda a situação nas mãos do rei Chiba e apenas orientá-lo.

Não queria se habituar a esconder suas ações por trás da influência de Shibuki.

Em contrapartida, naquela situação, não podia demorar.

Precisava estagnar as ações dos ex aliados de Kaguya, antes que fosse tarde.

Usar a figura do monarca facilitaria muito, aliás foi por isso que achou uma boa ideia o Chiba acompanha-lo.

Encarando o acampamento ikki, perguntou:

— Acredita em tudo o que Hamura contou, Shibuki?

Seguia evitando fitar o Chiba de modo direto.

A resposta viera em natural tom:

— Se eu não testemunhasse a mulher machuda contando o que aconteceu no convento, eu até desconfiaria que você inventou tudo para tentar tomar as rédeas da atual situação de Otsu, mas eu estaria disposto a fingir crer nessa invenção, para ajudá-lo. Porém, a mulher machuda não tem motivos para mentir, tem? Ela salvou o líder do clã e está ajudando a minh... a lady Hanabi. Elas são amigas, certo?

Sorriu, corando um pouco. Segurou a própria mão, lembrando-se da doce sensação de segurar os dedos de Hanabi. Recuperou o foco:

— Para mim é prova o suficiente.

Naruto dirigiu olhar ao Chiba que o sorria. O Selvagem não teve o que dizer. Independentemente do motivo, Shibuki o apoiava no momento, era o que importava.

Progredida meia hora, Hide Horiyuke retornava, e se detendo na mesma distância de cinco metros de antes, avisou:

— Na extensão frontal das muradas, ocorrerá uma reunião na média do espaço onde os quatro exércitos se situam. — Significava alguns metros atrás de onde estava no presente. — Um círculo de guardas será composto em torno dos membros da reunião, o círculo será composto por homens de cada exército. Escolha no total de seis guardas. Além dos reis e Senhores, ninguém mais deve prevalecer no círculo, até mesmo os servos estão proibidos.     

— Que horas? — expressando seu interesse, Naruto manifestava sua concordância.

— Através de uma ampulheta, as horas serão contadas a partir do nascer do sol. A partir das nove, alguém carregará um gongo e baterá nele várias vezes, enquanto andará ao redor das muradas para assegurar que todos os membros da reunião escutem, será o sinal para se dirigirem ao local da reunião.

— Que bom, aguardaremos. — Shibuki falou.

O cavaleiro se despediu em assentimento, deu meia volta com o cavalo e galopou ao acampamento ikki. 

 

~NH~

 

Cavaleiros de cada exército realizavam tentativas de invasão desde quando se estabeleceram nas redondezas do reino Otsu.

Ocorria a desunião das forças, entre os exércitos se alimentava a competitividade.

O acordo de última hora estabelecia que aquele que alcançasse os portões; ou encontrasse, ou abrisse uma passagem, entregaria o domínio da situação para o rei ou Senhor do vencedor.

Quando homens conseguiam alcançar o topo das muradas, eram derrubados pelos raios de lua, a arma de longo alcance dos Otsus. 

Aqueles que conseguiam combater as armas, ou se desviar delas, frequentemente, por sorte; saltavam para além dos muros, infelizmente, mal chegavam perto do sistema de roldanas responsável pela abertura dos portões.

Os invasores eram logo alcançados, mortos e lançados de volta pra fora.

O barulho dos corpos arremessados, chocando-se contra o chão, em vários momentos, formavam um coro.

Um temível e assombrado coro.

Na vinda da madrugada se deram por encerradas as tentativas.

Ao menos a maioria delas.

Alguns grupos teimosos ainda arriscaram e pagaram com a vida.

No dia seguinte, mais homens recomeçariam as tentativas, enquanto não surgisse outra estratégia.

Iruka após se atualizar da situação, repassou para seu Senhor sobre o que acontecia.

Naruto no interior de sua tenda, deitado em sua cama com pelagem de ovelha, punha as mãos atrás da cabeça, elas estavam entre seus cabelos loiros e os travesseiros recheados com penas de galinha.

— Uma competitividade.

O Uzumaki mencionou após Iruka se retirar.

Reflexivo, recebeu uma ideia.

  

~NH~

 

Kume Soraya Terceiro, rei de vinte e dois anos.

Na companhia de dois servos.

Um sumia atrás do espelho grande que segurava para sua majestade.

O outro punha o quarto chapéu na cabeça de Kume que rejeitou mais uma escolha.

 A aprovação do jovem rei veio apenas no décimo quinto chapéu, de cor vermelha, do qual despontava uma longa pena rosa cuja ponta realizava uma curva.

O Terceiro sorrindo, apalpou a plumagem amarelada entornando seu pescoço.

Na sua túnica negra, no lado esquerdo do peito, o símbolo da fênix costurado em dourado, da mesma cor que seus sapatos macios cujas pontas terminavam em forma espiralada.

O Soraya passou a mão nos seus cabelos lisos e castanhos claros, os quais seguiam o molde da cabeça, nenhum fio saía do penteado que chegava a brilhar.

Suas íris também castanhas claras, destacavam as pupilas negras a terem forma de losango, elas fixavam um olhar intenso, mesmo quando se mantinha de semblante alheio.

Não era o caso do momento presente, pois admirava sua imagem, apaixonado por si mesmo.

Estalou os dedos.

O servo que antes lhe pusera o chapéu, atendeu ao sinal e colocou em suas costas a capa vermelha de acabamento amarelo desenhado na forma de chamas.  

— Um rei deve se manter elegante sempre.

Kume falou orgulhoso de sua própria aparência.

Usava meias cinzentas a colarem em suas finas pernas, e elas sumiam dentro da túnica chegada aos joelhos, apertada no meio de seu corpo pelo cinturão dourado. 

Bateu duas palmas ao lado do rosto.

O servo se retirou da frente do rei, levando o espelho consigo.

O outro servo apenas recuou e assim o jovem monarca se retirou da tenda, lá fora seis guardas o esperavam.

 

~NH~

 

Shibuki e Naruto chegaram à reunião, no mesmo tempo que Kume.

Os três partiram assim que o primeiro gongo soou.

Já haviam membros adiantados na espera.

Dois homens e uma mulher.

O Terceiro chegara pelo lado norte do círculo quase completo de guardas, o Senhor e o rei de Taki, pelo sul. 

Os membros presentes no interior do círculo notaram algo interessante na meia dúzia da guarda do Selvagem, os símbolos nas armaduras dos homens se diferiam entre eles.

Dois guardas Hyuugas, dois sekyus e dois Selvagens.

Na armadura dos homens da linhagem pura, além do símbolo Uzumaki, existia o símbolo dos Hyuugas.

Na dos sekyus, além do símbolo Uzumaki, o desenho do perfil da cabeça de um cão no interior do círculo.

E na dos Selvagens, apenas o símbolo Uzumaki.

— Fechem o círculo, abriremos ele quando mais membros chegarem. — Disse um homem, de cabelos lisos e castanhos escuros, de pontas onduladas.

Sustentava na cabeça, a coroa de ouro exibindo um desenho de fundo relevo, formando uma rosa dos ventos.

Os guardas takis, sekyus, Hyuugas e Selvagens, introduziram-se na roda de proteção.

O círculo se expandiu mais. 

— Enquanto esperamos os outros, vamos nos apresentando. — O mesmo homem a se manifestar anteriormente, sorriu ao Selvagem, aproximando-se dele e se curvando a dois passos distantes. — É um grande prazer, Senhor Namikaze, Naruto Namikaze. Sou Kasenai Yuramato, rei de Roseana, muito satisfeito em conhecê-lo pessoalmente.

Imediatamente, de semblante agravado o loiro corrigiu:

— Meu sobrenome é Uzumaki.

Expressivamente, Kasenai se espantou. 

— Avisamos que o sobrenome dele é Uzumaki.

Manifestou-se um homem gordo, de cabelos grisalhos pelos lados e atrás da cabeça; a careca acobertada por um chapéu quadrado e plano, no centro do qual existia o encaixe para sua coroa de três pontas, sendo a do meio, a ponta mais alta.

Esclareceu ao Selvagem:

— O rei Yuramato cismava que nos enganavamos com o seu sobrenome, Senhor Uzumaki.

Sem se levantar de sua almofada postada em um banco de cinquenta centímetros, com as mãos nos joelhos, apresentou-se:

— Sou Shimaka Yutaka, rei de Kaitagakure.

Naruto observou a vestimenta cinzenta do monarca assemelhada a um hábito de monge, o símbolo branco bordado no peito: Um livro aberto a imitar o movimento de uma ave voando. 

A fivela do cinturão sumia sob a gordura da barriga.

As botas possuíam a frente arredondada, e as solas se compunham de três grossas camadas de couro.

O Selvagem assentiu. 

Kasenai confuso, justificou-se:   

— Lembro uma vez quando falei com seu pai, e teve um momento que conversávamos na sala, ele me contou todo empolgado que os filhos chegaram longe, estava muito feliz em saber que você se tornou o Senhor do feudo Hyuuga. Minato não citou seu sobrenome, não estranhei, pensei que fosse uma informação óbvia de que o filho teria o sobrenome do pai. Imaginei que o feudo Hyuuga atualmente se chamaria Namikaze-Hyuuga, ou o contrário.

— Quanto tempo esteve dormindo? — Shimaka perguntou. — O choque da notícia a se espalhar pelo Continente Dos Reinos se deu porque Naruto UZUMAKI, sentou no trono de um clã famoso. Uzumaki! O líder dos Selvagens.

Kasenai ergueu a coroa para coçar a cabeça, sentia-se como se tivesse morado dentro de uma caverna durante séculos. Observando os azuis do loiro, revelou-o:

— Eu sempre escutei se referirem a você como o líder dos Selvagens. 

— Isso não tem importância. — Naruto disse. — Minha relação com o rei Namikaze se limita ao sangue, meu pai de verdade foi Sakumo Hatake. 

O Yuramato arregalou os olhos, seus beiços entreabriram.

Kongo e Mizore, os dois Selvagens selecionados para compor a meia dúzia de guardas do Selvagem, entreolharam-se. Refletiram ao mesmo tempo:

— “Você escutou o mesmo que eu?”

— “Ele disse Hatake ou estou ficando doido?”

Dois Hyuugas a comporem o círculo, permanecidos estáticos, pensaram simultaneamente:

— “Hatake não era o sobrenome do exilado?”

— “O Senhor tem relação com a família de Kakashi Hatake!”

Os dois sekyus também se lembraram do nome do exilado.

Kume se assentou sobre um banco em forma de ampulheta, construído em madeira maciça, quem lhe trouxera o assento foi um de seus servos que repassou o objeto para um guarda ikki que por sua vez repassou o assento ao interior do círculo.

O jovem rei estalou os dedos, e um abano com penas de pavão foi arremessado em sua direção.

Aparou o objeto no ar e suavemente começou a se abanar, mesmo o sol estando ameno.

Suas vestes eram quentes demais.

Shibuki perguntou:

— Não era proibida a presença de servos?

— O servo do rei Soraya Terceiro não adentrou o círculo de proteção. — Kasenai argumentou.

— Nesse caso.... — Shibuki se volveu aos seus guardas.

Primeiro observou seu acampamento, não havia nenhum servo ao longe, ao qual pudesse acenar. Concentrou-se em seus homens presentes. Apontou para um:

— Você, vá pegar dois assentos, rápido.

O taki escolhido assentiu e se retirou da roda, o espaço vazio que deixou para trás logo foi fechado pelos seus colegas.

Em dez minutos, o taki regressava extremamente suado.

Repassou os dois tamboretes para o monarca que os colocou lado a lado no solo.

O Chiba sentou em um, e ofereceu outro para o Selvagem quem meneou, rejeitando, o loiro preferiu ficar de pé.

O tamborete oferecido ao Senhor era o menor de todos presentes, Naruto ficaria desconfortável em usá-lo.

Shibuki deu de ombros e cruzou as pernas, não percebeu o porquê de o Senhor não aceitar o assento.

Kasenai buscou sentar em seu fauteuil e descansando as mãos nos braços do assento, dissera:

— Estou curioso sobre sua história com seu pai, mas acredito que não me contará, Senhor Uzumaki.

— Viemos conversar sobre a vida pessoal do Senhor Selvagem? — o Terceiro questionou.

— Realmente, não viemos. — Naruto respondeu.

Sob a sombrinha de seda, cor de framboesa, há muito notada pelo Selvagem, a mulher que se assentava em um fauteuil, apresentou-se:

— Sou Shion Fujimura, rainha de Ponta De Diamantina, eu era prometida ao príncipe Toneri.

Na aparência da Fujimura, o que prendeu as íris azuladas foram os traços femininos a lembrarem do rosto de sua esposa, e os exóticos globos violetas. 

Ela perguntou:

— A cerimônia de morte do príncipe será no feudo Hyuuga-Uzumaki?

— Como sabe que ele morreu?! — Shibuki perguntou, pasmo.

O Senhor ainda não havia espalhado a notícia para além das terras.

Kasenai, Shimaka e Kume se surpreenderam.

Hesitante, a loira respondeu:

— Pressentimento.

— Você é boa nisso, Fujimura. — O Chiba elogiou, sem perder o espanto. Recuperou gradualmente sua expressão natural. — Posso não lhe fornecer detalhes da situação, mas por enquanto garanto que foi bom para você, a senhorita merece um partido melhor.

— Não procurarei nenhum marido, rei Chiba. — Ela avisou, de rígido semblante. — Não no momento.

Shibuki franziu o cenho, notando do que ela o acusava de forma subtendida, e tratou de se defender: 

— Não estou me voluntariando! Eu já tenho alguém em mente. — Segurou a própria mão, acarinhando-a.

O loiro revelou à Fujimura:    

— O corpo dele está embrulhado, e conservado. Será trazido para cá, para ser enterrado assim que resolvermos essa situação.

O mesmo destino entregaria ao corpo de Hamura Otsutsuki.

A rainha assentiu, paciente.

— Um momento! — ergueu-se o Soraya, apontando o abano na direção do Selvagem. — O príncipe estava sob seu domínio? Você matou um refém importante! Ele seria nossa arma contra Kaguya!

— Eu não o matei, Hamura Otsutsuki fugiu do reino Otsu levando o príncipe com ele. Recorreu ao feudo Hyuuga-Uzumaki porque seria o último lugar que os cavaleiros da rainha o procurariam. — Naruto explicou. — O próprio príncipe foi torturado por ela, tenho certeza que ele não nos serviria de nada.

Mais surpresa se desenhava nas feições do Yuramato, do Yutaka e do Soraya.

— Precisamos da presença de Hamura Otsutsuki. — Shimaka exigiu.

O loiro exibiu seus cerrados dentes, como hesitou demais, foi o Chiba quem revelou:

— Mais um que morreu, afetado demais pela tortura que Kaguya o fez passar.

Nova surpresa abrangeu os ouvintes.

— Que tipo de tortura?!  — Kume perguntou, desconfiado. — Hamura conseguiu fugir e levar o príncipe, mas bastou chegar no feudo Hyuuga-Uzumaki para morrer. — A desconfiança exalava de seu timbre: — Os dois morreram no lugar onde eram considerados criminosos!

— Em qualquer lugar seriam considerados criminosos. — Naruto retornou a se manifestar. — Preservei a vida deles até onde pude.

— Por que ela torturaria o próprio filho? — Shion perguntou, curiosa.

Com o silêncio do Uzumaki, o Yutaka dissera:

— Tem a ver com o segredo que você sabe a respeito dela, por que não nos conta agora? Estamos aqui pra isso.

Kume retornou a sentar, pusera o tornozelo esquerdo sobre o joelho direito, voltou a se abanar. Seu olhar irritado se dirigia ao Selvagem, não confiava nele.

Shibuki encarou o Soraya, desgostando como o jovem rei mirava o Uzumaki.

O Terceiro ao notar ser observado, mostrou a língua para o Chiba que puxou a pele debaixo dos olhos, realizando uma careta.

O Yutaka meneou o rosto, desacreditado que figuras monárquicas pudessem ser tão infantis.

— Por que o rei Chiba não nos conta? — Shion perguntou. Observando-o, disse-o: — Foi você que descobriu a tal arma secreta de Kaguya, não?

— É melhor aguardarmos os próximos membros. — Shibuki respondeu, coçando atrás da cabeça. — Prefiro revelar na presença de todos.

— Não tem arma secreta nenhuma, é só enrolação. — Kume acusou.

— Você pode se retirar a hora que quiser. — Shibuki desafiou.

Irritado, o Soraya permaneceu sentado.

A espera decorreu por quase uma hora. O servo responsável por bater o gongo já havia finalizado a volta em torno das muradas.

E apenas quem chegou nesse tempo foi Homura Mitokado, um membro do Conselho Continental que mediava a situação entre os ex aliados de Kaguya desde quando os próprios chegaram às redondezas do reino.

Era um velho de pele parda e cabelos arrepiados, todos os fios apontando para cima, totalmente grisalhos, da mesma cor que sua curta barba.

A única cor a se diferir do branco de seu roupão comprido era os dois “C” no lado esquerdo de seu peito.

Seus dedos do pé se expunham na sandália de tiras horizontais de couro, atravessadas por uma tira vertical a separar os dedões dos dedos menores.

Recuperando o folego, verbalizou-os:

— Agradeço por permitirem a minha entrada, os outros membros se ausentarão, mas repassarei as informações para eles.

Naruto controlou sua ira pelo Conselho Continental, evitou fitar o rosto do membro presente do CC e avisou:

— Shibuki não contará sobre a arma secreta.

— Não contarei? — o Chiba não imaginava o que se passava na mente do Uzumaki.

O Soraya interrogou:

— Estamos esperando todo esse tempo para nada? Ficaremos sem saber?

— Ficarão sabendo, mas não agora. — O loiro esclareceu. — Sugiro um torneio.

— Torneio? — Kasenai, Shibuki e Kume perguntaram em uníssono.

— O vencedor guia a situação de invadir o reino Otsutsuki. Se eu me tornar o vencedor, terão que acreditar em mim. Se eu perder, contarei assim mesmo, e ficará a cargo do vencedor crer ou não em mim. — O loiro propôs.

— Por que acha que os outros membros irão aceitar, se eles nem apareceram para a reunião de agora? — a Fujimura perguntou curiosa, percebia confiança nas íris azuladas.

— Porque estão competindo agora. — Naruto virou o rosto, fitando o alto das muradas. Dali se percebia as perdas de vidas. — Estão desesperados para alcançar o sucesso de invadir e abrir os portões das muradas. Então por que não optar por uma competitividade que tenha menos perdas?

— Durante o torneio, as tentativas serão suspensas? — Kume perguntou incrédulo. — Quem vai arriscar em cancelar as tentativas de invasão? E se o torneio for apenas uma distração?

— Aí teríamos que misturar nossos guardas, um grupo vigia outro, para assegurar que nenhum tente invadir durante o torneio. Mas, se quiser continuar perdendo homens de montão, a escolha é sua, até conseguir invadir creio que não terá um número generoso em seu exército. — Naruto observou à leste um grupo de homens levando cadáveres em carros de mão rumo à floresta, evitavam que os corpos atrapalhassem o caminho. — O mesmo vale para todos os outros membros.

Homura sorriu, pusera a mão no peito ao ver que os ouvintes passaram a considerar uma boa ideia.

— Está decidido. — Naruto disse quando ninguém contrariou sua decisão. — Planejaremos as regras agora.

Satisfizera-se por não precisar usar o sobrenome do Chiba para aceitarem o torneio.

Os presentes não tinham como negar que o torneio era uma melhor forma de competitividade que a atual. O desespero para invadir e dominar o território Otsutsuki foi tanto, que nenhum deles cogitou em algo mais prático. Torneios eram realizados como um modo de lazer para os expectadores, como o duelo continental, o evento mais conhecido envolvendo torneio de batalhas, onde rolavam muitas apostas.

O Mitokado retornou a elevar voz apenas quando todas as regras foram discutidas e estabelecidas:

— Repassarei a mensagem aos outros membros, mais uma vez, agradeço-os por minha entrada.

— Um momento. — Naruto chamou, e o Homura se atentou a ele. — Eles não gostarão de saber que a ideia foi de um Selvagem, vão demorar para aceitar. — Bufou. — Diga que foi você que propôs, membro do Conselho Continental.

Homura notou o tom amargo nas quatro palavras finais do loiro. Saiu sem dizer nada, receoso.

O Selvagem foi o primeiro a desfazer o círculo de proteção, assim que se retirou, os seus homens o seguiram.

Diferente dos membros que aceitaram participar da reunião, os que se recusaram só deram uma prova de que eram mais rígidos quanto a entregar atenção para um Selvagem. Por conta disso, Naruto não se incomodou em repassar os créditos para o membro do CC, contanto que se organizassem o quanto antes para realizar o torneio, melhor.

Direcionando sua vista à bandeira do feudo Uzumaki-Hyuuga, isentava-se de pressa para seu sobrenome ser reconhecido pelos outros membros do Continente dos Reinos. Confiava que o reconhecimento viria aos poucos.

 

~NH~

 

Enquanto aguardavam o retorno de Homura Mitokado, os participantes da reunião se preparavam para o evento.

Cada um deveria escolher três representantes para lutar.

Naruto se despreocupava em escolher.

Confiava que venceria, e como vencedor, não iniciaria uma invasão enquanto Tsunade ou Neji não chegasse com os resultados esperados.

Ainda tinha Shibuki, que caso vencesse, seguiria o mesmo plano que o seu.

A vantagem da situação estava com o Selvagem. 

Sentado em um tamborete, o Uzumaki mergulhava sua mão em uma bacia de água e molhava sua nuca.

Estando sozinho, não se importava de usar um assento pequeno.

O calor engrandecera, mas não se desfaria da armadura.

Próximo de possíveis inimigos, e a constante ameaça que era Kaguya, deveria estar sempre pronto para lutar.

Suas ombreiras se compunham de cinco camadas cada.

A maior camada revestia toda a região do ombro, a segunda maior, por baixo da primeira, encobria parte do braço, e as três menores quase alcançavam o antebraço.

Como nas outras peças da armadura, a coloração das ombreiras se afundava no tom escuro, uma cor que poderia ser confundida com marrom, mas se observasse de perto notaria o tom laranja avermelhado.

Rock Lee.

Naruto encarregara o ferreiro a melhorar sua armadura, em questão de mobilidade.

Além de sentir as melhoras, por conta da fina camada de couro macio do lado interno da armadura, o Uzumaki aprovara demais o visual que mesmo tendo cores extravagantes como o vermelho e o laranja, sendo essa segunda sua preferida, resultou em uma combinação discreta. 

Calçados, greva, coxotes, tasset, antebraçal, elmo, manoplas e peitoral moldado para dar espaço às ombreiras, os Selvagens se equipavam com o kit completo, há tempos abandonaram seus visuais distintos uns dos outros, da antiga vida Selvagem. Haja vista que Naruto era um Senhor, necessitavam aderir à formalidade do visual.  

Durante as batalhas de uma guerra, era claro que se quisessem se livrar de algumas peças, seria questão opcional, ninguém estaria na cola deles obrigando-os a manter o visual formal de um cavaleiro.

Naruto colocou a bacia no chão, e se levantou andando até uma baixa mesa, sobre a qual seu almoço esperava.

Carne de coelho.

Primeiro, bebeu um copo de água e fechou os olhos, sentindo-se mais refrescado.

De fora da tenda, a voz de Iruka:

— Senhor, a rainha Fujimura deseja vê-lo. 

— Deixe-a entrar. 

Em alguns segundos, a monarca entrou na companhia de uma moça.

Naruto virou as costas à mesa, enfiando um pedaço do coelho dentro de sua boca, fitando as duas, soube que a segunda pessoa se tratava de uma aia.

A dama de companhia exibia uma franja repartida ao meio, prendia os cabelos castanhos claros no mesmo estilo que Tenten quando os cabelos da Mitashi eram compridos. A única diferença se percebia nas duas partes presas a não formarem duas bolinhas perfeitas, e sim porções arrepiadas. 

A coroa da rainha se prendia por um anel com largura de um palmo, em torno da cabeça.

Na parte frontal da coroa existia uma região circular da qual se sobressaía cinco extensões, a do meio tinha uma base em formato de losango, do qual saía a ponta mais alta. 

As extensões situadas nos lados da ponta maior, uniam-se formando um círculo. 

As pontas mais curtas se situavam nas beiras. 

O vestido de cor lavanda possuía uma cintura bem fina, no centro da qual se expunha o laço branco de uma faixa, as mangas compridas eram abaloadas nos ombros, e a gola terminava na metade do pescoço.

Sob a saia a cobrir os pés, havia mais duas camadas.

Luvas brancas ocultavam a pele das mãos.

As cores do vestido da aia se investiam em comparação às cores de sua rainha. 

Shion se curvou, seguidamente, apresentou sua serva:

— Essa é minha aia, Ená Hamaru.

O loiro fez um assentimento para a Hamaru que tão logo se curvou.

Shion o revelou:

— Senhor Uzumaki, tenho um dom. O que me fez saber da morte do meu ex noivo, não foi um pressentimento, e sim o resultado de uma visão.

Ela controlou seu receio, preparando-se para insistir, caso ele desacreditasse nela. 

Naruto travara suas mastigadas, com o pedaço do coelho fragmentado no interior de sua boca meio aberta, quando a saliva começou a se acumular, continuou a mastigação. E após engolir, comentou:

— Uma visão, como uma vidente. 

— Uma vidente fúnebre, digamos assim. Consigo ver a cor da morte nas pessoas. — Sem a certeza de que ele acreditava nela, optou por reforçar: — Não pode negar que eu acertei sobre a morte do príncipe, temporariamente, é a única prova que posso lhe entregar. Se é difícil demais acreditar em mim, eu peço do fundo do meu coração que não conte para ninguém, mesmo que ache bobagem.

— Qual é a cor?

— ....

Pega de surpresa por tal pergunta, a monarca se emudecera.

O Selvagem insistiu:

— Você disse que enxerga a cor da morte, qual a cor? Preta? Vermelha?

Ela processou a curiosidade dele, e respondeu-o com ar hesitante:

— É... não tenho como descrevê-la. É uma cor nova. Nunca dei um nome a ela, e se eu der, o Senhor jamais conseguirá imaginá-la.

 — Uma cor nova. — O Selvagem sussurrante, confirmou ser impossível elaborar uma cor diferente de todas as que conhecia.

— O Senhor crer em mim?

— Bem...

Naruto passou a mão pela umedecida nuca, esfregando-a três vezes, em movimentos lentos.

No presente, desprovia-se das manoplas e do elmo. 

Ele dissera:

— O que eu tenho para contar não é algo que se acredite facilmente. Eu estaria sendo incoerente se duvidasse do que me diz.  — Abaixou o braço. — Você dentre os ex aliados de Kaguya, é a única que acreditará em mim.

— Revele-me, Senhor. — A Fujimura pediu.

Sua aia jazia receosa.

Fitando os ansiosos esféricos violetas, o Uzumaki entregou-a a verdade, de uma vez:

— Kaguya Otsutsuki aprendeu uma técnica que a permite controlar mentes. 

A rainha de Ponta de Diamantina, ficou de beiços semiabertos.

O Uzumaki se voltou à mesa, retirando mais pedaços do coelho, informando-a:

— Ela está desenvolvendo essa habilidade, a cada dia, a cada hora. Com ajuda de uma joia, ela se torna mais poderosa. Não escondo meu receio do desconhecido desse poder. — Cerrou os punhos. — Pode ser que ela chegue ao nível de controlar inúmeras mentes ao mesmo tempo.

A aia pusera uma mão sobre a outra, no centro do busto, temerosa.

— Co... como a derrotaremos? — a Fujimura perguntou, espantada.

— É o que espero saber em breve, tenho pessoas que estão próximas de encontrarem respostas a respeito da técnica que a rainha usa. — Naruto respondeu, depois de engolir novas porções do coelho assado. — Até lá meu intuito é ganhar tempo.

— Kami. — Shion pousou as mãos pelos lados da coroa, moveu seu atordoado olhar pelo solo. — Todos esses dias, os exércitos competindo para invadirem, enfraqueciam-se, enquanto a rainha se fortificava. — Sentiu uma mão em seu ombro, sua aia tentava consolá-la. Seriamente, retornou a fitar o Selvagem, voluntariando-se: — Ofereço minha ajuda. Assim que o Senhor escolher seus três homens, posso dizer se neles há a cor da morte, escolherá outros até eu não ver a cor. 

Terminando seu almoço, o loiro buscou sua bacia de água perto do tamborete e se agachou.

Lavando suas mãos, comentou:

— Está sugerindo trapaça.

— Isso importa em um momento como este? O Senhor tem que ser o vencedor, é o único a quem dedico confiança, e que tem ciência do verdadeiro perigo que corremos. 

— Por que veio dedicar confiança a mim?

A rainha engoliu saliva antes de discursar:

— Por que para cada membro da reunião eu observei pensando “Vou seguir o plano dele”. Quando fiz isso com o Senhor, a cor da morte sumiu dos meus homens que compunham o círculo. Escolhi os guardas acostumados a partirem na linha da frente de batalha. Se eles, os que mais correm risco de morrerem, estão seguros com minha decisão de seguir seu plano, é óbvio que eu deveria ir atrás de sua confiança. Não me importa se é um Selvagem, não importa se fez algo de ruim em sua vida antiga. 

De pé novamente, o Selvagem procurou por suas manoplas e enquanto as colocava, dissera-a:  

— Obrigado, mas tratando-se de um torneio, eu confio que ganharei. Se quiser usar seu dom para torna-la vitoriosa, não vou repreendê-la.

— Confiança é muito bom, Senhor. Mas não seria melhor se precaver?

— Seria, mas nessa situação... tem a ver com honra também. Você pode não ligar para trapaça, mas um cavaleiro quando vai para uma batalha, já considera a possibilidade de morte, morrerá pelo que defende, servindo ao seu rei ou Senhor. — De manoplas vestidas, sorriu. — Mas como eu disse, estou certo de que os Selvagens sairão vencedores. Será um bom aquecimento para a guerra.

— Eu nunca entendi como homens conseguem seguir esses princípios até quando algo bem maior está em jogo. — Shion falou um pouco pálida, a noção da ameaça atrás dos muros Otsus dominava suas emoções. — Se restar somente nossos homens nas lutas finais, entregarei minha rendição, não quero perder nenhum cavaleiro meu em um torneio quando temos um inimigo maior.

— Faça o que quiser. Não estou a influenciando a nada.

Shion balançou a cabeça, em afirmativa.

Com sua aia, volveu-se à saída da tenda.

— Só uma coisa. — O Selvagem a chamou.

— Pois não? — ela se virou rapidamente, um pouco ofegante, precisava se acalmar.

Distanciavam-se a seis passos um do outro.

— Há a possibilidade de seu pai ser um Hyuuga?

A pergunta ajudou a loira a controlar suas emoções, amenizando-se um pouco, respondeu-o:

— Não. Me perguntou isso por causa de sua esposa?

— Deve estar acostumada a ser comparada com ela.  

— O príncipe Toneri a mencionava sempre quando nos encontrávamos. Frequentemente, me falava da nossa semelhança de rosto. Ele dizia que quando nos casássemos, nós duas seríamos muito amigas.

O semblante do loiro obscureceu, quando o príncipe falava aquilo, certamente, estava em sua forma má, a mente moldada pela mãe louca.

O príncipe queria que as duas tivessem uma convivência boa para dificilmente desconfiarem que faria de Hinata sua amante.

Já em seu estado normalizado, a rainha assegurou:

— Ele gostava dela.

— Quem... — O Selvagem não finalizou a pergunta.  

— Ninguém me contou. — Ela supôs o que ele perguntaria. — Não precisa ficar assim, sei que ele não tinha boas intenções.

— Consegue prever também as intenções?

— Não, essa parte foi apenas intuição. Ele falava bem demais dela, e o brilho no olhar dele era de um homem completamente fascinado só de mencionar a amiga de infância.

O Uzumaki suspirou, confirmando-a:

— Ele tinha más intenções. Queria fazer de minha esposa a amante dele, por isso o surrei publicamente. Porém, não sendo injusto, preciso avisá-la de que o verdadeiro ser dele não era assim.

— Como sabe?

— Ele teve a mente manipulada pela mãe durante anos. Minha esposa percebeu a mudança de comportamento do príncipe, e ela o perdoou quando soube da verdade. A rainha Otsu o tornou um homem fascinado pela aparência, mas ela não contava que ele desenvolvesse desejo doentio pela minha mulher, creio que ela intensificou tudo o que ele sentia, as emoções dele se tornaram desproporcionais. Algo fugiu do controle dela. Apenas lembre que o verdadeiro Toneri foi um bom amigo para Hinata.

Era estranho defender o príncipe, passou tanto tempo o odiando que era difícil defende-lo, mesmo sabendo da inocência dele.

— Uma pena que ele se foi, eu gostaria de conhecer o verdadeiro Toneri. — Shion dissera. — Mas ainda posso conhecer sua esposa, e ela pode me contar as boas lembranças com ele. — Sorriu. — Estou ansiosa para conhecer a Senhora que se parece comigo.

Naruto se aproximou da rainha, e a aia receosa se interpôs entre os dois.

A serva o avisou:

— Por favor, Senhor, um passo atrás. Essa proximidade é imprópria.

— Só avaliando a aparência de mais perto. — Ele esclareceu sem tirar a vista da monarca. — Você é alguns centímetros mais alta que ela. Os peitos dela com certeza são quase o triplo dos seus, não. São os triplos, sem erro. E ela é mais cheinha, desde a cintura às coxas. — Deu um pequeno sorriso, revelando: — E ficará mais, porque carrega no ventre, o meu herdeiro.

Ená Hamaru se avermelhou após ouvir a descrição ousada do Uzumaki.

Shion focou-se apenas na novidade: 

— Parabéns pelo seu primeiro herdeiro, que venha saudável.

— Obrigado.  

— Vamos, Shion-sama. — A aia a segurou delicadamente pelo antebraço direito, sua outra mão repousara no ombro da rainha.

— Só mais uma coisa, seu dom... — Rápido, Naruto dissera: — Como viu a cor da morte do príncipe? Você pensou nele, e aí viu?

— Não, preciso ver a pessoa, pessoalmente. A última vez que o vi, foi antes de você surrá-lo, imagino.

— Desde aquele tempo você sabia que ele morreria. — O loiro analisou.

Shion assentiu, lamentosa. Acrescentando:

— Eu não sei como ou quando a pessoa morrerá. O que aprendi é que o limite de tempo para a previsão se realizar é de um ano, e que dependendo da decisão da pessoa, a cor da morte pode ou não sumir.

— Interessante.

Naruto disse e suspirou, suas pálpebras se cerraram. Usando a mão direita, seu indicador e polegar apertaram a região entre seus olhos. 

Shion o questionou: 

— Algo o preocupa, Senhor?

— Tive a baixa esperança de você poder me ajudar a saber se uma pessoa que procuro ainda vive. Ela pertencia a uma família importante na época, talvez você a conhecesse, ou a tenha visto de longe algumas vezes, em algum evento... — Com meia volta, ele abaixou a mão.

A Fujimura compreendeu.

Se ela conhecesse a tal pessoa, o Selvagem criou esperança de que Shion apenas pensasse naquela pessoa para saber se ainda vivia. Mas, não funcionava assim. Apenas visualizando a imagem de alguém na mentre, não bastava para dizer se esse alguém carregava a cor da morte ou não.

A rainha segurou o queixo, pensava em uma alternativa. 

—  Shion-sama... — A aia retornou a segurar o antebraço de sua majestade.

A loira fitou sua serva.

O curto momento no qual as duas se fitaram proporcionou uma muda comunicação entre elas.

— Não, Shion-sama. — A aia discordava, adivinhando a pretensão de sua majestade. — Por favor, não.

O Selvagem quis entender o que acontecia entre elas.

As mãos da rainha acariciaram a mão da aia.

— Ficará tudo bem. — A Fujimura assegurou de doce olhar.

A serva não se tranquilizou, mas não podia fazer muita coisa a não ser expressar seu receio.

Determinada, a rainha o revelou:

— Eu conheço uma pessoa que pode ajudá-lo. Inclusive, que pode achar a localização de quem procura. Mesmo sem conhecer a quem se procura. 

O coração do Selvagem brutalmente acelerou.  

Naruto se reaproximou delas, interrogando-as:

— Qual o nome dela?! Onde posso encontrá-la?!

— Ela se chama Tayuya Akeno, e o mais provável é que a encontre nas colônias solares, próximas da fronteira do Continente Dos Reinos com o povo além das montanhas, era o lugar preferido dela. Acredito que ainda seja, é possível que ela continue o visitando. Se tiver que ir procurá-la, precisa ir antes do inverno. 

— Tayuya Akeno, não esquecerei. — Murmurou ele. Durante alguns segundos, sentiu-se interiormente congelar-se. Libertando-se daquele emaranhado de emoções, buscou se focar na tal pessoa: — Suponho que ela consiga fazer isso de modo nada natural.

— Sim, é um dom dela. Ela o explicará como funciona. — Shion confirmou.

O Uzumaki reparou na face abatida da aia. Resolveu assegurá-las:

— Eu não contarei para ninguém.

— Eu confio no Senhor. — Shion reafirmou. — Ená que é insegura, é um segredo que temos desde a infância. Quando crianças aprendemos que o mundo não é bom para quem tem uma habilidade considerada sobre-humana.

 — Entendo. Ao menos teve a sorte de encontrar alguém que sabe de sua condição sem teme-la.

— Verdade. — Shion sorriu. — Aprecio muito Ená. Publicamente, por formalidade não transparecemos nossa relação, mas quando estamos sozinhas, agimos como melhores amigas.

Ená de cabeça baixa corou um pouco.

— Conhece mais pessoas além de Tayuya Akeno?

Com a pergunta, Shion soubera que ele se referia exclusivamente a pessoas com dons.

Soltou a mão de Ená, respondendo-o:

— Sim conheço. Inclusive, eu não teria problemas em falar para o Senhor sobre essas... pessoas.

— Shion-sama... — Ená novamente intencionava repreendê-la.

— Preciso de mais tempo para abordar esse assunto, então outro dia, quando estivermos livres, seria um prazer informa-lo tudo o que sei.

Uma sobrancelha loira se arqueou, as feições delicadas da rainha assumiam severidade.

Dando de ombros, o Selvagem verbalizou:

— Como queira. Agradeço por tudo.

Shion assentiu e enfim se retirou da tenda, acompanhada de sua serva Ená. 

Naruto ficou curioso, não era sua prioridade saber sobre pessoas com dons, mas jazia impressionado estar descobrindo que mais seres assim existissem pelo Continente.

 

~NH~

Em torno das duas horas da tarde

~NH~

 

Como determinado, as tentativas de invasão se suspenderam.

No gramado esquerdo, na frente das muradas de Otsu, um imenso espaço retangular limitado por pedras.

Fora do retângulo, reis e Senhores se assentavam, sob as sombras de suas tendas, as lonas frontais ausentes para que eles obtivessem toda a vista do campo de combate.

O membro do Conselho Continental adentrou o local de batalha e cessou no centro do retângulo.

— Agradeço a todos os membros da Aliança Continental que estão presentes. — Homura iniciou. — O ideal nunca será rivalizar entre nós, infelizmente, o mais cabível no momento foi enfrentar uns aos outros, antes de enfrentar um inimigo maior. Contudo, com tantas perdas ocorridas nas tentativas de invasão, por mais absurdo que pareça, o torneio foi a melhor solução. Que todos façam o juramento, para que cumprirão a ordem do vencedor.

— Eu juro! — em uníssono reis e Senhores disseram.

— Então começaremos, a primeira luta será entre Mizuki Hisayoshi de Kaitagakure contra Darui Takeuchi de Kumogakure!

Levantou o braço direito, segurando uma miniatura de ampulheta, explicando:

— Se o tempo terminar e nenhum dos dois estiver morto, ferido ou fora do campo de batalha, ambos serão eliminados. 

A ampulheta continha areia para escorrer durante uma hora.

Sobre um caixote à vista de todos, Homura deixou o objeto.

Kasenai elevou sua voz, estando distante do Conselheiro:

— Esqueci de perguntar, e se os dois estiverem feridos? Os dois perdem ou podemos considerar o empate e seguir pra próxima batalha?

— Será verificado quem estiver mais ferido, mas se não tiver como decidir quem sofreu maior dano, ambos perdem. 

Kasenai assentiu.

Retirando-se do campo de batalha, Homura sinalizou permitindo a entrada dos combatentes.

Mizuki era um homem branco e mais alto que seu oponente; cabelos claríssimos e lisos, com uma leve tonalidade azul, e olhos pretos.

Sua armadura fugia do tamanho padrão, construída unicamente para seu grande porte. Ela possuía superfície pontiaguda na região dos ombros e joelhos.

A cota de malha negra se compunha de duas camadas e não demonstrava incomodá-lo.

Darui era um homem negro, em altura alcançava o peito do adversário, seu cabelo branco, curto e arrepiado chegava a cobrir seu olho esquerdo.

Suas íris pretas transmitiam preguiça, não temia mostrar o quanto de falta de vontade tinha em estar ali.

Por cima de sua túnica preta e sem mangas, usava colete branco de couro reforçado, estranhamente, protegia somente metade do seu peitoral.

Suas ombreiras possuíam acabamento circular, terminavam no meio dos braços.

Localizadas entre as ombreiras e os antebraçais, as braçadeiras sustentavam o símbolo do reino de Kumogakure: o contorno de uma nuvem.

Seu tasset, coxotes e escarpes exibiam a mesma cor cinzenta de um céu nublado, como no restante da armadura, exceto a cor do colete.

Darui carregava seu elmo de topo circular, e o colocou.

Abaixou a viseira que cobria até o meio do nariz, ela se preenchia de buracos verticais.

Mizuki se mostrou despreocupado em colocar o seu elmo.  

— Comecem! — a voz de Homura deu inicio.



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