“Valentina Bieber” — Sozinha.
Sabe aquele momento em que tudo parecia perfeito e ruiu? Como se fosse algo aparentemente forte se demonstrou ser tão frágil. Faz uma semana que o Justin não dorme em casa, de certa forma eu posso entender a sua insegurança, porque a história realmente parecia a dos meus pais se repetindo, mas eu amo o Justin, nossa história estava sendo construída pouco a pouco. Quando me casei com ele, me sentia amendrotada, porque eu achava que iria sair do internato, trabalhar, tentar me formar e me manter, mas eu saí casada com um estranho.
De início me encantei, apesar do Bieber não fazer o gênero encantável, estava mais para ogro do que para príncipe, só que eu me focava nas pequenas atitudes, sempre fui alguém que ninguém parecia gostar, ninguém queria por perto, ninguém iria me amar. Se não fosse por uma das madres do internato, acho que eu não teria recebido carinho.
Eu estava em um mundo novo, com pessoas novas e espontâneas que sempre me deixavam tímida, mas do que eu já era, do que sou. Então eu fui me apegando, encantando, seguindo uma linha que terminou em amor. Não foi a primeira, nem segunda vista. Mas é amor, puro. Assim como o Justin me falou uma vez. Nosso amor foi construído tijolo a tijolo, pequenas atitudes, se tornaram enormes em proporções sentimentais.
No caso da minha mãe, ela nunca amou o Jeorge e isso o fez se tornar cruel, ele não quis o “se você não é feliz comigo, que seja com quem te faz feliz” que foi exatamente o que o Justin expressou naquela noite. Aquela madrugada que começou tranquila, se tornou incrível, terminou cruel.
Eu poderia me vitimizar, achando que não tive culpa de nada. Realmente não tive, mas dei a brecha que não deveria, já tinha notado o Augustus um pouco... Amoroso demais, só que eu o via como um amigo, colega de conversas. Não amorosamente homem e mulher.
Augustus pediu demissão no dia seguinte, falando que havia se encantando por mim, se apaixonado e com o tal abraço fatídico ele viu uma oportunidade de expressar seu amor, só que como eu não o correspondi da maneira que ele imaginava, entendeu rapidamente a confusão que havia criado. Ele não trabalha mais aqui.
Encarei meu reflexo no espelho, notando as olheiras mesmo com a maquiagem que eu havia colocado.
Eu estava indo trabalhar todos dias na esperança de vê-lo, mas não aconteceu, ele não estava indo trabalhar. Segundo o Chaz, Justin não havia dado uma data de volta. Senti-me tão mal e sei lá, sem muito o que sentir mais.
Para quem tem apenas vinte e um anos, beirando os vinte e dois. Minha vida passou por fases bem difíceis, muitas fases.
Eram quase dez horas da noite, saí do meu quarto indo em direção ao da Kyra notando que ela estava saindo do banheiro enxugando a boca, talvez escovando os dentes. Ela estava com um pijama com minis Jerry’s espalhados por todo o tecido branco.
— Vim dar um beijo de boa noite na minha menina. – Falei sorrindo, ela parecia querer falar e não ter coragem, me sentei na cama dela, chamando-a com a mão para sentar-se ao meu lado.
— O que você quer me dizer e não tem coragem? – Perguntei direta, acariciando seus cabelos. Ela levantou a cabeça, já sentada ao meu lado, me olhando longamente antes de soltar um suspiro.
— Tio Justin e você se separaram? – Perguntou, senti minha garganta fechar. Não deixando de acariciar seu cabelo, sorri falsamente.
— Nós só precisamos de um tempinho para resolver uns problemas, meu amor. – Falei. — Não iremos nos separar. – Falei com uma convicção que não sentia no momento.
Coloquei-a para dormir, cantando uma cantiga de ninar, ela riu dizendo que não era bebê, porém queria apenas dar carinho a alguém, amo-a demais. Depois saí do quarto da mesma, indo novamente para o meu. Quase 23h da noite quando novamente me vi na frente do espelho, encarei a porta do closet caminhando até lá.
Maquenzy e eu havíamos conversado sobre a situação, apenas falei o porquê do Justin não estar aqui, não quis conselhos, nem ouvir palavras de conforto. Deixei isso claro a ela, que agora é mãe de três filhos, Jaxon, Charlotte e o pequeno Benjamin, de uma semana. A visitei diversas vezes tentando parar de pensar em algumas coisas, em alguém.
Justin simplesmente sumiu, confesso que não tentei ligar para ele. Afinal ele me deu três anos de tempo, eu poderia lhe dar alguns dias, não muitos, mas poderia, sou forte, preciso ser forte.
Senti um vestido vermelho entre os dedos, o tecido. Então quis só esquecer um pouco de tudo, uma ideia me passou pela cabeça. Não seria nada imprudente com a governanta dormindo na casa, a Senhora Madrus.
***
As luzes da boate me fizeram piscar diversas vezes. Dizem que para afogar as mágoas do amor só bebendo, irei fazer exatamente isso. O vestido vermelho estava justo no meu corpo, demarcando bem as minhas curvas, me senti sensual e uma mulher incrível naquela roupa.
Pedi Martini, ao bebê-lo senti ele rasgando minha garganta ao descer, não sou acostumada com bebida nenhuma, então qualquer uma iria fazer um estrago tremendo. Depois de beber alguns martinis e sentir minha cabeça já começar a pensar rápido demais, eu ria de qualquer coisa. Alguns homens tentaram se aproximar, mas em meio a euforia daquele álcool na minha corrente sanguínea, eu escandalosamente mostrava minha aliança e falava que já tinha um homem suficiente em casa.
Eu ria ao vento, bebi além de Martini, whisky também. E whisky é forte para caralho, porra! Já completamente alterada peguei o iPhone, com o garçom já nem querendo me servir mais, mesmo aos trancos e barrancos consegui ligar para o Bieber. Depois de uma semana quando eu enfim o ligo, são quase três da manhã e eu estava levemente alterada.
— Olá amor. – Minha língua enrolou no Olá, o que me fez rir sem parar.
— Valentina? – Sua voz grogue soou do outro lado da linha, não conseguia parar de rir.
— Você estava dormindo, meu benzinho? – Perguntei fazendo voz carinhosa, acabou saindo um tanto engraçado. Tudo estava sendo engraçado. — Eu bebi ou fumei machonha? – Pensei alto demais, acabei falando, ouvi o Justin xingar, talvez. — Amorzinho, não xinga, sabe o que eu estou pensando? Em transar com você, me deu uma saudade de suas mãos... Hummm, muita saudades...
— Valentina aonde você está? – Ele parecia estranho, eu ri.
— Numa balada, sabia que aqui é incrível? A música nem está tão alta, mas as luzes me fazem querer vomitar agora... – Falei fazendo um biquinho.
— Aonde?
—Tem o nome Discsy alguma coisa na frente, não sei bem eu... – Ouvi apenas um “tu.. tu... tu...”, ele realmente desligou na minha cara? Que ousado! Pensei querendo esbofetá-lo, porém apenas ri. Gargalhei chamando o garçom e pedindo outro drinque.
Ele se recusou, mas depois acabou trazendo um liquido rosa. Tão lindo!
Porém quando eu ia enfim bebendo aquele rosa tão lindo, uma mão grande me empediu, já estava disposta a matar quem o tinha feito, mas encontrei olhos castanhos me encarando, analisando. Sorri sapeca querendo aquela atenção.
— Você é rápido.
— Eu sei ser rápido. – Foi o que ele disse, não lembro muito como saí dali.
***
Abri os olhos levemente, a cabeça levemente doendo, eu não estava em casa, parecia um quarto de apartamento, ou talvez não. Levantei meio cambaleante olhei as horas e eram quase 5h da manhã, uh, pensei. Segurando a cabeça com as mãos, abri uma portinha que supus ser o banheiro, mal deu tempo de eu entrar já fui vomitando tudo no sanitário.
Meus lábios pareciam secos demais, minha cabeça parecia que pesava o quádruplo do que deveria. Me sentei ao lado do sanitário, com a cabeça encostada na parede. Uma vontade de rir me assolou, parece que o efeito do álcool não havia passado completamente.
Então a porta do banheiro – que estava encostada – se abriu completamente, com um Justin de calça de pijama passando por ela, havia uma xícara em suas mãos.
— Quer ajuda? – perguntou, eu ri ainda me sentindo ousada.
— Quero transar. – Falei, ele ficou razoalmente surpreso e depois balançou a cabeça negando.
— Vem comigo, mocinha. – Ele disse me ajudando a levantar, o gosto de vômito ainda na minha boca, ao levantar senti uma tontura e novamente ânsia de colocar tudo para fora. Me apoiei na pia mesmo, com a cena clássica daquelas de filmes, Justin segurava os meus cabelos, talvez para não deixa-los se sujar com meu vômito.
— Ainda quer transar? – Perguntou com um sorriso idiota no rosto.
— Estou fedendo a vomito. – Respondi, em seguida enxaguei a boca com água e um enxaguante bucal que havia ali. Comecei a me sentir pegajosa, completamente pegajosa.
— Bebe isso. – Me ofereceu o Justin, ao notar que era café senti o cheiro bom, não senti enjoo. Mas ao ingerir o liquido, senti um amargo descendo a minha garganta, cuspi o café quase todo na pia.
— Que porra é essa? – Exclamei, ele riu ficando sério em seguida.
— Desculpe, mas você xingando é algo novo. – Pause. — Isso é café bem forte e sem açúcar, você precisa disso, de um banho e ir dormir. – Justin veio na minha direção, suas mãos levantando meu vestido, o olhei desconfiada batendo nas suas mãos.
— Que ousadia é essa? – Perguntei.
— Até agora a pouco você estava falando em transar e agora...
— Não quero mais. – Falei empinando o queixo e cruzando os braços.
Ele respirou profundamente, assentiu saindo do banheiro. Sem ele por perto tomei mais um gole do café horrível, não querendo ter uma enxaqueca maior do que a que já estava tendo. Retirei o vestido todo amarrotado, já que estava no banheiro, tomar um banho faria parar de me sentir tão pegajosa como naquele instante.
Completamente nua, entrei em baixo do chuveiro, a água suavemente fria, nada congelante. Deixei o liquido escorrer pelo meu corpo, a cabeça encostada na parede, sem molhar as madeixas.
Quando fechei o chuveiro e sai do Box, pegando uma toalha daquelas que sempre ficam disponíveis nos banheiros, em uma área a baixo da pia, enxuguei o rosto e então encarei e ele.
— Privacidade não existe? – Falei fingindo que a vergonha não havia voltado e que eu estava morrendo com ela.
— Existe, se enxuga que eu vou te dar algo para vestir e tu vai dormir, mocinha.
— Para de me tratar como se fosse meu pai!
— Acredite em mim, a última coisa que me considero no momento em relação a você, é como pai. – Seu olhar intenso me fez desviar o meu.
Apenas me enrolei bem na toalha, sentei na cama, deixando ele cuidar de mim, não sei ao certo como ele me vestiu, como comecei a dormir, simplesmente apaguei. Porém estava me sentindo mais leve. Mas ainda me aguardava muitas surpresas.
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