História Casamento sob suspeita - Second Season - Rendenção.

“Justin Bieber” — Redenção.

Acordei com o barulho de alguém vomitando, levantei meio que tropeçando nas próprias pernas indo em direção à suíte – estava dormindo na pequena sala, no digníssimo sofá –. Valentina estava novamente no banheiro, merda. Aproximei-me do corpo dela, ainda sobre o vaso sanitário, comecei a ficar muito preocupado com tantos vômitos, certo que a ressaca nunca é boa, mas a dela estava forte demais.

— O quanto você bebeu? – Perguntei passando a mão por seus cabelos, impossível não sorrir.

Não conseguiria nunca  deixar de amá-la ou simplesmente esquecê-la em um canto qualquer dentro de mim, eu sei que o beijo não foi culpa dela, sei que eu deveria ter ficado lá, abraçado-a e simplesmente ter contemplado o amor que ela sente por mim, mas uma crise de “eu não sou bom o suficiente” me atingiu, impossível simplesmente deixar de lado. Porque eu comparei os casos, nosso com o da mãe dela. Os casos parecidos em tantos aspectos, apenas em um ponto completamente divergente, Valentina e eu nos amamos, minha branquinha.

— Eram umas bebidas rosinhas, Justin. – Foi a resposta que recebi, suspirei alto. Do jeito que ela estava bêbada precisava ir ao hospital tomar um pouco de glicose, ajeitei os cabelos dela, passando o dedo pela sua bochecha... Como eu amo essa mulher, eu irei me fazer suficiente para ela, sempre.

Justin Bieber inseguro, quem diria? Sim, como dizem o amor “faz milagres”, em mim ele fez uma reviravolta do cacete, me tornou uma pessoa melhor, que tenho orgulho.

— Porque você fica rindo de mim vomitando? – A voz rouca da branquinha soou nos meus ouvidos, novamente me foquei em rosto extremamente pálido.

— Vou te levar no hospital, vem. – Me levantei trazendo-a junto comigo, Valentina não tardou em protestar.

— Hospital? Que drama, eu estou de ressaca e não doente. – Sua voz continha um tanto de ironia, certo. Eu imagino que ela deve estar chateada comigo, fui um tanto infantil naquela noite, mas não era o momento ainda para discutirmos aquele assunto.

— Vou pegar um casaco para ti, nós iremos ao Hospital. – Sentenciei fazendo Valle bufar, saí do quarto troquei rapidamente de roupa, no relógio marcavam quase dez da manhã, ao voltar para onde Valle estava agora deitada na cama o rosto mais pálido do que já estava. Peguei-a no colo, o que fez a mesma aconchegar o seu rosto na curva do meu pescoço.

— Você é um bom marido, quando quer. – Sussurrou e acabei rindo.

— Sou o melhor marido para você.

— Você é o único! – Exclamou.

— E continuarei sendo o primeiro e único. – Sussurrei, notando ela se aconchegar mais ao meu corpo.

***

Não demoramos muito a estarmos na sala do médico, rapidamente o Doutor pediu alguns exames e fiquei preocupado, mas ele disse que séria algo de rotina, logo após Valle estava tomando a dita glicose, notavelmente melhorando com aquilo. O Doutor parecia um tanto estranho, não sabia exatamente o que ele tinha perguntado a Valle já que ela não me deixou ficar dentro da sala de consulta, mas o nervosismo estava me consumindo.

Teria algo de errado com ela? Merda! Se acontecer alguma coisa com ela me culparei para o resto da minha vida, ao menos algo envolvendo bebida, nunca imaginei que ela fosse a um desses beber até cair, a ponto de me ligar se oferecendo, se ela não tivesse bêbada talvez devesse ter feito o seu desejo, mas nunca me aproveitaria dela naquele situação, nunca.

— O senhor poderia me dizer o que está acontecendo para pedir exames? Achei que ela fosse apenas tomar a glicose e fim. – Me fiz presente, quando fiquei à sós com o médico. Ele suspirou, respondendo-me:

— A glicose serve para ajudar o metabolismo a se recompor, principalmente porque sua esposa não é acostumada a beber e com a leve desidratação que ela teve achei melhor ela tomar um pouco mais de glicose, só que ao fazer umas pergunta rotineiras a sua esposa notei alguns pontos que me deixarem encucado, não é nada sério, na verdade se der positivo será uma grande alegria. – O médico falou saindo novamente dali, fui até onde Valle estava sentada, ficando ao seu lado.

— Você está bem? – Perguntei atencioso, ela me olhou e balançou a cabeça, baixa. Levantei levemente seu rosto, fazendo ficarmos frente a frente.

— Sei que só faço cagada, mas eu sou um cara sortudo demais por ter você, que às vezes não me acho o suficiente para ti. Eu te amo mais que imaginei amar qualquer mulher na minha vida, você é incrível. Corajosa, linda, você me torna um homem melhor a cada dia, Valle. – Notei uma lágrima caindo na sua bochecha, passei levemente a mão.

— Eu que sou a insegura aqui, Justin. – Ela disse e acabamos rindo juntos.

Horas depois...

Finalmente o médico trouxe os resultados, alguns exames de sangue, pelo o que eu notei, estávamos os dois sentados na frente do Doutor na sua mesa, no consultório. Eu me sentia um tanto nervoso e nem sabia direito ainda exatamente o porque, mas eu já havia declarado novamente meu amor pela mulher da minha vida e quero apenas levá-la para casa e cuidar dela o suficiente para apagar mais uma cagada que eu fiz.

— Bem, eu noto os dois nervosos. Eu fiz perguntas de rotina a sua esposa e a falta de precisão nas datas de termino do período menstrual me fizeram requerir uns exames de sangue, dentre eles um de gravidez. – O médico começou a explicar tudo, e entregou o envelope nas mãos da minha esposa, ele próprio já esboçava um sorrisinho matreiro, eu simplesmente fiquei estático sem saber muito o que fazer.

Grávida? Ela encheu a cara ontem e pode estar grávida? Será que isso trará complicações a criança? Existe uma criança? Oh meu Deus, eu serei pai? Certo, novamente pai, mas pai!

— O exame consta que a senhora está de quatro meses e dois dias, nesse período a maioria das mulheres já expressam a gravidez com enjoos, tonturas e a própria barriga dilatando para aparar o bebê, mas nem todas são assim. Algumas outras só começam a demonstrar já quando a gravidez está avançada, e tem algumas que durante toda a gravidez não se é perceptível à geração da criança, mas essas tem um corpo mais robusto. — Então o médico me olhou, ainda completamente sem reação. — Vocês devem estar preocupados em relação à bebedeira, eu fiz todos os exames necessários e não acho que vá afetar a criança assim, desde que, é claro, não ocorra mais nenhum engerimento de álcool durante a gestação, aqui o cartão de uma ótima médica para acompanhar vocês, parabéns papais! — Então encarei minha esposa pela primeira vez naquele instante, ela estava atentamente lendo o envelope – já aberto em suas mãos.

Com toda explicação do médico e meu cérebro ainda processando, fui enfim saindo daquela tensão toda, relaxando dentro do meu corpo e da situação. Um sorriso faltou rasgar meus lábios, e o dei a ela. A mulher que para sempre será minha, assim como eu sempre serei seu.

— Vamos, amor? – Falei, fazendo me olhar atentamente. Seus olhos azuis enormes brilhando de curiosidade na minha direção.

Saímos do consultório, do hospital, logo estávamos em casa. Quase seis horas da tarde. Valentina subiu para o nosso quarto enquanto eu explicava à uma mocinha de nove anos o porque a mãe dormiu fora e que não iria haver separação nenhuma ali. Kyra saiu pulando em direção a sala de televisão, enquanto eu caminhava calmamente até onde minha esposa se encontrava.

Abri a porta lentamente e encarei a cena da Valle com as duas mãos sobre a barriga, acariciando-a. O que me deixou preocupado foi ver seus olhos cheio de lágrimas, rapidamente me pus sentado na cama ao seu lado.

— O que foi? – Perguntei acariciando seu rosto.

— Eu poderia ter feito mal ao nosso bebê. – Sussurrou, me abraçando forte em seguida. Meu corpo praticamente em cima do seu, comigo tendo todo o cuidado com o peso.

— Amor, o médico falou que está tudo bem, mas claro que iremos fazer todos os exames necessários para saber mais da saúde do nosso bebê. – Falei me separando dela e colocando minhas mãos sobre as suas.

— Você quer o bebê?

— Valentina!

— É que você se calou durante toda a explicação do médico e...

— Ssshi, eu amo a mãe do bebê assim como já amo essa criaturinha aqui, nosso. Um fruto do nosso amor, acha que eu não iria querer nosso filho? Valle! Eu só fiquei completamente surpresa e estático, não havia nenhuma previsão de gravidez e eu briguei com você, te levei ao hospital por causa de uma ressaca, fiquei preocupado! – Exclamei fazendo ela sorrir em meio as lagrimas.

— Eu te amo mais do que qualquer outro. – Sussurrou selando nossos lábios. — Você ‘tá ficando bem romântico e meloso, em? – Brincou me fazendo beijá-la ainda mais, as lágrimas secaram e estavamos os dois compartilhando gargalhadas da nossa felicidade.

O mais incrível ato, é quando sabemos entender nossos erros e pedir desculpas pelos atos, as vezes o orgulho ou vergonha nos impossibilita de falar o que sentimos, os nossos anseios, mas deveríamos deixar isso um pouco de lado. Claro que nem sempre as pessoas entendem o quando um “me desculpe” ou “me perdoe” vale, e muitos relacionamentos – de vários tipos – terminam ali. Mas aceitar seu erro e fazer que o outro aceite, demonstrando que você é melhor que apenas erros, você é o certo, não o errado, faz tudo ficar melhor e glorioso.

Nossos orgulhos ou inseguranças nos levam ao buraco, nossa humildade e confiança nos levarão a altura.